O aspartame pode realmente causar câncer?

Alice Cassimiro Por Alice Cassimiro
6 min de leitura

O aspartamo, ou aspartame, é um aditivo alimentar que é utilizado para substituir o açúcar comum. Ele pode ser encontrado em uma grande variedade de alimentos e refrigerantes e deve ser classificado oficialmente, de acordo com os relatórios, como um possível cancerígeno para humanos.

Essa classificação vem causando confusão com frequência, haja vista que ela não permite que as pessoas tenham uma noção real e clara do tamanho do risco potencial desse aditivo, já que outras substâncias “comuns” como Aloe Vera, Diesel e alguns vegetais em conserva também entram nessa categoria de “possivelmente cancerígenas”.

Mas onde ele é encontrado?

O aspartame é 200 vezes mais doce que o açúcar convencional, por esse motivo ele proporciona sabor sem as calorias.

Ele está presente na lista de ingredientes de diversos alimentos dietéticos ou que não possuem açúcar, incluindo algumas bebidas dietéticas, gomas de marcas e até alguns iogurtes.

O adoçante consta na lista de mais de 6000 produtos do ramo alimentícios e, entre as bebidas muito consumidas que o contém, estão incluídos os famosos refrigerantes “zero” açúcar.


Bebidas que possuem aspartame (Foto: Reprodução/getty images)


Ele é utilizado há décadas e aprovado por diversos órgãos de segurança alimentícia, mas, atualmente, está havendo muita controvérsia acerca do ingrediente.

A Iarc, que é o braço de pesquisa sobre câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), revisou mais de 1.300 estudos sobre o aditivo e o câncer.

O que pode significar o “possivelmente cancerígeno”?

Os anúncios oficiais ainda devem ser feitos pela Iarc e por um comitê a parte de especialistas em aditivos alimentícios, juntamente com uma publicação dentro da revista médica Lancet Oncology no dia 14 de julho.

Existem quatro grupos de classificações possíveis divulgadas pela Iarc:

  • Grupo 1: Carcinogênico para humanos;
  • Grupo 2A: Provavelmente cancerígenos para humanos;
  • Grupo 2B: Possivelmente cancerígenos para humanos;
  • Grupo 3: Não classificável.

É exatamente nesse ponto que pode haver confusões.

Kevin McConway, professor de estatística da Open University afirma que: “A categorização da Iarc não nos diz nada sobre o nível real de risco do aspartame, porque não é isso que as categorizações da Iarc fazem”.

A Iarc nos diz o quão forte é a evidência, não o quão arriscada a substância pode ser para a saúde dos consumidores.

O “possivelmente” é utilizado quando existem evidências limitadas em pessoas ou em dados e experimentos com animais.

Esse tipo de classificação abrange produtos como o talco, o diesel, o níquel, aloe vera e alguns vegetais em conserva, além de uma série de substâncias químicas.

McConway ainda adiciona: “Enfatizo, porém, que a evidência de que essas coisas podem causar câncer não é muito forte ou elas teriam sido colocadas no grupo 1 ou 2A”.

As classificações divulgadas pela Iarc já causaram muita confusão no passado e foram muito criticadas por criar alarme desnecessariamente.

A posição do espartame de acordo com o Comitê de Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da OMS, desde 1981, tem sido a de que uma ingestão diária de 40 mg por quilograma de peso corporal por dia era segura.

Essa quantidade representa entre 12 e 36 latas de bebidas dietéticas (dependendo dos ingredientes) por dia para um adulto de aproximadamente 60 kg.

Ele pode ser considerado seguro?

Kate Loatman, a presidente-executiva do Conselho Internacional de Associações de Bebidas, afirmou que as autoridades de saúde pública deveriam estar mais preocupadas com esse vazamento de opinião, e ainda alertou que essa opinião pode induzir de forma desnecessária os consumidores a ingerir mais açúcar, ao invés de escolherem opções mais seguras e com baixo teor de açúcar.

Rick Mumford, o vice conselheiro científico-chefe da Agência de Normas Alimentares do Reino Unido (FSA, na sigla em inglês), afirmou que o órgão supracitado irá estudar de perto todos os relatórios, mas que a opinião da agência é de que: “a segurança deste adoçante foi avaliada por vários comitês científicos e é considerado seguro em níveis de uso permitidos atuais”.

No início dos anos 2000, um estudo ligou o adoçante ao câncer em experimentos realizados em camundongos e ratos; porém, os resultados foram criticados e outros estudos feitos em animais não observaram riscos.

Em 2022, um estudo realizado em 105 mil pessoas comparou pessoas que não costumavam consumir açúcar anteriormente com as que consumiam grandes quantidades.

Altos níveis de adoçantes, incluindo o aspartame, foram ligados a um risco maior de câncer; todavia, existem diversas diferenças na saúde e diferentes estilos de vida entre ambos os grupos.

Frances Hunt-Wood, da Associação Internacional de Adoçantes, afirmou: “O aspartame é um dos ingredientes mais pesquisados da história, com mais de 90 agências de segurança alimentar em todo o mundo declarando que é seguro”.

Pessoas com a doença hereditária fenilcetonúria ou PKU não podem consumir esse aditivo com segurança, pois eles são incapazes de metabolizar um componente do aspartame.

Foto destaque: Aspartame e seus perigos. Foto: Reprodução/Shutterstock.

 

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