O hormônio liberado pelos tecidos com a prática de exercícios físicos chamado de “irisina” pode promover proteção aos rins contra os danos do diabetes, segundo estudo brasileiro. Entre os diferentes benefícios que as atividades físicas podem oferecer, a proteção dos rins de pessoas com diabetes está entre eles.
O estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou a partir de diferentes pesquisas que o “hormônio do exercício”, como também é conhecido, que além dos benefícios da substância aos rins, pode prevenir os estragos renais resultantes da doença. Dessa maneira, tem a possibilidade de evitar danos nos vasos sanguíneos, artérias e veias que irrigam os rins, impedindo que o paciente desenvolva insuficiência renal crônica.
Pesquisas brasileiras descobrem hormônio que protege os rins dos efeitos do diabetes. (Foto: Reprodução/Viva Bem)
“Nós constatamos que o exercício aeróbico está associado a um aumento da irisina muscular na circulação sanguínea e também nos rins, conferindo nefroproteção”, explica o médico José Butori Lopes de Faria, do Laboratório de Fisiopatologia Renal e Complicações do Diabetes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp) e orientador de Guilherme Pedron Formigari, primeiro autor do estudo. Tal depoimento foi dado em entrevista à Veja Saúde.
A pesquisa foi feita a partir de testes em roedores com diabetes que mediam a indicação dos danos renais, como a presença de albumina na urina, a qual sinaliza que as células estão sendo afetadas.
Os ratos foram divididos em grupos dos que não praticavam atividades físicas e, portanto, considerados sedentários; dos que mantiveram o hábito de exercícios por 8 semanas seguidas; e dos que estavam sob controle dos pesquisadores.
Roedores foram utilizados para que comprovasse o estudo sobre o “hormônio do exercício”. (Foto: Reprodução/Olhar Digital)
Logo após, foi observado a reação dos animais que continham diabetes e que haviam se exercitado, mas que receberam medicamentos para bloquear a ação renal dos “hormônios do exercício”.
Isso comprovou que o bloqueio dos efeitos benéficos do exercício, a redução de albumina na urina e a menor expressão de substâncias que atuam na fibrose dos glomérulos coincidiram com a deficiência da irisina. Também foram realizados testes com células tubulares renais humanas produzidas em laboratório.
O doutor Faria ainda explica que “a resposta foi positiva. Concluímos que o exercício físico aumenta a irisina no músculo e na circulação e que, nos rins, a presença desse hormônio ativa a enzima AMPK, que bloqueia os mecanismos da fibrose renal”. Assim, é recomendada a prática de exercícios físicos para pessoas com diabetes.
Foto Destaque: O “hormônio do exercício” pode proteger os rins dos danos do diabetes. Reprodução/Hospital Nossa Senhora da Conceição