A fala recente do meia Dewsbury-Hall, do Chelsea, reacendeu o debate sobre como clubes da Europa encaram competições contra times de fora do continente. Em entrevista ao canal oficial do clube, o camisa 22 negou que os europeus subestimem o futebol sul-americano. “Ninguém está subestimando o Palmeiras. Os times sul-americanos neste torneio têm sido realmente fortes. É um desafio pelo qual estou ansioso”, declarou.
A declaração revela que, ainda que o discurso oficial seja de respeito, a ideia de que os europeus subestimam o futebol sul-americano segue rondando o imaginário esportivo. Declarações anteriores de nomes influentes do futebol europeu ajudam a sustentar essa percepção.
Klopp critica torneio e sugere prioridade em outras competições
Um dos exemplos mais citados é o do ex-treinador do Liverpool, Jürgen Klopp. Em entrevista a um jornal alemão, o técnico criticou o calendário internacional, afirmando que o acúmulo de torneios, como a Copa América, Eurocopa, Copa do Mundo de Clubes e Mundial, não permite descanso físico nem mental aos atletas.
Ex-técnico do Liverpool, Jurgen Klopp, em entrevista (Foto: reprodução/Kerstin Joensson/AFP/Getty images embed)
A consequência dessa visão é clara: priorizar outras competições e, eventualmente, escalar times mistos. Isso acaba por transmitir a ideia de que torneios intercontinentais não têm o mesmo peso para os clubes europeus. Assim, ao poupar jogadores, a mensagem implícita é de que o torneio tem menor importância estratégica — o que fortalece a ideia de subestimação.
Guardiola valoriza torneio e elogia futebol das Américas
Na contramão, Pep Guardiola, técnico multicampeão, discorda desse raciocínio. Para o catalão, o Mundial de Clubes representa uma oportunidade rara de enfrentar estilos diferentes de jogo.
Eu adoro quando neste torneio sul-americanos enfrentam europeus: Como competem, como defendem. Cada jogo é duro. As pessoas dizem: ‘Surpresa, uma equipe europeia perdeu’. Ah, é? Bem-vindo ao mundo real.”
Pep Guardiola
Pep Guardiola em entrevista coletiva na Copa do Mundo de Clubes da FIFA (Foto: reprodução/Justin Setterfield/Getty Images embed)
A fala de Guardiola está em sintonia com a de Dewsbury-Hall. Ambos reconhecem o alto nível técnico de equipes de fora da Europa e demonstram compromisso em levar o torneio a sério. Vale lembrar que o Manchester City de Pep acaba de ser eliminado da competição para o Al-Hilal, da Arábia Saudita.
Mais respeito, menos subestimação
Embora o discurso de respeito seja adotado publicamente, as decisões práticas de alguns clubes e treinadores ainda levantam dúvidas sobre o real valor atribuído ao torneio intercontinental. No entanto, falas como a de Dewsbury-Hall e Guardiola reforçam que há, sim, quem veja o Mundial de Clubes como uma competição legítima, com adversários à altura e dignos de total dedicação.
