De tempos em tempos uma nova onda de procedimentos e remédios para a “saúde” surge nas redes sociais. E a moda da vez é a soroterapia, tratamento que já é divulgado por diversos influenciadores e profissionais da saúde. Então, entenda mais sobre o procedimento e seus riscos.
O que é a soroterapia
O “tratamento” consiste na aplicação direto na veia de soros com diferentes vitaminas. Esses “soros da beleza” prometem ao paciente mais energia, menos estresse, melhorias na imunidade, beleza, etc. Essas são algumas promessas que as clínicas médicas juntamente com influenciadores digitais divulgam nas redes sociais. Uma sessão custa em média 300 reais, podendo chegar até em 1.200 ou mais dependendo da clínica.
Casos preocupantes
A empresária Thaís Giraldelli contou ao Fantástico no último domingo (7) que quando conheceu o tratamento escolheu uma opção personalizada. São divulgados “cardápios de soros”, capazes de obter resultados milagrosos por meio da suplementação de vitaminas e minerais. Thaís ainda afirma que a médica não pediu nenhum tipo de exame durante a consulta antes do início das aplicações de soro.
“Eu só realmente cheguei lá como um cardápio de um restaurante. E aí eu pedi por mais cabelo, mais disposição (…) e beleza”, conta. Porém, alguns sintomas começaram a surgir. “Todas as vezes eu tinha uma taquicardia. E no dia seguinte, normalmente, era onde vinham os picos de pressão alta”, completa a empresária. Logo, Thaís deixou as sessões de lado e não teve efeitos colaterais mais significativos.
Porém, outro caso mais sério já foi registrado. Dessa vez com o deputado do PL, Carlos Alexandre, que queria diminuir o cansaço e usou da soroterapia para isso. Todavia, após a segunda sessão já sentiu desconfortos. Apesar disso, continuou o tratamento com incentivo do médico e em seguida passou a sentir fortes dores no estômago e cabeça. Posteriormente, precisou ser internado e descobriu uma intoxicação por cromo que tinha afetado vários de seus órgãos.
Riscos para a saúde
Médicos de todo o Brasil estão alertando sobre os riscos da soroterapia. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo já fez uma fiscalização em locais que oferecem o tratamento. O Cremesp encontrou “oferta indiscriminada e crescente” do procedimento. Em uma das clínicas, os fiscais avaliaram as condições de armazenamento dos produtos e encontraram “cardápios” com promessas de tratamento até para depressão e ansiedade.
Durante as fiscalizações, uma série de problemas em relação às regras de publicidade médica foram percebidas em 20 clínicas, onde 16 prometiam resultados, o que é proibido e 17 delas não apresentavam o registro no CRM. Além disso, nenhuma delas informava o RQE, registro de qualificação de especialidade.
Diferentes especialistas afirmam que é consenso o fato da soroterapia somente ser recomendada em casos específicos de pacientes com dificuldade de absorção de nutrientes. Por exemplo, um paciente que passou por uma cirurgia no aparelho digestório e ficou, com um intestino curto, “efetivamente ele vai precisar ser submetido a uma terapia com uma suplementação injetável”, explica o médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.