A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, recentemente, o primeiro registro sanitário no país para uma medicação que atua na coleta e na modificação genética de células imunes. Devido a esse estudo de uma nova geração de imunoterapias, o tratamento contra o câncer tem progredido. As novas possibilidades de produtos com tecnologia complementam as técnicas medicamentosas já existentes de mielomas e leucemias.
Para falar do assunto, o “Jornal da USP no Ar” 1ª Edição consultou o professor titular da Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador da área de terapias genéticas, Vanderson Rocha. “Esse tipo de terapia é uma nova esperança para aqueles pacientes em que todas as armas terapêuticas já foram utilizadas“, diz Rocha explicando que essa medicação utiliza as células CAR-T, as quais combatem o tumor depois de serem coletadas dos próprios pacientes e modificadas.
Reprodução em 3D. (Reprodução: Adobe Stock/Agência SINC)
O processo começa na retirada dos linfócitos (células de defesa) do paciente e são levados à uma fábrica nos Estados Unidos. Depois, a modificação das células acontece através de um vetor viral que atua em seu núcleo, e cerca de quatro semanas, elas retornam como um medicamento infundido nos pacientes.
Segundo Rocha, o medicamento será raramente acessível em grande escala no SUS, por causa do caráter personalizado e o processo de produção. Foram cerca de doze anos de estudo para a criação, e o custo poderá chegar até R$12 milhões. O produto é autorizado em países da Europa, EUA e Japão. Cientistas da USP em Ribeirão Preto estão pesquisando uma medicação própria com o objetivo de baratear a utilização dessas células.
As expectativas na adoção do medicamento são grandes, além da perspectiva em ser útil para outras doenças como lúpus e fibrose. Mas o professor alerta que o melhor momento para o uso ainda está sendo pesquisado:
“Eu faço um grande apelo para a sociedade e as associações para apoiarem as pesquisas, não só na USP, mas em todas as universidades públicas, para que isso se torne viável para o SUS também”, diz Vanderson Rocha.
Estudos do medicamento em tumores chamados sólidos, por exemplo, neurológico, de mama e do pâncreas, estão sendo avaliados, mas Rocha lembra que essas pesquisas são muito custosas devido a sua importância.
Foto destaque: (Reprodução: Getty Images)