AIDS registra queda de mortes de 13% no Brasil

Nesta segunda-feira (1), foi publicado no site oficial do governo: gov.br, na seção Boletim Epidemiológico. Esse boletim epidemiológico, divulgado pelo Ministério da Saúde, mostrou que o Brasil registrou uma queda nos números de mortes por AIDS de 13% entre os anos de 2023 e 2024, o que resultou no menor número dos últimos 30 anos.

Esses números são um reflexo dos avanços tecnológicos e dos cuidados adotados nos últimos anos. Analisando os dados, as mortes por AIDS passaram de mais de 10 mil em 2023 para 9,1 mil em 2024, representando o menor registro das últimas três décadas. Outra queda importante foi nos diagnósticos de AIDS, que, no mesmo período, reduziram 1,5%, passando de 37,5 mil em 2023 para 36,9 mil em 2024,  o que tem uma ótima repercussão, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Motivos da queda de mortes por AIDS nos últimos anos

O ministro da Saúde afirmou que esses números de queda divulgados neste mês são significativos — dezembro é o mês oficial da luta contra o HIV e a AIDS, e 1° de dezembro é o Dia Mundial de Combate à AIDS. Padilha afirma que esses dados são muito importantes para demonstrar que este é o caminho indicado para manter e alcançar o menor número de mortes por AIDS dos últimos 32 anos, o que é extremamente relevante.


Post sobre a importância dos cuidados a Aids e celebração de conquistas históricas (Foto: Reprodução/Instagram/@minsaude)


Alexandre Padilha afirma que esses números demonstram o trabalho realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que tem oferecido gratuitamente alta tecnologia, utilizando o que há de mais moderno na prevenção, diagnóstico e tratamento. O ministro da Saúde também destacou que os avanços tecnológicos permitiram ao país alcançar as metas de eliminação da transmissão vertical, ou seja, quando se impede que uma doença seja transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez, parto ou amamentação, o que era um grande problema de saúde pública.

Uma diminuição significativa dos casos materno-infantil

Quando é analisado o componente materno-infantil, o país registrou uma queda significativa de 7,9% nos casos de gestantes com HIV (7,5 mil) e de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus (6,8 mil). Esses dados reafirmam o que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou sobre como os avanços tecnológicos, aliados ao SUS, impactaram na diminuição desses casos.

O início tardio da profilaxia neonatal — ou seja, iniciar o tratamento preventivo do recém-nascido somente depois do tempo ideal, geralmente nas primeiras horas ou dias de vida, quando o ideal seria iniciar imediatamente após o nascimento — caiu 54% dos casos, demonstrando melhora significativa na atenção ofertada no pré-natal e nas maternidades.


Post sobre o Dia Mundial de Luta Contra a Aids (Foto: Reprodução/Instagram/@minsaude)


O Brasil atingiu mais de 95% de cobertura em pré-natal, um número significativo. Além disso, Padilha afirma que todas as gestantes recebem testes para HIV e que também é oferecido tratamento às gestantes que vivem com o vírus. Assim, como consequência, houve a eliminação da transmissão vertical, que era um grande problema de saúde pública — ou seja, quando se impede que a AIDS seja transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez. Em território nacional, a taxa se manteve abaixo de 2%, e a incidência da infecção em crianças ficou abaixo de 0,5 casos por mil nascidos vivos.

Para concluir, em 2024 foram contabilizadas no Brasil 68,4 mil pessoas vivendo com HIV ou AIDS. É muito importante adotar todos os cuidados possíveis e buscar ajuda médica sempre que necessário.

Avanço na medicina: OMS recomenda injeção semestral e revoluciona prevenção do HIV no mundo

Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta segunda-feira (14 de julho de 2025), usou a Conferência Internacional sobre AIDS em Kigali (Ruanda) para recomendar o uso do lenacapavir, uma injeção semestral, sendo a promessa de uma nova ferramenta capaz de prevenir contra HIV, ela apresentou uma eficácia igual ou superior aos 99% dos comprimidos diários atualmente distribuídos no Brasil.

O objetivo é tornar amplo o acesso global de métodos de profilaxia de longa duração, diminuir infecções e facilitar a adesão em países com alto número de casos, oferecendo uma alternativa prática à PrEP oral diária.

Injeção semestral contra o HIV: como funciona a nova forma de prevenção

A nova injeção semestral para prevenção do HIV, baseada no medicamento lenacapavir da farmacêutica Gilead Sciences, representa uma alternativa inovadora e avançada aos métodos tradicionais de profilaxia pré-exposição (PrEP). O lenacapavir oferece proteção prolongada com apenas uma aplicação a cada seis meses, diferente dos comprimidos de uso diário, o que facilita a adesão ao tratamento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que estudos clínicos indicaram eficácia de quase 100% na prevenção do HIV, tornando o método uma das maiores promessas no combate à doença em décadas. Especialistas destacam que a injeção é especialmente útil para populações mais vulneráveis, que enfrentam dificuldades para manter o uso contínuo de medicamentos orais.

Segundo a OMS, a recomendação é vista como um marco para reduzir o número de novas infecções globalmente, especialmente em regiões com alto índice do vírus e infraestrutura de saúde limitada. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização, explicou que mesmo não havendo uma vacina disponível contra o HIV, já se pode considerar o lenacapavir como a melhor opção atual para interromper a cadeia de transmissão.

Além de sua eficácia, estudos apontam que o medicamento também é indicado como uma estratégia prática para superar barreiras como o estigma social e o esquecimento frequente de doses diárias. A OMS também reforçou que está trabalhando com governos e parceiros para acelerar a implementação dessa inovação nos países que mais necessitam.


— Remédios para tratamento de HIV (Foto: reprodução/Joe Raedle/Getty Images Embed)


OMS aponta desafios e próximos passos

Mesmo sendo considerada um marco no combate ao HIV, a implementação global da injeção semestral com lenacapavir ainda enfrenta obstáculos. Um dos principais desafios é o acesso equitativo em países de baixa e média renda, onde os sistemas de saúde possuem limitações para distribuir medicamentos inovadores em larga escala.

A OMS ressaltou a importância de parcerias estratégicas com governos, organizações não governamentais e a indústria farmacêutica para superar barreiras logísticas e econômicas. “Essas novas recomendações foram pensadas para aplicação no mundo real. A OMS está trabalhando de forma próxima com os países e parceiros para apoiar a implementação”, explicou a Dra. Meg Doherty, diretora de programas globais da organização.

Outro ponto crítico é que o tratamento ainda não tem um custo definido para a maioria dos mercados. A agência defende negociações para reduzir preços e tornar o lenacapavir acessível em comunidades mais vulneráveis, porém, isso ainda é algo a ser discutido futuramente.

Tedros Adhanom Ghebreyesus também reforçou o compromisso da organização em expandir o acesso ao tratamento. “É a melhor opção disponível enquanto aguardamos uma vacina contra o HIV. A OMS está comprometida em trabalhar com países e parceiros para garantir que essa inovação chegue às comunidades o mais rápido e seguro possível”, afirmou.

A entidade também estuda estratégias para garantir treinamento e suporte técnico aos profissionais de saúde, além de campanhas de conscientização para reduzir o estigma e incentivar a adesão ao novo método.

A recomendação da OMS para o uso da injeção semestral na prevenção do HIV marca um passo importante no combate à doença. Com potencial para facilitar o acesso e reduzir novas infecções, a iniciativa reforça a esperança de um futuro com menos barreiras na luta contra o vírus.

Nova injeção semestral contra o HIV promete revolucionar prevenção

A FDA aprovou o lenacapavir, primeira injeção semestral para prevenção do HIV. O medicamento reduz em quase 100% o risco de infecção.

Com apenas duas aplicações ao ano, o lenacapavir se mostra uma inovação significativa na profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). A droga já era usada para tratar casos resistentes do vírus, mas agora passa a ser adotada como estratégia preventiva nos EUA, com eficácia comprovada superior à das pílulas diárias tradicionais.

Alta eficácia e desafios de acesso

Estudos clínicos demonstraram que o lenacapavir preveniu a infecção em 96 a 100% dos casos. Pesquisas na África, América Latina e Ásia reforçam a eficácia da droga, que age bloqueando a replicação do vírus no organismo. Especialistas apontam que a posologia semestral pode superar obstáculos como adesão e estigma associados à PrEP oral.


— Multidão humana em torno de um frasco injetável da vacina contra o HIV no fundo roxo (Foto: MicroStockHub/Getty Images Embed)


Apesar dos avanços, o alto custo preocupa. Estimado em US$ 40 mil por paciente ao ano, o remédio ainda não está acessível em países como o Brasil. Organizações internacionais pedem que a farmacêutica Gilead reduza o preço e amplie a produção, garantindo o acesso global. Versões genéricas já estão em negociação para 120 países de baixa e média renda, mas ainda sem previsão para o Brasil.

Por que não é uma vacina?

Embora preventivo, o lenacapavir não é uma vacina. Diferente de imunizantes, ele não estimula a produção de anticorpos, mas age diretamente contra o vírus. A eficácia depende de sua presença contínua no organismo. Caso a aplicação seja interrompida, a proteção desaparece.

Risco global com cortes no combate à AIDS

O bloqueio de verbas do programa PEPFAR, anunciado por Donald Trump, ameaça reverter duas décadas de avanços contra o HIV.


Programas de HIV na África em risco após cortes na ajuda dos EUA na era Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/APT_News)

Um estudo da The Lancet HIV aponta que a redução no financiamento pode causar até 10,8 milhões de novas infecções e 2,9 milhões de mortes até 2030, especialmente em países mais pobres. A queda no apoio afeta diretamente regiões dependentes, como a África Subsaariana, e pode anular progressos conquistados desde o ano 2000.

Cortes no financiamento internacional comprometem avanços no combate ao HIV/AIDS

Atualmente, 39,9 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. Um estudo recém-publicado na revista The Lancet HIV alerta que cortes no financiamento internacional para o combate ao HIV/AIDS podem reverter avanços e resultar em milhões de novas infecções e mortes até 2030.

Com a redução da ajuda externa, até 10,8 milhões de novas infecções pelo HIV e 2,9 milhões de mortes podem ocorrer nos próximos anos, segundo aponta a pesquisa. O impacto será maior em países de baixa renda, como os da África Subsaariana, que enfrentam problemas estruturais na saúde e falta de suprimentos.

Essa região depende fortemente de programas financiados por iniciativas internacionais, como o Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS (PEPFAR), responsável por fornecer tratamentos antirretrovirais, testagem e ações preventivas.

Cortes significativos no combate ao HIV/AIDS

Países como EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Holanda representam mais de 90% do suporte financeiro global. No entanto, esses governos anunciaram cortes significativos, reduzindo em 24% os recursos destinados à luta contra a AIDS até 2026. Doadores internacionais foram responsáveis por expressivos 40% do financiamento global para o HIV desde 2015 em países vulneráveis.

A UNAIDS (agência da ONU para a luta contra a AIDS) alertou que, caso os recursos não sejam restaurados, até duas mil novas infecções podem ocorrer diariamente no mundo. A diretora-executiva da UNAIDS, Winnie Byanyima declarou sobre a suspensão temporária dos recursos do maior contribuinte, os EUA:

Essa retirada repentina do financiamento norte-americano levou ao fechamento de várias clínicas e à demissão de milhares de trabalhadores da saúde (…). Tudo isso significa que esperamos um aumento nas novas infecções.”


Apelo da OMS após corte de recursos para combater HIV (Vídeo: reprodução/YouTube/TV Jornal SBT)


Risco de retrocesso

Países que receberam apoio do PEPFAR ou de outras iniciativas externas que procuram promover a prevenção, o teste e o tratamento do HIV conseguiram reduzir, em média, 8,3% das novas infecções por ano e 10,3% das mortes relacionadas ao vírus entre 2010 e 2023. No entanto, caso os cortes se concretizem, especialistas alertam que os números podem voltar aos níveis de 2010, anulando os avanços conquistados desde o ano 2000.

Debra ten Brink, coautora do estudo publicado na The Lancet HIV, reforça:

“É fundamental garantir financiamento sustentável e evitar o ressurgimento da epidemia de HIV, que pode ter consequências devastadoras não apenas na África Subsaariana, mas globalmente.”

O estudo analisou dados de 26 países, projetando os impactos em outras nações de baixa renda. No entanto, os pesquisadores reconhecem que os resultados podem não refletir precisamente todas as realidades e os efeitos podem ser ainda mais graves do que os previstos.

Gilead Sciences divulga antiviral em dose única eficaz contra HIV

O laboratório farmacêutico Gilead Sciences apresentou na terça-feira (11) os primeiros dados clínicos de um estudo para dosagem única anual do medicamento lenacapavir para prevenção contra o HIV. A empresa demonstrou os resultados em um congresso que conversa sobre retrovírus e infecções oportunistas, a CROI 2025, e em uma publicação na revista científica The Lancet. O medicamento mostrou ser seguro e eficaz nos testes da Fase 1. 

A primeira fase dos testes avaliou a farmacocinética, a segurança e a tolerância de duas formulações de dosagem única, injetável e intramuscular de 5000mg de lenacapavir. O teste incluiu 40 adultos saudáveis com baixo risco de contrair HIV, entre 18 e 55 anos, com índice de massa corporal abaixo ou igual a 35 kg/m2. 

A Gilead Sciences produz o antiviral lenacapavir, um medicamento injetável, que já havia apresentado eficácia de mais de 95% na prevenção do HIV com apenas duas doses anuais. 


Médico sanitarista Fábio Mesquita explica sobre a profilaxia injetável (Vídeo: reprodução/YouTube/Super Undetectable)

Resultados obtidos nos testes

Os dados da Fase 1 do ensaio clínico mostraram que as duas diferentes formulações de uma dosagem anual de lenacapavir administradas por meio de uma injeção intramuscular obtiveram e mantiveram as concentrações de plasma necessárias para eficácia na prevenção contra o HIV. 

As concentrações de plasma do lenacapavir nos participantes permaneceram acima dos 95% de concentração de eficácia por pelo menos 56 semanas para ambas as fórmulas. Além disso, a mediana das concentrações em ambas na Semana 52 foram maiores que aquelas observadas na Semana 26 nos estudos anteriores das dosagens semestrais do medicamento. Os dados do ensaio clínico confirmaram que os resultados obtidos nas duas formulações para doses anuais do medicamento justificam mais estudos. 

Segundo Jared Baeten, vice-presidente sênior e chefe da área de Terapêutica Virológica da empresa, a companhia continua a “inovar em seu trabalho para desenvolver opções injetáveis e orais adicionais, de longa duração e centradas no indivíduo, para ajudar as pessoas a fazerem a escolha certa na prevenção contra o HIV”.

Esperança para erradicação da doença

No mesmo dia da divulgação dos resultados do estudo, a diretora-executiva do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Winnie Byanyima, publicou em seu perfil no X (ex-Twitter) que a inovação do medicamento americano pode reduzir as infecções a quase zero, deixando o mundo mais perto de erradicar a AIDS, uma ameaça à saúde pública mundial.


Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS, no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Foto: reprodução/World Economic Forum/UNAIDS)

Em 21 de janeiro deste ano, Winnie disse durante a reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, que “essas novas tecnologias nos dão uma chance real de acabar com a AIDS até 2030.” No entanto, há uma condição para que isso ocorra. “Apenas se empresas farmacêuticas, governos, parcerias internacionais e sociedade civil se unirem em torno da prevenção e tratamento do HIV, poderemos usar todo o potencial desses medicamentos e acabar com a AIDS mais cedo do que imaginávamos”, reforçou Byanyima. 

Comunidades científicas

Para efeitos de reconhecimento e validação no meio científico, estudos clínicos e seus resultados devem ser publicados, compartilhados, revisados e apreciados por pares e especialistas do campo de estudo específico.

O CROI 2025 é a 32ª edição da Conference on Retroviruses and Opportunisti Infections (Congresso de Retrovírus e Infecções Oportunistas). O evento acontece entre 9 e 12 de março, em São Francisco, nos Estados Unidos, e é considerado um dos mais relevantes na área de infectologia, principalmente nas conversas sobre assuntos importantes como HIV, Mpox e Covid-19. 

The Lancet é uma revista científica voltada para a medicina, publicada semanalmente pela Elsevier, do Lancet Publishing Group, no Reino Unido. É uma das mais prestigiadas revistas médicas por ser um periódico de alto impacto. O público leigo se tornou mais familiar com a revista após a publicação de um artigo com bases científicas falseadas que relacionava o autismo à vacina tríplice viral, o que contribuiu para o surgimento de grupos antivacina. A retratação do artigo só aconteceu doze anos depois. 

OMS alerta que suspensão de recursos para o programa de AIDS pode causar retrocessos globais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou grande preocupação e declarou um alerta de “ameaça global” devido à decisão recente do governo de Donald Trump de suspender o financiamento para o programa de combate à AIDS.

Segundo a OMS, a decisão representa uma grande ameaça aos países de baixa renda que são beneficiados através do programa, incluindo o Brasil, e põe em risco a vida de mais de 30 milhões de pessoas que vivem com o vírus HIV.

Nota da OMS

De acordo com a Organização, a suspensão dos recursos pode causar um significativo aumento de mortes por AIDS no mundo e um retrocesso de décadas.

Essas medidas, se prolongadas, podem levar ao aumento de novas infecções e mortes, revertendo décadas de progresso e possivelmente levando o mundo de volta aos anos 1980 e 1990, quando milhões morriam de HIV a cada ano, incluindo muitos nos Estados Unidos”, diz a nota.

Por fim, a OMS apela para que os Estados Unidos reavalie a medida e permita isenções adicionais, garantindo a prestação de tratamentos e cuidados para os pacientes.

Apelamos ao Governo dos Estados Unidos para que permita isenções adicionais para garantir a prestação de tratamento e cuidados vitais para o HIV.”


OMS apela que a decisão seja reavaliada por Trump (Foto: reprodução/Agência Brasil)

Estados Unidos são os maiores doadores de recursos

Segundo a OMS, os EUA são os maiores fornecedores de recursos vitais e sustentam muitas operações de combate à doença em todo o mundo, além de apoiar diversos programas de saúde pública. Com o maior financiamento, a decisão tomada pela atual gestão representa um corte de U$ 500 milhões.


EUA são os maiores doadores de recursos para o tratamento da AIDS (Foto: reprodução/Pexels)

De acordo com o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz, “Esses financiamentos estão em risco com a saída dos EUA”. As contribuições representam 18% do financiamento que a OMS recebe. Além disso, o país financia 75% do programa voltado para o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Trump ordenou que todos os países onde o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS (PEPFAR) está presente, deixem de distribuir os medicamentos fornecidos pelos Estados Unidos, mesmo que já estejam estocados.

Impacto do PEPFAR no mundo

A medida já resultou no fechamento de clínicas locais e a suspensão dos atendimentos em diversos países da África. Supõe-se também que na Nigéria os cortes no financiamento irão afetar os serviços de saúde local.

No Brasil, o PEPFAR atua facilitando o acesso a autotestes em diversas capitais brasileiras e colaborando com diversas instituições, entre elas a Fiocruz, nas campanhas de prevenção e conscientização. De acordo com o Ministério da Saúde, 1 milhão de pessoas vivem com o vírus do HIV no Brasil.

Madonna homenageia vítimas de aids em Copacabana

Ao cantar “Live To Tell”, no show da Praia de Copacabana neste sábado (04), Madonna prestigiou personalidades relevantes que combateram a Aids, como Renato Russo, Cazuza, Freddie Mercury e Keith Haring.

Confira o momento:



Madonna e a comunicação sobre Aids

Os primeiros casos de HIV/Aids foram confirmados em 1982, e na mesma década, quatro anos depois, Madonna lançou “Live To Tell”, primeiro single de seu terceiro álbum, “True Blue”.

Em 1989, com o lançamento de seu quarto álbum, “Like a Prayer”, estava presente em todos os seus exemplares físicos, no encarte, dados sobre o HIV, especificamente, como a doença era disseminada.


À esquerda, a capa do álbum “Like a Prayer”. Na direita, a cartilha de conscientização sobre a Aids, presente em todos os exemplares físicos de “Like a Prayer” (Foto: reprodução/@imperioMadonna_/X)

Na época, a discussão sobre o tema era extremamente rara, evitada por diversas pessoas, mesmo com o número de vítimas. Muitos extremistas diziam que estes mereciam passar por tudo o que a doença faz com o indivíduo, por mais que crianças e recém-nascidos também padecessem.

Há mais de quatro décadas a cantora persiste a falar sobre o tópico e conscientizar o público sobre os mais variados temas, principalmente quando de relevância e ignorado pela esfera pública, uma vez que vivenciou o estouro da doença, e perdeu um de seus amigos mais próximos, Martin Burgoyne, para o vírus HIV.


Madonna ao lado de Martin Burgoyne (Foto: reprodução/@taragrasso/Pinterest)

Em uma sociedade que condena cada vez mais a descoberta sexual dos seres humanos, assim como estes se relacionam entre si, Madonna fala sobre o uso de preservativos, e apresenta o sexo de forma natural em suas apresentações, o que fora apresentado também no show deste sábado, tendo as performances com Pabllo Vittar e Anitta gerado grande sensação, tanto com o público que acompanhava presencialmente, quanto com os que assistiam na íntegra em suas casas.

Aids no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, desde 2013 houve uma queda de 25,5% nas mortes causadas pelo vírus HIV. Mas ainda assim, dez pessoas faleceram ano passado para a doença.

Portanto, fica evidente que, para o combate, é preciso enfatizar o quão indispensável é refletir sobre o meio social em que estas pessoas estão envolvidas, bem como envolver a população.

Madonna irá homenagear Cazuza, Renato Russo e Betinho durante show no Brasil

Na última quarta-feira (01), foi confirmado que Madonna irá homenagear Cazuza, Renato Russo e Betinho em seu show no Brasil. Fotos dos brasileiros mencionados apareceram nos telões do palco enquanto técnicos realizavam testes em todo o equipamento e estrutura do evento.

Por que a homenagem

Desde o início de sua carreira, Madonna é conhecida por ser uma das maiores aliadas do movimento LGBTQIA+. Além de usar sua voz para falar dessa população, a cantora ainda apoia causas de pesquisas para a cura do HIV, vírus responsável pelo desenvolvimento da aids.

A artista perdeu muitos amigos em decorrência do vírus, por isso, ela reserva um momento do show para homenagear aqueles que foram infectados e se foram. Na apresentação da música “Love to tell”, imagens de seus amigos e vítimas desconhecidas são mostradas nos telões.


Imagens de vítimas do vírus HIV sendo exibidas durante o show de Madonna (vídeo: reprodução/Instagram/@thecelebrationtour)


Em sua passagem pelo Brasil, Madonna incluiu Cazuza, Renato Russo e Betinho, também vítimas do vírus, na homenagem.


Imagens de Cazuza, Renato Russo e Betinho no telão do palco de Madonna (foto: reprodução/X/@PridePopBR)

Quem são os brasileiros homenageados

Cazuza foi um dos principais cantores da música brasileira, com faixas como “Exagerado” e “O Tempo Não Para”, além de ser um dos maiores nomes na luta contra a discriminação de pessoas soropositivas no Brasil. O cantor revelou ser portador do vírus HIV em 1989 e faleceu em 1990, aos 32 anos, depois de desenvolver aids.

Renato Russo foi vocalista e fundador de uma das maiores bandas da cena do rock brasileiro nos anos 80, o grupo Legião Urbana. O artista era um grande ícone entre os jovens da época. Infelizmente aos 36 anos, ele faleceu em razão de complicações causadas pela aids. 

Betinho, ou Herbert de Souza, foi um sociólogo e filantropo. Mobilizou-se e lutou contra a ditadura militar no Brasil e criou a ONG Ação Cidadania, visando combater as desigualdades sociais. Por conta das várias transfusões de sangue no tratamento para hemofilia, acabou contraindo o vírus HIV. Ele também foi responsável pela fundação da Abia, uma associação criada para lutar pelos direitos dos soropositivos. Betinho faleceu em 1997 em decorrência da aids.

Informações gerais sobre o show de Madonna

Madonna se apresentará na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no próximo sábado, quatro de maio. O evento será gratuito e espera contar com um público de 1,5 milhões de pessoas. A cantora traz a “The Celebration Tour”, turnê que celebra seus 40 anos de carreira.