Inquérito da PF aponta que Bolsonaro sabia sobre organização ilegal de espionagem na Abin

A Polícia Federal entregou ao STF o parecer final sobre a investigação da “Abin paralela”. Segundo o inquérito, policiais, funcionários e agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), organizaram um grupo criminoso para monitorar jornalistas, parlamentares, ministros do STF e outras autoridades vistas como adversárias do ex-presidente Jair Bolsonaro. A investigação ainda concluiu que o grupo produziu e espalhou informações falsas sobre seus alvos.

De acordo com a PF, o grupo formou um esquema paralelo de espionagem e usou programas da Agência com o objetivo de invadir e rastrear – sem mandado judicial – milhares de celulares e computadores. O inquérito conclui que diretores da Abin tentaram esconder computadores, que foram encontrados e apreendidos depois. O delegado responsável pelo caso considerou que existem evidências de crimes.

Lista de nomes

O Supremo Tribunal Federal recebeu a lista com 37 nomes. O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL) e o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa estão entre os nomes citados.


Luiz Fernando Corrêa, nome citado na lista (Foto: reprodução/Lula Marques/Agência Brasil)

A Polícia Federal considerou, no caso do ex-presidente, que existem indícios do crime de organização criminosa e apontou no inquérito a responsabilidade de Jair Bolsonaro. Ainda de acordo com a PF, ele tinha ciência e era o principal favorecido do esquema. Bolsonaro já havia sido indiciado e é réu no STF por crime de organização criminosa na ação penal da tentativa de golpe.

A PF alega que Ramagem formou o esquema ilegal de espionagem na Abin e que Carlos Bolsonaro é o responsável pela disseminação de informações conseguidas de forma ilegal.


Carlos Bolsonaro, Alexandre Ramagem e Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@pedrorousseff)

Próximos passos

Com a investigação concluída, o STF encaminhará o inquérito da “Abin paralela” para a Procuradoria-Geral da República, que pode propor novas apurações. É papel da PGR apresentar uma denúncia formal à Justiça ou arquivar o caso.

As defesas de Carlos Bolsonaro e de Alexandre Ramagem informaram que só se manifestarão após a análise do relatório. Já a defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou. O Jornal Nacional informou que não conseguiu Luiz Fernando Corrêa

Bolsonaro, Carlos e Ramagem são indiciados no caso da “Abin paralela”

A Polícia Federal (PF) concluiu e encaminhou o relatório do inquérito que averígua o uso ilegal de ferramentas de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o Supremo Tribunal Federal (STF), indiciando mais de 30 pessoas, incluindo o ex-presidente, no caso conhecido como “Abin Paralela”.

Fora o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, Carlos Bolsonaro (PL-RJ) também constam no relatório como um dos suspeitos de utilizar a Abin ilegalmente para fiscalizar de maneira irregular autoridades públicas e ministros do STF.


“Abin paralela” espionava diversos membros e áreas, como jornalistas, autoridades e OAB (Vídeo: Reprodução/X/@marinadomst)

Os indiciados pela Polícia Federal

O relatório da PF conta que Alexandre Ramagem, que atuou como diretor da Abin durante o governo Bolsonaro, é o principal responsável por organizar o esquema ilegal de monitoramento. O atual diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, também foi indiciado, ao lado de demais integrantes que compõem a cúpula hoje.

Jair Bolsonaro é indiciado por saber como a estrutura paralela funcionava e ter se beneficiado dela diretamente, fora não ter tomado qualquer atitude para impedir que a espionagem proibida ocorresse.

Carlos Bolsonaro foi acusado por sua posição de chefia no chamado “gabinete do ódio” e, segundo as investigações, utilizou os dados que conseguiu através da Abin paralela para atacar adversários políticos de seu pai, Jair Bolsonaro, através da criação e compartilhamento de conteúdos em redes sociais.

A cúpula de hoje da Abin foi indiciada por tentar atrapalhar as investigações, como quando um dos funcionários ocultou um dos computadores durante a busca e apreensão, que depois foi encontrado e apreendido.

O caso da “Abin paralela”

O relatório da PF narra que a espionagem ocorreu por meio do FirstMile, um sistema israelense de geolocalização, tendo sido utilizado principalmente em 2021, antes das eleições em território nacional. Desenvolvida pela empresa Cognyte (ex-Verint), mais de 10 mil celulares foram rastreados nos três primeiros anos antes do governo Bolsonaro.

Deputados, jornalistas e ministros do STF tiveram suas localizações rastreadas pela Abin paralela, gerada a partir da margem dos procedimentos legais da agência.

Cid afirma que Bolsonaro “enxugou documento” com o único objetivo de prender Moraes

Nesta segunda-feira(9), o coronel Mauro Cid, que também já trabalhou com o ex-presidente, disse que Jair Bolsonaro recebeu a chamada “minuta do golpe”, e editou. Ele disse o seguinte quando questionado se o direitista havia lido o documento, disse “sim, senhor, recebeu e leu”. O ex-ajudante do antigo do governante que presidiu o país de 2019 até 2022, lembrou que não estava presente na sala, aonde foi feita as alterações do documento da minuta, junto o seu assessor Felipe Martins, mais que após isso mostraram a documentação para ele, onde estiveram mostrando.

“Enxugou o documento”

Conforme Mauro Cid informou em depoimento, o então ex-presidente do Brasil teria enxugado o documento, em citação o ex-ajudante da presidencia disse o seguinte:

Ele enxugou o documento, retirando basicamente as autoridades das prisões, somente o senhor ficava como preso”, disse o relator se referindo a que somente seria preso Moraes, quando prestou depoimento na tarde desta segunda-feira(9).


Mauro Cid no dia 24 de Agosto de 2023 participando de uma sessão que investiga os atos anti-democraticos ocorridos no dia 8 de Janeiro de 2023 (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty images Embed)


Os réus do “Núcleo crucial”

Se iniciou neste dia 9 de junho, os interrogatórios com os réus que fazem parte do “núcleo crucial” do julgamento, da ação penal que apura o julgamento da tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022, entre eles estão:

  • Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da república
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da defesa
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022
  • Anderson Torres, ex-ministro da justiça
  • Almir Garnier, ex-comandante da marinha
  • Mauro Cid, ex-ajudante das ordens da presidência
  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI

Os interrogatórios ocorreram durante os cinco dias dessa semana, se iniciando no dia 9 e terminando na data do dia 13 de junho de 2025

STF pode tornar Bolsonaro réu por tentativa de golpe

O futuro jurídico de Jair Bolsonaro está em jogo. O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a decidir se o ex-presidente e alguns de seus aliados serão oficialmente processados por tentativa de golpe de Estado. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) já foi liberada para julgamento pelo ministro Alexandre de Moraes, e agora a 1ª Turma do STF precisa avaliar se existem provas suficientes para o caso avançar.

O julgamento: um passo antes do tribunal

Importante entender que esta etapa não é um julgamento final. Os ministros da 1ª Turma vão apenas decidir se a acusação da PGR tem base suficiente para abrir um processo criminal. Se aprovarem, Bolsonaro e os demais investigados passarão da condição de indiciados para réus.

Os cinco ministros que tomarão essa decisão são: Cristiano Zanin (presidente da turma), Carmen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino. A data para o julgamento ainda não foi marcada.

Quem mais está envolvido

A PGR não focou apenas em Bolsonaro. A denúncia também inclui nomes de peso do seu governo, acusados de participarem de um plano para impedir a transição de poder após as eleições de 2022. Entre eles: Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

A investigação da PGR reuniu documentos, mensagens e depoimentos que, segundo o órgão, apontam o envolvimento desses nomes no suposto plano golpista.


Bolsonaro e Alexandre Ramagem durante um comício para candidatura deste último para se tornar prefeito do Rio de Janeiro (Foto: reprodução/Mauro Pimentel/Getty Images Embed)


O peso da delação de Mauro Cid

Um dos elementos mais fortes da denúncia é a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele teria revelado detalhes importantes sobre os bastidores da suposta tentativa de golpe. As informações fornecidas por ele auxiliaram a PGR a montar um quadro detalhado do que teria acontecido nos bastidores do governo.

Se o STF aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros investigados se tornarão réus e o caso avançará para julgamento. Isso significa que provas serão analisadas, testemunhas ouvidas e um veredicto será dado no futuro. Se condenados, eles podem pegar pena de prisão e perder direitos políticos.

A PGR reafirmou sua confiança nas provas apresentadas e reforçou que as contestações da defesa não foram suficientes para derrubar a acusação. Agora, resta aguardar a decisão do STF e ver quais serão os próximos passos de um caso que pode marcar a história política do Brasil.