A endometriose é uma doença que é severa com a fertilidade feminina. Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada 10 mulheres tem endometriose. É um universo grandioso no Brasil de forma que quase 10,4 milhões de mulheres sofrem com o problema.
No entanto, o número de mulheres com endometriose atualmente pode ser maior do que o relatado, pois, até hoje, os sintomas da doença são negligenciados, levando a um cenário de subdiagnóstico.
Diagnóstico tardio
“Estima-se que, dessas, de 3 a 5 milhões tenham infertilidade. A endometriose tem como principal sintoma dor pélvica intensa durante a menstruação, que geralmente não recebe atenção por ser confundida com cólicas menstruais. Isso faz com que o diagnóstico da condição seja realizado muito tardiamente, quando as mulheres encontram alguma dificuldade para engravidar”, explica o Dr. Fernando, especialista em Reprodução Humana.
Segundo o Dr. Fernando, a doença não possui uma causa definida, mas está ligada a fatores genéticos e imunológicos. Em muitos casos, as mulheres podem esperar entre 4 e 11 anos antes de serem diagnosticadas com endometriose, e o diagnóstico tardio reduz as chances de sucesso dos tratamentos de fertilidade, que geralmente é realizado com a fertilização in vitro nesses casos.
Caso clínico
Foi o que ocorreu com Ana Carolina que, além da endometriose, teve outros dois diagnósticos: adenomiose e Anti-Mülleriano (AMH) baixo. O primeiro refere-se à presença das células do endométrio infiltradas no miométrio (músculo uterino), de forma que a gravidez é dificultada, pois após a fecundação do óvulo, o embrião viaja até o útero e precisa se fixar no endométrio para se desenvolver.
O hormônio Anti-Mülleriano é um indicativo da reserva ovariana. “Ter o AMH baixo não indica que a mulher não possa mais engravidar, somente significa que a quantidade de óvulos é pequena, e por esse motivo, se a mulher quiser filhos, ela deve procurar auxilio de seu médico o mais rápido possível”, explica o Dr. Fernando
Segundo o Dr. Fernando, a cirurgia de endometriose deve ser realizada quando a mulher apresenta sintomas graves, que interfiram na sua qualidade de vida e quando o tratamento medicamentoso não surte efeito. Em casos de alterações no endométrio, ou no sistema reprodutivo, também recomendamos a cirurgia.
DR. FERNANDO PRADO: Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Foto destaque: sistema reprodutor feminino. Reprodução