Stella McCartney e H&M anunciam nova colaboração com foco em sustentabilidade para 2026

Quase duas décadas após revolucionarem o conceito de parcerias entre redes de fast fashion e estilistas de renome, Stella McCartney e H&M se reencontram para uma nova colaboração que promete redefinir o diálogo entre moda, inovação e responsabilidade ambiental. A coleção, prevista para chegar às lojas e ao e-commerce da marca sueca no primeiro semestre de 2026, foi oficialmente anunciada durante o Fashion Awards, em Londres, no dia 1º de dezembro.

Celebridades impulsionam a nova coleção

A apresentação da parceria ganhou força imediata com celebridades como Anitta, Emily Ratajkowski, Amelia Gray e Yasmin Wijnaldum, que cruzaram o tapete vermelho vestindo peças da linha inédita. As escolhas reforçaram o apelo da coleção, que resgata códigos característicos da etiqueta de McCartney e revisita momentos marcantes de sua trajetória criativa.


Anitta no Fashion Awards, em Londres (Foto: reprodução/Instagram/@anitta)


Sustentabilidade guia a criação e os materiais

Fiel ao pioneirismo da estilista britânica no campo da moda sustentável, a nova edição aposta em materiais certificados, responsáveis e majoritariamente reciclados, desenvolvidos como alternativas viáveis aos têxteis tradicionais. As peças devem unir o design moderno característico de Stella a soluções que privilegiam inovação, bem-estar animal e menor impacto ambiental.


Sapatos Stella McCartney feitos a partir de materiais veganos (Foto: reprodução/Instagram/@stellamccartney)


Para além do lançamento em si, a parceria inaugura uma iniciativa inédita: o Insights Board, um conselho formado por vozes diversas da indústria com o objetivo de ampliar debates e estimular novas abordagens para sustentabilidade. A proposta é criar um espaço de escuta ativa, curiosidade e colaboração, reunindo perspectivas que possam impulsionar mudanças estruturais no setor.

Propósito renovado e impacto real

Stella McCartney afirmou que analisar seu acervo lhe reacendeu a energia, a memória e o propósito. Ela expressou emoção em retornar à H&M após 20 anos, destacando que este é um momento crucial para refletir sobre os progressos da moda em sustentabilidade e planejar o que precisa ser feito em conjunto. A designer reforçou que transformações reais exigem pressão tanto interna quanto externa, destacando o valor de atuar dentro do sistema para provocar impacto.


Antiga coleção de Stella McCartney em colaboração com H&M (Foto: reprodução/Dave M. Benett/Getty Images Embed)


Para a H&M, a colaboração representa mais um passo em direção a um futuro mais consciente. Ann-Sofie Johansson, Head de Design da marca sueca, elogiou Stella McCartney como uma pioneira que soube unir de forma ímpar feminilidade, atitude e ética. Ela explicou que a coleção atual traduz essa herança em peças desejáveis que refletem a visão da H&M para o futuro da moda.

Com design marcante, propósito claro e uma plataforma de diálogo que ultrapassa as fronteiras da criação, a nova parceria entre Stella McCartney e H&M sinaliza um movimento decisivo rumo a uma indústria mais transparente, colaborativa e sustentável. O lançamento, previsto para 2026, já desponta como um dos mais aguardados da próxima temporada.

H&M desembarca no Brasil com promessas de impacto no fast fashion

A história da marca começa em 1947, quando Erling Persson funda a primeira loja chamada Hennes (“Ela“, em sueco), dedicada exclusivamente à moda feminina. Em 1968, após adquirir a loja Mauritz Widforss, especializada em equipamentos de caça e pesca, o nome passa a ser Hennes & Mauritz ou H&M, como é conhecida mundialmente. Desde então, a empresa se consolida como uma das líderes globais em moda acessível, com coleções modernas, colaborações com grandes nomes e uma pegada jovem e internacional.

Com mais de 4.300 lojas ao redor do mundo e presença em 77 países, a varejista sueca H&M finalmente estreia no Brasil, trazendo a promessa de agitar o mercado de fast fashion nacional. Conhecida por suas campanhas estreladas por celebridades internacionais, a marca une moda acessível com tendências globais e parcerias icônicas.

Estreia em solo brasileiro

A chegada oficial da H&M ao Brasil acontece no dia 23 de agosto, com a abertura da primeira loja física no Shopping Iguatemi São Paulo, em um espaço de mil metros quadrados. No mesmo dia, o e-commerce nacional também entra no ar. Já no dia 4 de setembro, é a vez do Shopping Anália Franco, que conta com o dobro de espaço e inclui, além das linhas femininas e de acessórios, moda masculina e infantil.


H&M estreia no Brasil com lojas físicas, e-commerce e foco em parcerias locais (Foto: reprodução/Instagram/@hm)


A marca também sinaliza planos de investir na produção local, colaborações com designers brasileiros e campanhas com personalidades nacionais, estratégias que prometem fortalecer a conexão com o público e adaptar o portfólio ao estilo e clima brasileiros. As lojas começam com a coleção de verão que circulou no hemisfério norte no primeiro semestre.


H&M chega ao Brasil com moda global, produção local e campanhas com estrelas nacionais (Foto: reprodução/Instagram/@hm)


Expectativas para o fast fashion

Apesar da empolgação, ainda há dúvidas sobre os preços no Brasil, uma questão importante em tempos de consumidores mais atentos e exigentes. Até agora, sabe-se que vestidos custam a partir de R$ 199,99. Com uma proposta global aliada a estratégias locais, a H&M marca uma nova fase do fast fashion no país, oferecendo mais variedade e inovação para quem busca moda acessível, com informação de estilo.

Quando o Vintage vira Fast Fashion: o paradoxo do consumo consciente

O crescimento do mercado de roupas de segunda mão, impulsionado por uma geração mais consciente, deveria ser um alívio sustentável frente ao impacto ambiental da indústria da moda. No entanto, o fenômeno do consumo acelerado atingiu até o universo vintage, transformando brechós em espaços hype e alimentando novos ciclos de consumo excessivo.

Essa contradição tem levantado debates sobre como o consumo consciente está sendo apropriado pelos mesmos padrões que prometia combater. A lógica da fast fashion baseada em compra frequente, tendências rápidas e descartabilidade parece ter contaminado o mercado secondhand, criando um paradoxo difícil de ignorar.

Brechó virou tendência, mas a lógica continua a mesma

Nas últimas décadas, os brechós deixaram de ser vistos como alternativa econômica ou solução ecológica para se tornarem vitrines de estilo e exclusividade. Com o aumento da procura, surgiram curadorias sofisticadas, preços elevados e até filas para acessar peças únicas. O problema é que, embora as roupas tenham vindo de ciclos anteriores, a forma de consumo se mantém veloz e impulsiva.

Pessoas compram roupas usadas não necessariamente por consciência ambiental, mas para manter uma aparência de estilo autêntico e original. A lógica por trás do consumo, o desejo de ter mais, mostrar mais e acumular, permanece enraizada. Assim, mesmo as práticas que deveriam ser sustentáveis acabam alimentando o mesmo sistema que pretendem reformar.

O comportamento de “garimpar” virou moda. Influenciadores e consumidores exibem suas aquisições vintage como troféus nas redes sociais, promovendo uma nova onda de desejo e status. Com isso, a peça de brechó deixa de ser símbolo de resistência e passa a ser mais um item de um guarda-roupa efêmero, trocado com a mesma rapidez das coleções de fast fashion.


Reportagem da Jovem Pan News sobre a fama das lojas fast fashion e brechós no Brasil. (vídeo: reprodução/YouTube/Jovem Pan News)


Consumo consciente ou novo produto de massa?

Estamos vivendo um paradoxo: o consumo consciente, antes pautado pela reflexão e pela redução, virou um produto de massa. O ato de comprar em brechós, antes considerado uma forma de escapar da lógica predatória da moda rápida, passou a ser apenas mais um meio de manter o ritmo de compras, agora com um verniz ecológico.

Essa realidade levanta uma questão urgente: é possível consumir de forma consciente dentro de um sistema que incentiva o excesso? Talvez o caminho esteja menos em onde se compra e mais em como e por que se consome. Reavaliar motivações, reduzir impulsos e valorizar o que já se tem pode ser mais revolucionário do que qualquer tendência vintage.

França aprova projeto de lei para restringir fast fashion e mira Shein e Temu

Projeto de lei aprovado nesta terça-feira (10) pelo Senado francês impõe restrições à indústria de fast e ultra fast fashion, mirando diretamente plataformas estrangeiras como Shein e Temu. A proposta, em tramitação há mais de um ano, foi protocolada pela deputada Anne-Cécile Violland e aprovada por unanimidade na Assembleia Nacional.

O argumento central do projeto é o impacto ambiental e social do modelo de produção ultrarrápida. A senadora Sylvia Valente Le Hir, integrante do partido Os Republicanos e relatora do texto, afirmou que a proposta traça uma linha clara entre a moda ultrarrápida — a qual se pretende regular — e a moda acessível e enraizada — que gira a economia e o mercado de trabalho francês — a qual se quer preservar.

Procurando evitar o consumo excessivo, que gera grande volume de resíduos e prejudica a indústria têxtil local.

Medidas e penalizações 

Faz parte do projeto uma série de medidas rígidas contra empresas consideradas poluidoras. As quais são: a proibição de publicidade de plataformas chinesas no território francês; penalidade mínima de 10 euros por peça até 2030, caso as empresas não respeitem os critérios ambientais, podendo a multa alcançar até 50% do valor do produto.


França enrijece leis sobre as fast fashion (Foto ou vídeo: reprodução/Instagram/@earthdaynetwork)

Para além, as empresas de ultra fast fashion deverão conscientizar os consumidores, apresentando o impacto ambiental de seus produtos e pagar ecocontribuição baseada na sustentabilidade dos produtos.

Críticas e apoio político ao projeto

Críticos da proposta, como Quentin Ruffat, porta-voz da Shein na França, alegam que as medidas devem ser aplicadas a todas as empresas de forma igualitária para serem realmente eficazes, já que o texto apresenta normas mais rígidas às empresas chinesas e protege varejistas como Zara e H&M.


Fast fashion na França (reprodução/YouTube/Moda by Luna)

Apesar disso, o texto recebeu amplo apoio no parlamento francês, porque a produção em larga escala e os preços baixos praticados pelas chinesas promovem concorrência desleal com o mercado francês.

A lei, caso sancionada, representará uma das ações mais incisivas da Europa contra a fast fashion e poderá servir como referência para outras nações que enfrentam questões semelhantes.

Desperdício têxtil resultado do fast fashion impacta prejudicialmente o meio ambiente

Realizado a pedido da deputada americana Chellie Pingree, o primeiro relatório federal obrigatório sobre o impacto do fast fashion no cenário ambiental foi divulgado com exclusividade, na última quinta-feira (12), pela Teen Vogue americana. O documento foi solicitado por Pingree – fundadora do Slow Fashion Caucus, um movimento que promove a economia circular de têxteis nos EUA – ao Government Accountability Office, com o intuito de demonstrar, de maneira clara, mediante dados, o que o desperdício resultante da produção de fast fashion está causando ao meio ambiente. 

Os números são alarmantes, mas não surpreendentes. O relatório concluiu que nos últimos vinte anos, houve um aumento de cerca de 50% dos resíduos à base de poliéster em aterros sanitários. Mas, segundo Pingree, a constatação é incerta e pode esconder dados ainda mais perigosos, já que a indústria da moda possui um grande déficit de informações – o desperdício nunca foi medido até hoje e, os poucos dados fornecidos, são desatualizados. Assim, o documento também auxilia na constatação desses números e facilita o caminho para encontrar soluções.

Uma cadeia de problemas

A descoberta mais oportuna relatada no relatório é a descrição do problemático sistema de desperdício têxtil. Para Teen Vogue, a deputada americana afirmou:

As pessoas estão comprando muito mais roupas agora, usando-as por um período de tempo muito mais curto, jogando-as fora, e elas estão acabando em nossos aterros sanitários. E elas não estão apenas sendo jogadas fora, mas, como o relatório enfatiza, elas podem se transformar em qualquer número de elementos nocivos, seja gás metano na atmosfera ou microfibras de plástico que podem levar para as águas subterrâneas ou para o oceano.”

Esse relato valida a opinião de diversas fontes ao redor do mundo, que a muito tempo confirmam o aumento desses resíduos e sua problematização.


Aterro sanitário abarrotado com resíduos têxteis (Foto: reprodução/ \Royalty-free/Getty Images Embed)


Além do desenfreado aumento na produção de roupas por parte das marcas, a preocupação também recai na falta de uma infraestrutura que viabilize aos consumidores uma circulação dessas peças. O relatório também deixa evidente a necessidade de regulamentação que torne as marcas que comercializam nos Estados Unidos responsáveis por esses resíduos.


Cada vez mais, aumenta a necessidade de um consumo de moda mais sustentável (Foto: reprodução/Royalty-free/Getty Images Embed)


Apesar de já existirem medidas e leis federais americanas que promovem o consumo de moda mais sustentável – como o projeto de lei Americas Act, da American Circular Textiles, que busca melhorar a reciclagem, e o The Fabric Act, que tem o intuito de aumentar os salários da indústria e, como consequência, criar mais empregos – agora, a grande preocupação é simbolizada por uma Casa Branca e um Senado preenchidos de republicanos, que historicamente não trazem a agenda ambiental como sua prioridade. 

Sobre essa questão, Pingree argumenta que posteriormente já trabalhou com muitos políticos republicanos, e acredita que apesar de seu foco não ser a poluição, o número crescente de importações da China e a perda da manufatura de trabalhadores americanos, pode significar um caminho estratégico na busca de apoio.

Outra questão levantada pela deputada é a dor de cabeça e a preocupação com o alto custo que os aterros sanitários representam para diversos governos do país e como a possibilidade de transferência desse fardo de volta para os fabricantes externos pode resultar em um movimento de atração. Pingree sugere que a criatividade será essencial para atrair apoio e visibilidade para essa questão.

Ainda há esperança

Com um suspiro de alívio, Chellie Pingree acredita que os jovens cada vez mais priorizam movimentos de revenda e reutilização de vestuário, e podem ser os responsáveis por liderar um caminho de consumo mais sustentável, apesar da preocupação com os prejudiciais cortes de orçamento. 

O relatório finaliza com seis recomendações diferentes sobre como as agências governamentais podem lidar com o desperdício, talvez estabelecendo um mecanismo que coordene os esforços federais na circularidade têxtil e envolver participantes federais para estabelecer metas e necessidades, visando resultados que beneficiem a sociedade na totalidade.

França aprova projeto de lei para redução de fast fashions no país

A França aprovou no mês passado um projeto de lei que pretende diminuir o consumo de fast fashion em todo o país. O projeto ainda precisa passar pela votação final do senado antes de se tornar uma lei, mas as empresas já estão se preparando para o novo cenário.

O projeto de lei prevê a proibição de publicidades para as marcas de fast fashion, uma taxa ambiental de até 5 euros sobre cada peça produzida e uma taxa ambiental gradual que pode custar 10 euros até o ano de 2030.

As medidas pedidas no projeto visam tornar um pouco mais caro a produção das peças, mas as taxas exigidas não podem passar de 50% do valor da peça. O dinheiro recolhido pelas taxas será usado para apoiar marcas sustentáveis em sua produção têxtil.


Problema ambiental de fast fashions (Foto: reprodução/Francois Le Nguyen/ Unsplash)

Segundo os criadores do projeto, as fast fashion influenciam o consumo exacerbado e preços baixos que geram um grande impacto ambiental, pois as pessoas acabam comprando cada vez mais roupas que ficam obsoletas, pois saem de moda muito rapidamente.

Fast Fashion

São marcas que produzem peças em grande escala em uma velocidade recorde e acompanhando as tendências do momento.

Esse modelo de venda de vestuário faz com que o consumidor compre cada vez mais peças, que são baratas para produzir pela marca, pois não utilizam matéria-prima de boa qualidade. 

Isso reforça a má remuneração dos trabalhadores da indústria têxtil e grandes impactos ambientais, pelo alto descarte das peças que logo se perdem ou que ficam paradas nos guarda roupas das consumidoras.

Marcas

As empresas não estão nada satisfeitas com as medidas do governo, mas também entendem a preocupação com o meio ambiente. Estavam até procurando uma forma de minimizar os impactos causados, trazendo conscientização para os clientes para que eles consertassem as peças antes de descartá-las.

O projeto de lei pede que as empresas coloquem avisos claros sobre o impacto ambiental que as peças causam no meio ambiente e incentivam os consumidores a reciclarem as peças, se isso não for cumprido a multa será de 15 mil euros.

Denunciada por plágio, SHEIN tem 30 processos abertos em 2023

A plataforma de varejo chinesa mais uma vez figura entre polêmicas. Após a taxação obrigatória de 60% do imposto de importação das compras, a empresa agora se vê diante de acusações de plágio.

Em setembro do ano passado, um rebuliço surgiu acerca das taxas de importação da plataforma após sua regularização na Receita Federal. Conhecida por adaptar itens de moda, beleza, artigos para decoração, etc. e vendê-los a preços mais acessíveis, a gigante passa por um impasse de grandes proporções em 2024, tendo registrado cerca de 100 processos de violação de direitos autorais, 30 deles somente em 2023. Entre alguns dos requerentes estão a Uniqlo, dona da bolsa Round Mini Shoulder Bag, Ralph Lauren, Oakley e Deckers. A japonesa abriu uma ação judicial contra a varejista. A Shein afirma estar investindo em sistemas de detecção de cópias.



Foto destaque: a bolsa Round Mini Shoulder Bag, da Uniqlo (reprodução/ Uniqlo)

A plataforma

Conhecida por seus preços acessíveis de moda fast-fashion, a empresa chinesa ganhou visibilidade nos últimos anos por difundir este tipo de consumo. Atualmente, a receita da varejista conta com números exorbitantes de faturamento, chegando a R$ 60 bilhões. A aposta em réplicas levou a loja a inclusive instalar alguns pontos de venda físicos pelo mundo, tornando-se uma das maiores varejistas internacionais. A marca ganhou expressão a fazer colaborações com diversos artistas, como a brasileira Anitta, temas, e mais recentemente ganhou o público otaku com uma collab com o anime/mangá Ataque dos Titãs.

As polêmicas

Para além das acusações de plágio, que não são novidade, a Shein passou e passa por dificuldades no que diz respeito aos direitos humanos. Para além dos mais de 100 processos de violação de direitos autorais, somam-se mais um número de violações aos direitos humanos, apontando principalmente as condições trabalhistas do algodão utilizado originado da China, em Xinjiang.

Porém, a Shein afirma que está “comprometida em respeitar os direitos humanos” ao ser posta de face às acusações.