Um novo estudo realizado pela Universidade de Dresden, na Alemanha, e publicado pela revista científica ‘The Lancet’, identificou a presença do vírus da Covid-19 em mais da metade das glândulas adrenais em pessoas analisadas que vieram a óbito por conta da doença.
As glândulas adrenais são responsáveis pela liberação de hormônios na corrente sanguínea e pela produção de testosterona, cortisol, adrenalina e noradrenalina. Ao todo, 40 amostras de tecido, coletadas na Alemanha e na Suíça, foram verificadas e de acordo com os pesquisadores, 53% delas apresentavam “sinais” do coronavírus.
Covid-19 pode afetar diretamente o sistema hormonal por meio das glândulas adrenais (Foto:Reprodução/Kateryna Kon/Shutterstock)
Na publicação, foram identificadas proteínas e material genético do Sars-CoV-2 nas glândulas adrenais de vítimas da Covid-19. Segundo os cientistas, o efeito do coronavírus nas glândulas endócrinas pode ter sido a causa da lenta recuperação em pessoas que se infectaram com a doença.
Antes dessa descoberta, não se tinha certeza se essa reação era um ataque direto da infecção causada pela Covid-19 ou da inflamação generalizada causada pelo coronavírus (sepse). Outro ponto importante, é que as glândulas adrenais são as principais fontes dos hormônios glicocorticoides, que combatem a sepse.
Antes mesmo da pandemia e da Covid-19, a ciência já tinha conhecimento que as glândulas adrenais podem ser alvo de ataques por vírus e bactérias. Segundo o pesquisador Waldemar Kanczkowski, a hipótese do ataque direto era apontada por esse fato.
“Nosso estudo mostra que a glândula adrenal é um alvo proeminente para a infecção viral e dano celular subsequente, o que poderia desencadear uma predisposição para disfunção adrenal”, explicam os cientistas, “Ainda não está claro se essas alterações contribuem diretamente para a insuficiência adrenal observada em alguns pacientes com a covid-19 ou levam a suas complicações (como a pós-covid). Grandes estudos clínicos multicêntricos devem abordar essa questão”.
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Na pandemia de Sars entre 2002 e 2004, ficou provado que o SARS-CoV-1 enviava vírus e bactérias ao produtor de hormônios. Segundo o estudo, o SARS-CoV-2 e 1 compartilham os mesmos receptores para invadir células e abundantes nas adrenais. No entanto, ainda é preciso estudo para afirmar qual o verdadeiro causador das inflamações nas glândulas adrenais.
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