INPE: Brasil teve mais de 278 mil focos de incêndio em 2024

Para 2025, o Ministério do Meio Ambiente informou que iniciará com uma Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo

Júlia Fabra Por Júlia Fabra
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Foto: Incêndio florestal em 2024 no Brasil (Reprodução/MATEUS MORBECK/AFP/Getty Images)

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil registrou 278.299 focos de incêndios florestais em 2024, o que representa um aumento de 46,5% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 189.901 incêndios. O número de ocorrências de 2024 fica abaixo do recorde registrado em 2010, com 319.383 focos, mas ainda distante do pico histórico de 2007, quando o país enfrentou 393.915 queimadas, o maior número desde o início da série histórica em 1998.

Focos de incêndio por bioma

Na divisão por biomas, a maioria dos incêndios ocorreu na Amazônia (140.346). Em seguida estão Cerrado (81.468), Mata Atlântica (21.328), Caatinga (20.235) e Pampa (424). A análise dos dados também aponta que janeiro e fevereiro de 2024 apresentaram os maiores registros de focos de incêndio desde o início da série histórica, com 4.566 e 5.448 ocorrências, respectivamente. Em setembro de 2024, foi registrado o pico do ano, com 83.154 focos de incêndio.


Gráfico sobre os focos de incêndio durante os anos no Brasil (Reprodução/INPE/CNN Brasil)


O Ministério do Meio Ambiente anunciou que, a partir de 2025, a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo estará em operação. A pasta destacou que a implementação da política visa fortalecer a coordenação com estados e municípios, o que é considerado essencial para respostas mais rápidas no combate aos incêndios.

Em 2024, o Fundo Amazônia aprovou a destinação de aproximadamente R$ 280 milhões para apoiar os Corpos de Bombeiros de sete dos nove estados da Amazônia Legal.

A neblina de fumaça nas cidades

Em 2024, o Brasil vivenciou um ano alarmante de incêndios florestais, com grande parte do impacto concentrado em biomas como a Amazônia e o Cerrado. Em Brasília, a situação foi alarmante, especialmente durante o incêndio no Parque Nacional de Brasília, que, além de devastar uma vasta área de cerrado, provocou uma densa neblina de fumaça que cobriu a cidade por vários dias.


Brasília coberta por fumaça (Foto: reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)


Mas a capital federal não foi a única a sofrer com a fumaça. Em outras cidades do Centro-Oeste e Norte do Brasil, a qualidade do ar também se deteriorou drasticamente. Goiânia, por exemplo, foi fortemente impactada pelos incêndios no entorno, principalmente no Cerrado e em áreas do Parque Nacional de Emas. A fumaça chegou a encobrir a cidade, criando uma nuvem espessa que afetou a visibilidade e a saúde dos moradores.


Incêndio de grandes proporções atinge o Parque Nacional das Emas, em Goiás (Foto: reprodução/Divulgação/Parque Nacional das Emas)


Da mesma forma, Cuiabá e Porto Velho enfrentaram dias de poluição extrema, com a fumaça proveniente dos incêndios em Mato Grosso e Rondônia, prejudicando a qualidade do ar e aumentando a preocupação com os efeitos na saúde pública, especialmente entre crianças e idosos.


Cuiabá foi ofuscada pela fumaça (Foto: reprodução/Adriana Furtado)


Além do Centro-Oeste, o Norte do Brasil também foi severamente afetado. Em Belém, no Pará, a fumaça de incêndios na Amazônia invadiu a cidade. O município, com outros da região, como Manaus e Rio Branco, enfrentou uma situação similar, com o ar carregado de partículas tóxicas proveniente dos focos de incêndio que devastavam a vegetação amazônica. A situação gerou um alerta geral sobre o impacto ambiental das queimadas e sobre a necessidade de medidas mais eficazes de combate ao fogo.