Governo Lula apoia proposta que dispensa autoescola para obter carteira de motorista

Nesta quinta-feira (2), o governo abrirá uma consulta pública para avaliar o fim da obrigatoriedade das aulas nas autoescolas para emitir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O projeto do Ministério dos Transportes, chefiado por Renan Filho, foi autorizado pelo presidente Lula (PT)

A proposta

O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) planeja extinguir a exigência das 45 horas de aulas teóricas e das 20 horas de aulas práticas atualmente exigidas. Dessa forma, o candidato poderá escolher entre uma autoescola ou se consultar diretamente com um instrutor autônomo, credenciado pelo Detran. 


Ministro dos Transportes, Renan Filho, planeja tirar obrigatoriedade de aulas nas autoescolas para tirar carteira de motorista A e B (Foto: Reprodução/Michael Nagle/Bloomberg via Getty Images Embed)

No entanto, o ministro dos Transportes, Renan Filho, ressaltou que as autoescolas continuarão existindo, o que mudará será a obrigatoriedade. “Para a parte teórica, não será obrigado o mínimo de aula. Para aula prática, nós estamos discutindo reduzir a quantidade mínima, que hoje são 20 horas. A maior parte das pessoas usa muito menos do que isso. Então será mais simples para o cidadão de maneira geral”, afirmou o ministro

Em entrevista ao Jornal Nacional, Paulo César Marques da Silva, especialista em trânsito da Universidade de Brasília (UNB), confessou a preferência de que as pessoas paguem pelo serviço prestado pelas autoescolas, no entanto, para ele, a atual obrigatoriedade da contratação desse serviço pode estar funcionando como uma barreira para o processo de habilitação. 

Motivações para a mudança

A principal explicação que motiva a mudança seria o alto custo cobrado pelas autoescolas para a emissão da CNH, atualmente, na faixa de R$ 3 mil a R$ 4 mil em média.

Segundo o governo, pelo menos 20 milhões de brasileiros dirigem hoje sem habilitação. Dessa forma, extinguir a obrigatoriedade do serviço prestado pelas autoescolas poderá reduzir o custo da carteira de motorista em até 80%. 

Além disso, há uma avaliação de que países conhecidos pelo trânsito seguro não obrigam o cidadão a cursar aulas em uma autoescola. 

Governo prepara medida para tornar CNH mais acessível sem autoescola

O governo federal está prestes a aprovar uma medida que poderá mudar significativamente o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil. A proposta, elaborada pelo Ministério dos Transportes e enviada para avaliação no Palácio do Planalto, dispensa a obrigatoriedade de frequentar autoescolas para conseguir as habilitações de categoria A (motocicletas) e B (veículos de passeio).

Foco é a redução de custos e aumento da acessibilidade

Segundo o secretário-executivo da pasta, George Santoro, a resolução já está pronta e aguarda apenas o aval do governo para ser oficializada. “Estamos com tudo pronto para soltar”, afirmou. A medida mantém as provas teórica e prática, exigidas atualmente pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), mas permite que o candidato se prepare por conta própria, sem a intermediação obrigatória de uma autoescola.

O principal objetivo da proposta é tornar o processo mais acessível financeiramente. De acordo com dados recentes, o custo médio para obter a CNH no Brasil gira em torno de R$ 3.215,64, enquanto o salário mínimo vigente em 2025 é de R$ 1.518. Para muitos brasileiros, essa discrepância torna o documento inacessível. Ao eliminar a obrigatoriedade das aulas práticas e teóricas oferecidas por instituições privadas, o governo pretende facilitar o acesso à habilitação para pessoas de baixa renda.

Impacto pode ser significativo para a população de baixa renda

Se aprovada, a nova regra pode ter um impacto direto na vida de milhões de brasileiros que sonham em dirigir, mas são barrados pelos altos custos. A flexibilização do processo não implicará, segundo o governo, em perda de qualidade na formação dos condutores. “A principal mudança é a redução de custos e burocracia. Não há perda de qualidade”, garantiu Santoro.


George Santoro, secretário-executivo do Ministério dos Transportes (Foto: reprodução/Instagram/@santoro.george)

A proposta, divulgada inicialmente pela Folha de S.Paulo e confirmada pela CNN Brasil, representa um possível marco na política de mobilidade nacional. Ao democratizar o acesso à CNH, o governo atende a uma demanda histórica e alinha o processo de habilitação com uma perspectiva mais inclusiva e econômica. Se implementada, a medida pode diminuir significativamente as barreiras enfrentadas por trabalhadores de baixa renda e jovens que buscam maior independência e oportunidades no mercado de trabalho. Ainda é preciso aguardar a decisão final do Palácio do Planalto, mas o debate sobre acessibilidade e custos no processo de habilitação ganha força. A expectativa é de que a medida traga impactos concretos para milhões de brasileiros.

Presidente Lula sanciona lei que permite a CNH Social

Dessa forma, a lei traz modernização nos procedimentos utilizados atualmente. Uma das atualizações será a transferência de propriedade de veículos, que agora poderá ser feita digitalmente, com assinaturas eletrônicas e vistoria eletrônica.

Além do impacto social, a nova legislação também impulsiona a modernização dos procedimentos no trânsito brasileiro, trazendo melhoras significativas.

Ausência de exame toxicológico


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Análise pelo Congresso e possíveis mudanças

O veto ainda será analisado pelo Congresso Nacional que poderá mantê-lo ou derrubá-lo, portanto, se o trecho for restaurado, o exame toxicológico voltará a ser uma das principais exigências para a primeira habilitação nas categorias A e B.

Em suma, a nova lei que cria a CNH Social e moderniza os procedimentos de trânsito exemplifica um esforço para combinar a inclusão social com a inovação tecnológica. Ao mesmo tempo, em que oferece uma oportunidade para pessoas em situação de baixa renda obterem a sua primeira habilitação, ela também simplifica e digitaliza processos importantes e burocráticos, beneficiando toda a sociedade. Assim, com a incorporação de tecnologias, como a CNH-e (Carteira Nacional de Habilitação eletrônica) e a possibilidade de realizar diversas operações online, demonstram um compromisso com a inovação e a eficiência da gestão pública.

Veto presidencial anula exame toxicológico para CNH das categorias A e B

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu vetar a exigência de exame toxicológico para quem for tirar a CNH nas categorias A e B, que incluem motos e carros. A decisão foi publicada nesta sexta-feira (27) no Diário Oficial da União e muda partes do Código de Trânsito Brasileiro.

A nova lei também permite que o dinheiro arrecadado com multas seja usado não só para sinalização, fiscalização e educação no trânsito, mas também para pagar custos do processo da CNH de pessoas de baixa renda cadastradas no CadÚnico, que reúne os programas sociais do governo federal.


Lei sancionada prevê ajuda para pessoas de baixa renda (Foto: reprodução/X/@SenadoFederal)


Ajuda para inserção no mercado

Segundo o deputado José Guimarães (PT-CE), autor do projeto, a ideia é facilitar o acesso ao mercado de trabalho para quem está em situação de vulnerabilidade, principalmente em setores como transporte por aplicativo e entregas.

A legislação sancionada por Lula também traz novidades no processo de transferência de veículos. Agora, a mudança de proprietário poderá ser feita 100% de forma digital, desde que os contratos sejam assinados com assinatura eletrônica segura, como exige a legislação.

A vistoria necessária para a transferência de propriedade também poderá ser feita de forma online, caso os órgãos de trânsito estaduais ou do Distrito Federal autorizem. Essa mudança pretende simplificar o processo e reduzir a burocracia. Contratos digitais reconhecidos pelo órgão nacional de trânsito terão validade em todo o país e os Detrans dos estados serão obrigados a aceitá-los, sem exceção.

Quem fará o exame toxicológico?

Mesmo com a aprovação da nova lei, alguns trechos foram vetados. Entre eles, a proposta que exigia exame toxicológico para motoristas das categorias A e B. O Congresso ainda pode manter ou derrubar esses vetos. A exigência do exame continua valendo apenas para as categorias C, D e E — aquelas usadas por motoristas profissionais que transportam cargas ou passageiros.

Processo de instauração da suspensão da CNH: como funciona e como evitar

O trânsito brasileiro está repleto de regras e regulamentos que visam garantir a segurança de motoristas e pedestres. Um dos principais mecanismos de controle é o sistema de pontuação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que pode resultar na suspensão do direito de dirigir para condutores que acumulam infrações. A suspensão da CNH é uma das penalidades mais severas impostas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e entender como ocorre esse processo, bem como as formas de recorrer, é essencial para evitar a perda temporária desse direito.

Como ocorre a suspensão da CNH?

A suspensão do direito de dirigir acontece quando o condutor ultrapassa o limite de pontos permitidos na sua CNH ou comete infrações gravíssimas que, por si só, acarretam a penalidade. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, existem dois principais cenários que podem levar à instauração do processo de suspensão:

  1. Acúmulo de Pontos: O sistema de pontos foi criado para monitorar a conduta dos motoristas e é cumulativo. Cada infração cometida no trânsito gera uma pontuação, que varia de três a sete pontos, dependendo da gravidade do ato. Quando o motorista atinge um limite pré-determinado de pontos dentro de um período específico, a suspensão da CNH pode ser instaurada.
  2. Infração Específica: Há determinadas infrações que, independentemente da quantidade de pontos acumulados, já resultam automaticamente na suspensão do direito de dirigir. Entre essas, estão dirigir sob a influência de álcool (art. 165 do CTB), participar de rachas (art. 174 do CTB), e dirigir em velocidades acima de 50% do limite permitido (art. 218, III do CTB).

Em ambos os casos, o condutor é notificado e o processo administrativo para a suspensão é iniciado. A partir desse momento, o motorista tem a chance de recorrer da penalidade antes que ela seja efetivamente aplicada.

Limite de pontos e as regras recentes

O limite de pontos na CNH passou por mudanças significativas com a Lei 14.071/2020, que entrou em vigor em abril de 2021. Antes, o teto de pontos era de 20, mas com as alterações, o novo sistema adotou diferentes faixas, conforme as infrações cometidas:

  • 40 pontos: Se o condutor não tiver nenhuma infração gravíssima no seu histórico nos últimos 12 meses.
  • 30 pontos: Se o condutor tiver uma infração gravíssima registrada.
  • 20 pontos: Caso o motorista tenha duas ou mais infrações gravíssimas no período de 12 meses.

Essa flexibilidade no limite de pontos visa a dar uma margem maior para condutores que possuem um bom histórico e não cometem infrações de natureza gravíssima. No entanto, é preciso estar sempre atento ao acúmulo de pontos para evitar surpresas desagradáveis e a instauração de processos de suspensão.

É importante recorrer de toda infração

Recorrer de uma infração de trânsito, mesmo quando o condutor se considera culpado, é uma recomendação válida. Isso porque muitos processos administrativos contêm falhas que podem levar ao cancelamento da penalidade. Segundo o especialista em direito de trânsito, Gustavo Fonseca, “muitos condutores não sabem, mas erros formais no processo administrativo, como a falta de notificação adequada, podem resultar no arquivamento do processo de suspensão”. Portanto, recorrer pode ser a chance de corrigir injustiças ou evitar uma penalidade desnecessária.

Os erros formais incluem falhas na emissão de notificações, falta de provas adequadas ou até mesmo inconsistências nas informações do auto de infração. Cada caso deve ser analisado de forma detalhada, e a assistência de um especialista pode ser decisiva nesse processo.

Além disso, Fonseca ressalta que, mesmo que o condutor esteja ciente da infração cometida, pode haver justificativas legais que atenuem a penalidade, como a necessidade urgente em alguns casos específicos. “O direito de defesa é uma garantia constitucional. Não se trata apenas de evitar a suspensão, mas de garantir que o processo seja justo e que todas as etapas sejam cumpridas de forma correta”, enfatiza o especialista.



O tempo de suspensão da CNH

O tempo de suspensão da CNH varia de acordo com a gravidade das infrações e com o histórico do motorista. Para aqueles que atingem o limite de pontos, o período de suspensão pode ser de seis meses a um ano. Em casos de reincidência dentro de 12 meses, a suspensão pode variar de oito meses a dois anos.

No caso de infrações específicas que geram a suspensão imediata, o tempo de afastamento também depende da gravidade do ato cometido:

  • Dirigir sob efeito de álcool: A suspensão é de 12 meses.
  • Disputar corrida não autorizada (rachas): Suspensão de até 12 meses.
  • Dirigir em velocidade 50% superior ao limite permitido: Suspensão de 2 a 8 meses, podendo aumentar em caso de reincidência.

Após o período de suspensão, o motorista precisa realizar o curso de reciclagem para recuperar o direito de dirigir.

Como recuperar a CNH suspensa?

Após o cumprimento do período de suspensão, o condutor tem a oportunidade de recuperar sua CNH. No entanto, esse processo não é automático e exige que algumas etapas sejam seguidas rigorosamente. O curso de reciclagem é a principal exigência para que o motorista possa voltar a dirigir.

O curso de reciclagem pode ser feito de forma presencial ou online, dependendo da localidade e das opções oferecidas pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito). O conteúdo do curso abrange temas como legislação de trânsito, direção defensiva e primeiros socorros, visando a reeducação do condutor.

Além de concluir o curso, o motorista deve ser aprovado em uma prova teórica que testa seus conhecimentos adquiridos durante a reciclagem. Após ser aprovado, ele estará apto a retomar a condução de veículos, desde que não tenha outras pendências com o Detran.

Como prevenir a suspensão

Para evitar que a CNH seja suspensa, a principal recomendação é respeitar as regras de trânsito e dirigir de maneira defensiva, evitando infrações que possam acumular pontos na carteira. No entanto, há outras medidas práticas que podem ajudar os motoristas a se protegerem de penalidades indevidas:

  • Monitore seus pontos: O Detran oferece meios para que os motoristas acompanhem a pontuação da CNH, o que pode ser feito online através de aplicativos ou do próprio site do órgão.
  • Recorra das multas: Como mencionado anteriormente, recorrer é um direito e pode ser decisivo para evitar a suspensão, principalmente quando houver falhas no processo de notificação ou aplicação da penalidade.
  • Faça o curso de reciclagem de forma voluntária: Em alguns estados, os motoristas podem se inscrever voluntariamente no curso de reciclagem antes de atingir o limite de pontos. Isso zera a pontuação e impede que a suspensão seja instaurada, desde que o motorista não tenha cometido infrações gravíssimas.


Conclusão

A suspensão da CNH é uma penalidade grave, mas há meios de evitá-la, seja conduzindo com atenção às regras de trânsito, monitorando o acúmulo de pontos, ou recorrendo de forma adequada quando necessário. Especialistas em direito de trânsito, como Gustavo Fonseca, reforçam a importância de conhecer os direitos e as etapas formais do processo administrativo. “A prevenção começa com o respeito às leis, mas entender o processo e as possibilidades de defesa é fundamental para que injustiças não prejudiquem os condutores”, finaliza Fonseca.

Com a informação correta e uma postura atenta no trânsito, é possível evitar a perda temporária do direito de dirigir e garantir a segurança nas estradas.