Julgamento de Bolsonaro sobre a tentativa de golpe começa nesta terça; STF reforça segurança

O Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou que mais de 500 jornalistas estarão presentes para acompanhar o julgamento sobre a suposta tentativa de golpe, que começa na próxima terça-feira (2). O caso, considerado um dos mais importantes do ano, deve ganhar grande repercussão política e internacional.

Entre os réus estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e antigos aliados, acusados pela Procuradoria-Geral da República de montar um esquema para tentar mantê-lo no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Todos os acusados, em interrogatórios anteriores, negaram as acusações e afirmaram que não houve plano de golpe.

Grande interesse da mídia em apurar o julgamento

O interesse pelo julgamento é alto: além da imprensa, mais de 3 mil pessoas pediram credenciais para acompanhar as sessões, que acontecerão nos dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. Enquanto 150 lugares foram liberados ao público no plenário da Segunda Turma, os jornalistas terão acesso por ordem de chegada à sala da Primeira Turma, onde o julgamento será realizado. Essa turma é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux.

A segurança também foi reforçada em Brasília. Haverá bloqueios na Praça dos Três Poderes, varreduras com cães farejadores e presença de tropas especiais, como Bope e Comando de Operações Táticas, além de apoio da Polícia Militar e da segurança judicial dos tribunais.

O julgamento acontece em meio a um cenário político tenso. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar acusado de pressionar instituições e ministros do STF, enquanto Lula fez duras críticas a Eduardo Bolsonaro, chamando sua atuação nos Estados Unidos de “traição à pátria”.

Trump justifica taxação como retaliação aos atos contra Bolsonaro

Nos EUA, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, justificou a sobretaxa de 50% em produtos brasileiros como resposta ao processo, chamando-o de “caça às bruxas”. Além disso, o governo americano aplicou sanções contra Moraes e outros ministros da Corte. O presidente Lula tem repetido que a soberania do Brasil não está em discussão e que o país não abre mão dela.


Jair Bolsonaro foi a capa da revista “The Economist”, que faz uma analogia do ex-presidente com apoiadores do Trump que fizeram a invasão do Capitólio (Foto: Reprodução/X/@eixopolitico)


Nesta quinta-feira, a revista britânica The Economist, uma das mais respeitadas do mundo, trouxe em sua capa uma reportagem afirmando que o julgamento da tentativa de golpe no Brasil serve como exemplo até para os Estados Unidos. A imagem da capa mostra Jair Bolsonaro vestido como um dos extremistas que invadiram o Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Donald Trump tentaram impedir a posse de Joe Biden.

Eduardo Bolsonaro pede para cumprir mandato nos EUA

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) solicitou ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a autorização para continuar exercendo o mandato mesmo estando fora do Brasil. Desde o fim de fevereiro, Eduardo vive nos Estados Unidos e alega ser alvo de perseguição política e judicial no país de origem. Entre março e julho, ele esteve oficialmente afastado em licença para tratar de assuntos pessoais, mas, após o recesso parlamentar, em agosto, começou a acumular faltas não justificadas.

Eduardo segue nos EUA pedindo anistia

Nos EUA, o deputado tem se reunido com representantes do governo americano e, segundo aliados, participou de conversas que influenciaram a decisão de Donald Trump de aplicar tarifas extras sobre produtos brasileiros. Tanto Eduardo quanto seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, foram indiciados pela Polícia Federal sob a acusação de tentar interferir em processos envolvendo o ex-chefe do Executivo por meio dessas medidas econômicas.

Apesar das críticas, Eduardo afirma que não pretende renunciar ao cargo e defende que seu trabalho no exterior configura uma espécie de “diplomacia parlamentar”. Ele diz ainda que sua permanência nos EUA é forçada, já que teme ter o passaporte apreendido ou sofrer punições legais caso volte ao Brasil.


Deputados opositores à família Bolsonaro criticaram o pedido de Eduardo (Vídeo: reprodução/X/@lindberghfarias)


O pedido entregue a Hugo Motta faz referência às flexibilizações adotadas durante a pandemia de Covid-19, quando houve adaptações para que parlamentares pudessem atuar de forma remota. Porém, o presidente da Câmara tem reforçado em entrevistas que não existe previsão no regimento da Casa para o exercício do mandato à distância.

Deputados ligados a Eduardo querem alterar o regimento da Câmara

Nos últimos meses, aliados de Eduardo até ensaiaram mudanças nas regras da Câmara para evitar que ele perca o mandato por excesso de faltas, mas nenhuma das propostas avançou. Motta, por sua vez, tem repetido que dará a Eduardo o mesmo tratamento que aos demais deputados.

Mesmo sem aparecer presencialmente na Câmara desde março, Eduardo participou virtualmente de uma audiência em uma subcomissão de Segurança Pública. Durante a reunião, defendeu um perdão aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar também disse que foi acusado injustamente no inquérito da PF.

Moraes concede mais 5 dias para PGR analisar indiciamento de Bolsonaro e Eduardo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (26) estendeu em cinco dias o prazo para que Paulo Gonet, o procurador-geral da República (PGR), se manifeste sobre descumprimento de medidas cautelares, a continuidade da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o indiciamento contra ele e seu filho, Eduardo Bolsonaro, por pressionar autoridades responsáveis pelo processo penal da tentativa de golpe de Estado, como membros do STF.

Na segunda-feira (25) Moraes havia dado o prazo inicial de 48 horas para a avaliação da PGR sobre os argumentos enviados pela defesa de Bolsonaro. Hoje, quarta-feira (27), seria a data limite para a manifestação de Gonet, porém, nesta terça-feira (26), após o ministro do STF determinar o monitoramento presencial da polícia penal do DF na casa do ex-presidente, o prazo foi ampliado em 5 dias, até segunda-feira (1). 

O indiciamento da PF

Na última quarta-feira (20), após a Polícia Federal finalizar as investigações sobre a influência de Eduardo Bolsonaro nas ações do presidente norte-americano, Donald Trump, o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho foram indiciados por coação no curso do processo, em função de tentativas de intimidação de membros do STF.


O presidente da argentina, Javier Milei, e o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em 2024
(Reprodução/EVARISTO SA/AFP/Getty Images)


Durante a investigação, a PF encontrou no celular de Bolsonaro um arquivo sem data e assinatura com um suposto pedido de asilo político para o presidente da Argentina, Javier Milei. De acordo com a Polícia, o teor do documento revela que Bolsonaro planeja fugir do país desde o início de 2024.  Os advogados do ex-presidente revelaram à Andréia Sadi, colunista do G1 e apresentadora da GloboNews, que o pedido de asilo foi uma sugestão recebida pelo ex-presidente em fevereiro de 2024, descartada posteriormente. 

Defesa nega descumprimento das medidas

A defesa de Bolsonaro argumentou que no relatório feito pela Polícia Federal há fraqueza de provas em relação ao descumprimento das medidas cautelares. Os advogados ainda solicitaram que Alexandre de Moraes reconsidere a prisão domiciliar, que está em ocorrendo desde o dia 4 de agosto, após o ex-presidente descumprir ordens judiciais impostas pelo ministro do STF. Para Moraes, a defesa negou que o rascunho do pedido de asilo na Argentina no smartphone de Bolsonaro caracterizasse alguma possibilidade de fuga do Brasil. 

Com o alargamento do prazo, Paulo Gonet, o procurador-geral da República deverá se manifestar até o dia primeiro de setembro sobre: pedido da defesa de revisão a prisão domiciliar, a análise do descumprimento de medidas cautelares e o indiciamento de Eduardo e Jair por tentativa de pressionar o STF. O julgamento da ação penal de tentativa de golpe de Estado que envolve Bolsonaro e outros 7 réus está marcado para iniciar dia 2 de setembro.

Moraes determina reforço de segurança na casa de Bolsonaro após alerta da PF

Nesta terça-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o reforço da segurança na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com aumento da presença policial ostensiva no entorno do imóvel.

A decisão atende a um pedido do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Em ofício enviado ao STF, a PF solicitou “reforço urgente e imediato” na vigilância da residência, além da manutenção e monitoramento contínuo da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro.

O documento da Polícia Federal alerta para um “risco concreto” de fuga por parte do ex-presidente. Segundo o ofício, Bolsonaro poderia tentar se deslocar até a Embaixada dos Estados Unidos, localizada a cerca de 10 minutos de sua residência, para solicitar asilo político.

A PF explica que a Embaixada é considerada território norte-americano, o que impossibilitaria o cumprimento de ordens judiciais brasileiras ou de eventuais mandados de prisão sem a autorização do governo dos Estados Unidos. “Tal circunstância poderia frustrar a execução da decisão judicial e comprometer a aplicação da lei penal”, afirma a corporação no documento.

Desde 4 de agosto, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar e permanece sob monitoramento eletrônico. Ele está proibido de usar telefone celular e de receber visitas sem autorização judicial, exceto de familiares e advogados.

Também nesta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favoravelmente ao aumento da segurança. O procurador-geral, Paulo Gonet, destacou que o monitoramento deve ser discreto, respeitando a privacidade do domicílio e evitando transtornos aos vizinhos.

Monitoramento reforçado

A presença policial será intensificada no entorno da residência do ex-presidente, com atenção especial ao cumprimento das regras impostas pela Justiça. A Polícia Federal seguirá acompanhando de perto a situação, garantindo que a lei seja aplicada sem risco de evasão.


Reforço de segurança na casa de Bolsonaro (Foto: reprodução/Instagram/@realpfigueredo08)


Regras da prisão domiciliar

Bolsonaro permanece em prisão domiciliar, sob tornozeleira eletrônica, e deve obedecer às restrições impostas pelo STF, incluindo a limitação de visitas e a proibição do uso de aparelhos de comunicação sem autorização judicial.

Defesa de Bolsonaro responde ao STF sobre suposto plano de fuga

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou nesta sexta-feira (22) sua resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o suposto plano de fuga encontrado em seu celular. O ministro Alexandre de Moraes havia dado prazo de 48 horas, encerrado às 20h34 de hoje, para que a equipe jurídica do réu apresentasse explicações sobre os documentos que pediam asilo político na Argentina e sobre o desrespeito às medidas cautelares impostas.

Plano de fuga e medidas cautelares

Os arquivos encontrados pela Polícia Federal no celular de Bolsonaro revelaram dois documentos. Um deles, endereçado à própria corporação, trazia como argumentos perseguição política e riscos à integridade física como justificativa para solicitar asilo. O outro era direcionado ao presidente argentino, Javier Milei, e incluía trechos bíblicos e citações ao Pacto de São José da Costa Rica, reiterando máximas dos direitos humanos.

A revelação intensificou a pressão sobre Bolsonaro, que já havia sido advertido anteriormente por Alexandre de Moraes pelo descumprimento de medidas cautelares. Em episódio recente, quando falou à imprensa na Câmara dos Deputados, a defesa alegou que os limites impostos não estavam claros. O ministro tratou o caso como pontual, mas reforçou que novas violações não seriam toleradas.


Bolsonaro fala à imprensa na Camara dos Deputados (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


Argumentos da defesa

Na resposta protocolada hoje, os advogados de Bolsonaro alegaram que o documento encontrado é anacrônico e teria sido escrito um ano antes do avanço das investigações. Também classificaram as acusações de tentativa de fuga como parte de uma estratégia de “lawfare”, termo usado para descrever perseguição política por meio do sistema judicial.

A defesa afirmou ainda que Bolsonaro vem cumprindo integralmente as medidas cautelares determinadas pelo STF e que não há indícios de descumprimento recente. O texto também ressalta que os pedidos de asilo citados nos documentos não refletem a posição atual do ex-presidente, que teria colaborado com todas as fases da investigação.

Próximos passos no processo

Com a entrega da resposta, caberá ao ministro Alexandre de Moraes analisar os argumentos e decidir se haverá novas medidas contra Bolsonaro. O ex-presidente é indiciado por liderar uma trama golpista após as eleições de 2022, o que já lhe rendeu restrições como proibição de contato com outros investigados, obrigação de entregar o passaporte, prisão domiciliar e proibição do uso de redes sociais.

A expectativa agora é que o STF avalie se os documentos encontrados configuram de fato uma tentativa de descumprimento das medidas impostas. Caso contrário, a corte deve manter o andamento normal do processo.

Bolsonaro é pressionado pelo STF a explicar descumprimento de medidas cautelares nesta sexta

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisa responder até esta sexta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre acusações de que teria descumprido restrições judiciais. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, que concedeu 48 horas para que os advogados apresentem explicações formais.

A investigação em andamento envolve Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e apura possíveis ações de pressão e intimidação contra autoridades ligadas ao processo sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. O julgamento desse caso está marcado para setembro, e Bolsonaro é um dos principais réus.

Os fatores que a defesa de Bolsonaro deve responder

Segundo Moraes, a defesa deve se pronunciar sobre três pontos principais: o descumprimento repetido das medidas impostas pelo STF, a continuidade de atitudes consideradas ilegais e o risco de fuga do ex-presidente. A Polícia Federal afirma ter reunido indícios de que Bolsonaro seguiu ativo em redes sociais e manteve contato com outros investigados, mesmo estando proibido. Além disso, foi encontrado um documento que poderia ser utilizado para solicitar asilo político na Argentina.

Os advogados de Bolsonaro negam qualquer irregularidade. Em nota divulgada na quinta-feira (21), garantiram que vão cumprir o prazo estabelecido e rebateram as acusações: “Não houve descumprimento de nenhuma medida cautelar. Todos os pontos levantados serão devidamente esclarecidos”.


Durante a semana, a PF divulgou conversas entre Eduardo e Jair Bolsonaro, onde Eduardo estaria indignado pelas falas do pai (Foto: Reprodução/X/@SamPancher)


Essa não é a primeira vez que Alexandre de Moraes cobra explicações. Em julho, pouco depois da imposição das medidas, Bolsonaro esteve no Congresso, se reuniu com aliados e concedeu entrevistas, o que gerou novas publicações em suas redes. A defesa, naquela ocasião, também negou violações.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar após descumprimentos

No início de agosto, diante de novos episódios, Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro, que permanece em vigor até hoje. A decisão foi motivada pelo uso irregular das redes sociais.

O relatório final da Polícia Federal, divulgado em 20 de agosto, aponta que Bolsonaro e Eduardo agiram de maneira articulada para intimidar ministros do STF e parlamentares, numa tentativa de influenciar diretamente o processo penal contra o ex-presidente. Inicialmente, as investigações miravam apenas Eduardo, mas os investigadores perceberam que suas ações estavam alinhadas às do pai, o que levou à inclusão de Jair Bolsonaro nas restrições

Relatório da PF detalha pedido de Bolsonaro a advogado sobre tarifas americanas

Relatório da Polícia Federal (PF) revela que Jair Bolsonaro fez um pedido ao advogado de Trump para receber orientação sobre como se posicionar nas redes sociais após o aumento de tarifas imposto pelo governo dos Estados Unidos.

Áudios e mensagens recuperadas indicam que o ex-presidente buscava alinhar sua comunicação com aliados internacionais e, além disso, reforçar estratégias políticas externas. O advogado norte-americano Martin De Luca, ligado à Rumble e à Trump Media & Technology Group, não é investigado pela PF.

Pedido de Bolsonaro ao advogado de Trump sobre redes sociais

Segundo os documentos, Bolsonaro solicitou instruções para divulgar uma mensagem elogiando Donald Trump e comentando os efeitos do aumento de tarifas no Brasil. Ele destacou que considerava a liberdade “acima da questão econômica” e pediu ajuda para redigir um texto conciso e eficiente. Portanto, o registro mostra que o pedido de Bolsonaro ao advogado de Trump fazia parte de um planejamento estratégico de comunicação, conforme os áudios e mensagens analisados pela PF.


Ajuda de advogado ligado a Trump e rascunho de asilo na Argentina: especialista analisa o futuro de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/Jovem Pan)

Aliados apoiam pedido de Bolsonaro ao advogado de Trump

As mensagens recuperadas indicam que aliados próximos também participaram da articulação, oferecendo orientações sobre publicações nas redes sociais, incluindo conteúdos em inglês, para garantir consistência e alcance do público internacional. Além disso, esse acompanhamento reforçava o planejamento estratégico de comunicação do ex-presidente e, consequentemente, complementava as ações de orientação já mencionadas.

Rascunho de asilo político identificado

No celular de Bolsonaro, a PF encontrou um rascunho de pedido de asilo político ao presidente argentino Javier Milei, datado de fevereiro de 2024. Segundo a defesa, o documento não foi formalizado, mas demonstrava a intenção de avaliar alternativas internacionais caso fosse necessário. Assim, o relatório indica que essa ação fazia parte da estratégia externa de comunicação e do planejamento político do ex-presidente.

Engajamento internacional e estratégia planejada

O relatório também mostra que aliados colaboraram na definição de conteúdos e publicações, com o objetivo de engajar contatos internacionais e fortalecer a comunicação. Entretanto, não há indícios de investigação ou responsabilização do advogado norte-americano. Dessa forma, os registros apenas evidenciam uma comunicação coordenada, reforçando o pedido de Bolsonaro ao advogado de Trump como ponto central da estratégia internacional do ex-presidente.

Silas Malafaia orientou Jair Bolsonaro a descumprir ordem do STF, segundo investigações da Polícia Federal

De acordo com a apuração da Polícia Federal (PF), divulgada nesta quarta-feira (20), o pastor Silas Malafaia estimulou o ex-presidente Jair Bolsonaro a descumprir ordens do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).  A investigação em curso indica que Malafaia teve papel ativo na articulação de publicações em redes sociais, mesmo após Bolsonaro ser proibido de utilizá-las por decisão judicial. 

Segundo o relatório, o pastor sugeriu os melhores horários para as postagens, indicou canais para amplificação das mensagens e ajudou a formular discursos com o objetivo de pressionar a opinião pública contra o STF, em uma possível tentativa de obstruir a Justiça e coagir autoridades.

A investigação 

A PET 14305 / DF, assinada em 18 de agosto (2025), pelo ministro Alexandre de Moraes indica que o pastor Malafaia atuou “de maneira deliberada e consciente, em alinhamento com os demais investigados”, em menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro. 

Para a PF, foram “estratégias voltadas à intimidação e à propagação de informações falsas”, inclusive, participando do “planejamento de ações coordenadas“, a fim de “pressionar membros do alto escalão do Poder Judiciário”, para “impedir que decisões do Supremo Tribunal Federal (STF)” contrariassem os interesses dos investigados.


Parte integrante da PETIÇÃO 14.305/DF, em curso no STF (Fotos: reprodução/STF)


Segundo a Polícia Federal, a atuação do pastor Silas foi além de conselhos. Em conversas analisadas pelos investigadores, o pastor orientou o ex-presidente sobre “o que dizer, como dizer e quando publicar”, demonstrando planejamento e intencionalidade. Para a PF, Malafaia aderiu a uma estratégia que violava decisões do ministro Alexandre de Moraes. 

A investigação concluiu que havia uma atuação conjunta, com ações deliberadas para manipular a opinião pública e fragilizar o sistema judiciário brasileiro, especialmente nas redes sociais, onde Bolsonaro, ainda, tinha grande influência.


Parte integrante da PETIÇÃO 14.305/DF, em curso no STF (Fotos: reprodução/STF)


Um dos episódios apontados pela PF envolve uma mensagem enviada por Silas Malafaia orientando Bolsonaro sobre como transformar o tema das tarifas impostas pelos EUA ao Brasil em uma bandeira política contra a Suprema Corte brasileira. Na mensagem, o pastor sugere que o ex-presidente use o discurso da “justiça e liberdade”, e declara que os ministros do STF se intimidariam com possíveis sanções a eles e suas famílias.

Inclusão no processo

Na data de ontem, quarta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou busca, apreensão e imposição de medidas restritivas contra o pastor Silas Malafaia. A decisão foi tomada com base em representação da Polícia Federal (PF) e com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). Uma das medidas adotadas em desfavor do pastor Silas é a proibição de deixar o país, além de manter contato com Jair e Eduardo Bolsonaro. Houve, também, a apreensão do celular de Malafaia e de seus passaportes. 


Publicação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre medidas cautelares contra o pastor Silas Malafaia (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

.

Conforme relatos, as investigações apontam que Malafaia teria agido como “orientador e auxiliar” nas ações de coação e obstrução promovidas por Jair e Eduardo Bolsonaro, com o objetivo de influenciar o andamento da Ação Penal 2668, referente aos “atos antidemocráticos”, que acusa o ex-presidente de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. 

Na decisão, o ministro Moraes, ressaltou que os diálogos entre Malafaia e Bolsonaro evidenciam “atos executórios claros” dos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de organização criminosa, configurando uma campanha criminosa orquestrada com ampla produção e divulgação de ataques ao Poder Judiciário 

Esofagite em foco, entenda o problema que levou Bolsonaro ao hospital

O ex-presidente Jair Bolsonaro, de 70 anos, foi diagnosticado com esofagite e gastrite após passar por exames médicos no Hospital DF Star. A inflamação no esôfago, se não tratada adequadamente, pode causar complicações sérias. O boletim médico divulgado no sábado (16) aponta que o quadro é persistente e requer acompanhamento especializado.

A esofagite é uma condição de saúde caracterizada pela inflamação do esôfago, o tubo muscular responsável por transportar alimentos e líquidos da boca até o estômago. Embora possa parecer um problema simples à primeira vista, essa inflamação pode causar desconforto significativo e, se não for tratada corretamente, levar a complicações sérias. Recentemente, a condição ganhou destaque após o diagnóstico do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que trouxe a esofagite para o centro das discussões sobre saúde pública.

Causas e Tipos da Esofagite

A causa mais comum da esofagite está diretamente ligada ao refluxo gastroesofágico (DRGE). Esse quadro ocorre quando a válvula na parte inferior do esôfago, chamada cárdia, não se fecha corretamente. Com isso, o conteúdo ácido do estômago consegue retornar, agredindo a mucosa esofágica e causando a inflamação.

Além do refluxo, a esofagite pode ter outras origens, cada uma com suas particularidades:

  • Esofagite eosinofílica: uma condição crônica relacionada a alergias alimentares. Nela, células inflamatórias chamadas eosinófilos se acumulam no esôfago, causando a inflamação.
  • Esofagite medicamentosa: ocorre quando certos medicamentos, como anti-inflamatórios, antibióticos e corticoides, permanecem por tempo prolongado em contato com a parede do esôfago, irritando-a.
  • Esofagite infecciosa: É causada por infecções por vírus, fungos ou bactérias, sendo mais comum em pessoas com o sistema imunológico debilitado.

Matéria sobre a esofagite, condição diagnosticada em Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/Metrópoles)

Sintomas, Diagnóstico e Fatores de Risco

Os sintomas da esofagite podem variar, mas frequentemente incluem azia e uma sensação de queimação persistente. Outros sinais comuns são a dificuldade e dor para engolir (conhecida como disfagia), dor no peito que pode ser confundida com problemas cardíacos, além de rouquidão, tosse seca e um gosto amargo na boca.

Para chegar a um diagnóstico preciso, é fundamental consultar um gastroenterologista. O médico pode solicitar exames como a endoscopia digestiva alta, que permite uma visualização direta do esôfago, e a pHmetria esofágica, que mede o nível de acidez no esôfago ao longo de 24 horas.

Diversos fatores aumentam a predisposição para desenvolver a doença. Entre eles estão o histórico familiar, alergias alimentares, obesidade, tabagismo e consumo excessivo de álcool.

Tratamento e Prevenção

O tratamento da esofagite depende da sua causa. Para casos de infecção, são usados medicamentos específicos, como antibióticos ou antifúngicos. Já para a esofagite causada por refluxo ou a eosinofílica, que são quadros crônicos, o tratamento geralmente envolve mudanças no estilo de vida e o uso de medicamentos contínuos. Em situações mais graves, a cirurgia pode ser uma opção.

O tratamento adequado é crucial para evitar complicações como o estreitamento do esôfago (estenose) e o desenvolvimento de úlceras. A complicação mais séria é o Esôfago de Barrett, uma alteração no revestimento interno do órgão que, em casos raros, pode evoluir para um câncer.

A prevenção da esofagite e o controle de seus sintomas passam pela adoção de hábitos saudáveis:

  • Evitar deitar-se logo após as refeições.
  • Reduzir o consumo de alimentos gordurosos, condimentados e bebidas alcoólicas.
  • Manter um peso saudável e praticar exercícios físicos.
  • Parar de fumar.
  • Evitar roupas muito apertadas, que podem aumentar a pressão abdominal.
  • Nunca se automedicar.

Em última análise, o acompanhamento médico contínuo e a adoção de uma dieta equilibrada são os pilares para o controle da esofagite, garantindo mais qualidade de vida para quem vive com a condição.

Moraes desafia sanções dos EUA e reafirma firmeza no julgamento de Bolsonaro

Em entrevista, divulgada nesta segunda-feira (18), ao diário americano The Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reafirmou sua determinação em não recuar no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração ocorreu em meio a recentes investidas diplomáticas dos Estados Unidos, que impuseram sanções contra o Brasil e contra o próprio ministro, aumentando a tensão no cenário internacional. Segundo o ministro, o Supremo seguirá firme em seu papel de proteger a democracia brasileira, independentemente das pressões externas ou internas.

Moraes resiste

Na conversa com o jornal americano, Moraes foi enfático ao afirmar que o Supremo não se deixará intimidar pelo cenário diplomático adverso. “Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro”, declarou. Ele também destacou que a Corte não permitirá manobras protelatórias de Bolsonaro: “O tribunal não permitirá que o réu faça dele motivo de chacota”. O ministro ressaltou ainda o compromisso com o devido processo legal: “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas e quem deve ser condenado será condenado; quem deve ser absolvido será absolvido”.

As declarações de Moraes ocorrem em um momento de tensão após o governo Trump impor medidas econômicas contra o Brasil, como o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, a revogação de vistos de ministros e opositores de Jair Bolsonaro. O ministro, alvo direto dessas medidas, disse que sua responsabilidade é “vacinar” a democracia brasileira contra riscos de retrocesso.

Julgamento de Bolsonaro ocorre em setembro

O julgamento de Jair Bolsonaro terá início no dia 2 de setembro de 2025, na Primeira Turma do STF, presidida por Cristiano Zanin e relatada por Alexandre de Moraes. A previsão é de que a análise se estenda por até cinco dias. O ex-presidente é acusado de arquitetar e movimentar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, além de também ser julgado por tentar abolir violentamente o Estado democrático de direito.


Bolsonaro é interrogado no STF em processo sobre tentativa de golpe em 2022 (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


Especialistas apontam que Bolsonaro poderá ser condenado a penas que variam de dez a mais de 40 anos de prisão. Ele cumpre atualmente prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares e corre risco real de ser enviado a um regime fechado.

Enquanto isso, a crise diplomática com os EUA se aprofunda. Além das sanções, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, tem atuado junto a autoridades americanas para tentar aumentar a pressão externa e criar um ambiente favorável ao pai.

Entre sanções e justiça

As declarações de Alexandre de Moraes ao diário Washington Post reforçam não apenas sua posição de guardião da Constituição, mas também o papel central do Supremo Tribunal Federal na preservação da democracia brasileira. Ao assumir publicamente que não pretende recuar diante de pressões externas ou internas, Moraes projeta a imagem de uma Justiça que busca resistir a retrocessos e reafirma a importância da independência do Judiciário em momentos críticos.