Julian Assange é liberto após acordo com justiça dos EUA

Nathália de Melo Por Nathália de Melo
4 min de leitura
Julian Assange desembarcado na Tailandia (Foto: reprodução/WikiLeaks/ X)

O jornalista Julian Assange, fundador do WikiLeaks, foi liberado nesta segunda-feira (24) da prisão de segurança máxima de Belmarsh, no Reino Unido, após uma batalha judicial de 12 anos contra sua extradição para os EUA. Assange obteve sua liberdade ao concordar em se declarar culpado da acusação criminal relacionada à publicação de documentos confidenciais do governo dos EUA, revelando detalhes das guerras no Iraque e no Afeganistão.

Publicação de documentos confidenciais pelo WikiLeaks

Em 2010, Julian Assange começou a publicar na WikiLeaks documentos confidenciais do governo estadunidense com a ajuda de Chelsea Manning, na época analista de inteligência do Exército dos EUA. Entre os documentos divulgados estavam cerca de 90.000 relatórios de atividades significativas relacionadas à guerra no Afeganistão, 400.000 relatórios relacionados à guerra no Iraque e 800 avaliações de detentos da Baía de Guantánamo.

Esses documentos revelaram detalhes sobre operações militares, incluindo incidentes não relatados de mortes de civis, o papel das forças de segurança iraquianas e afegãs, e outros aspectos das guerras que não eram de conhecimento público. Além disso, os documentos acusavam os EUA de serem responsáveis por centenas de mortes de civis e tortura de prisioneiros.


Julian Assange embarca no voo no Aeroporto de Stansted, em Londres (Vídeo: reprodução/X/@wikileaks)


Também foram publicados mais de 250.000 telegramas do Departamento de Estado dos EUA, que incluíam avaliações francas de líderes mundiais, estratégias diplomáticas e incidentes de corrupção, além de mostrar a maneira como os EUA interagiam com outros governos e manejavam suas políticas internacionais.

Após essas publicações, Assange enfrentou vários desafios legais. Em agosto de 2010, promotores suecos emitiram um mandado de prisão contra ele por alegações de má conduta sexual, que ele negou, afirmando tratar-se de uma campanha difamatória. Ele se recusou a ir ao interrogatório em Estocolmo.

Após uma série de batalhas legais no Reino Unido sobre sua possível extradição para a Suécia, Assange buscou asilo na Embaixada do Equador em Londres em 19 de junho de 2012. Ele permaneceu lá por quase sete anos, até 11 de abril de 2019, quando o Equador revogou seu asilo após pressão dos EUA para que fosse retirado de seu refúgio diplomático. Ele foi preso pela polícia britânica e passou os cinco anos seguintes praticamente isolado em uma cela de Belmarsh.

Acordo entre Assange e EUA

O acordo entre Julian Assange e os EUA consiste na limitação da pena máxima que ele poderia enfrentar. Ele não será extraditado para os Estados Unidos para enfrentar as acusações de espionagem e crimes relacionados à divulgação de documentos confidenciais do governo americano. Os EUA garantiram que Assange não enfrentará a pena de morte e ele recebeu permissão para se mudar para a Austrália, seu país de origem, onde poderá viver livremente.

Apoio internacional à libertação de Julian Assange

Líderes políticos do Brasil, Colômbia, Reino Unido, Grécia e outros países manifestaram apoio à libertação de Julian Assange, afirmando que a verdade não deve ser punida e destacando a importância da liberdade de imprensa, dos direitos humanos e da liberdade de informação.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, criticou a prisão de Assange, chamando-a de uma vergonha e enfatizando que ele foi condenado por expor a corrupção.

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