Arthur Lira anuncia criação de comissão para projeto sobre aborto e adia votação

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou nesta terça-feira (18) a criação de uma comissão representativa para discutir o projeto de lei que classifica o aborto após a 22ª semana como homicídio. Ele também afirmou que o debate sobre o tema na Câmara será retomado no segundo semestre, após o recesso parlamentar.

“O colégio de líderes aqui presente deliberou também debater esse tema de maneira ampla no segundo semestre, com a formação de uma comissão representativa, que desta forma o açodamento ou as perguntas não terão como fluir, porque nós só iremos tratar disso após o recesso, na formação desta comissão”, declarou Lira à imprensa.

Ele afirmou que o projeto será discutido com um debate abrangente, envolvendo todas as forças políticas e sociais do país, sem pressa. Quando questionado, Lira não detalhou como a comissão funcionará, apenas mencionou que incluirá representantes de todos os partidos.

O projeto enfrentou críticas por ter sua urgência aprovada rapidamente, sem o trâmite convencional nas comissões temáticas da Câmara. Ao anunciar a criação da comissão representativa, Lira recuou da intenção de levar o projeto diretamente ao plenário.

“Nada irá retroagir nos direitos já garantidos e nada irá avançar que traga qualquer dano às mulheres”, disse o presidente da Câmara dos Deputados.

Como o aborto é visto judicialmente?


Arthur Lira na câmara dos deputados (Foto: reprodução/Agência Câmara)

Atualmente, o aborto não é considerado crime em apenas três situações:

  • Se a gravidez resulta de estupro;
  • Quando o feto é anencéfalo; e
  • Se a gravidez oferece risco de vida à mãe.

Fora dessas condições, o aborto é considerado um crime. Na prática, a mulher não é presa, mas enfrenta o constrangimento legal de responder pelo ato cometido.

Qual a finalidade do projeto?

Equiparar o aborto ao homicídio torna a penalidade muito mais severa. A proposta altera o Código Penal para aplicar a pena de homicídio simples em casos de aborto com mais de 22 semanas. Se a gestante induzir o próprio aborto ou permitir que outro o faça, a pena passa de 1 a 3 anos para 6 a 20 anos de prisão. Se tiver o aborto realizado por terceiros, com ou sem consentimento, a pena vai de 1 a 4 anos ou de 3 a 10 anos para 6 a 20 anos de prisão.

Tempo de pena: estupro x aborto

Para o crime de estupro, conforme definido pelo artigo 213 do Código Penal, a punição mínima é de 6 anos de prisão quando a vítima é adulta, podendo ser aumentada para até 10 anos. Se a vítima for menor de idade, a pena mínima é de 8 anos e pode chegar a 12 anos.

Já no caso do crime de estupro de vulnerável, conforme estabelecido pelo Artigo 217-A, que envolve vítimas menores de 14 anos ou incapazes de oferecer resistência, a pena mínima é de 8 anos de reclusão, podendo chegar a 15 anos como máximo. A pena pode chegar a 20 anos apenas se o crime resultar em lesão corporal grave à vítima vulnerável.

Anitta conversa com seguidores sobre a importância de discutir política na internet

Nesta quarta-feira (19), Anitta, a cantora brasileira de 31 anos, postou em seu Instagram com mais de 64 milhões de seguidores, diversos stories comentando sobre assuntos recentes da política brasileira e reforçando a necessidade de falar abertamente sobre política nas redes sociais.

Entenda o contexto

A cantora gravou cinco stories falando sobre a nova proposta do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. A PEC 09 propõe anistia aos partidos que não colocam a porcentagem pré-determinada de mulheres, pessoas negras e indígenas durante seu mandato, além de propor a diminuição desta porcentagem.


Anitta via Stories (Foto: reprodução/Instagram/@Anitta)

Anitta também compartilhou o vídeo da Deputada Federal Tarília Petrone explicando melhor o objetivo desta PEC e as problemáticas por trás dela.


Tarília Petrone via Stories de Anitta (Foto: reprodução/Instagram/@Anitta)

A artista carioca faz questão de sempre falar sobre seus posicionamentos políticos desde a pandemia em 2020. Durante as eleições de 2018, Anitta se manteve bem privada em relação à política, até que seus fãs começaram a cobrá-la, por conta de sua grande influência. A empresária então transformou suas redes sociais em grandes plataformas de estudos de política, para poder se educar mais e ajudar seus fãs. 

Polêmica

A cantora promoveu diversas lives e debates com especialistas e desde então, vem fazendo questão de se posicionar fortemente, o que já ocasionou discussões acaloradas de Anitta e grandes políticos na internet. A artista em seu stories diz que é atualmente bloqueada por Arthur Lira.

Além de explicar sobre, a carioca comentou que a PEC da Anistia seria discutida na manhã desta quarta-feira e que seus seguidores deveriam estar atentos. A votação ocorreu e, ao contrário de Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, decidiu por seguir o rito usual da tramitação da Proposta de Emenda à Constituição.


Anitta via Stories (Foto: reprodução/Instagram/@Anitta)

Anitta finalizou seus vídeos defendendo o uso das redes sociais como uma forma de falar e expor abertamente suas posições políticas. Ela afirmou que é a melhor forma de usar sua voz e influência, além da importância da união do povo contra esses tipos de ações contra a democracia.

Moraes discute aborto legal com o CFM

O ministro Alexandre de Moraes se reunirá, nesta quarta (19), com diretores do Conselho Federal de Medicina (CFM) para discutir questões sobre o aborto. O encontro vai acontecer após a decisão do ministro de suspender uma resolução do Conselho que proibia a assistolia fetal em casos em que o aborto é legal. Na reunião deverá comparecer o ministro e o presidente do CFM José Hiran da Silva e a vice-presidente Rosylane Rocha.

Segundo Moraes, o Conselho teria praticado abuso de poder regulamentar já que o aborto em casos em que a gravidez é fruto de um estupro é legal no Brasil. Além disso, o ministro afirmou que a resolução é anticientífica já que é o método recomendado pelos órgãos internacionais. A assistolia fetal é indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para abortos em que o feto já passou de 22 semanas de gestação.

A técnica consiste no uso de medicamentos para a interrupção dos batimentos cardíacos do feto antes da sua retirada do útero. A determinação de Moraes atende a um pedido do PSOL que questionou a constitucionalidade da resolução do CFM. Para o ministro, a decisão do Conselho também restringe a liberdade de pessoas com útero.  “Uma restrição de direitos não prevista em lei, capaz de criar embaraços concretos e significativamente preocupantes para a saúde das mulheres”, afirmou.

A decisão de Alexandre Moraes levou a bancada evangélica a buscar urgência para mudanças nos casos em que o aborto é legal no Brasil. A urgência da PL 1904/2024 foi decidida no dia 12. Assim, o texto será votado diretamente no Plenário, pulando etapas como passar pela avaliação de condições temáticas da Justiça e da CCJ.

O que é a PL 1904/2024

Na quarta-feira (12), a Câmara aprovou a urgência de um projeto de lei que equipara o aborto realizado após 22 semanas como homícidio. Se o projeto for aprovado, a mulher ou o médico que realizar o aborto após esse período pode ser condenado a 20 anos de regime fechado. A mudança afeta principalmente a vida de mulheres e crianças que sofreram estupro.


Há apenas três casos em que o aborto é legalizado no Brasil (Foto: reprodução/Oscar Wrong/Getty Images Embed)


O autor do projeto é o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e apresenta como justificativa a necessidade do estabelecimento de um limite temporal para o aborto porque, segundo ele, o Código Penal permite que o procedimento seja viável até quando o feto já é viável. O grupo que votou a favor também desejava emplacar a votação para o Estatuto do Nascituro, projeto parado na Casa há mais de 15 anos. Isso faz parte de uma tentativa da oposição de protagonizar a pauta de costumes no Congresso.

Casos em que o aborto é legalizado no Brasil

Segundo a legislação brasileira, o aborto é liberado em três casos: gravidez decorrente de um estupro,  risco a vida da mulher e anencefalia do feto. Os dois primeiros casos são abraçados pela lei desde 1940, enquanto o último foi legalizado pelo STF em 2012. Nesses casos, não há limites de semanas para a realização da interrupção.

A pauta do aborto legal ainda enfrenta muita resistência no país principalmente por motivos religiosos. O presidente do CFM, por exemplo, ao defender a nova legislação anti-aborto afirmou que há limites para a autonomia da mulher “A autonomia da mulher, esbarra, sem dúvida, no dever constitucional, imposto a todos nós, de proteger a vida de qualquer um, mesmo um ser humano formado com 22 semanas”.

Apesar da proibição pela lei, o aborto é realizado no Brasil. Cerca de 800 mil mulheres realizam o procedimento anualmente e 200 mil recorrem ao SUS para tratar das sequelas de procedimentos mal feitos. Segundo a Câmara dos Deputados, o procedimento é a quinta maior causa de mortes maternas no país e é estimado que 7,4 milhões de brasileiras já realizaram o procedimento alguma vez na vida.

Tailândia legaliza casamento homoafetivo: um marco na igualdade de direitos

Nesta terça-feira (18), a Tailândia se tornou o primeiro país do sudeste asiático a legalizar o casamento homoafetivo. O Senado aprovou a lei com 130 votos favoráveis, quatro contrários e 18 abstenções. A lei entrará em vigor após 120 dias de sua publicação no Diário Oficial da Tailândia.

Essa decisão histórica coloca a Tailândia na vanguarda dos direitos LGBTQ+ na região, destacando-se em um contexto em que muitos países asiáticos ainda mantêm leis restritivas em relação à comunidade LGBTQ+. A legalização do casamento homoafetivo na Tailândia é vista como um marco significativo para a igualdade de direitos e um passo importante no combate à discriminação e ao preconceito.


Ativistas nas ruas da Bangkok (foto: reproduçao/Getty imagens)


Reação dos Ativistas e Reformas Sociais

O ativista Plaifah Kyoka Shodladd, que trabalhou na comissão de análise do texto enviado aos senadores, disse estar muito orgulhoso de todos que estão participando deste momento histórico, e completou dizendo: “Hoje o amor derrotou o preconceito.”

O país, que vive sob uma monarquia governada pelo rei Maha Vajiralongkorn, tem passado por várias reformas sociais e políticas. Em 2023, o porta-voz do governo, Chai Wacharonke, afirmou que o Ministério da Justiça estava se preparando para submeter ao gabinete um projeto de lei sobre antidiscriminação para aprovação, com o objetivo de reduzir a desigualdade na sociedade. O avanço nos direitos LGBTQ+ é parte de um movimento mais amplo de modernização e progresso, refletindo mudanças nas atitudes e valores da sociedade tailandesa contemporânea.


Tunyawaj Kamolwongwat (foto: reprodução/acom.org)

Impacto e futuro das reformas

Tunyawaj Kamolwongwat, deputado do partido político tailandês Movimento em Frente, já vinha lutando pela necessidade de alterar o artigo 1448.º do Código Civil e Comercial no que diz respeito à igualdade no casamento. Hoje, diante dos repórteres, ele declarou que a reforma é uma vitória para os tailandeses.

Este evento marca uma vitória importante para os ativistas de direitos humanos e grupos LGBTQ+ que têm lutado por anos para alcançar a igualdade. A promulgação desta lei não apenas garante direitos legais aos casais do mesmo sexo, mas também envia uma mensagem poderosa de aceitação e respeito para toda a comunidade LGBTQ+ no sudeste asiático e além.

Fugidos para a Argentina, golpistas do 8 de Janeiro pedem asilo político

Bolsonaristas foragidos envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro pediram asilo político ao governo da Argentina. O pedido será analisado pela Comissão Nacional dos Refugiados e o governo argentino não tem prazo para responder os esclarecimentos que o governo brasileiro pediu. As informações foram dadas pelo jornal argentino La Politica Online e confirmadas pela CNN Brasil.

Os bolsonaristas foram condenados por crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração do patrimônio tombado, golpe de Estado, violação de tornozeleira eletrônica e associação criminosa. São seis acusados que pedem auxílio: Ângelo Sotero, Gilberto Ackermann, Raquel de Souza Lopes, Luiz Fernandes Venâncio, Rosana Maciel Gomes e Daniel Luciano Bressan. Ao todo são 65 bolsonaristas condenados em território argentino e entraram no país entre os dias 5 e 21 de maio.

A escolha da Argentina se deve ao atual presidente, o ultradireitista Javier Millei, ser um forte apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro.  Além disso, os fugitivos podem se beneficiar de um acordo feito por Bolsonaro em 2019 que estabelece condições para os países solicitarem a extradição de pessoas acusadas, processadas ou condenadas. De acordo com o tratado, a Argentina ainda tem base legal para recusar a extradição do indivíduo para o Brasil se ele tiver requisitado asilo político.

Os nomes das pessoas que não forem presas serão incluídos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) e a Procuradoria-Geral da República fez cerca de 1.400 denúncias no inquérito dos atos golpista

O 8 de Janeiro


Golpistas invadem o Congresso Nacional em 8 de janeiro de 2023 (Foto: reprodução/Sergio Lima / AFP)

O 8 de janeiro foi quando, em 2023, um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiu e vandalizou o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) como reação contrária aos resultados das eleições de 2022. Os vândalos de autodenominavam patriotas tentaram aplicar um golpe de Estado já que acreditavam que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva tinha sido manipulada.

Os golpistas tentaram recriar a Invasão ao Capitólio estadunidense ocorrida dois anos antes, que também não obteve sucesso. O dia 8 de janeiro passou a ser um dia para relembrar que a democracia ainda precisa ser defendida e preservada.

Onde estão os golpistas presos?

Pelo menos 1.430 pessoas foram presas ao longo de 2023, sendo 400 detidas no dia do ato. Os golpistas que estavam acampados na frente do Quartel-General do Exército foram conduzidos a Academia Nacional de Polícia. Cerca de 770 pessoas foram soltas por serem idosas e mães de crianças menores.

Alguns autodeclarados patriotas fugiram para outros países, como é o caso dos refugiados da Argentina. Em março, o ministro do STF Nunes Marques negou o pedido de habeas corpus que visava a libertação de todos os prisioneiros dos atos golpistas.

Campanha de Trump ataca Biden após condenação de Hunter Biden

No dia 5 de novembro, acontece a eleição presidencial nos Estados Unidos. Trump e Biden concorrem a uma reeleição, porém o ex-presidente Donald Trump aproveitou a condenação de Hunter Biden filho do atual presidente para promover sua campanha na corrida política.

“Este julgamento não passou de uma distração dos crimes reais da Família do Crime Biden, que arrecadou dezenas de milhões de dólares da China, Rússia e Ucrânia”.

Declaração inicial obtida pela CNN sobre a campanha de Trump

Apesar da afirmação do ex-presidente, não existem evidências de grandes ganhos por parte de Biden da China, ou que o atual presidente tenha enriquecido de outra forma além da contada por ele.

Em uma parte do texto da campanha de Donald Trump, está escrito: “O reinado do corrupto Joe Biden sobre o Império Criminoso da Família Biden chegará ao fim em 5 de novembro, e nunca mais um Biden venderá acesso governamental para lucro pessoal. Quanto a Hunter, desejamos a ele boa recuperação e processos legais”, porém, depois da publicação, a campanha de Trump enviou uma declaração atualizada retirando os votos de boa recuperação a Hunter.

Hunter Biden

Com 54 anos, Hunter é o segundo filho de atual presidente Joe Biden. Ele é um advogado e lobista americano, além ser sócio da Rosemont Seneca Partners, uma empresa de consultoria internacional. Hunter é casado com Melissa Cohen Biden uma ativista sul-africana de 38 anos desde 2019.


Hunter Biden (Foto: Reprodução/CNN)

O empresário tem quatro filhos: Naomi Biden, sua primogênita de 30 anos, Maisy Biden (23) e Finnegan Biden (23), fruto de sua relação com Kathleen Buhle (55), uma escritora americana com quem foi casado de 1993 a 2017, e Navy Joan Roberts, sua filha com a jogadora de basquete Lunden Alexis Roberts (33).

Condenação

Nesta terça-feira (11), um júri federal do Tribunal de Delaware, nos Estados Unidos condenou Hunter Biden no seu caso envolvendo uma arma. O empresário foi considerado culpado nas três acusações relacionadas à compra do revólver em outubro de 2018.

O julgamento contra Hunter teve início no último dia 3. Ele foi indiciado em setembro de 2023 por posse ilegal de arma. O processo foi levado à Justiça dos EUA pelo promotor David Weiss, nomeado em 2017 pelo ex-presidente Donald Trump.

O crime em questão é a mentira de Hunter na documentação no momento de adquirir a arma de fogo. Ele alegou que não usava drogas ao preencher o documento, mas na verdade era usuário de cocaína e crack. A sentença ainda não foi anunciada.

PEC das Praias teve aprovação de deputados de partidos de esquerda e direita

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) relacionada à mudança de cobrança dos tributos em terrenos de marinha, aprovada pela Câmara dos Deputados em 2022, teve repercussão na última semana, após uma audiência pública realizada no Senado. Na época de sua tramitação na Câmara, o projeto recebeu apoio tanto de políticos de esquerda quanto de direita, envolvendo partidos como PCdoB, PT, PSB e PP. O relator da proposta é o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

O projeto está sendo debatido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Se aprovado, na prática, transferiria os terrenos de marinha, que segundo a Constituição pertencem à União, para os estados e municípios, podendo se tornar particular mediante pagamento. Esses espaços, que não possuem relação com a Marinha do Brasil, fazem parte do litoral do País e estão situados em uma faixa de 33 metros de largura a partir do mar. Além disso, as margens de grandes rios, lagos e lagoas também entram nesta categoria. A proposta foi elaborada pelos deputados Arnaldo Jordy (PPS-PA), José Chaves (PTB-PE) e Zoinho (PR-RJ), em 2011.

Em entrevista à GloboNews, após a polêmica de uma possível privatização das praias, o relator do caso, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou: “A PEC trata apenas de terrenos já ocupados. E não há esse risco [de privatizar praias]“. Atualmente, o governo estima que cerca de 2,9 milhões de imóveis estejam nos chamados terrenos de marinha. No entanto, apenas 565 mil deles estão cadastrados, de acordo com a Secretaria de Gestão do Patrimônio da União.

Foto: reprodução/Waldermir Barreto/Agência Senado

Apesar de serem propriedades do governo, certos terrenos de marinha já estão ocupados. Os moradores dessas regiões são obrigados a pagar, todo ano, uma taxa sobre o valor do espaço à União, o que faz parte do regime de aforamento. No entanto, mesmo que o imóvel já esteja em posse, a região litorânea pertence ao Estado e não pode ser fechada. Com a mudança na lei, o proprietário seria o único dono, tendo permissão de transformar a praia em uma propriedade privada e cobrar o acesso.

Quando estava em tramitação na Câmara dos Deputados, em 2022, a PEC teve a aprovação de 377 deputados no primeiro turno do plenário e, mais tarde, no segundo turno, recebeu 389 votos favoráveis ao projeto. Partidos de direita e centro-direita, como PL, PSL, PSC, DEM, PP e PSDB orientaram seus representantes para serem favoráveis, enquanto que PT e PSB se posicionavam contra, apesar de algumas dissidências dentro dos partidos de esquerda. Um dos maiores opositores aos partidos de direita, o PCdoB orientou sua bancada de deputados a votar a favor da PEC, enquanto que o PSOL foi unânime ao votar contra.

Biden chega à França para comemorações do Dia D

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarca em Paris nesta quarta (5) para cumprir compromissos nas cerimônias de celebração dos 80 anos do Dia D, data que marca o desembarque dos Aliados na Normandia. A visita de Biden tem propósitos além das celebrações, nessa viagem o presidente quer reforçar laços com os países europeus diante da ameaça de seu rival à presidência Donald Trump. O presidente da Rússia Vladimir Putin não foi convidado para a celebração apesar de a União Soviética ter lutado ao lado dos Aliados.

Biden, que fará um discurso durante as celebrações, planeja contrastar a sua visão de democracia com a de Trump. Além disso, realizará uma reunião formal com o presidente francês Emmanuel Macron e se juntará a outros líderes europeus para fazer uma manifestação em conjunto em apoio à Ucrânia.

As Tensões

A estadia de Biden na França está marcada por algumas tensões. Dentre elas, a ausência de Putin se destaca visto que a Rússia lutou contra o Regime Nazista na Segunda Guerra Mundial. Em contrapartida, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky estará na celebração e pretende discutir com Biden e Macron as necessidades de seu país na guerra. Rússia e Ucrânia travam uma disputa territorial desde 2022 com o segundo sendo apoiado pelos Estados Unidos e pelos países ocidentais.

Além disso, a presença de Sergio Mattarella, presidente da Itália, pode provocar desconforto com o líder estadunidense, já que a Itália, juntamente com a Hungria, tem mostrado apoio ao seu rival Trump. O secretário de segurança Nacional dos EUA Jake Sullivan revelou que Biden planeja fazer um discurso de alerta à política isolacionista promovida durante o governo Trump. O secretário acredita que em meio a uma crescente desordem na Europa, os “amantes da liberdade” precisam se unir em oposição a isso e aos ditadores.

O Dia D


Soldados dos Aliados chegando na Normandia no Dia D (Reprodução/ Getty Images embed)


O Dia D foi o dia em que cerca de 156 mil soldados do Reino Unido, França, Estados Unidos e Canadá invadiram a Normandia, na zona norte da França. Nessa época, os soldados nazistas, sob ordem de Adolf Hitler, dominavam parte da Europa ocidental, incluindo a França. Esse evento marcou uma reviravolta na Segunda Guerra Mundial levando ao seu fim 11 meses depois.

Na cerimônia deste ano, Macron planeja três dias de celebrações em que serão prestadas homenagens às vítimas francesas da ocupação nazista. O evento também irá contar com cerimônias nos cemitérios de guerra na costa da Normandia, um evento internacional na praia de Omaha e discursos de líderes dos países Aliados.

Trump quebra recordes de arrecadação eleitoral um dia após condenação por fraude

No dia 31 de maio, 24 horas após ser condenado 34 vezes por fraude, o ex-presidente Donald Trump arrecadou US$ 52,8 milhões (cerca de R$ 278 milhões) para sua campanha presidencial, quebrando recordes online para o Partido Republicano. O valor deixa o pré-candidato à Casa Branca mais perto da marca de seu adversário político, Joe Biden, que captou US$ 84 milhões (R$ 444 milhões) em fundos eleitorais pelo Partido Democrata em 2024.

Após mais de um mês de julgamento, na última quinta-feira (30), Donald Trump foi condenado de forma unânime por um júri nova-iorquino por fraude fiscal, ao fazer pagamento de propina à atriz pornô Stormy Daniels durante a reta final das eleições presidenciais de 2016. Por meio de seu então advogado, Michael Cohen, o empresário teria pago US$ 130 mil para ela não revelar à imprensa um caso extraconjugal que os dois tiveram uma década atrás, o que prejudicaria sua campanha. O valor foi registrado como parte dos honorários pagos ao advogado, que é uma das testemunhas no caso. Em depoimento à justiça, Trump nega qualquer relação entre ele e a atriz.

As recentes acusações judiciais enfrentadas chamam atenção para a figura polêmica do ex-presidente, e a alta arrecadação após a condenação pode evidenciar isso. Enfrentando outros três processos na justiça americana, ele se declara inocente em todos eles e alega perseguição política. Entre os crimes pelos quais está sendo julgado, estão a obtenção de documentos da defesa nacional da Casa Branca, que foram achados em sua residência na Flórida após ele deixar a presidência, e a tentativa de interferência nas eleições federais de 2020.


Ex-presidente Donald Trump durante o julgamento por fraude. (Foto: reprodução/Jabin Botsford/Pool/Reuters)

Os valores arrecadados para a campanha presidencial do empresário só podem ser comprovados em alguns meses, quando o “WinRed”, plataforma de processamento online para os republicanos, e os comitês de campanha apresentarem os registros na Comissão Eleitoral Federal. A condenação do ex-presidente também impulsionou as doações para a campanha democrata, ainda que em menor escala. O partido de Joe Biden arrecadou quase US$ 1,3 milhão em uma hora, durante a noite do veredito, segundo a “ActBlue”, que processa as contribuições do partido.

Apesar da condenação ter ocorrido na semana passada, a sentença só será proferida pelo juiz do caso, Juan Merchan, em 11 de julho. Fatores como a idade do empresário, 77 anos, e o fato de, por ser ex-presidente, possuir proteção vitalícia do Serviço Secreto, serão considerados na hora da sentença, por isso, é improvável que ele seja preso. 

Além disso, ele ainda pode ser eleito pela população norte-americana. A Constituição dos Estados Unidos não possui nenhuma regra específica em que um condenado da justiça não possa se candidatar à Casa Branca.

Conheça a primeira mulher presidente do México 

A maioria dos cidadãos mexicanos elegeu, neste domingo (02), Claudia Sheinbaum Pardo, de 61 anos, como a primeira mulher presidente da história do país. Ela também é a primeira pessoa de herança judaica a se tornar presidente do México. A futura presidente nasceu na Cidade do México em 24 de junho de 1962 e veio de uma família judia.

Formada em física pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), Sheinbaum Pardo se envolveu em atividades políticas estudantis e se empenhou em protestar contra a privatização da educação pública. 

Chegou a organizar uma greve para protestar contra o aumento de mensalidades, em 1987. Ela também dedicou seus estudos à engenharia energética nos Estados Unidos, pela Universidade da Califórnia em Berkeley.

Trajetória na política


Claudia Sheinbaum Pardo tem 61 anos e é mãe de dois filhos (Foto/Instagram/@claudia_shein)


Sua carreira política teve início em 2000 ao ser nomeada como secretária do meio ambiente da Cidade do México. Participou ainda do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC) que em 2017 ganhou um Prêmio Nobel da Paz.

Ela foi a primeira mulher eleita chefe do distrito de Tlalpan na Cidade do México em 2015 e ficou no cargo até 2017. Depois foi a primeira mulher chefe do governo de toda a cidade e precisou deixar o cargo para direcionar esforços para sua candidatura à presidência do México, apoiada pelo atual presidente em fim de mandato Andrés Manuel López Obrador.

Projetos na política e desafios

Uma das mudanças que Sheinbaum Pardo deseja pôr em prática é no sistema judiciário para que membros sejam nomeados através do voto direto. Caso o projeto seja aprovado, todos os que estão no cargo atualmente deverão renunciar. Para acontecer, é necessário que dois terços da Câmara dos Deputados e do Senado sejam favoráveis à proposta.

Claudia Sheinbaum Pardo terá que enfrentar alguns desafios em seu mandato como presidente, principalmente pelo patriarcado no país. Alguns mexicanos acreditam que pode ser complicado para Sheinbaum Pardo se desprender da imagem de seu apoiador López Obrador. A futura presidente do México contará com uma equipe que atuou junto a ela na prefeitura da Cidade do México.