Segunda onda de chuvas causa novos prejuízos em Porto Alegre

A chuva que atingiu Porto Alegre nesta quinta-feira (23) inundou bairros após subir pelos bueiros de diversas ruas da cidade. A população foi pega desprevenida pelas chuvas e inundações e foram necessários resgates e o bloqueio de vias, causando novamente inúmeros prejuízos.  No entanto, a chuva tem recuado nas últimas horas.


Volta das chuvas no Rio Grande do Sul (Vídeo: reprodução/Youtube/UOL)

Regiões afetadas

A prefeitura da Capital afirma que tiveram problemas nas zonas Central, Norte e Sul em bairros como Centro Histórico, Cidade Baixa, Praia de Belas, Ipanema, e demais cidades afetadas, que continuam sendo contabilizadas.

O Corpo de Bombeiros usou botes para retirar pessoas de suas casas que ficaram ilhadas devido à inundação nos bairros Cavalhada e Hípica, na região Sul da Capital, que ainda não haviam registrado alagamentos durante a última enchente. 

Outros bairros do Centro como Menino Deus, Praia de Belas e Cidade Baixa voltaram a ter problemas com a água e, os imóveis que já haviam sido limpos, voltaram a inundar.


Avenida Sarandi após enchentes em Porto Alegre (Foto: reprodução/RBS TV)

Já na região Norte, uma parte do asfalto da Avenida Sarandi cedeu durante as enchentes de ontem e deixou a via totalmente destruída, bem como o talude de contenção do Arroio das Pedras ao lado. A região não foi alagada durante a última enchente

Motivo das enchentes

Maurício Loss, diretor do Departamento Municipal de Água e Esgoto do município de Porto Alegre, diz que os alagamentos foram resultados de um volume muito grande de chuvas em uma parcela pequena de tempo e, consequentemente, as galerias responsáveis por escoar a água estão entupidas devido à quantidade de lixo e barro acumulados depois da cheia de Guaíba. Loss nega que o sistema de drenagem da cidade tenha “colapsado”. 

Ainda de acordo com ele, equipes do DMAE estão usando caminhões-fato para ajudar na limpeza de lugares atingidos e ajudar na drenagem da água.

O diretor ainda apontou outro problema: a restrição no funcionamento das casas de bombeamento, que são responsáveis por jogar de volta ao Guaíba a água na cidade. A restrição acontece por motivos de segurança, uma vez que são elétricas e, caso inundem, podem causar risco à população. 

Governo federal libera crédito de R$ 1,8 bilhão para o Rio Grande do Sul

O governo federal anunciou a liberação de um novo crédito extraordinário no valor de R$ 1,8 bilhão destinado a diversas ações no estado do Rio Grande do Sul. A medida provisória (MP) que oficializa o crédito foi publicada na noite de quinta-feira (23) em uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

Como os recursos serão distribuídos

Com a publicação, a MP passa a ter força de lei imediatamente, permitindo a liberação e utilização dos recursos. No entanto, o Congresso Nacional tem um prazo de até 120 dias para aprovar a medida. Caso contrário, qualquer saldo remanescente perderá validade.

  • Retomada de atividades das universidades e institutos federais: R$ 22.626.909;
  • Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita: R$ 13.831.693;
  • Suporte aos serviços de emergência e conectividade: R$ 27.861.384;
  • Fiscalização e emergência ambiental: R$ 26.000.000;
  • Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares: R$ 1.000.000;
  • Defesa Civil: R$ 269.710.000;
  • Auxílio reconstrução: R$ 1.226.115.000;
  • Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública: R$ 51.260.970;
  • Fundo de Participação dos Municípios (FPM): R$ 189.856.138.

Ministérios comtemplados

Os recursos contemplam vários ministérios, incluindo Educação, Justiça e Segurança Pública, Comunicações, Meio Ambiente, Integração e Desenvolvimento Regional, Direitos Humanos e da Cidadania, além da Defensoria Pública da União. A supervisão da transferência do FPM será realizada pelo Ministério da Fazenda.


Doações para Rio Grande do Sul (Foto/Reprodução/Getty Images Embed/Mauro Pimentel)


Esta nova MP se soma a uma anterior, editada em 11 de maio, que liberou R$ 12,1 bilhões para ações de auxílio ao Rio Grande do Sul, principalmente em resposta à calamidade pública enfrentada pela população. As ações incluem intervenções da Defesa Civil, das Forças Armadas e do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse texto também está em tramitação no Congresso.

Com essas iniciativas, o total de recursos anunciados pelo governo federal para o estado do Rio Grande do Sul atinge R$ 62,5 bilhões, reforçando o compromisso com a recuperação e suporte à população gaúcha.

Porto Alegre fecha contrato emergencial para o descarte de toneladas de lixo em Gravataí

Um acordo de emergência foi estabelecido entre a Prefeitura de Porto Alegre e um aterro localizado em Gravataí, na região metropolitana, para a disposição de 70 mil a 180 mil toneladas de resíduos sólidos.

A quantidade de detritos a ser encaminhada para o aterro equivale, no mínimo, a 233 aeronaves Boeing 747 carregadas de entulho. Para executar essa operação, foi necessário mobilizar um grande número de trabalhadores, incluindo 3,5 mil garis e 400 colaboradores do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).


Um aterro em Gravataí é contratado por Porto Alegre para receber uma quantidade de entulho equivalente a “233 Boeings” (Fotografia: Reprodução/Camilla Germano/Correio Braziliense)

O objetivo é transferir o acúmulo de detritos retirados das vias da capital gaúcha para a cidade vizinha. Em áreas como Sarandi, diversas residências foram severamente afetadas, resultando na remoção de móveis de todos os cômodos. Em outras regiões, como a Cidade Baixa, comerciantes perderam todos os seus bens.

Uma infraestrutura robusta foi montada para a retirada dos detritos, incluindo 168 veículos pesados, 30 retroescavadeiras, 60 contêineres, 150 carrinhos de mão, 300 vassouras, além de caminhões-pipa, caminhões-toco, equipamentos de hidrojateamento e cavalos mecânicos.

Orientações à População

Segundo Carlos Alberto Hundertmarker, diretor do DMLU, as orientações foram dadas à população para que deixasse os móveis danificados nas ruas. Ele detalhou que estão utilizando veículos de áudio para guiar os moradores das áreas afetadas a depositar os itens danificados nas vias públicas. Adicionalmente, ele mencionou que os caminhões da equipe estão operando continuamente para recolher os materiais.

Desafios e Solidariedade

Hundertmarker acrescentou que uma quantidade significativa de moradores ainda não retornou à cidade e outros ainda não iniciaram os trabalhos de limpeza. Ele salientou que diversas residências foram despojadas de todos os seus bens, o que torna este período excepcionalmente desafiador. Por esse motivo, a equipe está executando a coleta dos resíduos diariamente.

Armazenamento temporário e impacto ambiental

Quatro áreas na cidade são designadas como “bota-espera”, onde o entulho é armazenado temporariamente antes de ser enviado para Gravataí. O aterro em Gravataí atua como um ponto de transição para esses resíduos, aguardando uma decisão sobre seu destino final.

Consequências da inundação

À medida que o nível das águas do Guaíba diminui de forma gradual, os moradores de Porto Alegre expressam sua preocupação com o odor forte que emana dos peixes mortos, da variada fauna e dos insetos. A lama e o lodo ainda persistem ao redor das áreas inundadas. Durante a última semana, equipes de limpeza removeram uma quantidade significativa de detritos, totalizando mil toneladas.

Devido à inundação de várias partes da cidade, os profissionais enfrentam dificuldades para realizar suas atividades, pois só têm acesso às áreas que não foram afetadas pela água. Seis bairros estão completamente inalcançáveis.

Nível do Guaíba diminui mas Porto Alegre enfrenta mau cheiro e resíduos

Com a diminuição gradual do nível das águas do Guaíba, moradores de Porto Alegre relatam um forte mau cheiro, causado por restos mortais de peixes, outros animais, insetos e animais peçonhentos.

A lama e o lodo ainda cobrem as áreas inundadas. Só na última semana, os garis removeram mil toneladas de resíduos. Com muitos pontos da cidade ainda submersos, os profissionais só conseguem atuar onde há acesso. Seis bairros permanecem completamente inacessíveis.


Garis recolheram uma quantidade de resíduos correspondente a mil toneladas em Porto Alegre (Foto: reprodução/Diego Vara/Reuters)

Carlos Alberto Hundertmarker, diretor do Departamento de Limpeza Urbana de Porto Alegre (DMLU), afirmou que os garis estão organizados em 21 grupos, cada um responsável por uma área da cidade, em uma força-tarefa inédita.

Segundo ele, a rotina dos trabalhadores é pesada, e a área do Mercado Público é uma das mais críticas. O DMLU também está preocupado com a grande quantidade de resíduos que precisará ser descartada.

Retomada do abastecimento de água

Paralelamente, as autoridades intensificam os esforços para retomar o abastecimento de água. Na capital, cinco dos seis sistemas já voltaram a operar, embora com vazão reduzida devido à turbidez da água do Guaíba. Apenas a Estação de Tratamento de Água das Ilhas ainda não está funcionando.

A recuperação do sistema Moinhos de Vento é considerada essencial, pois abastece 150 mil pessoas, incluindo algumas das regiões mais nobres da cidade e sete dos principais hospitais.

Drenagem lenta

A drenagem das áreas ainda submersas é uma prioridade. Com apenas nove das 23 estações de bombeamento de água pluvial funcionando, o escoamento é lento. A chegada de 18 bombas flutuantes de alta capacidade, enviadas pela Sabesp, ajudará no trabalho. Nove dessas bombas ficarão na capital; uma já está em operação no bairro Sarandi.

O restante do equipamento deve ser instalado ao longo desta semana. Os bairros Humaitá e a região do Aeroporto Salgado Filho também receberão as bombas inicialmente. Em outras cidades, como Canoas e São Leopoldo, bombas já estão em funcionamento.

Primeira morte por leptospirose

No Vale do Taquari, a cidade de Travesseiro registrou a primeira morte por leptospirose desde o início das tempestades. A Secretaria Estadual de Saúde confirmou a informação, divulgada pelo vice-prefeito Tiago Weizenmann. Outros três casos da doença estão sendo monitorados. A vítima, Eldo Gross, de 67 anos, morreu na sexta-feira.

Bombeiros enfrentam montanhas de entulho em busca de vítimas no RS

Após as devastadoras enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, a cidade de Cruzeiro do Sul agora luta contra o tempo e o terreno para localizar possíveis vítimas soterradas sob 15 mil km² de entulhos. As enchentes, causadas pela transbordação do Rio Taquari, resultaram em um cenário de destruição com profundidades de detritos alcançando até sete metros.


Imagens de destruição e bombeiros à procura de corpos em RS(Reprodução/TV Globo)

Resgate em condições extremas

Os bombeiros, auxiliados por cães farejadores e drones, vasculham incansavelmente a área em busca de sobreviventes ou corpos. Recentemente, o resgate de uma mulher e de uma criança de 11 anos entre os entulhos ressaltou a gravidade da situação. “Só com os cães a gente consegue chegar nos lugares exatos onde tem essa indicação, e a gente consegue trabalhar fazendo essas buscas”, explica o Major Michael Magrini, do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina.


Companhia Especial de Busca e Salvamento, em Porto Alegre (Reprodução/André Ávila/Agência RBS)

Recuperação e solidariedade

Enquanto isso, em Porto Alegre e outras áreas afetadas, a comunidade começa a limpar o que foi deixado para trás pelas águas. No bairro Menino Deus, moradores enfrentam a dolorosa realidade de perderem seus bens, muitos dos quais agora se encontram inutilizáveis nas calçadas. “Tudo é lixo. Tudo quebrado, tudo demolido. Não se aproveita nada”, lamenta o motorista Joel Vargas.

O Departamento Municipal de Limpeza Urbana mobilizou 3.500 garis e um extenso arsenal de veículos pesados para lidar com as 910 toneladas de resíduos já acumulados. O diretor-geral do DMLU destaca o esforço contínuo: “Temos 3.500 garis trabalhando em três turnos e um maquinário muito pesado sendo usado na remoção dos resíduos.”


Entulho toma conta de Cruzeiro do Sul, no Vale do Rio Taquari, onde bairros inteiros foram postos abaixo (Reprodução/Jornal Nacional)

Em meio a essa devastação, as histórias dos sobreviventes emergem, trazendo à tona o sentimento de abandono de uma comunidade que se sente esquecida. Com relatos de perdas irreparáveis, a população local clama por mais atenção e recursos para reconstruir suas vidas e suas comunidades.

Ministro Pimenta estabelece prazo de seis meses para aprovação de projetos de reconstrução no RS

O Ministro da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, enfatizou a necessidade de aprovar rapidamente todos os projetos destinados à reconstrução das cidades afetadas pelas recentes enchentes no estado. Além disso, ressaltou a importância de implementar medidas preventivas para evitar futuros desastres.

Esse é o prazo que estou estabelecendo. Eu quero um prazo de quatro a seis meses para que todos os projetos em todas as áreas estejam aprovados e, com isso, eu possa voltar para assumir definitivamente a Secretaria de Comunicação Social da Presidência e aí cada ministério acompanhar a parte da execução em todas as áreas”, destaca Pimenta.

Pimenta, além disso, definiu um prazo máximo de seis meses para a aprovação de todos os projetos relacionados à reconstrução e prevenção de desastres. Ele expressou sua determinação em garantir que essas iniciativas sejam efetivadas dentro desse período.

Atuação do ministério

O ministro destacou que a função principal do ministério não será executar projetos, mas sim coordenar, formular e articular ações governamentais em conjunto com outros órgãos e ministérios.

Não é um ministério executor, é um ministério de coordenação, formulação e articulação das ações do governo”, afirma o novo ministro

Uma medida provisória emitida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelece a existência da nova pasta até fevereiro do próximo ano.

Pimenta delineou duas áreas prioritárias de atuação para o ministério: uma centrada no auxílio emergencial e na reconstrução das cidades afetadas, e outra voltada para a prevenção, visando evitar a repetição de tragédias semelhantes.

O presidente Lula quer fazer um grande estudo para um projeto definitivo para que essa situação nunca mais se repita. Vou coordenar também a contratação desse estudo definitivo para uma solução estrutural“, ilustra.

Primeiras ações

Na primeira agenda como novo ministro, Pimenta participou de reuniões estratégicas com autoridades locais e representantes das regiões afetadas para discutir um plano emergencial de ação.


Paulo Pimenta lidera ministério com duas frentes de atuação para reconstruir e prevenir o RS de novas enchentes (Fotografia: reprodução/Lucas Leffa/Secom/Agência Brasil)

Para alcançar os objetivos, ele liderará o diálogo com as prefeituras, o governo estadual e diversos setores da sociedade civil, além de selecionar projetos e demandas e articular com todos os ministérios, abrangendo áreas como o setor empresarial, agropecuário, de saúde e educação, entre outros.

Sua primeira agenda como novo ministro da reconstrução do Rio Grande do Sul foi realizada no dia de sua nomeação. Após o retorno do presidente Lula a Brasília, Pimenta e o ministro Waldez Góes, do Desenvolvimento Regional, voaram até o maior navio da América Latina, o porta-helicóptero “Atlântico”, onde jantaram com o comandante da Marinha e todo o comando envolvido na Operação Taquari II.

Compromisso com a reconstrução

O compromisso do governo com a reconstrução e prevenção de desastres no Rio Grande do Sul é evidente, com o Ministro Paulo Pimenta liderando os esforços para garantir uma resposta eficaz e coordenada diante dos desafios enfrentados pelo estado.

Rio Grande do Sul enfrenta alívio parcial nas cheias mas risco de inundações persiste

De acordo com a Defesa Civil e a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema), o estado não registrou chuvas significativas nas últimas 24 horas, conforme atualização divulgada nesta quarta-feira (15).

Os rios Taquari e Caí apresentaram redução nos níveis ao longo de seus percursos e estão saindo da cota de inundação. No entanto, as fozes de ambos permanecem cheias, com elevado volume de água nos pontos onde desaguam.

O Rio Taquari percorre cidades como Arroio do Meio, Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul. Já o Rio Caí margeia municípios como Feliz, Montenegro e São Sebastião do Caí.

Estabilidade no Lago Guaíba

O nível do Lago Guaíba manteve-se estável nas últimas horas e deve continuar assim ao longo do dia. A cheia deve se prolongar durante a semana em Porto Alegre, pois o lago ainda está escoando as águas das demais bacias.

Em contraste, o Rio dos Sinos, que passa por São Leopoldo, Canoas e Novo Hamburgo, e a Lagoa dos Patos, no sul do estado, seguem em elevação. Apesar da estabilidade momentânea na Lagoa dos Patos, novas cheias são esperadas com a chegada das águas de regiões mais ao norte.

Recuo lento do Guaíba

Na terça-feira (14), o nível do Guaíba atingiu 5,25 metros, mas recuou para 5,22 metros às 6h15 e para 5,21 metros às 10h15 desta quarta-feira. Em Porto Alegre, a água começou a recuar em algumas ruas.


Na última terça-feira, o Guaíba baixou até 5,21 metros; a tendência é de queda (Fotografia: Reprodução/Instagram/@gustavo.mansur)

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) preveem que o nível do Guaíba deve continuar a baixar nos próximos dias, podendo atingir 4 metros entre os dias 19 e 21 de maio. A cota de inundação é de 3 metros.

A cidade de Guaíba, situada às margens do lago, ordenou a evacuação imediata de dois bairros devido ao risco de inundações.

Desalojados e abrigos

Milhares de pessoas tiveram que abandonar suas casas após o transbordamento do lago, que inundou principalmente os bairros das regiões Norte, Central e Sul de Porto Alegre. O aeroporto Salgado Filho e a estação rodoviária também foram afetados. De acordo com a prefeitura, 13,9 mil pessoas estão abrigadas em 155 locais.

Ondas de calor e enchentes atípicas assolam partes do Brasil

Em meio a uma conjuntura climática diversificada no território brasileiro, o Rio Grande do Sul enfrenta uma situação de emergência devido a uma enchente histórica, enquanto o Centro-Sul do país é castigado por uma onda de calor incomum para esta época do ano.

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a primeira semana de maio foi marcada por temperaturas médias até 8°C acima do normal para o período na região Centro-Sul.

Motivos das temperaturas elevadas no Brasil

As temperaturas elevadas são atribuídas à persistência de uma onda de calor, a quarta registrada desde o início do ano. Inicialmente prevista para cessar na primeira semana de maio, a onda de calor tem se prolongado e a previsão é de que persista até o dia 17 do mês em curso. Apesar de uma breve trégua no calor ocorrida nesta terça e quarta-feira, as altas temperaturas devem retornar até o final da semana.


As temperaturas elevadas são resultado da persistência da quarta onda de calor registrada desde o início do ano (Fotografia: reprodução/Freepik/Freepik)

De acordo com levantamento do Inmet, São Paulo registrou sua temperatura máxima mais alta em mais de sete décadas, atingindo 32,8°C em 5 de maio, superando o recorde anterior de 30°C estabelecido em maio de 1943.

A situação em outros estados do país

Durante o período analisado, as temperaturas em diversas cidades brasileiras apresentaram variações significativas em relação à média histórica para esta época do ano. Em Curitiba (PR), os termômetros registraram 23,1°C, uma marca notável de 8°C acima da média.

Em São Paulo (SP), a temperatura média foi de 25,3°C, com um aumento de 7,1°C em relação à média esperada. São Joaquim (SC) não escapou dessa tendência, com uma temperatura de 17,2°C, 5,7°C acima da média, enquanto Morro da Igreja (SC) registrou 14,8°C, superando a média em 5,6°C.

Brasília (DF) também teve um aumento significativo, atingindo 22,6°C, 5,4°C acima da média. No Rio de Janeiro (RJ), os termômetros marcaram 26,5°C, com um aumento de 4,5°C em relação à média histórica. Porto Alegre (SC) registrou uma temperatura média de 21,4°C, superando a média em 4,5°C.

Por fim, Belo Horizonte (MG) teve uma temperatura média de 24,4°C, ultrapassando a média em 3,9°C.

Meteorologistas fazem alerta

Meteorologistas alertam que a persistência da onda de calor está relacionada a um bloqueio atmosférico que tem impedido o avanço das frentes frias no sul do país, contribuindo para as tempestades e enchentes no Rio Grande do Sul. A situação, segundo especialistas, pode se agravar caso o cenário climático atual se mantenha, com previsão de mais chuvas no estado gaúcho.

Rio Grande do Sul recebe alerta para novas enchentes e Guaíba pode registrar novo recorde

A Defesa Civil e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden) alertaram, em nota técnica, que novas enchentes e possíveis deslizamentos devem acontecer no Rio Grande do Sul entre segunda (13) e terça-feira (14). Ventos podem chegar até 50 km/h.

As chuvas irão afetar os mesmos locais que já foram prejudicados pelas chuvas desde o fim de abril: o centro-norte e o nordeste do estado e a Região Metropolitana de Porto Alegre. Dados do Climatempo Meteorologia mostraram que mais de 306 mm de chuva caíram em Porto Alegre desde o dia 1º e caracterizou o início do mês de maio como o mais chuvoso na capital do estado em 63 anos. 

É previsto que o nível do lago Guaíba suba novamente na capital Porto Alegre e possa atingir a marca histórica de 5,50 metros, segundo a projeção elaborada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Universidade aponta que a preocupação é o aumento das chuvas e o efeito dos ventos que dificultam o escoamento da água e intensificam a cheia do lago. 

O Cemaden também comunicou sobre riscos hidrológicos e geológicos altos no Rio Grande do Sul. Há a possibilidade de deslizamentos de terra na Serra Gaúcha.

A Defesa Civil do estado mostrou no boletim deste domingo (12) que 145 pessoas morreram e 132 estão desaparecidas. As enchentes também deixam 600 mil moradores fora de suas casas.

Frio na enchente


Mais de 2,1 milhões de moradores do RS já foram afetados pelas chuvas. (Foto: reprodução/Instagram/@gustavo.mansur)

A previsão do tempo aponta que a chuva deve começar a diminuir no Rio Grande do Sul durante o dia desta segunda (13) e dar uma trégua até quarta-feira (15). O alerta, agora, é para o frio e risco de geada no extremo sul do estado. A capital pode ter mínima de 8°C, na quarta, enquanto Caxias do Sul possui mínima de 2°C com previsão de geada. 

A alteração da direção do vento também irá dificultar o escoamento da água ao oceano. Um ciclone extratropical no Oceano Atlântico provocará ressaca no litoral do estado, com ondas de até 3 metros de altura que irão prejudicar a saída da água.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, alertou, em um vídeo divulgado neste domingo (12), de que não é o momento de voltar para casas, principalmente em áreas de risco. Leite também comentou que encostas de morro podem ter risco de deslizamento devido ao solo encharcado. 

ANTT libera pedágio para facilitar a chegada de veículos com doações para o RS

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) emitiu uma portaria nesta quinta-feira (9), permitindo a isenção de pedágio para veículos de carga transportando doações destinadas ao Rio Grande do Sul, quando acompanhados por veículos oficiais, conforme rodovias federais.

 “[O diretor-geral da ANTT resolve] Dispensar do pagamento da tarifa de pedágio nas rodovias federais concedidas, veículos de transporte rodoviário de cargas acompanhadas de veículos oficiais transportando donativos ao atendimento da população atingida pela calamidade pública decretada pelo Estado do Rio Grande do Sul”
Lê-se no artigo 4 da portaria.

ANTT

A agência responsável pela regulamentação de todo o transporte terrestre brasileiro, publicou outras medidas a serem tomadas durante o período em que o estado estiver em estado de calamidade.


Vista aérea de Porto Alegre depois das enchentes (Reprodução/Reuters/Amanda Perobelli)


A suspensão da obrigatoriedade do pedágio pretende facilitar o acesso do estado à ajuda humanitária para aqueles atingidos pelas enchentes no estado.

Além da tarifa, os veículos que transportarem donativos terão atendimento prioritário e não precisarão passar pelos procedimentos de fiscalização rotineiras nos postos de pesagem veicular.

 Segundo a ANTT, “a simples declaração verbal do motorista servirá como suficiente para liberar o veículo”. Entretanto, o transportador deverá seguir a atual legislação de trânsito a fim de garantir a segurança viária.

Notícias falsas

Rafael Vitale, diretor-geral da ANTT informou mediante pronunciamento oficial que as medidas contidas na portaria são mera formalização das medidas que já haviam sido tomadas pela agência reguladora.

 O diretor-geral comentou as publicações feitas em redes sociais acusando os órgãos de fiscalização por supostamente impedir ou dificultar a chegada de doações para o Rio Grande do Sul.

“Em Araranguá–SC, foram registrados incidentes isolados de excesso de peso nas balanças, porém, é relevante destacar que essas ocorrências não resultaram em multas, pois serão anuladas devidamente. É crucial ressaltar que apenas seis casos foram identificados, e esses veículos foram autorizados a prosseguir em suas viagens, uma vez que foi confirmado que estavam transportando doações.” afirmou Vitale.

Os vídeos compartilhados sugerem aplicação de multas por excesso de peso nos caminhões e também cobranças de nota fiscal dos donativos, a ANTT nega a situação.