Precisamos aumentar a diversidade entre doadores de medula óssea

Afernandes Por Afernandes
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A medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, sendo também chamada de tutano. Conhecida como máquina do sangue a medula óssea e responsável pelo desenvolvimento das células sanguíneas.


 

Paciente aguardando transplante de medula óssea. (Foto:Reprodução/Istockphoto)


Nela são produzidos os componentes do sangue como: hemácias, leucócitos e plaquetas. Estes componentes são renovados continuamente e a medula é quem se encarrega dessa função. Ela mantém se em atividade intensa e ininterrupta para produzir células sanguíneas e dependendo de abundante e contínuo suprimento de substâncias. Classificada em dois tipos: medula óssea vermelha e medula óssea amarela, onde a primeira é abundante no indivíduo recém-nascido, entretanto, sua quantidade reduz-se consideravelmente na vida adulta, sendo substituída pela segunda.

Algumas doenças podem alterar a arquitetura da medula óssea, prejudicando assim o seu funcionamento entre elas estão: Aplasia de medula, síndrome mielodisplástica, anemia aplástica, linfomas, leucemia e leucemia mileoide aguda. O transplante é um dos tratamentos propostos para curar estas doenças que afetam estas células do sangue. Este tratamento consiste na substituição de uma medula doente, ou deficitária, por células normais.

Para que esse procedimento ocorra como o esperado tem que haver compatibilidade genética entre o doador e o paciente. As chances de encontrar um doador ideal no núcleo familiar, sendo entre irmãos de mesmo pai e mesma mãe, é de 25%. Contudo, há a possibilidade de não haver doador na família, sendo assim, é necessário encontrar um doador no banco de dados do INCA. Esse contratempo faz as chances de compatibilidade caírem para 1 em 100 mil, de acordo com pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde, e isso é bem comum de se acontecer. Brasileiros com características genéticas herdadas de ancestrais africanos tendem a ter mais dificuldade para achar doadores de medula óssea, revela um levantamento feito por pesquisadores da USP e do Inca (Instituto Nacional do Câncer).

As chances de que essas pessoas encontrem amostras compatíveis para um transplante podem ser até 75% mais baixas do que a de doentes sem esse componente genético. Não se trata de um problema exclusivo do Brasil. Em parte, ele se deve à grande variabilidade do DNA de pessoas de origem africana, superior à de grupos do resto do mundo. Como o Brasil é um país muito miscigenado, no qual muitas vezes a aparência das pessoas não bate exatamente com sua herança genética, seria de esperar que nem sempre as categorias raciais dos censos se encaixariam perfeitamente com as informações sobre os genes HLA.

As doações têm aumentado expressivamente nos últimos anos, especialmente devido às campanhas de sensibilização da população. Mas os números precisam ser ainda maiores. Quanto mais doadores estiverem à disposição, maiores são as chances de encontrar medulas compatíveis.

Em um país como o Brasil, em que autodeclarados pretos e pardos respondem por mais de 56% da população, aumentar o número de doadores significa também contemplar toda a diversidade genética brasileira, e trazer novas perspectivas aos pacientes que aguardam um doador compatível para seguir o seu tratamento.

Foto Destaque: Medico realizando transplante de medula óssea Reprodução/Istockphoto.

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