Uma carta atribuída ao financista Jeffrey Epstein, na qual ele supostamente afirma que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “compartilha nosso amor por garotas jovens e núbeis”, foi considerada falsa pelo Departamento de Justiça norte-americano. O documento veio a público após a divulgação de milhares de arquivos ligados ao caso Epstein, mas, segundo autoridades, não há qualquer evidência de autenticidade ou ligação real entre o conteúdo da carta e fatos comprovados.
A divulgação do documento e a repercussão internacional
A carta passou a circular após a divulgação de milhares de páginas de arquivos relacionados a Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais e morto em uma prisão federal em 2019. O material foi tornado público como parte de um processo de transparência conduzido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que reuniu documentos apreendidos ao longo de investigações anteriores. Entre eles, estava uma carta supostamente escrita por Epstein e endereçada a Larry Nassar, ex-médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos, também condenado por abuso sexual.
O trecho que mais chamou atenção mencionava Donald Trump de forma explícita, afirmando que o então presidente “compartilhava o amor por garotas jovens e núbeis”. A frase rapidamente repercutiu na imprensa internacional e nas redes sociais, gerando questionamentos sobre a relação entre Trump e Epstein, que de fato se conheciam socialmente nas décadas de 1990 e 2000.
Análise oficial aponta falsificação do documento
Pouco depois da repercussão, o Departamento de Justiça e o FBI se manifestaram oficialmente, afirmando que a carta não é autêntica. Segundo as autoridades, a análise técnica identificou diversas inconsistências que comprovam que o documento não foi escrito por Jeffrey Epstein. Entre os problemas apontados estão a caligrafia incompatível com a de Epstein, erros formais no suposto envio da correspondência e um carimbo postal datado de dias posteriores à morte do financista, o que torna impossível que ele tenha enviado a carta.
Além disso, o documento não continha informações obrigatórias para correspondência enviada por um detento, como o número de identificação prisional. Esses elementos levaram o FBI a concluir que o material foi forjado e não possui valor probatório. O Departamento de Justiça reforçou que a divulgação do documento não significa validação de seu conteúdo. Segundo o órgão, todos os arquivos foram liberados por obrigação legal, e muitos deles incluem materiais não verificados, incompletos ou até falsos, que ainda precisam ser contextualizados.
O contexto da liberação dos arquivos de Epstein
A divulgação do material faz parte de um esforço maior de transparência exigido por decisões judiciais e por legislações que determinam a abertura de documentos relacionados a investigações de grande interesse público. Milhares de páginas foram liberadas, incluindo registros de voos, contatos, anotações internas e correspondências diversas.
Autoridades reforçam que a simples presença de nomes conhecidos nesses documentos não implica, por si só, envolvimento criminal. Muitos registros citam pessoas apenas de forma circunstancial, sem qualquer indício de participação em crimes. Por esse motivo, investigadores alertam para o risco de interpretações precipitadas e desinformação.
Ausência de acusações contra Trump
Apesar da repercussão, não há qualquer acusação formal contra Donald Trump relacionada ao conteúdo da carta. O próprio Departamento de Justiça foi enfático ao afirmar que não existe investigação baseada nesse documento e que ele não sustenta nenhuma alegação criminal. Veículos como Reuters, Time e NDTV reforçaram que a carta não tem validade jurídica nem probatória.
Especialistas em direito penal e transparência pública também destacaram que a divulgação de documentos brutos, sem análise prévia, pode gerar confusão e alimentar narrativas falsas, especialmente quando envolve figuras públicas de grande projeção política.
Conclusão
A carta atribuída a Jeffrey Epstein que menciona Donald Trump é considerada falsa pelas autoridades americanas e não tem valor legal ou investigativo. Embora tenha gerado grande repercussão, o próprio Departamento de Justiça esclareceu que sua divulgação não confirma a veracidade do conteúdo nem implica qualquer acusação contra o ex-presidente.
O episódio reforça a importância da checagem rigorosa de informações e da leitura cuidadosa de documentos divulgados em processos de transparência pública, sobretudo em casos de grande sensibilidade e impacto político.
