Global Citizen: Amazônia confirma Anitta, Chris Martin e mais atrações em Belém

Em 1º de novembro de 2025, o Estádio Olímpico do Pará, em Belém, será palco do Global Citizen Festival: Amazônia, uma edição inédita do festival beneficente internacional promovido pela organização Global Citizen.

Criado com o propósito de combater a pobreza extrema e promover a justiça climática, o evento reunirá artistas de renome e lideranças indígenas em uma programação que alia cultura, ativismo e engajamento ambiental.

Artistas confirmados no line-up

Pela primeira vez realizado na Amazônia, o festival marca a ampliação do alcance do movimento Global Citizen, que desde 2015 realiza sua edição principal em Nova Iorque.

A escolha de Belém como sede está diretamente relacionada à realização da COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, também prevista para acontecer na capital paraense em 2025.

Entre os destaques do line-up estão Chris Martin, vocalista do Coldplay e curador do evento, e os brasileiros Anitta, Seu Jorge e Gaby Amarantos. Segundo a organização, outros artistas serão anunciados no decorrer do ano.


Festival beneficente reunirá grandes nomes da música em Belém (Foto: reprodução/Instagram/@glblctzn)


Além das apresentações musicais, o festival contará com a participação de lideranças indígenas, como o Cacique Raoni Metuktire, reforçando a proposta de dar visibilidade às vozes tradicionais da região e destacar sua atuação na preservação ambiental.

Os ingressos serão gratuitos e destinados exclusivamente aos moradores do estado do Pará. Segundo a organização, o evento faz parte da campanha Proteja a Amazônia, uma mobilização global visando arrecadar US$ 1 bilhão para proteger, restaurar e revitalizar a floresta, além de cobrar compromissos concretos dos chefes de Estado presentes na COP30.

Evento usará tecnologias sustentáveis

Com parcerias que incluem Live Nation, Rock World, Re:wild e apoio de entidades como Bezos Earth Fund, Open Society Foundations e o governo do Pará, o Global Citizen Festival: Amazônia promete ser um dos eventos mais sustentáveis já realizados na América do Sul. A organização adota medidas para reduzir o impacto ambiental em áreas como transporte, energia e produção.

O palco principal terá um sistema de bateria móvel recarregável por energia solar, tecnologia implantada pelo Coldplay em sua turnê mundial “Music of the Spheres”. Como parte do legado de inovação sustentável, este item permanecerá no Brasil e poderá ser utilizado em outros eventos ao longo de 2026.


Chris Martin durante show do Coldplay pela turnê “Music of the Spheres” (Foto: Harry Herd/Getty Images embed)


Materiais reutilizáveis e recicláveis auxiliarão na coleta de resíduos. Além disso, os alimentos não consumidos pelo público serão doados à população mais necessitada.

Referente ao transporte, a produção irá contratar equipes locais para conduzir a logística e rastreará a emissão de carbono, visando mitigar o impacto ambiental durante a realização do evento.

Inverno Amazônico em contrastes: alfaiataria, látex e lingerie ganham vida na nova coleção da Normando

A estilista Normando apresentou sua nova linha em março de 2025 no São Paulo Fashion Week; desde sua estreia na última edição a marca conecta-se ao público com peças que unem sofisticação, ousadia e sensualidade para celebrar a Amazônia e inovar com identidade única.

A marca Amazonense despertou o interesse do público abrindo o terceiro dia do São Paulo Fashion Week

Na última terça-feira (9), a marca do estilista e diretor criativo da grife Marco Normando, abriu o desfile ao lado da modelo Paraense Carol Ribeiro. Vestida com um conjunto de juta que, à primeira vista, poderia ser lido facilmente como uma interpretação nacional do “corp core”. Mas está longe disso.

Com meias produzidas em Látex amazônico, transmitindo um ar ousado, radical e de estética fetichizada, a coleção “Chove nos Campos de Cachoeira” traz reflexão sobre o Brasil – inspirada na obra homônima de Dalcídio Jurandir, cuja publicação, curiosamente, demorou mais de uma década para se concretizar.

Desfile (Foto: reprodução/Instagram/@spfw)

Látex, Buriti e a força simbólica dos materiais

Sob trilha sonora do DJ e produtor musical Max Blum, captando de forma precisa os conflitos ambientais: queimadas e secas. Envolvendo os convidados presentes, o ambiente musical foi sincronizado perfeitamente com as performes dos modelos da Normando, com destaque da Top model Thai que exibia um vestido com mistura de palha de Buriti e Látex.

Látex é a peça protagonista do desfila onde reaparece em diversas peças como: vestido que alterna ente slip e baby doll selado por renda soutache francesa preta.

Já nas peças em alfaiataria os tons de cinza ganham destaque, cuidadosamente estilizadas por franjas, trazendo modernidade e eliminando traços sóbrios.

O desfile também trouxe estampas que remetiam à mata e ao fogo, trazendo uma autenticidade visual que dialoga com a realidade amazônica. As padronagens revelam, que de forma simbólica, os contrastes entre a vida e destruição, exuberância e ameaça, reforçando o discurso ambiental presente em toda a coleção.

O toque de styling da diretora de moda, Larissa Lucchese, constrói com detalhes o visual do desfile, que se desenvolve com clareza, intensidade e um charme cativante ao longo do desfile.

Passarela (Vídeo: reprodução/Instagram/@Spfw)

O desfile também contou com a presença de diversas personalidades, como Gaby Amarantos, João Guilherme, Karol Conká, João Cortez e a influenciadora Menina Veneno, que aguardavam ansiosamente pela exibição da marca.

Angelina Jolie visita Brasil e afirma que pretende voltar à Amazônia com seus filhos

A atriz estadunidense Angelina Jolie, esteve hospedada na pousada Rio Azul Jungle Lodge, em uma reserva da Amazônia situada na cidade de Novo Progresso, no Pará. Ela ficou na cidade por três dias e foi embora na quinta-feira (03).  Enquanto esteve no país, a atriz também visitou o Xingu, Mato Grosso, o Cacique Raoni, líder do povo Caiapó.

A atriz apareceu em vários registros compartilhados nas redes sociais pelo Instituto Raoni. Ela conversou com a coordenadora executiva do Instituto, Mayalu Txucarramãe. Elas discutiram temas que envolvem a comunidade e cultura indígena.


Angelina Jolie com o Cacique Raoni (Foto: reprodução/Maurício Dias/G1)

O Instituto Líbio é responsável pela pousada em que esteve hospedada e atua na criação e administração de reservas privadas, que têm o objetivo de desenvolver o turismo ecológico e incentivar a pesquisa científica. O Órgão é responsável por sete refúgios de vida silvestre e tem a missão de proteger a biodiversidade. De acordo com o Instituto, Angelina afirmou que pretende voltar à Amazônia com seus seis filhos e que possui o desejo de ajudar a conscientizar sobre a importância da proteção da região.


Angelina Jolie e seus seis filhos Knox, Vivienne, Pax, Shiloh, Zahara and Maddox (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


Angelina e o Cacique Raoni, em conversa com Raquel Machado, presidente do Instituto Líbio e responsável pela pousada, discutiram as ameaças causadas pelo desmatamento e pelo aumento do plantio de soja na região.

Encontra com Sônia Guajajara

Após ir embora do Pará, Angelina Jolie voou para São Paulo e encontrou a ministra Sônia Guajajara, na noite de quinta-feira (3). Elas discutiram estratégias para a proteção dos direitos territoriais indígenas no Brasil. A atriz está no país junto da organização Rewild, que age globalmente no cuidado de ecossistemas e na valorização de saberes tradicionais.

A artista e a ministra não assinaram nenhum acordo, mas concordaram em dar continuidade a acordos que tratem o desenvolvimento de ações conjuntos que reforcem povos indígenas em seus territórios. No final do encontro, Guajajara entregou à atriz um colar feito de sementes de tiririca.

Zona Leste de São Paulo

A atriz também visitou na manhã de sexta-feira (4) o Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC), ONG localizada em Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. A deputada estadual Thainara Faria (PT) publicou nas redes sociais que esteve na reunião com Angelina “A ativista se propõe a ser uma parceira internacional na defesa dos direitos das comunidades tradicionais.”, escreveu.

INPE: Brasil teve mais de 278 mil focos de incêndio em 2024

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil registrou 278.299 focos de incêndios florestais em 2024, o que representa um aumento de 46,5% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 189.901 incêndios. O número de ocorrências de 2024 fica abaixo do recorde registrado em 2010, com 319.383 focos, mas ainda distante do pico histórico de 2007, quando o país enfrentou 393.915 queimadas, o maior número desde o início da série histórica em 1998.

Focos de incêndio por bioma

Na divisão por biomas, a maioria dos incêndios ocorreu na Amazônia (140.346). Em seguida estão Cerrado (81.468), Mata Atlântica (21.328), Caatinga (20.235) e Pampa (424). A análise dos dados também aponta que janeiro e fevereiro de 2024 apresentaram os maiores registros de focos de incêndio desde o início da série histórica, com 4.566 e 5.448 ocorrências, respectivamente. Em setembro de 2024, foi registrado o pico do ano, com 83.154 focos de incêndio.


Gráfico sobre os focos de incêndio durante os anos no Brasil (Reprodução/INPE/CNN Brasil)


O Ministério do Meio Ambiente anunciou que, a partir de 2025, a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo estará em operação. A pasta destacou que a implementação da política visa fortalecer a coordenação com estados e municípios, o que é considerado essencial para respostas mais rápidas no combate aos incêndios.

Em 2024, o Fundo Amazônia aprovou a destinação de aproximadamente R$ 280 milhões para apoiar os Corpos de Bombeiros de sete dos nove estados da Amazônia Legal.

A neblina de fumaça nas cidades

Em 2024, o Brasil vivenciou um ano alarmante de incêndios florestais, com grande parte do impacto concentrado em biomas como a Amazônia e o Cerrado. Em Brasília, a situação foi alarmante, especialmente durante o incêndio no Parque Nacional de Brasília, que, além de devastar uma vasta área de cerrado, provocou uma densa neblina de fumaça que cobriu a cidade por vários dias.


Brasília coberta por fumaça (Foto: reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)


Mas a capital federal não foi a única a sofrer com a fumaça. Em outras cidades do Centro-Oeste e Norte do Brasil, a qualidade do ar também se deteriorou drasticamente. Goiânia, por exemplo, foi fortemente impactada pelos incêndios no entorno, principalmente no Cerrado e em áreas do Parque Nacional de Emas. A fumaça chegou a encobrir a cidade, criando uma nuvem espessa que afetou a visibilidade e a saúde dos moradores.


Incêndio de grandes proporções atinge o Parque Nacional das Emas, em Goiás (Foto: reprodução/Divulgação/Parque Nacional das Emas)


Da mesma forma, Cuiabá e Porto Velho enfrentaram dias de poluição extrema, com a fumaça proveniente dos incêndios em Mato Grosso e Rondônia, prejudicando a qualidade do ar e aumentando a preocupação com os efeitos na saúde pública, especialmente entre crianças e idosos.


Cuiabá foi ofuscada pela fumaça (Foto: reprodução/Adriana Furtado)


Além do Centro-Oeste, o Norte do Brasil também foi severamente afetado. Em Belém, no Pará, a fumaça de incêndios na Amazônia invadiu a cidade. O município, com outros da região, como Manaus e Rio Branco, enfrentou uma situação similar, com o ar carregado de partículas tóxicas proveniente dos focos de incêndio que devastavam a vegetação amazônica. A situação gerou um alerta geral sobre o impacto ambiental das queimadas e sobre a necessidade de medidas mais eficazes de combate ao fogo.

Pesquisador alerta sobre risco de “nova pandemia”

O biólogo e pesquisador Lucas Ferrante, vinculado à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), fez um alerta significativo durante uma entrevista à CNN Brasil, apontando os perigos de uma possível “nova pandemia”. Ele enfatizou que a abertura do reservatório zoonótico da Amazônia representa um risco iminente à saúde pública.

De acordo com Lucas, a combinação de queimadas e o avanço de projetos de infraestrutura na região podem desencadear consequências devastadoras, não apenas para o ecossistema local, mas também para a saúde global. O pesquisador destaca a urgência de medidas preventivas para evitar que a degradação ambiental contribua para o surgimento de novos patógenos.


Imagem da BR-319 (Reprodução/Rede Amazônica)

Conforme o pesquisador, um estudo recente veiculado na revista The Lancet revela que a vasta área da floresta amazônica é o maior reservatório zoonótico do mundo. “Caso essa área seja explorada, estaremos expostos a uma imensa variedade de patógenos, como bactérias, fungos e príons. Isso pode resultar não apenas em uma nova pandemia, mas também em uma sucessão de pandemias globais”, advertiu Lucas.

Consequências BR-319

O pesquisador também discutiu os efeitos da rodovia BR-319, que interliga as cidades de Manaus e Porto Velho. Lucas detalhou que, após a implementação de um programa de manutenção da estrada em 2015, observou-se um aumento significativo e alarmante no desmatamento. Ele enfatizou que uma série de estudos científicos, em ampla concordância, indica que o bloco de floresta precisa ser mantido intacto, uma vez que a sua exploração acarreta consequências devastadoras para o meio ambiente e para a biodiversidade local. A preservação dessa área é crucial para evitar impactos irreversíveis na fauna, na flora e nas comunidades que dependem dessa rica biodiversidade.

Sentença judicial e direitos dos povos indígenas

Lucas destacou uma recente decisão judicial que anulou a licença prévia da rodovia BR-319, citando a inadequação dos estudos ambientais, a falta de análise de viabilidade econômica e a ausência de consulta aos povos indígenas impactados.

O biólogo destacou a necessidade de preservar a região, afirmando que a rodovia agravaria os problemas ambientais e de saúde pública. Ele alertou que a destruição desse trecho florestal pode causar danos significativos à biodiversidade, à economia local e à saúde do planeta.

Amazônia passa pela maior seca já registrada na história

O Brasil passa por uma seca sem precedentes e é a mais intensa na história em partes de um dos biomas mais importantes do mundo, a floresta amazônica. A seca deve superar a estiagem severa de 2021 no Pantanal. O número de focos de incêndio também bateu recorde, com o registro de 164.543 entre janeiro e esta segunda-feira (09), segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A gravidade da situação

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) detalhou o acontecimento, que ocorre desde segundo semestre de 2023, em uma nota técnica. O documento reporta que cerca de 5 milhões de km², 59% do país, estão sob algum grau de seca. Até agora, a estiagem mais longa registrada foi a de 2015-2016, que atingiu 54% do território nacional. O terceiro lugar fica para a estiagem de 1997-1998, que afetou 3,6 milhões de km², ou seja, 42%.

Os cientistas frisam que com o passar dos anos, as secas têm sido mais frequentes e intensas. O Pantanal, por exemplo, tem sofrido com chuvas abaixo do esperado desde a década de 80 e com seca desde 2019, com o agravamento da mesma nos anos de 2021 e agora, em 2024. Algo semelhante aconteceu na Amazônia, que, nas últimas duas décadas, tem períodos alternados de cheias e secas extremas.


O Brasil vêm sofrendo com períodos cada vez mais longos sem chuva (Foto: Reprodução/Stephanie Maze/Getty Images Embed)


Segundo o climatologista da USP, Tercio Ambrizzi, as secas extremas devem se tornar no novo padrão, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Para ele, em 2025 a tendência deve continuar, mesmo com a La Niña em formação. Esse fenômeno meteorológico ocorre quando as águas do Pacífico se resfriam, trazendo mais chuvas e um alívio muito merecido para o calor intenso. 

As mudanças climáticas e o desmatamento são destacados pelo Cemaden como fatores que aumentam os riscos e a severidade da estiagem, que, este ano, afetou duramente a faixa ocupada pelo Acre, Amazonas, Mato Grosso, São Paulo e o Triângulo Mineiro. Esta região tem municípios que estão há 12 meses consecutivos sem chuva.

História incompleta

Os dados meteorológicos sobre as secas históricas não cobrem todo o país, que teve secas intensas, mas regionais, sendo a maioria no Norte e no Nordeste. A seca de 1877-1879, no Nordeste, foi a que mais fatal, e matou meio milhão de pessoas de fome, sede e doenças.

Um estudo da USP aponta que em partes do Cerrado, como no Norte de Minas Gerais, passam pela pior seca já registrada em 700 anos. Os pesquisadores compararam os dados atuais com os de 1915, reconstituindo as condições da época por meio de análise da composição química de rochas encontradas em cavernas e fósseis de árvores.


A período prolongado de estiagem faz aumentar o risco de incêndios (Foto: Reprodução/Sergio Lima/AFP/Getty Images Embed)


Tudo aponta para uma soma de fatores como responsável pela aridez deste ano. Uma estação chuvosa fraca no ano passado nas regiões Centro-Oeste e Norte, decorrente do El Niño, não deixou a umidade do solo e da vegetação serem repostas. Em consequência, os aquíferos não foram recarregados. Com o calor intenso acelerando a evaporação, o resultado foi o início precoce da seca de 2024.

A razão das queimadas

Os focos de incêndio dobraram em relação ao ano passado. O clima seco e quente é propício à propagação do fogo, mas especialistas destacam que para que as chamas se espalhem, é preciso ter a intenção de alguém. Portanto, fontes como bitucas de cigarro acesa e reflexo de cacos de vidro e latinhas, por exemplo, não têm muita importância nas queimadas.

“É muito conveniente colocar a conta na mão do clima. Se estamos nessa situação é porque tem gente ateando fogo”, disse Karla Longo, especialista do Inpe. Outros profissionais do instituto apoiam a fala, dizendo que é muito difícil um cigarro iniciar um incêndio e que a maioria dos incêndios florestais é iniciado por um isqueiro ou fósforo e depois é alimentado por gasolina ou querosene.

Com a previsão de chuvas ainda longe no horizonte, o calor deve continuar na maior parte do Brasil. De acordo com o Cemaden, o país irá ficar praticamente seco até o dia 23, com precipitação prevista apenas para o início de outubro, com exceção de algumas partes do Rio Grande do Sul e do extremo norte da Amazônia.

Floresta na Amazônia registra pior cenário de incêndios florestais em 20 anos

A Amazônia brasileira sofreu os incêndios florestais mais graves em 20 anos, com 13.489 focos registrados durante o primeiro semestre do ano, conforme dados de satélite divulgados nesta segunda-feira (01). Foram registrados um aumento de 61% dos focos de incêndio em comparação aos dados de 2023.

O Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, disse que a floresta amazônica teve um resultado superior de focos de incêndios apenas em 2003 e 2004.

Desmatamento na Amazônia

De acordo com dados do Inpe mostram que o desmatamento diminuiu 1.525 km ante os 2.649 km registrados no primeiro semestre de 2022, uma queda de 42 km no período de 1º de janeiro a 21 de junho.

O governo Lula prometeu reduzir o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, uma resposta ao aumento significativo durante o governo de Jair Bolsonaro.

Causas do incêndio

O representante brasileiro do Greenpeace, Rômulo Batista, disse que o aumento dos incêndios na Amazônia foi causado principalmente pela seca extrema que ocorreu no ano passado. As alterações climáticas são um grande fator deste aumento, como enfatizou.

O especialista diz que os incêndios são geralmente causados ​​​​pelo homem para expandir as atividades agrícolas, sendo que a maioria deles não são incêndios espontâneos.


Vista aérea de uma queimada na floresta amazônica em 2022 (Foto: Reprodução/Douglas Magno/Getty Images Embed)


Cenário preocupante em outro bioma

O Pantanal também vive um cenário dramático. Junho registrou o pior incêndio florestal em 26 anos na região. A estação seca do centro-oeste do país está causando danos à fauna e à flora. Geralmente, este período do ano já é seco, mas houve um aumento na atividade de incêndios na seca, o que também tem relação com o fenômeno El Niño.

A fumaça é um grande problema para os moradores da região, pode causar danos aos animais e à vegetação, além de problemas respiratórios. A área devastada aumentou quase 20 vezes em 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Fundo da JBS faz aporte de R$10 milhões em CRA lastreado para Amazônia

A Rio Capim Agrossilvopastoril, uma empresa ligada a consultoria a práticas sustentáveis nos campos, anunciou nesta terça-feira (21), durante o evento Convert Climate Conference, a criação de um novo Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) em parceria com o Fundo JBS pela Amazônia, e estruturado pela Vox Capital.

A JBS aportou R$ 10,2 milhões para o CRA, que é lastreado ao programa “JUNTOS: Pessoas+Floresta+Amazônia”. Conforme a companhia, a previsão é que haja uma emissão total de R$ 100 milhões, sendo R$ 50 milhões nesta semana e então em 2025 o restante do valor.

A importância do CRA

Os investimentos têm em foco escalar a pecuária regenerativa no bioma amazônico, e todos os valores aplicados serão usados no atendimento de 3,5 mil pequenos criadores de gado residentes na área da Amazônia Legal, dando uma consultoria sobre o uso da terra, amplificando a rentabilidade e contendo o desmatamento ilegal da mata.

O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, avalia o projeto da seguinte forma: “Esse projeto é absolutamente disruptivo e tem um poder transformacional para a pecuária brasileira. Colocar o foco em produtividade para aumentar a sustentabilidade é o que vai garantir o engajamento nesse processo de transformação”. Completa ainda com a seguinte afirmação: “Por que o produtor rural não investe em genética e manejo do solo? Porque não tem capital nem assistência técnica. É aí que entra o programa Juntos”


Gilberto Tomazoni, atual presidente da JBS (Reprodução/G1)

A JBS divulgou que o CRA conta com um diferencial, a existência de um comitê de riscos e impacto. Que é uma frente formada pela Vox Capital, a Rio Capim e um membro independente responsável por monitorar as questões operacionais que o programa Juntos pode resolver. Esse comitê ficará encarregado de verificar o resultado das mitigações alcançadas e informá-las aos investidores.

Ações da JBS para a Amazônia

O programa “JUNTOS” soma com diversas outras ações que a JBS desenvolveu no bioma da Amazônia para evitar os desmatamentos ilegais que ocorrem na região, vindo de fornecedores diretos de gado quanto os indiretos. Entre essas ações estão planejamentos, assessoria técnica e medidas para fortalecer a cadeia cria-recria-engorda.

Recorde de queimadas em 2024: Brasil registra mais de 17 mil focos

O Brasil enfrenta uma crise de queimadas em 2024, com um recorde de mais de 17 mil focos de incêndio registrados até o final de abril. Esses números superam o pior quadrimestre já registrado no país, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta terça-feira (30).

Os estados mais afetados são Roraima e Mato Grosso, que lideram o ranking com 4.609 e 4.122 queimadas, respectivamente. Isso representa um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023. O acúmulo de focos de incêndio de janeiro a abril deste ano supera até mesmo o registrado em 2003, que era considerado o pior quadrimestre da série histórica.

Os biomas mais atingidos são a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica. A Amazônia, em particular, registrou 8.969 queimadas, o que representa mais da metade do total de incêndios.


Agente do Prevfogo responsável por auxiliar o Corpo de Bombeiros (Foto: reprodução/Ibama/Prevfogo)

Dados do Inpe

De acordo com fontes do Inpe, a combinação de fatores climáticos e ação humana tem impulsionado esses números alarmantes. O fenômeno climático El Niño, que causa aumento de temperatura sobre o continente e redução de chuvas, tem contribuído para as condições propícias para as queimadas, especialmente na região norte da Amazônia.

O recorde que observamos está relacionado com a ocorrência do fenômeno El Niño, que é o aquecimento do Oceano Pacífico, causando aumento de temperatura em cima do continente e diminuição de chuva, especialmente na fração norte da Amazônia, ao norte do Equador”, disse.

Luiz Aragão, pesquisador do Inpe

Além disso, a ação humana, incluindo o desmatamento e o uso do fogo para manejo de áreas já desmatadas, é apontada como uma das principais causas das queimadas. Aragão ressalta que “a ação humana é a fonte de ignição para o fogo na Amazônia. A Amazônia normalmente não queima sem a ação humana“.

Intervenções locais

Apesar das medidas adotadas pelos governos estaduais, como aumento do efetivo de combate e decretação de prazos ampliados para o período proibitivo de uso do fogo, as queimadas continuam a crescer. Roraima e Mato Grosso, apesar de liderarem o número de queimadas, têm registrado uma trajetória descendente nos últimos meses.

O Governo Federal também tem sido acionado para auxiliar no combate às queimadas, especialmente em áreas de competência da União, como áreas indígenas e unidades de conservação.

Operação contra garimpo na Amazônia apreende antenas Starlink de Elon Musk

Em uma megaoperação realizada pela Polícia Federal na Terra Indígena Yanomâmi, foram apreendidas 24 antenas produzidas pela Starlink, empresa de Elon Musk. Essas antenas estavam sendo utilizadas por garimpeiros ilegais para comunicação em meio às atividades ilícitas na região. A ação faz parte de um esforço do governo para combater o garimpo ilegal na Amazônia e proteger as terras indígenas.

A presença da Starlink, fornecendo internet via satélite para áreas remotas, tem sido controversa. Embora a empresa tenha prometido conectar escolas rurais e auxiliar no monitoramento ambiental da Amazônia, líderes políticos, como o governador do Amazonas, Wilson Lima, questionam se os investimentos de Musk na região estão alinhados com políticas públicas.

Lima destacou que enquanto criminosos têm acesso às antenas da Starlink, muitas comunidades locais continuam sem acesso à internet.


O garimpo ilegal ocorre quando feito sem licença ambiental, em áreas com mais de 50 hectares ou em locais habitados por povos indígenas (Foto: reprodução/Gustavo Basso/National Geographic)

Detalhes sobre a operação

A operação da Polícia Federal não se limitou apenas à apreensão das antenas Starlink. Foram realizadas ações de grande escala para desmantelar as atividades ilegais dos garimpeiros na região. Ao todo, 38 mil litros de diesel, 114kg de mercúrio, 6,6 mil litros de gasolina de aviação, 36 geradores, 49 acampamentos e 200 motores foram inutilizados durante a operação.

O governo destacou que os garimpeiros ilegais visam não apenas o ouro, mas também a cassiterita, um produto valioso no mercado internacional. A força-tarefa federal apreendeu 7,3 mil quilos de cassiterita durante a operação. A comunicação entre os criminosos também foi dificultada com a apreensão das antenas Starlink, que são usadas em locais isolados, como a Terra Indígena Yanomâmi.

Ações de Musk no Brasil

Essa não é a primeira vez que os investimentos de Musk na Amazônia geram controvérsias. Desde que a Starlink entrou no mercado brasileiro, tem havido debates sobre os impactos de suas operações na região.

A empresa se tornou a segunda maior provedora de internet via satélite no país, dominando especialmente o mercado na Amazônia Legal (formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão).

Enquanto isso, o bilionário Elon Musk tem sido alvo de críticas por suas ações e declarações recentes. Sua disputa pública com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e seus ataques ao governo brasileiro têm gerado repercussões significativas.