Moraes converte prisão domiciliar de Bolsonaro em preventiva
Motivo da prisão foi risco de fuga; ex-presidente teria violado tornozeleira eletrônica; ele foi encaminhado à Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, decretou hoje (22) de manhã a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, sob a justificativa de risco concreto de fuga. O pedido veio da Polícia Federal e foi atendido por Moraes. Bolsonaro foi encaminhado à Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília. Na segunda-feira, haverá uma votação na primeira Turma da Corte Constitucional para decidir se a prisão preventiva será ou não mantida.
Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto pelo descumprimento de medidas cautelares a que foi submetido em junho. Ele foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pela liderança de uma tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro violou tornozeleira eletrônica
O risco de fuga foi averiguado frente à convocação, via redes sociais, de uma vigília, por parte de Flávio Bolsonaro, em frente ao condomínio do pai em Brasília. De acordo com a decisão de Moraes, a corrente de orações causaria aglomeração e tumulto social e poderia ser mobilizada para facilitar o refúgio de Jair Bolsonaro em locais como a Embaixada Americana, localizada a 13km ou 15 minutos de carro da residência do antigo chefe do Executivo. As informações foram apuradas pelo blog Natureza Nery.
CNN Brasil repercute prisão preventiva de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNbrasil)
Corrobora ainda para a tese de fuga a verificação de uma tentativa de ruptura da tornozeleira eletrônica do condenado realizada na madrugada deste sábado.
“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Cortea ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho“, pontua o texto.
O documento considera o deslocamento ilícito de condenados para fora do país como uma reiterada estratégia do setor bolsonarista. Nesse sentido, cita o deputado Alexandre Ramagem Rodrigues (PL-RJ), corréu na trama golpista que se encontra nos Estados Unidos, e Carla Zambelli, que fugiu para a Itália após ser penalmente responsabilizada por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma nas eleições de 2022.
Alexandre de Moraes determinou uma ação da PF sem uso de algemas e exposição midiática. O ministro garantiu tratamento médico a Bolsonaro por tempo integral na prisão.
Ex-presidente aguarda pena definitiva
Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão no final de setembro por liderar uma tentativa de golpe de Estado. Após a publicação da condenação no Diário da Justiça, cerca de um mês depois, Bolsonaro e mais seis réus do núcleo 1 da trama golpista (apontados como autores intelectuais da tentativa de golpe) entraram com o recurso dos “embargos de declaração“, destinado ao esclarecimento de omissões ou contradições do acórdão de julgamento. Eles pediram, entre outras questões, revisão de pena e invalidade da delação de Mauro Cid.
Os recursos foram rejeitados pela Primeira Turma da Corte no dia 7 deste mês e publicados no dia 18. A defesa tem uma semana (que termina neste domingo, 23) para entrar com um novo recurso, que pode ser julgado por Moraes apenas, sem necessidade de levar novamente à Turma, já na segunda (24). Caso rejeite a petição da defesa, Moraes poderá decretar o julgamento encerrado (trânsito em julgado) e notificar a Vara de Execuções Penais para a condução de Bolsonaro e aliados à prisão.
