O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que teve três mandatos consecutivos no país (2009-2019), afirmou que agentes do Estado teriam tentado o assassinar durante um ataque que sofreu, com tiros sendo disparados contra seu veículo neste último domingo (27). O ataque ocorreu no centro de Cochabamba, deixando o motorista dele ferido. O episódio foi então comunicado por Morales para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Sobre o ataque
Evo disse no comunicado que seu veículo foi atacado com 14 disparos, e que os tiros foram efetuados por homens “encapuzados”. Ele se locomovia para realizar seu programa semanal na rádio Kawsachun Coca, na região do Chapare.
Em seu discurso na rádio, o ex-presidente disse o ataque ocorreu enquanto o governo reativava operações conjuntas entre forças policiais, militares e paramilitares para dirigir a repressão e atentar contra a vida de irmãs e irmãos nos pontos de bloqueio e protesto social.
O atual presidente da Bolívia e ex-aliado de Morales, Luis Arce, também falou sobre o ataque a Morales através do X (antigo Twitter) e disse sobre instruir uma investigação imediata e minuciosa para esclarecimento do ocorrido.
O ataque aconteceu um dia após o anúncio de Arce em substituir as lideranças militares do país, após simpatizantes de Morales promoveram um bloqueio de estradas em protesto contra uma investigação judicial que ocorre contra ele.
Segundo nota do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido fundado pelo ex-presidente, o ataque ocorreu na entrada de um quartel militar em Cochabamba, onde indivíduos com armas longas e vestidos completamente com roupas pretas abriram fogo contra os veículos que formavam a comitiva de Morales.
Em um vídeo transmitido pela rádio Kawsachun Coca, é possível ver três buracos no para-brisa do carro que Morales estava, o motorista do ex-presidente sendo atingido na cabeça e uma mulher pedindo que se apressem para ajudá-lo e chamando a emergência local.
Bolívia sofreu tentativas de golpe de Estado
A Bolívia enfrentou uma série de desafios políticos e sociais nos últimos anos, incluindo conflitos violentos entre o governo e a oposição. A crise atual é vista por muitos como uma continuação das tensões iniciadas com as disputadas eleições de 2019, que levaram à renúncia do presidente Evo Morales e à subsequente ascensão de Jeanine Áñez ao cargo de presidente interina.
Confrontado em relação às elevadas tensões, o governo de Luis Arce tentou fortalecer a confiança pública e a coesão nacional. O presidente anunciou a criação de uma comissão independente para investigar as denúncias de tentativa de golpe e prometeu total transparência no processo.
O presidente Lula, que esteve no país em julho, condenou veementemente a recente tentativa de golpe no país, classificando-a como um ato imperdoável em um discurso na época, ao lado do presidente boliviano Luis Arce.