Ministra Cármen Lúcia fala em “motivos espúrios” e alerta para trama golpista: “O grão maligno da antidemocracia”

Nesta manhã de quinta-feira (11/09) A ministra Cármen Lúcia inicia seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e os sete réus. As sessões já contaram com a leitura do relatório geral por parte de Alexandre de Moraes, relator do caso, a manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que reforçou a denúncia, e o pronunciamento final da defesa dos oito réus. Após isso, votaram os membros da Primeira Turma do STF, ministro Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Luiz Fux, e agora a ministra Cármen Lúcia, faltando Cristiano Zanin.

A magistral comentou sobre o histórico político dos últimos anos. Ela cita:

“Além da pandemia, em 2021, novos focos de pesares sociopolíticos brotaram nessas terras a partir de estratégias e práticas voltadas a motivos espúrios, sendo exatamente o que está sendo denunciado”. 

Cármen Lúcia formou maioria na Primeira Turma da Corte para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por organização criminosa, devido à participação no que seria um plano de golpe contra o resultado das eleições de 2022. Com o voto da magistral, fica formado 3 a 1 para condenação dos réus, e não há como reverter na Primeira Turma do STF o resultado pela condenação dos réus por organização criminosa. 

Voto dos ministros

O ministro Alexandre de Moraes (relator do caso) começou os votos da Primeira Turma, votando pela condenação de todos os acusados. Ele elencou 13 atos para explicar a trama golpista em julgamento e traçou uma linha do tempo do processo, que interligaria os réus e os crimes. Após o ministro Moraes, votou Flávio Dino, que acompanhou o relator. Dino votou pela condenação de Jair Bolsonaro e outros sete réus por todos os crimes, mas observou que, para ele, não há a menor dúvida de que há níveis de “culpabilidade” diferentes entre os réus e três deles podem ter a possibilidade de redução de pena.


Vídeo: Julgamento do ex-presidente e sete réus ao vivo (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNBrasil)

O ministro Luiz Fux votou, mantendo seus argumentos desde o início do processo de julgamento e por vezes estando em lado oposto a opinião de seus companheiros da Primeira Turma, votou pela absolvição de Jair Bolsonaro, assim como dos réus Almir Garnier, Alexandre Ramagem, Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Anderson Torres dos crimes. Entretanto, pelas condenações de Mauro Cid e Walter Braga Netto – mas apenas pelo crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Cármen Lúcia está declarando seu voto, mas já deixou claro que condena o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por organização criminosa, devido à participação no que seria um plano de golpe contra o resultado das eleições de 2022. Resta apenas o voto de Cristiano Zanin (Presidente da Turma), mas não muda o que já é maioria e os réus estão condenados na Primeira Turma. 

Resumo do julgamento 

Os réus, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, pelos crimes de Golpe de Estado (art. 359-L), planejou impedir a posse do presidente eleito.

Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-M). Organização criminosa armada. Dano qualificado (danos a bens públicos). Deterioração de patrimônio tombado, ao todos as condenações podem chegar a 46 anos de prisão caso eles recebam a pena máxima. Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal, é o único acusado por apenas três desses cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Após leitura dos votos de Fux, julgamento da trama golpista volta às 14h desta quinta-feira 

Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, finalizar a leitura de seu voto do julgamento da trama golpista por volta das 22h30 de ontem (10), a sessão desta quinta-feira (11), que estava marcada para iniciar pela manhã, foi adiada para às 14h. Cármen Lúcia e o presidente da Turma, Cristiano Zanin, serão os dois últimos ministros a registrarem suas considerações. 

Na quarta-feira (10), a leitura do voto de Fux surpreendeu os ministros que compõem a Primeira Turma do STF, isso porque, ele abriu divergência ao decidir absolver Jair Bolsonaro dos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A votação segue nesta quinta-feira (11) com o placar de 2 a 1 para condenação dos réus. 

O voto de Luiz Fux

Após mais de 11 horas registrando seu voto, o ministro Luiz Fux surpreendeu a todos, inclusive os advogados dos réus, após considerar a Primeira Turma, formada por ele, Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, inaptos para julgar o processo. Nesse sentido, o ministro declarou que o julgamento, uma vez iniciado na Corte, deveria ser tramitado no Plenário do STF, com participação dos 11 ministros. 


Luiz Fux diverge de Primeira Turma do STF e julgamento sobre trama golpista está 2 a 1 para condenação dos oito réus do processo. (Foto: reprodução/ EVARISTO SA/AFP via Getty Images Embed)


Além disso, Fux completou considerando o Supremo Tribunal Federal “incompetente”, de acordo com as palavras dele, para julgar os oito denunciados por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Isso porque, para o magistrado, o processo deveria iniciar normalmente em Primeira Instância, visto que os réus não possuem foro privilegiado. 

Por fim, o ministro também teceu críticas à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) alegando inadequações na acusação, falhas na cronologia dos fatos, além de erros na formulação do processo que poderia culminar na anulação do julgamento. Nesse sentido, nas considerações finais, Fux votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas optou pelas condenações do general Braga Netto e do delator Mauro Cid, ambos pela sentença de abolição do Estado Democrático de Direito. 

Cronologia do julgamento

No último dia 2 de setembro, o Supremo Tribunal Federal iniciou a primeira sessão do julgamento que discute os crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Jair Bolsonaro e mais sete réus respondem à denúncia encaminhada pela PGR no STF. 

O julgamento, que tramita na Primeira Turma da Corte, vai para o quinto dia de sessão nesta quinta-feira (11). Alexandre de Moraes, ministro relator do processo, abriu o primeiro dia de julgamento com a leitura do relatório criminal, além disso, a acusação apresentou as argumentações contra os réus. 

Já a segunda sessão, realizada no último dia 3 de setembro, foi o momento para a sustentação da defesa, os advogados dos oito réus elaboraram diferentes estratégias contra a condenação de seus respectivos clientes. 

Nesta semana, no último dia 9 de setembro, Alexandre de Moraes e Flávio Dino foram os dois primeiros ministros a fazerem a leitura de seus votos, ambos votaram pela condenação de todos os réus pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Além disso, os magistérios votaram pela incriminação de Jair Bolsonaro como líder da organização criminosa.

Já nesta última quarta-feira (10), marcando o quarto dia de julgamento, o ministro Luiz Fux realizou a leitura de seu voto e, conforme já citado nesta reportagem, votou pela absolvição de todos os réus, com exceção do general Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid. 

Por fim, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin apresentarão seus votos na tarde desta quinta-feira (11), com início da sessão marcada para às 14h. Caso a magistrada vote pela condenação dos indiciados, vence a maioria com o placar de 3 a 1 penalizando os réus pelos crimes previstos no julgamento. 

Moraes concede permissão a Bolsonaro para realizar procedimento médico

O ministro Alexandre de Moraes autorizou nesta quarta-feira (10), que o ex-presidente Jair Bolsonaro realize um procedimento médico, após pedido da defesa. De acordo com a equipe que cuida da saúde de Bolsonaro, ele deve passar por um procedimento de pele para remoção de algumas lesões.

A decisão assinada por Moraes ocorre em meio à segunda e última semana de julgamento de Bolsonaro e outros sete réus pela trama golpista. Bolsonaro segue em prisão domiciliar desde 4 de agosto, após o ex-presidente ter descumprido uma medida cautelar, que era a ordem de não postar em redes sociais.

Autorização para procedimento

Entretanto, Moraes acrescentou algumas determinações dentro da autorização para que Bolsonaro seja liberado para o procedimento médico. O transporte deve ser acompanhado pela Polícia Penal do Distrito Federal e a permanência no hospital está restrita somente para o dia do atendimento. 

Foi determinado por Moraes que Bolsonaro apresente à Corte um atestado médico com data e os horários de atendimento, em até 48 horas após. Também foi reforçado pelo ministro que a autorização é temporária e não libera Bolsonaro do cumprimento das outras medidas cautelares. 


Ministro Alexandre de Moraes no julgamento pela trama golpista em 10 de setembro de 2025 (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)


Prisão de Bolsonaro

Foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, em 4 de agosto, que Bolsonaro cumprisse prisão domiciliar, após descumprimento de medidas judiciais impostas a ele. O presidente fez uma postagem em suas redes sociais em julho deste ano, o que causou a medida imposta por Moraes, já que entre as restrições está o impedimento do uso de redes sociais. 

Contudo, a defesa de Jair Bolsonaro nega o descumprimento da medida cautelar. Foi pedido também que o ministro reconsidere a ordem de prisão domiciliar, com a justificativa de que Bolsonaro está sendo colaborativo com as investigações e não tem descumprido nenhuma ordem judicial. 

O julgamento de Bolsonaro e os outros sete réus pela trama golpista está em sua última semana, com previsão de conclusão para essa sexta-feira (12). Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino já realizaram seus votos, sendo ambos a favor da condenação dos oitos indiciados. O ministro Luix Fux realiza o seu voto nesta quarta-feira (10), mas o resultado até o momento é de 2 para condenação pelos crimes.

Casa Branca afirma que Trump “não tem medo de usar meios militares e econômicos” contra Brasil

Durante declaração polêmica nesta terça-feira (9), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Donald Trump “não tem medo de usar meios econômicos nem militares”, ao ser questionada sobre a possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O discurso ocorreu em meio a semana final do julgamento de Bolsonaro e outros sete réus pela trama golpista.

Karoline foi questionada pelo repórter Michael Shellemberger, do Public News, se Trump irá tomar medidas retaliatórias contra o Brasil, afirmando que o que aparenta é que Bolsonaro pode ser condenado e impedido de concorrer. A porta-voz respondeu que o presidente Trump estaria disposto a utilizar meios militares e econômicos com intuito de “proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo” e completou sua fala dizendo que o presidente norte-americano leva muito a sério a liberdade de expressão. Entretanto, no momento não será realizada nenhuma ação adicional contra o Brasil no momento, de acordo com ela.

Além dessa nova posição do governo americano, Trump já impôs tarifas de 50% contra importações do Brasil aos EUA, além de aplicar sanções através da Lei Magnitsky contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes. As ações tomadas contra o país e o ministro ocorreram em um cenário tenso entre os dois países, sendo considerado como um ataque à soberania brasileira. 

Embaixada dos EUA e Itamaraty

Após a fala de Karoline Leavitt, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil repostou o discurso traduzido na rede social X, reiterando a posição do governo americano. 


Publicação da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil (Mídia: reprodução/X/@EmbaixadaEUA)


Já o Itamaraty publicou uma nota repudiando o uso de sanções econômicas e militares contra a democracia brasileira, sem citar a fala da porta-voz. O texto continuou com o Itamaraty defendendo a liberdade de expressão e completando com a condenação de tentativas de coerção às instituições brasileiras, sendo reforçado a importância da independência dos poderes e da soberania brasileira.

“O governo repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais.”

A ministra-chefe das Relações Internacionais, Gleisi Hoffmann, também repudiou a fala da Casa Branca, a chamando de “inadmissível”. Em postagem em redes sociais, Gleisi falou em “conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil”, com referências às tarifas e sanções a Alexandre de Moraes e sua família.

Julgamento de Bolsonaro 

A fala de Leavitt aconteceu após o ministro Alexandre de Moraes votar a favor da condenação do ex-presidente e outros sete réus pela tentativa de golpe de estado. Caso sejam condenados, Bolsonaro e os outros réus podem ser punidos com até 43 anos de prisão por cinco crimes e penas somadas. 

No STF, além de Moraes, o ministro Flávio Dino também já realizou seu voto, a favor da condenação de Bolsonaro e dos outros réus. A acusação inclui tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. O julgamento tem previsão de conclusão nesta sexta-feira (12), após os demais ministros da Turma realizarem seus votos.

Lula lamenta ‘momento delicado’ do país e declara que Bolsonaro ‘sabe que fez burrice’

O presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta terça-feira (9) que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro não é inocente e sabe que fez “burrice”. Lula ainda destacou que o país vive um “momento delicado” e teceu críticas às articulações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto a Donald Trump. A manifestação do presidente foi feita em um evento em Manaus e em meio ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe. 

Contexto da declaração

As afirmações do presidente Lula aconteceram no primeiro dia dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal no julgamento do núcleo principal da trama golpista de 2022. Os votos já computados foram do ministro e relator do caso, Alexandre de Moraes, e de Flávio Dino. Ambos defenderam a tese do papel de liderança de Jair Bolsonaro na organização criminosa que visava a manutenção dele na presidência do país, o que poderia acarretar um maior cumprimento de pena.

Nesta quarta-feira (10), Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin devem finalizar a votação do julgamento inédito na história brasileira. O voto mais aguardado é o do ministro Fux, que deu indícios de divergência em relação a Moraes.


Declaração de Lula sobre atos de Bolsonaro e viagem de Eduardo aos EUA (Vídeo: reprodução/youtube/terrabrasil)

Lula ainda criticou a movimentação do congresso para aprovar a anistia a Bolsonaro e outros golpistas. O presidente destacou que Jair ‘sabe que fez burrice’, mas deveria estar se defendendo e não pedindo anistia antes da condenação.

Trump e Eduardo Bolsonaro

Durante seu discurso, Lula reprovou as articulações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, junto ao presidente norte-americano Donald Trump. No dia 6 de agosto, as taxações de 50% dos Estados Unidos aos produtos brasileiros entraram em vigor, e segundo os EUA, era uma resposta a ações que ameaçam à segurança nacional e à política externa. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, havia sido englobado na Lei Global Magnitsky, uma das mais severas punições da Casa Branca para estrangeiros que violam direitos humanos. 


Eduardo Bolsonaro discursando na Argentina com uma imagem de seu pai ao fundo
(Foto: reprodução/Tomas Cuesta/Getty Images Embed)


Nesta terça-feira (9), após questionada sobre possível condenação de Bolsonaro, Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, disse que Trump não hesitaria em utilizar meios militares para proteger a liberdade de expressão. Após a declaração, o Itamaraty, Ministério das Relações Exteriores, condenou as ameaças do uso da força contra a democracia brasileira. 



 

Em manhã de julgamento do ex-presidente Jair, porta-voz americana afirma que EUA protegerão a liberdade de expressão do mundo

Nesta terça-feira (09), na Casa Branca, a porta-voz Karoline Leavitt, durante a coletiva de imprensa, respondeu à pergunta sobre o julgamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro sobre como o governo americano iria se portar perante a uma possível condenação.

Leavitt informou que caso o ex-presidente fosse realmente condenado e, portanto, impedido de se eleger no próximo ano, o governo representado pelo seu presidente Donald Trump iria tomar medidas contra o governo brasileiro, medidas econômicas e o governo americano poderia utilizar meios militares, Trump acredita que a condenação do ex-presidente Bolsonaro seria uma clara interferência a liberdade de expressão, e isso é o mais importante para o governo Trump informou a porta-voz Karoline Leavitt.

Contexto do julgamento 

Estão sendo julgados: Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

Jair Messias Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno e ex-ministro do GSI (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Evaristo Sa)

Eles estão sendo julgados, pelos crimes de Golpe de Estado (art. 359-L), por impedir a posse do presidente eleito. Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-M). Organização criminosa armada. Dano qualificado (danos a bens públicos). Deterioração de patrimônio tombado. Ao todo, podem as penas totalizar até 46 anos de prisão se condenados nas penas máximas. 


Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Evaristo SA)


Como funciona o Julgamento e Votos?

O julgamento ocorre por votação nominal na Primeira Turma (cinco ministros). Primeiro o Ministro Alexandre de Morais, depois o Ministro Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia, e por fim Cristiano Zanin. Como informado anteriormente, eles vão analisar e votar pela condenação de cada réu, assim cada um pode receber um veredito diferente ou todos receberem o mesmo. 


Alexandre de Morais, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Bloomberg)


Na manhã desta terça-feira (09), o ministro Alexandre de Morais votou pela condenação dos oito réus, enquanto o magistrado votou. A porta-voz da Casa Branca estava respondendo às perguntas sobre como o governo Trump vai se portar perante as possíveis condenações.

O ministro Flávio Dino, junto ao seu companheiro do STF, votou pela condenação dos oito réus. E assim, o quadro de votos está 2 a 0 para condenação do ex-presidente e dos outros réus, faltam votar ainda os outros três ministros. O ministro Luiz Fux é o próximo a votar, ele informou ao ministro Moraes e aos demais que, no momento do seu voto, o magistrado Fux iria voltar para comentar as preliminares.  

Flávio Dino destaca colaboração de Mauro Cid em julgamento no STF

Durante a sessão desta terça-feira (9), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid colaborou de forma significativa com as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Segundo Dino, a delação premiada firmada pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro trouxe elementos que ajudaram a esclarecer pontos essenciais do processo em análise pela Corte.

Dino comenta os benefícios concedidos a Mauro Cid

O julgamento envolve Bolsonaro e outros integrantes apontados como parte do núcleo crucial da trama. Entre os acusados estão Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Todos foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por participação ativa em um plano para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu voto, Dino reforçou que os efeitos da delação foram determinantes:

A mesma coisa em relação ao senhor Mauro Cid, que votei posteriormente a quilatar no grau máximo quanto possível os benefícios a ele referindo, porque considero que a colaboração atendeu os seus objetivos, de esclarecimento dos fatos e de utilidade para a investigação e elucidação de outros elementos fáticos e humanos dessa cadeia criminosa. Então, o Mauro Cid também atuou”, declarou o ministro.


Voto de Flávio Dino (Vídeo: reprodução/YouTube/O Tempo)


Crimes atribuídos aos investigados

Os réus respondem a acusações de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e ameaça grave, além de deterioração de patrimônio tombado. A única exceção é Alexandre Ramagem, que teve parte da ação penal suspensa pela Câmara dos Deputados, permanecendo como acusado em três desses crimes.

A Suprema Corte reservou quatro datas para a continuidade do julgamento: 9, 10, 11 e 12 de setembro, em diferentes turnos. A expectativa é que até sexta-feira (12) todos os ministros da Primeira Turma tenham registrado seus votos, determinando o desfecho da ação penal. O caso é considerado um dos mais relevantes da atual gestão do STF, por envolver diretamente um ex-presidente e figuras centrais de seu governo.

STF avança em julgamento sobre tentativa de golpe de Estado

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. O posicionamento amplia o placar para 2 a 0 a favor da condenação no julgamento em andamento na Primeira Turma da Corte, que analisa o caso desde a semana passada.

Definição depende de três votos

Antes de Dino, o relator do processo, Alexandre de Moraes, já havia se pronunciado no mesmo sentido, reforçando a gravidade dos atos. O ministro afirmou que os réus compunham o “núcleo crucial da trama golpista”, classificada por ele como uma organização criminosa. Segundo Moraes, o objetivo do grupo era manter Bolsonaro no poder e inviabilizar a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma. A expectativa é que o julgamento seja finalizado até a próxima sexta-feira (12). Como o colegiado é composto por cinco ministros, a condenação será confirmada caso três votos sejam favoráveis. Até o momento, dois magistrados já se posicionaram nesse sentido.


Voto de Alexandre de Moraes (Vídeo: reprodução/YouTube/@uol)


Expectativa para os próximos dias

O processo é considerado um dos mais relevantes da atual gestão do STF, por envolver diretamente um ex-presidente e aliados acusados de tentar desestabilizar o regime democrático. A eventual condenação poderá estabelecer precedentes importantes para casos semelhantes, reforçando o papel do Judiciário no combate a iniciativas que atentem contra a ordem constitucional.

Com a maioria cada vez mais próxima de ser formada, cresce a expectativa em Brasília quanto aos efeitos políticos e jurídicos da decisão. Especialistas avaliam que o julgamento representa um marco no enfrentamento a tentativas de ruptura institucional. Até sexta-feira, todos os olhares estarão voltados ao Supremo para acompanhar a definição do caso e suas possíveis consequências para o cenário nacional.

Julgamento de Bolsonaro avança no STF sem presença do ex-presidente

Nesta terça (9), o Supremo Tribunal Federal retoma o julgamento sobre o caso do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e de seus sete apoiadores, todos réus na ação que apura a tentativa de golpe. Bolsonaro permanecerá em casa. A expectativa é que a decisão final saia até sexta.

Os advogados do antigo presidente não solicitaram formalmente a sua presença no julgamento. Inicialmente, médicos, familiares e figuras políticas próximas sugeriram que a defesa não peça para que ele solicite permissão para ir ao Supremo. Foi requisitado que o ex-presidente realize uma consulta médica no próximo domingo, dois dias após a possível conclusão do processo judicial.

Presença no julgamento

Em abril, Bolsonaro recebeu sinal verde para dar entrada em um hospital e fazer alguns exames. Depois de tudo feito, o relatório dos médicos apontou que ele ainda apresentava esofagite e gastrite, além de resquícios de infecções que afetaram seus pulmões há pouco tempo.

A indisposição de saúde foi a razão apresentada pelos defensores do ex-presidente para justificar sua ausência no julgamento do plano golpista em questão. Sendo réu, ele teria a opção de requerer a autorização de Alexandre de Moraes para acompanhar as sessões ao vivo na Primeira Turma do STF.


Momento do ex-presidente Bolsonaro em casa (Vídeo: reprodução/Instagram/@estadao)


Quadro de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro

Nos dias que antecederam o início do julgamento, Bolsonaro experimentou uma piora em seu estado de saúde, manifestada por crises intensas de soluço, episódios de vômito e dificuldade para respirar. Essa condição é consequência de uma inflamação no esôfago, causada pelo procedimento cirúrgico realizado em seu abdômen no mês de abril. Segundo relatos de pessoas próximas a ele, Bolsonaro apresentou momentos de fragilidade emocional, chegando a chorar.

 O ex-presidente (Jair Bolsonaro) tem uma saúde extremamente fragilizada hoje. Estive com ele, ele tem crises de soluço muito fortes, é até aflitivo. A orientação médica é de que ele permaneça em casa porque aqui (no STF) é muito estressante tanto do ponto de vista físico quanto emocional. É uma situação bastante delicada, são muitas horas de julgamento”, afirmou Paulo Amador Bueno, advogado de Bolsonaro.

A equipe médica responsável pelo acompanhamento da saúde do antigo ocupante do Palácio do Planalto comunicou a necessidade de remover algumas lesões cutâneas. Segundo o médico Cláudio Birolini, integrante da equipe que monitora a saúde de Jair Bolsonaro, o material será encaminhado para análise “anátomo-patológica”.

STF avalia trama golpista e define votos em sessão decisiva desta terça

Supremo Tribunal Federal julga nesta terça-feira (9), em Brasília, a acusação de trama golpista contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A sessão deve contar com votos dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, que irão se pronunciar tanto sobre questões processuais quanto sobre o mérito das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República. O julgamento busca definir responsabilidades em atos que tentaram abalar o processo democrático no país.

Ministros avaliam acusações e rito processual

Na sessão desta terça-feira (9), os ministros do Supremo Tribunal Federal analisam os primeiros pontos relacionados à trama golpista, em especial as questões processuais que podem influenciar o andamento do julgamento. Entre os temas discutidos está a admissibilidade das provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República e a validade dos depoimentos colhidos ao longo da investigação.

A ordem de votação seguirá a sequência: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin.

As sessões estão previstas para ocorrer:

  • 9 de setembro – 9h às 12h e 14h às 19h
  • 10 de setembro – 9h às 12h
  • 11 de setembro – 9h às 12h e 14h às 19h
  • 12 de setembro – 9h às 12h e 14h às 19h

 O cronograma, no entanto, pode ser alterado de acordo com o andamento dos votos

O julgamento é acompanhado de perto por partidos políticos, entidades da sociedade civil e pela opinião pública, já que o caso é considerado um dos mais relevantes da atual agenda do STF.

Denúncia da PGR e réus envolvidos

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que a trama golpista envolveu a prática de cinco crimes graves. Veja os detalhes:

Crimes apontados pela PGR:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito – ocorre quando alguém tenta, com violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. Pena: 4 a 8 anos de prisão.
  • Golpe de Estado – tentativa de depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. Pena: 4 a 12 anos de prisão.
  • Organização criminosa – quando quatro ou mais pessoas se reúnem, de forma estruturada e com divisão de tarefas, para cometer crimes. Pena: 3 a 8 anos.
  • Dano qualificado – destruir, inutilizar ou deteriorar patrimônio da União, com violência e grave ameaça, causando grande prejuízo. Pena: 6 meses a 3 anos.
  • Deterioração de patrimônio tombado – destruir, inutilizar ou deteriorar bem protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Pena: 1 a 3 anos.

Réus denunciados pela PGR:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça
  • Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens da Presidência
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto – ex-ministro da Casa Civil

A acusação sustenta que esses nomes formaram o núcleo central da trama golpista, atuando de maneira organizada para fragilizar as instituições democráticas e tentar alterar o resultado eleitoral.