A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quarta-feira (5) que o governo federal é “terminantemente contra” o projeto de lei que equipara facções criminosas ao terrorismo. Em primeiro lugar, a declaração ocorreu durante uma entrevista no Palácio do Planalto. Ainda segundo Gleisi, a proposta cria brechas que podem permitir a intervenção de outros países no Brasil.
Hoffmann destacou que “O terrorismo tem objetivo político e ideológico. Pela legislação internacional, isso abriria margem para interferências externas. Nós não concordamos com isso”. Além disso, também lembrou que o país já possui leis específicas para o combate às facções criminosas.
Governo prioriza PEC da Segurança e projeto Antifacção
A ministra explicou que o governo concentra esforços em duas pautas no Congresso Nacional: o PL Antifacção e a PEC da Segurança. Portanto, após a aprovação da reforma do Imposto de Renda, essas propostas se tornaram prioridade para o Planalto. “Esperamos que o relator finalize logo o relatório, para que o Senado aprove o texto como está. Precisamos de base legal para intensificar as operações integradas”, afirmou Gleisi. Ela também disse ter conversado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários, pedindo celeridade nas votações.
Hugo Motta, ao centro, durante uma votação no Congresso Nacional em Brasília (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Ton Molina)
Ainda assim, o projeto de lei antifacções, apresentado recentemente pelo governo, endurece o combate ao crime organizado. Logo, o texto prevê penas mais severas para grupos que dominam territórios, utilizam armas pesadas ou aliciam menores. Além disso, cria um banco de dados nacional sobre facções e permite a apreensão de bens durante as investigações.
Contexto regional e cenário político
Após a megaoperação no Rio de Janeiro, ocorrida no dia 28 de outubro, que deixou mais de 120 mortos, o governo da Argentina anunciou o envio de até 200 militares para reforçar a segurança na fronteira com o Brasil.
Enquanto isso, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, avalia que o PL Antifacção só deve avançar após a COP30. Segundo ele, o evento internacional abrirá espaço para o presidente Lula discutir o tema com Hugo Motta e possíveis ajustes entre os projetos. Governistas continuam rejeitando a ideia de equiparar facções ao terrorismo, temendo riscos de interferência estrangeira e de criminalização de movimentos sociais.
