UE reprova comentário de Javier Milei atacando esposa de político

Josep Borrell, alto-representante da União Europeia, repreendeu neste domingo (19) a fala do presidente argentino Javier Milei em evento do Vox. O político atacou a esposa do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, acusando-a de corrupção. O episódio pode indicar uma crise diplomática entre os países.

A resposta de Borrell

Em resposta ao ataque de Milei, Josep Borell foi às redes sociais para criticar o que Milei disse. “Ataques contra familiares de líderes políticos não têm lugar em nossa cultura: nós os condenamos e rejeitamos, especialmente quando vindos de parceiros”, escreveu ele no X. O incidente fez com que a administração espanhola contatasse a embaixadora do país na Argentina, Maria Jesús Alonso Jiménez, para uma consulta diplomática, já que a fala do presidente é um indício de tensão entre as nações. O governo espanhol avisou que tomará medidas caso o presidente argentino não faça um pedido de desculpas público pelas ofensas proferidas.


O evento Vox convidou o presidente argentino para falar, o que gerou uma crise diplomática entre os países (Foto: reprodução/Juan Naharro Gimenez/Getty Images embed)


As declarações foram feitas por Milei neste domingo (19) durante o evento do Vox, o partido da extrema-direita espanhola . A viagem de Milei à Espanha foi questionada pelos cidadãos argentinos por não haver um encontro oficial com autoridades espanholas no evento. De acordo com José Manuel Albares, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Milei foi bem recebido e “com todo o respeito e a deferência devida” que lhe cabe, com o governo colocando a seu dispor recursos públicos necessários durante sua estadia no país europeu.

A esta hospitalidade e boa fé, ele respondeu com um ataque frontal à nossa democracia, às nossas instituições e à Espanha. É inaceitável que um presidente em exercício em visita à Espanha insulte a Espanha e o presidente do governo da Espanha”, disse o ministro espanhol.

A fala de Milei

Durante sua fala, Javier Milei foi irônico em comentar que Sánchez se afastou das atividades oficiais por cinco dias para avaliar se continuava ou renunciava à liderança do governo após uma investigação contra a sua esposa, Begoña Gómez, ter sido aberta. Gómez foi investigado por tráfico de influência em processos de licitação.

O presidente também atacou o socialismo durante sua fala no evento. Ele declarou que a esquerda quer impor uma visão imoral e contrária aos valores do mundo ocidental, afirmando que o sistema político argentino defende ideias de liberdade. O político se diz convencido, mais do que nunca, que essas ideias precisam ser defendidas do “câncer” do socialismo.


Milei foi eleito com 55% dos votos, sendo o presidente mais votado na história do país  (Foto: reprodução/Tomas Cuesta/Getty Images embed)


Milei declarou que o sistema socialista vai contra a natureza humana e que essa ideologia leva à escravidão e à morte. O presidente também defendeu os princípios do liberalismo, como a defesa da vida, da liberdade e da propriedade privada. As declarações de Milei não são uma surpresa, já que ele é conhecido por seus ideais radicais desde sua eleição em 2023. O atual presidente tem planos ousados para tirar a Argentina da crise econômica, que, nas palavras dele, fez com que seus conterrâneos empobrecessem sistematicamente, com a pobreza no país se multiplicando dez vezes em 50 anos.

Argentina cancela mais de 700 voos devido à greve geral contra o governo de Milei

Cerca de 700 voos que deveriam partir ou chegar em aeroportos argentinos nesta quinta-feira (9) foram cancelados devido à greve geral promovida por sindicalistas frente aos cinco meses de governo de Javier Milei.

Com a adesão de profissionais como pilotos e trabalhadores aeronáuticos à greve, apenas no Aeroporto Internacional Ministro Pistarini de Ezeiza e Aeroporto Jorge Newberry em Buenos Aires, já houveram 400 voos cancelados e 55 mil passageiros prejudicados, conforme a administradora Aeropuertos Argentina 2000.

 BRA para ARG

Ao menos 31 voos entre Brasil e Argentina que seriam realizados nesta quinta tiveram de ser cancelados. A companhia aérea Gol informou o cancelamento de todos os seus voos de ou para os aeroportos de Buenos Aires, Mendoza, Córdoba e Rosário. Da Gol, pelo menos oito voos foram cancelados.

Ainda segundo a Gol, para os clientes afetados pelo cancelamento, foram criadas operações extras nesta sexta para compensação. Os clientes com passagem dos voos cancelados poderão alterar a data e horário sem custo algum ou poderão solicitar o reembolso integral do valor pago na passagem.

A Latam também informou o cancelamento de toda sua operação para e de aeroportos argentinos, desta, pelo menos dez voos foram cancelados.

Greve na argentina (Foto: reprodução/Twitter/@sputnik_brasil)

Prejuízo

 A companhia aérea bandeira do país, Aerolíneas Argentinas, teve de cancelar 191 voos nacionais e internacionais, afetando aproximadamente 24 mil passageiros, sendo 3 mil deles de voos internacionais, totalizando um custo de US$ 2 milhões. A empresa ainda informou que não oferecerá atendimento presencial de funcionários nem nos aeroportos e nem em suas filiais devido à greve.

Greve geral

 A greve geral de 24 horas que aconteceu nesta quinta é a segunda medida tomada pelos sindicalistas opositores ao governo de Javier Milei com duração de apenas 5 meses. A primeira delas foi em 24 de janeiro e teve caráter nacional durante 12 horas que também paralisaram o setor aeronáutico do país.

Agora, a convocação aconteceu em reação ao mega projeto de lei de Javier Milei que promove mudanças na administração pública e também em diversas legislações do país. Além disso, a lei também declara estado de emergência pública administrativa, econômica, financeira e energética e concede ao próprio presidente poderes legislativos para governar estas áreas.

O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e será votado pelo Senado na próxima semana. Caso seja aprovado, permitirá que o governo dissolva órgãos públicos e privatize parte de suas estatais, entre elas a Aerolíneas Argentinas.

 

 

Corte na educação gera protestos na Argentina

Na Argentina, uma onda de protestos massivos está varrendo o país em resposta aos cortes substanciais no orçamento da educação, desencadeados pelo presidente ultraliberal Javier Milei. Na última terça-feira (23), dezenas de milhares de pessoas, entre estudantes, professores e opositores políticos, saíram às ruas em uma das maiores manifestações já vistas contra os cortes de verbas para universidades públicas.

Os protestos ganharam força em Buenos Aires, onde os manifestantes se reuniram nas sedes das 13 faculdades da Universidade de Buenos Aires (UBA), que recentemente declarou emergência orçamentária. A marcha seguiu em direção à Praça de Maio, local simbólico para protestos na capital argentina.


Manifestantes fazem escárnio da imagem do presidente argentino Javier Milei (Foto: reprodução/Instagram/Natacha Pisarenko)

Mobilizações

Empunhando livros e cartazes com mensagens como “Milei ou educação” e “a universidade lutando também está ensinando”, a mobilização não ficou restrita a Buenos Aires. Em várias cidades argentinas, alunos, ex-alunos e professores de 57 universidades nacionais convocaram marchas em defesa da educação pública e gratuita.

O protesto contou com o apoio de diversas entidades, incluindo centrais sindicais, partidos políticos, professores universitários e até mesmo universidades privadas. Figuras políticas proeminentes, como Sergio Massa, ex-ministro da Economia, marcaram presença, destacando a importância do movimento. No entanto, Massa optou por não fazer declarações, afirmando que era o momento dos reitores e dos jovens se pronunciarem.

Superávit

O motivo dos protestos é a decisão do governo de repetir o orçamento do ensino superior de 2023 para este ano, sem fazer ajustes para compensar a inflação, que atingiu quase 290% ao ano. Isso resultou em diversas universidades declarando emergência orçamentária.

Enquanto o governo afirma ter registrado superávit no primeiro trimestre, as instituições educacionais estão enfrentando cortes de funcionamento que colocam em risco suas atividades.

Os cortes afetam diretamente os salários dos professores, com alguns já abaixo da linha da pobreza. Além disso, o aumento exorbitante nas tarifas de energia tem deixado as universidades à beira da paralisia. O presidente Milei questionou a transparência no uso dos fundos e a qualidade do ensino, sugerindo que as universidades públicas são utilizadas para “negócios obscuros e doutrinação”.

Manifestação em Buenos Aires é reprimida por policiais

Manifestantes e a Polícia Federal da Argentina entraram em conflito durante protesto contra os cortes na área de assistência social, nesta segunda-feira (18), em Buenos Aires. Com o slogan “A fome é o limite”, a manifestação reuniu diferentes integrantes de partidos de esquerda e de movimentos sociais que denunciaram a crise alimentícia no país.

Repressão policial

O protesto foi organizado pela União dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP) para demonstrar a insatisfação da população com a política de congelamento de fundos direcionados ao abastecimento e funcionamento de cozinhas comunitárias. Os manifestantes tentaram entrar em Buenos Aires pelas pontes Pueyrredón e Saavedra, onde foram reprimidos pelas forças policiais com spray de pimenta e cassetetes.

A polícia argentina informou que haviam cerca de 4 mil pessoas na Ponte Pueyrredón e cerca de mil pessoas na Ponte Saavedra, segundo o site Infobae. A UTEP convocou os manifestantes pelas redes sociais e propôs bloqueios em 500 regiões da Argentina, o que desafiou o protocolo antibloqueio da ministra de Segurança, Patricia Bullrich.

O prefeito de Buenos Aires, Jorge Macri, fez um post no X (antigo Twitter) em comemoração à ação da Polícia Federal. Na rede social, Macri escreveu que a “ordem não se negocia” e que as ruas precisam estar disponíveis para uma livre circulação de todos. “Evitamos que diversas colunas de manifestantes entrassem na Cidade de Buenos Aires. Para a nossa equipe é uma prioridade a convivência pacífica entre quem precisa circular livremente para trabalhar e estudar e quem quer se manifestar”, declarou o prefeito.



Protocolo antibloqueio

Em dezembro de 2023, o governo de Javier Milei anunciou que seriam aplicadas severas sanções àqueles que não seguirem o protocolo antibloqueio desenvolvido pela ministra de segurança Patricia Bullrich. De acordo com o protocolo, os manifestantes poderão realizar somente os protestos nas calçadas, medida implantada para evitar bloqueios de ruas e avenidas.

A decisão também proíbe a presença de crianças e adolescentes nos protestos e estabelece que os organizadores das manifestações precisam pagar pelas forças de segurança para proteger os participantes dos atos.

Senado argentino rejeita Decreto Nacional de Urgência de Milei

Na última quinta-feira (14), o Senado argentino reprovou o decreto econômico do atual presidente Javier Milei. O Decreto Nacional de Urgência (DNU) agora segue para a votação na Câmara dos Deputados, onde pode ser definitivamente derrubado.

A sessão de votação foi convocada pela vice de Milei, Victoria Villarruel, sem o aval do presidente e durou mais de sete horas. Apesar do resultado, a medida ainda continua vigente – é necessária a rejeição em duas casas para que seja derrubada – e esta é a primeira vez que um DNU de um governante ainda em seu posto é rejeitado.


Senado argentino durante votação do DNU de Milei (Foto: reprodução/Augustin Marcarian/Reuters)

Decreto Nacional de Urgência

Também chamado de “decretaço”, o DNU é semelhante a uma Medida Provisória brasileira e foi assinado por Milei em 20 de dezembro de 2023. O Decreto prevê a desregulamentação de mais de 600 leis do país, como a eliminação de políticas de controle de preços das leis de Abastecimento e de Aluguéis e a privatização de empresas estatais.


Victoria Villarruel, a esquerda, e Javier Milei, a direita (Foto: reprodução/Matias Baglietto/Reuters)

A votação foi convocada por Villarruel sem o conhecimento de Milei; este, por sua vez, não desejava que o processo acontecesse, segundo os jornais argentinos. De acordo com os veículos, a relação entre o presidente e a vice, que também preside o Senado, já não era das melhores desde a formação do gabinete presidencial.

Reação do governante

Após a rejeição do Decreto, o gabinete do governo publicou uma nota na rede social X (antigo Twitter), que relembra um discurso do presidente para os legisladores. O texto diz que foram apresentadas duas alternativas por Milei, sendo elas: o acordo ou o confronto.

Chegou o momento da classe política decidir de qual lado da história quer ficar“.

Javier Milei em declaração publicada no X

O presidente afirmou, ainda, que a votação mostrou “quem são os que estão contra os argentinos“, quando questionado pelos veículos nacionais sobre a derrota.

Vice presidente da Argentina marca votação no Senado sem se consultar com Milei, que publica indireta nas redes sociais

Nesta quarta-feira (13), o presidente da Argentina, Javier Milei, se mostrou publicamente insatisfeito com sua vice, Victoria Villarruel. Isso porque, Villarruel teria iniciado a tramitação do Decreto de Necessidade de Urgência (DNU) no Senado sem previamente  consultar Milei. 

Popularmente conhecido como “decretaço”, o DNU é uma espécie de medida provisória, na qual prevê reformas na economia Argentina. No entanto, enquanto o “drecretaço” não fosse enviado para votação no Congresso, o presidente ainda teria tempo para conquistar maioria de votos. Dessa forma, a atitude de Villarruel foi vista como premeditada, além de ter causado insatisfação por não ter sido avisada previamente à Milei. 


Com a presença de seus ministros, Javier Milei anuncia Decreto de Necessidade de Urgência (DNU), o “decretaço“, para conter a instabilidade da economia argentina. (Foto: Reprodução/@JefaturaAR/X)

Gabinete da Presidência posta indireta à vice nas redes sociais

Em publicação no X, sem citar o nome de Victoria Villarruel, o gabinete da Presidência divulgou uma nota com diversas indiretas direcionadas à vice-presidente. O comunicado declarava que “alguns setores da classe política pretendem avançar com uma agenda própria e não consultada”, além disso, agradeceu aos congressistas que “que não se prestam ao jogo perverso daqueles que deliberadamente entorpecem o desenvolvimento da nação”.

A nota divulgada enfatizou a insatisfação com a tramitação do DNU no Senado argentino, inclusive nomeando a medida provisória no decorrer do comunicado. “Tanto o tratado apresentado no DNU 70/23 como a iniciativa de promover uma forma de reformulação sem consenso violam o espírito de acordo promovido pelo presidente na sua convocatória ao Pacto de Maio”, expressou a nota divulgada pelo perfil oficial do gabinete da Presidência no X, nesta quarta-feira (13). 

Decretaço” será votado nesta quinta-feira (14)

Nesta quinta-feira (14) às 11h no horário de Brasília, o Senado argentino discutirá, pela primeira vez, a tramitação do Decreto de Necessidade de Urgência (DNU), medida provisória que visa a reformulação da economia Argentina proposta por Javier Milei, logo quando assumiu a presidência no final de 2023. 

A vice-presidente, Victoria Villarruel, até tentou prorrogar o início da discussão do “decretaço” para a próxima semana, no entanto, senadores de oposição conseguiram pressionar para que a votação se iniciasse já nesta quinta-feira (14). 

Isso porque, diferentemente do Brasil, na Argentina, o vice-presidente eleito é pleiteado automaticamente com o cargo da presidência do Senado. Dessa forma, é nítida a importância de Villarruel na articulação política das votações do Congresso.

Argentina tem primeiro superávit mensal em 12 anos

O governo da Argentina informou, na última sexta-feira (16), que, pela primeira vez em 12 anos, o Estado conseguiu um superávit fiscal no mês de janeiro. Isso ocorre devido às fortes políticas de corte de gastos no país instauradas pelo presidente Javier Milei.

Primeiro superávit mensal em 12 anos

Um superávit ocorre em um país quando a receita gerada pelo governo é maior que as despesas. Em janeiro, a Argentina conseguiu um superávit de US$ 589 milhões, aproximadamente R$ 2,93 bilhões, que não era visto há mais de uma década. Segundo o Ministério da Economia do país, é o primeiro superávit mensal desde agosto de 2012 e o primeiro de um mês de janeiro desde 2011.


Casa Rosada, sede da presidência da Argentina, em Buenos Aires (foto: reprodução/ Poder 360)

O presidente Javier Milei tem como uma das principais metas reduzir até zero o déficit público e, para conseguir chegar na meta, o governo tem revisado subsídios e freado investimentos públicos. A ideia de Milei é reestruturar as reservas internacionais para poder diminuir a crise de desconfiança de investidores estrangeiros e poder reequilibrar o valor da moeda Argentina.

A Argentina está com uma inflação que ultrapassou 250% nos últimos 12 meses, de acordo com o instituto oficial de estatísticas (Indec). O reflexo do desequilíbrio da moeda é observado com os altos índices de pobreza no país:  atualmente 45% dos argentinos vivem abaixo da linha da pobreza. Segundo um estudo realizado pelo jornal “Ámbito Financiero”, a projeção a curto prazo é ainda pior: 57,4% da população terá que lidar com a pobreza, mais de 26 milhões de argentinos.

Milei recusa estabelecer um salário mínimo

Ainda na sexta-feira (16), Javier Milei negou a chance de desenvolver um novo salário mínimo que compense a alta inflação anual. A principal central sindical Argentina, CGT, pediu um aumento de 85% no Conselho do Salário Mínimo. O presidente declarou que não acredita que políticos possam escolher o valor do salário mínimo. “Não acredito que um político possa definir um preço à mão. Nem passa pela minha cabeça. Eu vou emitir um decreto fixando um preço?”, afirmou Milei.

O presidente disse que o salário mínimo deve ser algo discutido entre os trabalhadores e empregadores, sem intervenção do governo. O Conselho tentou estabelecer o valor do salário mínimo em 156 mil pesos, cerca de R$928,00, mas não foi aceito.

Coalizão liderada por Milei propõe revogação da lei do aborto na Argentina

Nesta segunda-feira (5), deputados da coalizão de partidos liderada pelo presidente argentino Javier Milei, La Libertad Avanza, protocolaram um projeto de lei para revogar a lei do aborto na Argentina. O documento foi divulgado nesta quarta-feira (7), propondo medidas polêmicas que têm gerado intensos debates na sociedade.

O projeto de lei busca a revogação da Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVE), aprovada em 30 de dezembro de 2020 e promulgada em 14 de janeiro de 2021, propondo que o aborto seja considerado crime tanto para a mulher quanto para os envolvidos no procedimento. Uma das características mais controversas do projeto é a ausência de exceções em casos de estupro.

Penalidades previstas no projeto

De acordo com o texto apresentado na Câmara dos Deputados, as penalidades para o aborto proposto pelo projeto são rigorosas. A mulher que realizar o aborto seria punida com prisão de um a três anos. Para aqueles que provocarem o aborto de uma mulher sem seu consentimento, as penas variariam de três a dez anos, podendo chegar a 15 anos em caso de morte da mãe. Caso haja consentimento, as penas seriam de um a quatro anos, podendo chegar a seis anos em caso de morte da mulher.

Contextualização

O projeto apresentado na Câmara dos Deputados é acompanhado pelo slogan declarado recentemente pelo governo Milei, que proclama 2024 como o “Ano da defesa da vida, da liberdade e da propriedade”. O presidente argentino, em seu discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em janeiro, criticou as agendas feministas e ambientais, afirmando que o “libertarianismo já estabeleceu a igualdade entre os sexos” e questionando as ideias de proteção ambiental que advogam pelo controle populacional e o aborto.

Resposta do governo


O texto proposto estabelece penalidades de prisão tanto para mulheres quanto para profissionais de saúde que realizarem o procedimento de aborto (Foto: reprodução/PODER360)

Após as declarações de Milei, o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, afirmou que revogar a lei do aborto não está na pauta atual do governo, destacando que o foco é “endireitar a Argentina“. Entretanto, ele deixou aberta a possibilidade de debate futuro sobre o assunto.

Legislação vigente

A Lei 27.610 sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVE), em vigor desde janeiro de 2021, permite o aborto até 14 semanas de gestação de forma segura, legal e gratuita, respeitando o prazo máximo de dez dias a partir da solicitação. Além disso, o aborto é permitido nos casos em que a vida da mulher está em perigo ou se a gravidez é resultado de estupro, conforme estabelecido desde a adoção do Código Penal em 1921.

Após oposição, Milei retira reformas ficais da chamada ‘Lei Ônibus’

Depois de uma rejeição generalizada, o governo de Javier Milei retirou um capítulo do decreto de mais de 600 capítulos que instalou após assumir o governo do país, conhecido como “Lei Ônibus”, onde incluía uma série de reformas ficais.

Segundo o Ministro da Economia, Luis Caputo, o capítulo fiscal do projeto de lei será removido. Esse capítulo incluía aumento de impostos sobre as principais exportações, como derivados de soja, grãos e milho, que são alguns dos principais produtos do país. O governo também decidiu abdicar de algumas reformulações planejadas sobre as pensões e de um possível aumento no imposto de renda.

Milei vem enfrentando obstáculos

Desde que assumiu a presidência da Argentina, Milei vem tentando passar o projeto de lei, e o capítulo removido representava um dos maiores obstáculos para a sua aprovação, que vem enfrentando uma caminhada complicada e polêmica.


Presidente da Argentina Javier Milei (Foto: reprodução/Instagram/@javiermilei)

De acordo com o Ministro da economia, com o capítulo fiscal fora do caminho, o projeto deve passar por uma linha de chegada no congresso argentino, onde o executivo chegou a um “consenso claro” sobre alguns dos pontos mais importantes do projeto de lei, que incluem medidas polêmicas, como a privatização de algumas empresas estatais.

Projeto deve ser votado na próxima terça-feira

Existe uma expectativa de que o projeto de lei seja votado já na próxima terça-feira (30) na Câmara dos Deputados, onde, depois de receber um primeiro parecer positivo, a oposição rejeitaria quase 200 reformas caso o governo não aceite as modificações.

Inicialmente chamada de “Lei Ônibus”, ela foi apresentada como uma solução para revolucionar o sistema econômico argentino, alterando centenas de leis e regulamentos vigentes. Foi complementada por um decreto de mais de 300 artigos com uma série de desregulamentações, a maioria das quais já foi parcialmente suspensa pelos tribunais e também deve receber uma consideração do congresso.

Desde que assumiu o cargo em dezembro do ano passado, Javier Milei tem tentado implementar medidas para conter a inflação do país, que chegou a 211% em 2023. No entanto, ele é dificultado pelo fato de seu partido não ter maioria na câmara de deputados.

Greve geral agita a Argentina e governo Milei enfrenta protestos massivos contra reformas

Na última quarta-feira (24), o governo do presidente argentino, Javier Milei, enfrentou a primeira greve geral convocada pela Central Geral de Trabalhadores (CGT), principal sindicato do país.

A paralisação contou com a participação de cerca de 1,5 milhão de pessoas em todo o país, marcando um gigantesco protesto contra o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) e o controverso projeto de “lei ônibus”, que deve ser votado na próxima semana.

Adesão massiva da população


Os organizadores da greve alegam que 350 mil pessoas participaram da marcha na cidade de Buenos Aires, ao passo que o governo estima apenas 40 mil (Foto: reprodução/Notícias ao Minuto)

Os promotores da greve afirmam que 350 mil pessoas marcharam na cidade de Buenos Aires, enquanto o governo estima em apenas 40 mil. A divergência reflete a polarização em torno das reformas propostas por Milei. O projeto de “lei ônibus”, originalmente programado para votação nesta quinta-feira, foi adiado devido à falta de apoio da chamada “oposição dialoguista”.

A greve paralisou parcialmente o país, afetando setores-chave como transporte e bancos. No entanto, a verdadeira demonstração de força foi a mobilização nas ruas de Buenos Aires e de várias cidades argentinas. O professor Patricio Talavera, da Universidade Nacional de Buenos Aires, destaca que a greve levanta dúvidas sobre o resultado final das negociações no Congresso.

Lideranças sindicais enviaram recados diretos aos legisladores, destacando a importância do Estado e acusando o governo de querer destruí-lo. O secretário geral da CGT, Hector Daer, advertiu que os congressistas que apoiarem as reformas “não poderão andar tranquilos nas ruas”. A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, implementou o protocolo antipiquetes, evidenciando a tensão política no país.

Pressões sindicais e sociais

Em meio às ameaças dos sindicalistas, internautas publicaram nas redes sociais fotos e nomes dos deputados que apoiaram o projeto de lei ônibus. Os governadores, por sua vez, enfrentam pressões do governo, que ameaça cortar remessas provinciais caso o projeto seja rejeitado no Congresso. O professor Diego Reynoso, da Universidade de San Andrés, aponta que a votação no Senado não será simples.