Pesquisadores chineses e americanos publicaram um estudo na revista científica The BMJ em 2023, mostrando que a alimentação nos dias de hoje é repleta de açúcares para tornar a comida mais gostosa. E esse excesso de carboidrato interfere diretamente na saúde, inclusive cerebral. Foram relacionadas 45 situações ligadas a esse desequilíbrio nutricional.
Mais açúcar, mais declínio cognitivo
Paralelos a esse estudo, outros trabalhos vêm confirmando a estreita ligação entre a saúde do cérebro e os alimentos consumidos diariamente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza o consumo de cerca de 50g de açúcar diariamente. Acima disso, as células do sistema nervoso são afetadas e o risco de declínio cognitivo é aumentado.
Foto de neurônios e astrócitos, divulgada por Institue for Stgem Cell Research (Foto: reprodução/Getty Images embed)
Células da glia
As células da glia foram descritas há mais de 150 anos. As principais são os astrócitos, os oligodendrócitos, as micróglias e os ependimócitos. As glias são células não neuronais do sistema nervoso central, responsáveis pela nutrição, proteção e auxílio na sustentação do tecido nervoso. Elas podem liberar, inclusive, neurotransmissores, e têm importante papel na transmissão da dor. O excesso de açúcar torna essas células resistentes à insulina.
“Essas descobertas mostram como o consumo de alimentos processados não afeta apenas o ganho de peso, mas também a função cognitiva. Afeta o funcionamento profundo do seu corpo”.
Akhila Rajan
Essa resistência provoca danos no trabalho das células da glia, tornando-as ineficientes para limpeza de detritos tóxicos. Esse “lixo” provoca inflamação, levando à morte celular secundária, processo análogo ao do desenvolvimento de diabetes tipo 2. O excesso de açúcar provoca a deficiência de uma proteína chamada JaK3, importante na ativação das células do sistema imunológico. A consequência é uma inflamação em cascata que começa no intestino, passa pelo fígado e chega ao cérebro.
Esses estudos são um avanço para entendermos o funcionamento cerebral. Os pesquisadores afirmam que essas descobertas podem colaborar na justificativa de como a alimentação influencia o risco de problemas de neurodegenerativos, como a doença de alzheimer.