O Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO) de 2024 iniciou-se em São Paulo nesta semana com informações preocupantes sobre a saúde dos brasileiros. Em um novo estudo apresentado no evento, foi revelado que, até 2044, é estimado que cerca de 48% da população maior de 18 anos terá obesidade e 27% desenvolverá sobrepeso, totalizando quase metade da população no país.
O relatório afirma que isso equivale a cerca de 130 milhões de pessoas que, além da obesidade, podem adquirir doenças como diabete, cirroses, doenças cardiovasculares e doenças renais crônicas.
Grupo de risco da comorbidade
O estudo foi feito pelo pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Eduardo Nilson, detectou que atualmente 56% dos brasileiros possuem obesidade ou sobrepeso. Se esse cenário continuar, a comorbidade será responsável pela morte de 1,2 milhões de pessoas e também para o diagnóstico de 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas na população.
Pessoa se consultando com um médico (Foto: reprodução/SDI Productions/Getty Images Embed)
Eduardo também revelou que as mulheres, negros e pessoas não brancas serão os grupos mais atingidos pela condição. Até o ano de 2030, é previsto que 30,2% das mulheres tenham obesidade e 37,7% apresentem sobrepeso. As pessoas negras ou de outras etnias apresentaram uma porcentagem combinada de 31,1% de chance de obesidade e 38,2% de sobrepeso.
Para o estudo, a porcentagem é maior nesses grupos devido às disparidades envolvendo a educação, trabalho e a desigualdade social. Quanto aos homens, eles possuem a estimativa de 28,8% de desenvolver obesidade e 39,7% de sobrepeso, apesar de ser um número considerado menor do que a estimativa das mulheres, o relatório afirma que a maioria dos óbitos deve ocorrer entre os homens.
Segundo a pesquisa, 64% das mortes até 2044 serão do sexo masculino, por serem mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabete.
Pessoa em uma balança (Foto: reprodução/Peter Dazeley/Getty Images Embed)
Além dos adultos, as crianças também correm o risco de enfrentar problemas relacionados a essa comorbidade. A pesquisa aponta que cerca de 24% das crianças entre os 5 a 9 anos serão obesas; de 10 a 14 anos serão 15% e, entre os 15 a 19 anos, 12% deverão ser atingidas.
A média, assim como nos adultos, atingirá mais os meninos e pode levar ao desenvolvimento de hipertensão, câncer colorretal, doenças cardíacas e AVC na idade adulta.
Políticas públicas podem mudar cenário
No Congresso, o palestrante declarou que a mudança em políticas públicas pode reverter esse cenário catastrófico no Brasil. Eduardo defende que a obesidade é uma doença que envolve diversos fatores, como o econômico, o social e o genético, e que os governantes e a população devem parar de enxergá-la como uma escolha ou hábitos de uma pessoa.
“Se não unificarmos esforços, com governo e sociedade civil, estaremos, ano após ano, congresso após congresso, apenas divulgando novos dados assustadores”, continua o pesquisador, concluindo que tratar os casos existentes no Sistema Único de Saúde (SUS) com seriedade e realizando campanhas de prevenção para todas as idades, a situação poderá ser evitada no país.