Estudo da USP e Unicamp revela como o vírus da Covid-19 usa células humanas para se replicar

Letícia Corrêa Por Letícia Corrêa
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Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Campinas (Unicamp) mostrou de que forma o vírus da Covid-19 se utiliza das células humanas para se multiplicar.

A pesquisa revelou que a proteína do coronavírus interage com a proteína humana conhecida como PCNA (Proliferating Cell Nuclear Antigen), responsável pela replicação do DNA das células e, consequentemente, da divisão celular. Assim, o vírus do SARS-Cov-2 manipula essas células para seguir seu ciclo de vida e ocasionar a infecção por Covid-19.

O grupo de pesquisadores demonstrou, por meio de técnicas de laboratório, que a presença da proteína M (matriz) do vírus no organismo, faz com que a proteína humana PCNA migre do núcleo das células – onde ela normalmente se encontra – e vá até o citoplasma, onde ficam as organelas, responsáveis por diversas funções celulares. Desse modo, segundo os pesquisadores, esse deslocamento para o citoplasma, é um dos sinais de que a interação entre as células humanas e o vírus, está ocorrendo.


Pessoa colocando uma gota no tubo de ensaio. (Foto: Reprodução/Pexels)


A fim de verificar a interação que ocorre entre as proteínas, foram utilizados compostos que impedem a migração das proteínas do núcleo para o citoplasma. Dessa forma, segundo a pesquisadora e autora do estudo, Érika Zambalde, foi observado que os fármacos em questão, conseguem diminuir a replicação viral em cerca de 15% a 20%. “Essa inibição, pensando em terapia talvez ainda não seja tão significativa. Porém, o trabalho mostra que a busca por fármacos que possam impedir essa migração pode vir sim a ser uma estratégia eficaz no tratamento contra a Covid-19 e outras doenças virais no futuro”, explica.

O estudo também demonstrou outra forma de se investigar a interação: analisando o tecido pulmonar de pacientes que morreram em função da Covid-19. Desse modo, se observou que houve um aumento de proteínas PCNA e de gamaH2AX, proteína que sinaliza que houve danos ao DNA, o que de acordo com os pesquisadores, reforça que houve infecção pelo Novo Coronavírus.

Apesar de a pesquisa ser recente e publicada no periódico científico Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, há a previsão de que seja feito um estudo a longo prazo em animais e humanos e que no momento, o estudo segue sendo investigar o comportamento e a interação do vírus em cultura de células. “Agora, nós pretendemos continuar avaliando a interação entre a PCNA e a proteína M do SARS-Cov-2 em cultura de células, para responder questionamentos que foram abertos nesse estudo e entender melhor os mecanismos pelos quais essa interação está interferindo na replicação do SARS-Cov-2, e ainda possivelmente testar novos fármacos com o fim de obter uma maior redução na replicação viral”, detalhou a pesquisadora.

 

Foto destaque: Novo Coronavírus. Reprodução/Pexels.

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