Estudos revelam que a tendência de pessoas com menos de 50 anos a desenvolverem câncer vem crescendo a cada geração. O surgimento precoce da doença foi mapeado em 10 países diferentes. E os maus hábitos de vida, sobretudo a má alimentação, são fatores preponderantes.
Sedentarismo, sono ruim, uso de antibióticos, consumo de drogas lícitas e alimentos ultraprocessados são alertas para os possíveis contribuintes da doença. Tais causas vêm sendo analisadas, há anos, por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Os cientistas alertam sobre uma possível epidemia de câncer entre adultos jovens, aqueles que nasceram a partir de 1990. Para dar veracidade às hipóteses, durante dez anos foi realizado um estudo com abrangência de todos os continentes do planeta a fim de coletar os dados epidemiológicos das regiões.
Intitulada “O câncer de início precoce é uma epidemia global emergente? Evidências atuais e implicações futuras”, a pesquisa fez um comparativo entre os diagnósticos oncológicos por diferentes décadas. Utilizou-se os mesmos critérios para analisar a atuação da doença que perpassa gerações: possíveis causas e mudanças no estilo de vida da sociedade. A partir de então, obteve-se a constatação referente ao pico da doença, que ocorreu durante os anos 1990.
“As razões para esse fenômenos não são claras, mas estão provavelmente ligadas a mudanças na exposição a fatores de risco nos primeiros anos de vida ou no início da idade adulta a partir da metade do século”, escreveram os pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard.
Prevenção ao surgimento precoce da doença
Os médicos observaram diferentes pacientes e fizeram algumas comparativas entre os doentes. Notou-se que os pacientes que apresentam sintomas mais severos de algum tipo de câncer são aqueles que possuem idade abaixo dos 50. Isso evidencia que a população inserida na sociedade moderna tem sido cada vez mais afetada.
Até o momento, especialistas não rotulam a questão dos costumes alimentícios como fatores absolutos, mas afirmam que quanto maior a deficiência de nutrientes em alguns alimentos, mais propensos eles estão a causar algum dano à saúde humana. Além disso, se baseiam em estudos que comprovam que uma alimentação saudável e distante de processados, álcool e carnes vermelhas, é aliada à prevenção do surgimento precoce do câncer.
Ultraprocessados e a relação à doenças na sociedade moderna. (Foto: Reprodução/Marcel Heil)
Em levantamento feito pelo Ministério da Saúde, que apurou dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), foi revelada alta de quase 10% no índice de obesidade no Brasil.
Os autores do estudo de Harvard compreendem que o consumo excessivo de ultraprocessados está ligado a questões sociais, e que convém para a sociedade civil consumir aquilo que é mais acessível e adequado de acordo com cada realidade.
Afirmam, também, que uma maneira válida de combater o consumo exacerbado de tabaco, álcool e processados se daria através da regulação na produção dessas indústrias.
Foto Destaque: Cientistas alertam sobre possível epidemia de câncer entre adultos jovens. Reprodução/GZH