Novo estudo revela que o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) não é apenas uma condição de neurodesenvolvimento, mas também está ligado a riscos consideráveis, incluindo depressão, anorexia, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e até, em alguns casos, tentativa de suicídio.
De acordo com estudos, pessoas com TDAH apresentaram uma chance 30% maior de tentativas de suicídio e 9% maior de desenvolver algum tipo de depressão grave. Vale ressaltar que o estudo observou as associações, mas não conseguiu estabelecer uma relação direta entre causa e efeito. Além disso, entre aqueles com o transtorno que desenvolveram depressão, a probabilidade de tentativas de suicídio aumentou para 42%.
Segundo o autor do estudo, estatístico e catedrático de epidemiologia da Universidade de Augsburg, na Alemanha, Dennis Freuer, conta que os pensamentos suicidas e o TDAH dividem fatores genéticos. “O TDAH e o comportamento suicida compartilham fatores genéticos comuns que podem refletir variantes genéticas associadas à impulsividade, uma característica altamente hereditária”, explica.
Freuer também contou que a impulsividade é o elemento central no TDAH e está fortemente ligada aos comportamentos suicidas. O estudo realizado por sua equipe indica que tanto o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade quanto a depressão representam maiores fatores de risco para tentativas de suicídio.
Transtornos alimentares e o TDAH
A pesquisa identificou uma relação direta entre o TDAH e a anorexia nervosa, um distúrbio alimentar que se caracteriza pela distorção da imagem corporal, um medo intenso de ganhar peso e a manutenção de um peso corporal baixo.
Conforme o site da Clínica Mayo, indivíduos que são afetados por essa condição recorrem a medidas extremas para evitar o aumento de peso, como induzir o vômito após as refeições ou utilizar laxantes, auxiliares de dieta ou diuréticos de forma inadequada.
Entretanto, é preciso compreender que a anorexia não está relacionada com a comida. Trata-se, na verdade, de um comportamento prejudicial à saúde e, em alguns casos, fatal, a fim de lidar com questões emocionais. Aqueles que sofrem de anorexia geralmente associam a magreza à autoestima.
O uso dos genes como métrica
Nesta terça-feira (05), um estudo publicado na revista BMJ Mental Health, abordou uma estatística nomeada de “randomização mendeliana”. Essa técnica utiliza a variação genética para avaliar de qual forma e em qual medida um determinado fator de risco pode influenciar um resultado relacionado à saúde, conforme explicou o diretor médico da Walden Behavioral Care, James Greenblatt.
Uma das características do TDAH é a desconcentração (Foto: Reprodução/Unsplash)
Os pesquisadores começaram uma investigação com o objetivo de estabelecer conexões entre o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e sete diferentes condições de saúde mental: anorexia nervosa, ansiedade, transtorno bipolar, depressão grave, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), esquizofrenia e, pelo menos, uma tentativa de suicídio.
Embora a pesquisa tenha revelado uma associação direta entre o TDAH e o desenvolvimento de depressão grave, observou-se também que tanto o TDAH quanto a depressão grave contribuíram, separadamente e em conjunto, para o TEPT e as tentativas de suicídio. No entanto, esse padrão não se aplicou a outras condições crônicas de saúde mental, como esclareceu Freuer.
Foto destaque: Novo estudo aponta que TDAH está relacionado a outras doenças psicológicas. Reprodução/Freepik