SBI orienta que pessoas com HIV sejam priorizadas na vacinação contra varíola dos macacos

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) recomenda que as pessoas que vivem com o vírus da HIV sejam priorizadas no processo de imunização contra a monkeypox, comumente conhecida como varíola dos macacos. Especialistas alertaram para um risco maior de hospitalização e óbito nesse grupo. Atualmente, o Brasil lidera o ranking de óbitos provocados pelo surto […]

07 mar, 2023

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) recomenda que as pessoas que vivem com o vírus da HIV sejam priorizadas no processo de imunização contra a monkeypox, comumente conhecida como varíola dos macacos. Especialistas alertaram para um risco maior de hospitalização e óbito nesse grupo.

Atualmente, o Brasil lidera o ranking de óbitos provocados pelo surto da varíola do macaco. Segundo o Ministério da Saúde, em sua última atualização, nesta segunda-feira (8), foram registradas 11 mortes, 9.475 contaminações e 4.665 suspeitas em análise do vírus no país.

Apesar do cenário no país, a nota de recomendação da SBI apontou que ainda não há indicação de vacinação ampla contra a doença e que os grupos de maior risco para o adoecimento devem ser priorizados. “Dados brasileiros mostram que no Brasil, casos graves de monkeypox tem acometido, principalmente, pacientes infectados pelo HIV sendo responsável pela imensa maioria dos óbitos. Sendo assim, a Sociedade Brasileira de Infectologia sugere que, neste momento, a vacina seja priorizada para PVHA (pessoas vivendo com HIV/Aids), com contagem de linfócitos TCD4 menor que 350 células/mm3, seguidos por aqueles que, independentemente do resultado do CD4, não estejam em tratamento antirretroviral”.

O documento conta com a assinatura do presidente da SBI, Alberto Chebabo, e de José Valdez Madruga e Tânia Vergara, coordenadores do Comitê de HIV/Aids da sociedade. Há ainda, na nota, um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) que apontou que 40% dos infectados em solo norte-americano eram portadoras do HIV.

Especialistas ainda não se tem certeza se o o status de portador do HIV aumenta a probabilidade de ficar doente por monkeypox. Apesar disso, eles destacam que pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHAs) e com imunocomprometimento grave têm uma maior propensão a desenvolverem quadros graves ou, em casos mais extremos, morrerem, se infectadas.


SBI orienta que pessoas com HIV sejam priorizadas na vacinação contra varíola dos macacos

Foto com uma pessoa com monkeypox (Reprodução/Divulgação Unimed Fesp)


A SBI orienta, por isso, que pessoas com HIV com a contagem de linfócitos CD4+, um tipo de célula de defesa do sistema imunológico, sejam priorizadas. Em seguida, a imunização deve ser direcionada ao grupo sem tratamento com os antirretrovirais, independentemente da contagem.

A orientação pode ser explicada ainda pelo relatório do CDC. Segundo o Centro, 82% dos 57 pacientes internados com a varíola símia analisados viviam com HIV, 72% com contagem inferior a 50 células/mm³. Apenas 9% deles recebia a terapia com os medicamentos antirretrovirais.

Com base em dados analisados, especialistas da SBI contaram que o CDC reorientou os profissionais da saúde a testarem todos os pacientes sexualmente ativos com suspeita de monkeypox no momento do atendimento (a menos que o paciente já conheça seu status sorológico) para o HIV. Além disso, eles devem considerar o início precoce e a duração prolongada da terapia específica para a varíola do macaco nos pacientes altamente imunocomprometidos, com suspeita ou diagnóstico laboratorial confirmado. No Brasil, a terapia específica para monkeypox está disponível apenas no cenário de pesquisa clínica.

Até o momento, no país, a estratégia do Ministério da Saúde envolve a vacinação de profissionais da área que estejam atuando no atendimento de pacientes com varíola dos macacos e, também, de contatos próximos aos contaminados. O cenário, de modo geral, é de alerta em relação à população com HIV.

Em acordo mediado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que prevê 50 mil aplicações, a pasta recebeu, há cerca de um mês, o primeiro lote com quase 10 mil doses da vacina. O nome do imunizante é Jynneos, fabricado pela Bavarian Nordic.

Foto destaque: imunizante contra o monkeypox Reprodução/Divulgação Newslab

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