Putin sugere negociações de paz, mas Ucrânia mantém cautela

Nesta semana, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou estar aberto a negociações de paz com a Ucrânia, uma proposta que levanta suspeitas devido ao histórico diplomático da Rússia. Enquanto Moscou sugere conversas que manteriam a ocupação russa de cerca de um quinto do território ucraniano, Kiev e seus aliados ocidentais permanecem cautelosos quanto às intenções do Kremlin.

Contexto das propostas de paz

A sinalização de Putin ocorre em meio a um cenário de intensificação do conflito, com as forças russas mantendo ofensivas no norte de Kharkiv. A agência de notícias Reuters, citando fontes internas, revelou que Moscou estaria disposta a considerar negociações para congelar a situação atual no campo de batalha.

Esta não é a primeira vez que a Rússia propõe tal abordagem; um acordo semelhante foi discutido em Istambul em 2022, mas fracassou devido aos contínuos ataques russos e às atrocidades reveladas na região de Kiev.


Acompanhe as recentes declarações de Putin sobre o fim da guerra (vídeo: reprodução/YouTube/EFE Brasil)


Desconfiança e impacto internacional

As declarações de Putin foram feitas durante uma visita ao presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, e coincidem com exercícios militares conjuntos entre os dois países, incluindo o uso de armas nucleares táticas. Este ambiente militarizado lança dúvidas sobre a sinceridade da proposta de paz russa.

Além disso, a chegada não confirmada do ex-presidente ucraniano pró-russo, Viktor Yanukovich, à Bielorrússia, sugere que Moscou poderia estar planejando influenciar o cenário político ucraniano novamente.

A proposta de Putin também parece direcionada aos governos ocidentais, em especial à administração dos Estados Unidos. Com o crescente custo e a impopularidade da guerra, a sugestão de um congelamento das linhas de frente pode parecer uma solução atraente para alguns.

No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, alertou que as insinuações de Putin visam minar uma cúpula de paz planejada para junho na Suíça, onde a Ucrânia e seus aliados discutirão um possível acordo sem a presença russa.

A história da diplomacia russa, frequentemente usada como estratégia de pressão militar, exige que qualquer proposta de paz seja analisada com ceticismo. A experiência mostra que Moscou pode usar negociações para ganhar tempo ou vantagens estratégicas, sem cessar as hostilidades.

A comunidade internacional e a Ucrânia devem, portanto, permanecer vigilantes e preparados para todas as possibilidades enquanto consideram as ofertas de paz do Kremlin.

Exército bielorrusso faz manobras com armas nucleares táticas

Na  última terça-feira (7), a agência de notícias estatal Belta disse que Belarus teria iniciado verificações do quanto seu Exército estaria apto para implantação de armas nucleares táticas. Um dia após a Rússia ter afirmado que realizaria exercícios com armas nucleares, ao se sentir ameaçada pela França, Grã-Bretanha e Estados Unidos.

Inspeção surpresa

Ainda de acordo com Belta, Viktor Khrenin, ministro da Defesa bielorrussa, teria mencionado que o presidente Alexander Lukashenko teria ordenado uma inspeção de surpresa das forças encarregadas desse armamento.

Toda a gama de atividades, desde o planejamento, preparação e uso de ataques com armas nucleares táticas, será verificada. As verificações envolveram uma divisão de mísseis Iskander e um esquadrão de aeronaves Su-25.”

Viktor Khrenin

O presidente de Belarus comentou que havia um acordo entre ele e Putin desde 2023. Uma imensidão  de armas nucleares táticas russas  foram instaladas em Belarus.

“Ninguém usará estas armas para fins ofensivos, os equipamentos servem apenas para dissuasão.”

Alexander Lukashenko

 

Armas nucleares táticas são projetadas para uso no campo de batalha. Elas podem ser lançadas por meio de mísseis. Apesar de serem menos devastadoras do que as armas nucleares estratégicas, que são utilizadas para destruir cidades inteiras, são massivamente destrutivas. Ainda não foram utilizadas em combate.

Ameaça rotineira

De acordo com um porta-voz da inteligência militar ucraniana, Putin sempre fez chantagem nuclear, portanto não há nada de novo nessas manobras dos russos e bielorrussos.

Vladimir Putin, presidente da Rússia (Foto: reprodução/instagran@vladimir.putin_official)

 

Desde o início do conflito na Ucrânia, Putin tem feito ameaças com armamento nuclear. Em seu discurso à nação em fevereiro deste ano, ele alertou que havia um risco “real” de guerra nuclear. No ano passado, a Rússia abandonou o CTBT (Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares), retirando-se de um importante acordo de redução de armas com os Estados Unidos.

Rússia ameaça países do Ocidente com resposta severa caso bens russos sejam confiscados

Autoridades da Rússia ameaçaram o Ocidente com uma “resposta severa”, neste domingo (28). A intimidação prometeu batalhas legais “intermináveis” e medidas de retaliação se fundos russos congelados no exterior forem confiscados como meio de forçar o Kremlin a ceder parte do território ucraniano ocupado durante o conflito entre os países.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou, no aplicativo Telegram e compartilhado pela agência de notícias estatal russa Tass, que “os fundos russos devem permanecer intactos”.

Zakharova ainda defendeu que, caso ocorra de outra maneira, uma “resposta severa seguirá o roubo do Ocidente” e espera que todos os países ocidentais entendam o recado. Segundo a representante, a Rússia nunca negociaria territórios tomados da Ucrânia em troca da devolução de fundos congelados no exterior. 


A intenção dos países ocidentais é tentativa de negociação com Putin (Foto: reprodução/Getty images embed)


Bens russos no Ocidente

Aliados ocidentais de Kiev, capital da Ucrânia, discutem a possibilidade do confisco de bens russos congelados no exterior, que somam quase US$ 300 bilhões. A decisão arriscada é pensada por conta das dificuldades do financiamento da guerra na Ucrânia e na reconstrução do país futuramente. 

É estimado que US$ 282 bilhões em títulos e dinheiro vivo seguem armazenados por instituições de países do G7 (composto pelos EUA, Japão, Itália, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha), da Austrália e da União Europeia (EU), desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Só na União Europeia estão US$ 216 bilhões sob custódia na instituição belga Euroclear.

A ameaça do confisco seria uma maneira de pressionar o presidente da Rússia Vladimir Putin para que dê uma pausa na guerra e se reúna com outros países para negociar sobre a guerra.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou separadamente que a Rússia ainda possui muito dinheiro do Ocidente que poderia ser alvo das contramedidas de Moscou. Peskov afirmou que a contestação legal contra o confisco de bens russos estarão abertas e que a Rússia “defenderá incessantemente os seus interesses”.

Putin reafirma posicionamento militar na Ucrânia

Após a sua recente vitória nas eleições presidenciais no domingo (17), Vladimir Putin, da Rússia, expressou sua intenção de expandir a presença militar russa na Ucrânia, visando estabelecer uma zona de segurança que proteja as forças russas já estacionadas em territórios sob controle, prevenindo ataques de longo alcance e incursões das forças ucranianas.

Durante sua declaração na noite de domingo, Putin declarou que em algum momento, o governo pode ser compelidos a considerar a necessidade de criar uma espécie de “zona tampão” nos territórios controlados pelo governo ucraniano.

Segundo o presidente russo, essa zona tampão seria projetada para resistir a ataques estrangeiros de grande escala, uma defesa contra os armamentos em posse dos ucranianos. As declarações dele foram feitas após a divulgação dos resultados das eleições, onde ele emergiu como vencedor.

Cenário da guerra Rússia x Ucrânia

Recentemente, as forças russas tiveram avanços significativos no campo de batalha, enquanto há relatos de escassez de munição entre as tropas ucranianas, que enfrentam o desgaste de mais de dois anos de guerra. Atualmente, a linha de frente do conflito se estende por mais de mil quilômetros nas regiões leste e sul da Ucrânia.

Para retaliar, a Ucrânia tem lançado ataques de longo alcance, visando refinarias e depósitos localizados em território russo. Putin tem mantido uma postura ambígua em relação aos seus objetivos na Ucrânia desde que a possibilidade de uma invasão total ainda não se materializou.

Ele também alertou sobre a possível intervenção de países ocidentais na Ucrânia, sugerindo que um conflito entre a Rússia e a OTAN poderia desencadear uma escalada para uma Terceira Guerra Mundial. Essa observação veio após um pronunciamento do presidente francês Emmanuel Macron, que mencionou a possibilidade de enviar tropas ocidentais para a Ucrânia, embora tenha ressaltado que a situação atual não exige tal ação.

Putin expressou disposição para negociações de paz com a Ucrânia, mas rejeitou a ideia de um cessar-fogo que permita o rearmamento ucraniano. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, demonstrou pouca disposição para essas negociações, insistindo que Putin deveria ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional em Haia, Holanda, onde há um mandado de prisão contra ele.

Reeleição de Putin


Vladimir Putin foi eleito para seu sexto mandato e permanecerá no poder até 2030 (Foto: reprodução/Gavriil Grigorov/Sputnik/AFP/Getty Images)


Vladimir Putin foi reeleito presidente da Rússia e permanecerá no poder até 2030, com uma ampla margem de votos, segundo a Comissão Eleitoral Central da Rússia.

A eleição ocorreu ao longo de três dias para acomodar as diversas regiões do vasto território russo, sendo marcada por denúncias de repressão contra a mídia independente e grupos de direitos humanos.

A morte de Alexei Navalny, líder da oposição russa, antes da eleição, revisitou questões sobre a liberdade política na Rússia. Os protestos contra Putin e a votação foram acompanhados por casos isolados de vandalismo, enquanto a Ucrânia intensificou os ataques contra a Rússia durante o período eleitoral.

Vladimir Putin é reeleito na Rússia e permanecerá no poder até 2030

Vladimir Putin assegurou sua permanência no poder na Rússia, após vencer as eleições presidenciais com uma margem considerável de votos. Com aproximadamente 87% dos votos, Putin confirmou seu favoritismo, consolidando seu quinto mandato como presidente. Essa vitória garante sua liderança no país até 2030, após ter alterado a Constituição em 2020 para estender seu período de governo até 2036. Há 24 anos no poder, Putin é o presidente mais longevo da Rússia desde Stalin.

Eleição sem competição real

O cenário eleitoral na Rússia não apresentou competidores significativos contra Putin. Os outros candidatos, todos deputados, foram considerados figuras sem real chance de vitória, já que suas posições políticas e votações no Parlamento demonstravam apoio ao atual presidente. Com a ausência de uma oposição genuína, Putin assegurou sua continuidade no poder com uma margem expressiva de votos.


Zelensky questiona a legitimidade das eleições russas (vídeo: reprodução/X/Metrópoloes)

Processo eleitoral e desafios

As eleições russas ocorreram ao longo de três dias para acomodar a vasta extensão territorial do país, com mais de 8 milhões de pessoas votando online. A votação também incluiu áreas disputadas, como os territórios ocupados por tropas russas na Ucrânia. O processo ocorreu em meio a relatos de vandalismo em locais de votação e uma atmosfera de repressão política, com a recente morte de Alexei Navalny, líder da oposição, ainda fresca na mente do público.

A morte de Alexei Navalny, figura proeminente da oposição russa e crítico declarado de Putin, gerou uma comoção significativa. Seu velório testemunhou uma demonstração notável de solidariedade, com longas filas formadas para prestar homenagem a Navalny. Esse evento reflete uma possível mudança na disposição das pessoas em desafiar as restrições políticas, mesmo em meio a um ambiente repressivo.

Poder e política externa

Putin é o presidente russo mais longevo desde Josef Stalin, com 24 anos de mandato. Sua liderança política se consolidou em um ambiente de crescente repressão à oposição e controle da mídia. Além disso, Putin enfrenta desafios significativos na política externa, com tensões crescentes entre a Rússia e o Ocidente, especialmente em relação à guerra na Ucrânia. Sua retórica nacionalista e seu compromisso com a expansão da influência russa na região têm provocado preocupações internacionais.

Trajetória de Putin ao poder

Vladimir Putin assumiu como líder interino em 31 de dezembro de 1999, quando Boris Yeltsin renunciou. Ele foi eleito presidente pela primeira vez em maio de 2000. Em 2008, Dmitry Medvedev se tornou presidente, mas Putin permaneceu como primeiro-ministro. Putin voltou a ser eleito presidente em 2012 e reeleito em 2018. Após uma modificação constitucional, Putin pode permanecer no cargo até 2036. As eleições russas estão ocorrendo atualmente, com as urnas fechando no domingo, 17 de março, e o resultado previsto para segunda-feira, 18 de março.

Putin diz que não quer tropas ocidentais em meio ao conflito com a Ucrânia

As tensões entre Rússia e Ucrânia atingiram níveis alarmantes desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. As raízes do conflito remontam ao fim da Guerra Fria e à expansão da OTAN para o leste europeu, vista pela Rússia como uma ameaça à sua segurança.

A anexação da Crimeia em 2014 e o apoio russo aos separatistas no leste da Ucrânia intensificaram as fricções, culminando na invasão em larga escala.

Pronto para guerra nuclear

Em resposta à intensificação da guerra e ao fornecimento de armamento ocidental à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin alertou sobre a prontidão do país para uma guerra nuclear. Essa postura reaviva a doutrina nuclear russa, que prevê o uso de tais armas em cenários que ameacem a estrutura do estado.


Dados apontam que Rússia produz três vezes mais armamento do que EUA e Europa juntos (Foto: reprodução/Inna Varenytsia/Reuters)

A disputa territorial entre Rússia e Ucrânia é um dos principais pontos de atrito, sendo que cerca de 20% do território ucraniano já está ocupado e agora é alegado como território russo. Isso também inclui a Crimeia, anexada em 2014.

Putin busca garantias de segurança para conter a expansão da OTAN para o leste europeu e impedir a entrada da Ucrânia na aliança militar. As exigências russas incluem a neutralidade da Ucrânia e a desmilitarização da fronteira com a OTAN.

Posicionamento dos líderes

As posições dos líderes dos dois países divergem consideravelmente. Putin, por um lado, afirma que a Rússia está preparada para uma guerra nuclear, mas que a decisão não é precipitada.

Defendendo negociações sobre a Ucrânia e a segurança europeia no pós-Guerra Fria, o presidente russo rebate a chancela do Kremlin sobre o uso de armas nucleares, afirmando que “armas existem para serem usadas“.

Do outro lado, Joe Biden demonstra profunda preocupação com o uso de armas nucleares por parte da Rússia, rejeitando a sugestão de um cessar-fogo que congele a guerra e defendendo o apoio militar e humanitário à Ucrânia para conter a expansão russa e fortalecer sua posição antes das negociações.

Os possíveis desdobramentos da guerra são alarmantes. A intensificação do conflito com o uso de armamento mais pesado e sofisticado é um risco real, assim como a possibilidade de um conflito direto entre a OTAN e a Rússia, com consequências imprevisíveis.

Aliado de Putin nega que Rússia teve como alvo comitiva de Zelensky em Odessa

Em meio às tensões entre Rússia e Ucrânia, Dmitry Medvedev, importante aliado do presidente Vladimir Putin, declarou na quinta-feira (7) que a Rússia não tinha como alvo a delegação do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky durante o ataque com mísseis ao porto de Odessa, ocorrido na quarta-feira (6).

Negativa de alvo intencional


Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, afirmou que, se a delegação ucraniana fosse o alvo, Moscou teria atingido diretamente essa meta, destacando que era evidente para todos que não havia um ataque planejado à carreata.

Esta declaração contradiz a preocupação expressa por autoridades ucranianas sobre a possibilidade de um ataque deliberado contra a comitiva de Zelensky e do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis. Apesar do posicionamento Russo, a Ucrânia não descarta a possibilidade de um ataque premeditado.

Incidente durante inspeção portuária

O incidente ocorreu enquanto os líderes ucraniano e grego estavam inspecionando instalações de cereais na cidade do Mar Negro, quando a Rússia lançou um ataque à infraestrutura portuária. O míssil atingiu uma área a cerca de 500 metros de onde Zelensky e Mitsotakis estavam presentes, gerando preocupações sobre a segurança das delegações durante visitas oficiais em meio ao conflito na região. Ambos os chefes de Estado confirmaram ter testemunhado o ataque durante uma coletiva de imprensa, no qual cinco pessoas foram mortas, segundo informações militares ucranianas.


Entenda mais sobre o bombardeio que ameaçou os chefes de Estado da Ucrânia e Grécia (Vídeo: reprodução/YouTube/Record News)


Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e aliado próximo de Putin, negou que as delegações tenham sido alvos intencionais, enquanto o Ministério da Defesa russo afirmou que o objetivo do ataque era um hangar que abrigava drones navais ucranianos. O incidente destaca as crescentes tensões entre os dois países e a instabilidade na região, especialmente nas áreas portuárias do Mar Negro, que têm sido alvo frequente de ataques russos desde julho passado.

O Porto de Odessa

O Porto de Odessa desempenha um papel crucial nas exportações ucranianas de cereais através do Mar Negro, destacando sua importância estratégica para a economia do país. Além da inspeção das instalações portuárias, a visita do presidente Volodymyr Zelensky e do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, incluiu uma homenagem às vítimas de um recente ataque russo. O ataque, ocorrido no último fim de semana, visou uma zona residencial da cidade, resultando na morte de pelo menos 12 pessoas, incluindo cinco crianças.

Ucrânia vai preparar nova contraofensiva, segundo Zelensky

Neste sábado (24) ocorrerá o aniversário de dois anos da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, e às vésperas, o conflito parece prestes a se intensificar. Em entrevista, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirma que uma nova contraofensiva está sendo preparada para cumprir os objetivos não alcançados em outras missões.

É claro que prepararemos uma nova contraofensiva, uma nova operação”, disse Zelensky em comentário publicado na quinta-feira (22). Ele ainda adicionou que o campo de batalha ao Leste “não é um impasse”, mas que a situação é simplesmente “muito complicada“, e que, até o momento, o “único sucesso” de Putin nos últimos nove meses foi a tomada da cidade de Avdiivka.

Atualmente, a Rússia detém 18% do território ucraniano, e tem planos de continuar a investida militar ao menos até chegar em Luhansk e Donetsk, que é seu objetivo declarado. No entanto, múltiplos especialistas políticos duvidam que o líder russo se limite na expansão territorial caso chegue a esse ponto.


Joe Biden anunciou 500 novas sanções à Rússia nesta sexta-feira (Foto: reprodução/BBC News)

Guerra injusta

Para justificar o caminho que o conflito tem seguido, Zelensky apontou a diferença no armamento das duas forças armadas. Segundo o presidente ucraniano, boa parte da sua desvantagem na guerra é explicada pelo fato de que a artilharia russa tem um alcance de cerca de 40 quilômetros, enquanto que a artilharia ucraniana só possui metade desse alcance. A Rússia pode atacar sem ser arriscar suas tropas.

É uma espécie de guerra injusta,” argumentou Zelensky. Por isso, a Ucrânia reforça a necessidade que o país tem de armas de longo alcance, que vem requisitando de seus aliados há meses. Porém, o suporte americano ainda está travado em debates no Congresso no momento, por conta de disputas partidárias e mudança de foco com a aproximação das eleições estadunidenses de 2024.

Aliados e inimigos

Com o passar da guerra, a fronteira do conflito sofreu várias alterações por questões geopolíticas. Os produtos da agricultura ucraniana causaram crises de concorrência em algumas partes da Europa, levando países como a Polônia, antes um forte aliado, a se distanciar e retrair o apoio antes dado.

Em contrapartida, embora os Estados Unidos estejam com dificuldades para oferecer maior suporte, o país ainda está se posicionando firmemente contra a Rússia. Nesta sexta (23), o presidente Joe Biden invocou mais 500 sanções econômicas para forçar o líder russo Vladimir Putin a pagar um preço “ainda mais alto” por suas ações recentes.

O conflito iniciado em 2022, longe de representar apenas os interesses de um país invadido, leva em conta que a Ucrânia é uma das poucas barreiras entre a Rússia e o resto da Europa no Ocidente. E ao que tudo indica, embora as forças ucranianas já estejam fatigadas, a guerra ainda deve continuar.

Morre na prisão aos 47 anos o russo Alexei Navalny, principal opositor de Putin 

Nesta sexta-feira (16), o ativista russo Alexei Navalny morreu na prisão após se sentir mal no serviço penitenciário na região de Yamalo-Nenets, na Rússia, a cerca de 65 quilômetros a norte do Círculo Polar Ártico, onde cumpria pena desde 2021. Segundo autoridades, Navalny passou mal após caminhada e perdeu a consciência. O governo russo informou que não tem conhecimento sobre a causa da morte. 


Alexei Navalny sendo preso em 2021 ao retornar da Alemanha (Foto: reprodução/Instagram/@navalny)

Perseguição política 

Alexei Navalny era um ativista político, advogado e preso político, ficou conhecido por satirizar o presidente Vladimir Putin e acusar seu governo de corrupção. Já liderou diversas manifestações contra o governo russo e lutava constantemente pela democracia e liberdade de expressão. 

Em 2016, ele anunciou sua candidatura à presidência, no entanto, a Comissão Eleitoral Central da Rússia disse não poderia concorrer por uma condenação na judicial, foi considerado culpado por fraude e recebeu a sentença de cinco anos de prisão. 

Em 2020, durante um voo para Moscou, Navalny desmaiou no corredor d avião que fez pouso de emergência na cidade de Omsk e passou dois dias no hospital até ser levado para Alemanha para tratamento. 

Na Alemanha, os médicos chegaram à conclusão que o ativista tinha sido envenenado, deixando-o em coma induzido por duas semanas, Navalny levou algumas semanas para recuperar a fala e os movimentos do corpo. O governo russo negou envolvimento no envenenamento. 

Após sua recuperação, Alexei voltou para Rússia e foi preso e sentenciado a mais de 30 anos de prisão por acusações que o mesmo nega e afirmava ter motivação política. 


Navalny com sua esposa e filhos (Foto: reprodução/Instagram/@navalny)

Vida na prisão 

Após ser preso a vida de Navalny ficou mais difícil, o advogado se preocupava com sua saúde fisíca e pela sua vida, sentia muitas dores pelo corpo, era privado do sono, pois era acordado de hora em hora para falar com a câmera de sua cela para terem certeza que não havia fugido. Já fez greve de fome com medo de ser envenenado novamente. E no dia 6 de dezembro o russo foi dado como desaparecido, uma vez que seus advogados foram proibidos de vê-lo para logo após descobrirem que Alexei tinha sido transferido para a prisão Lobo Polar, conhecida por ser uma das prisões mais rigorosas da Rússia, onde ficam os prisioneiros de alta periculosidade.  

Um porta-voz de Navalny diz a transferência para um local remoto e inóspito foi para isolá-lo, tornar sua vida mais difícil e dificultar o acesso de seus advogados e aliados. 

Alexei Navalny deixa esposa Yulia Navalny e dois filhos. 

Putin diz que avião militar russo foi derrubado pela Ucrânia

Vladimir Putin disse que o avião militar russo Ilyushin Il-76, que caiu perto da fronteira com a Ucrânia e matou 74 pessoas que estavam a bordo, foi derrubado por forças ucranianas, “de propósito ou por engano”. A aeronave transportava 65 soldados ucranianos que foram capturados e seriam trocados por prisioneiros de guerra russos. Durante as acusações, Putin não apresentou provas, mas afirmou que é óbvio que o fizeram”.

Ucrânia não nega, mas diz que não foi avisada do avião

O governo ucraniano não confirmou ou negou as acusações russas sobre ter derrubado o avião. No entanto, a versão deles é de que não foram avisados com antecedência de que uma aeronave transportando soldados da Ucrânia estaria sobrevoando a região de fronteira naquele momento. Além disso, foi dito que existiam discrepâncias em uma lista veiculada pela mídia russa acerca de quem seriam os soldados no avião.


Vídeo mostra momento em que avião russo que transportava prisioneiros de guerra é atingido (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


Putin afirmou que é impossível ter ocorrido um “fogo amigo”, visto que os sistemas russos têm mecanismos de defesa para evitar esse tipo de situação: “Não importa o quanto o operador pressione o botão, nossos sistemas de defesa aérea não funcionariam”, disse. Ele ainda acrescentou que os mísseis disparados provavelmente são americanos ou franceses, mas que isso ainda seria apurado.

Assessor ucraniano fala em campanha de desinformação

Mykhailo Podolyak, assessor do presidente da Ucrânia, disse que os comentários de Vladimir Putin são apenas uma campanha de “desinformação barata”. Segundo ele, os russos estão cometendo erros em termos de regras e costumes de guerra. Ainda em sua visão, essas declarações da Rússia têm o objetivo de tirar o direito ucraniano de receber mísseis de países aliados para seus sistemas de defesa.