Kim Jong-un disse nesta quinta(11) que Coreia do Norte venceu a Covid.
O governo da Coreia do Norte declarou “vitória” sobre a Covid-19, depois de três meses após o primeiro caso da doença ter sido confirmado no país, ainda virtualmente e isolado do exterior por conta da estratégia sanitária local para enfrentar a doença.
Com uma declaração não tão clara, a irmã do líder coreano, Kim Jong-un, afirmou que ele ficou “gravemente doente” durante o pico de casos, mas sem confirmar se ele foi contaminado.
“Nosso Partido e o governo avaliaram a atual situação de quarentena e chegaram à conclusão de que a crise epidêmica maligna que se criou no país foi completamente resolvida com base nos dados de análise detalhada apresentados pelo departamento de pesquisa científica”, disse Kim Jong-un, durante uma conferência para analisar a situação da pandemia, de acordo com a KCNA. “A dolorosa guerra de quarentena chegou ao fim e hoje finalmente declaramos vitória.”
O que se sabe é que a Coreia do Norte estabeleceu, ainda em fevereiro de 2020, uma das mais duras estratégias do mundo para tentar conter a doença: fronteiras foram fechadas, diplomatas estrangeiros e suas famílias deixaram o país e foram aplicadas restrições sobre movimentações internas, aliadas a práticas como o uso de máscaras.
O resultado foi, o país não registrou, ao menos oficialmente, casos de Covid-19 até maio, quando surgiram os primeiros relatos de uma “febre”, como as autoridades se referem à doença. Contudo foram registrados 4,8 milhões de casos e 74 mortes, um número relativamente baixo, para um país em que o sistema de saúde é considerado precário, se contar, que poucas pessoas foram vacinadas.
“É mais uma vitória brilhante proteger de forma confiável o bem-estar nacional e popular do maior perigo de saúde pública global que mergulhou o mundo em uma situação catastrófica, e eliminar o desafio mais importante e ameaçador que enfrentamos em tão curto tempo”, disse Kim Jong-un, destacando que não tem registro de casos desde o dia 29 de julho.
A Coreia do Norte declarou a vitória do seu país sobre a pandemia de covid-19 após quase duas semanas sem novos casos. (Foto:Reprodução/KCNA VIA KNS/AFP/Arquivos)
Kim Jong-un disse ainda em seu discurso, que as medidas de controle de fronteiras seguirão em vigor, apontando para o risco de novas variantes do coronavírus, da varíola dos macacos e de “várias doenças infecciosas causadas pelas mudanças climáticas”.
”Febre” de Kim Jong-un
Em outro discurso, a irmã de Kim Jong-il, Kim Yo-jong, apontada como segunda na linha de comando, acusou a Coreia do Sul de ter introduzido o vírus no país, mencionando “objetos estranhos”, fazendo referência aos itens mandados por grupos de oposição a Pyongyang através da fronteira, como pendrives, panfletos e dinheiro. Esse tipo de envio, normalmente feito com balões, está proibido desde 2020.
“Já consideramos vários planos de reação, mas nossas ações devem ser de uma forma retaliatória mortal”, declarou, segundo a KCNA. “Se o inimigo persistir em tais ações perigosas, como fomentar o caminho do vírus para nossa república, vamos responder não apenas exterminando o vírus, mas também eliminando as autoridades sul-coreanas.”
Ela chegou afirmar que Kim Jong-un chegou a ficar “gravemente doente” durante o pico de casos, no que seria uma rara menção à saúde do líder norte-coreano, normalmente mantida em sigilo.
“O Marechal Kim Jong-un, que estava gravemente doente com alta febre diária nesta guerra da quarentena, mas não podia deitar-se nem por um momento por causa do pensamento nas pessoas que deveriam ser responsabilizadas”, declarou Kim Yo-jong.
Porém não ficou muito claro se o líder coreano foi contaminado pela Covid-19, ou se foi apenas um dos recorrentes exageros em falas oficiais com uma tentativa de aproximá-lo do povo, no momento em que o país enfrenta um difícil período na economia, agravado por secas, inundações e pelo isolamento comercial.
Foto destaque: Reprodução/Site grajaunews