STF avança em julgamento sobre tentativa de golpe de Estado

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. O posicionamento amplia o placar para 2 a 0 a favor da condenação no julgamento em andamento na Primeira Turma da Corte, que analisa o caso desde a semana passada.

Definição depende de três votos

Antes de Dino, o relator do processo, Alexandre de Moraes, já havia se pronunciado no mesmo sentido, reforçando a gravidade dos atos. O ministro afirmou que os réus compunham o “núcleo crucial da trama golpista”, classificada por ele como uma organização criminosa. Segundo Moraes, o objetivo do grupo era manter Bolsonaro no poder e inviabilizar a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma. A expectativa é que o julgamento seja finalizado até a próxima sexta-feira (12). Como o colegiado é composto por cinco ministros, a condenação será confirmada caso três votos sejam favoráveis. Até o momento, dois magistrados já se posicionaram nesse sentido.


Voto de Alexandre de Moraes (Vídeo: reprodução/YouTube/@uol)


Expectativa para os próximos dias

O processo é considerado um dos mais relevantes da atual gestão do STF, por envolver diretamente um ex-presidente e aliados acusados de tentar desestabilizar o regime democrático. A eventual condenação poderá estabelecer precedentes importantes para casos semelhantes, reforçando o papel do Judiciário no combate a iniciativas que atentem contra a ordem constitucional.

Com a maioria cada vez mais próxima de ser formada, cresce a expectativa em Brasília quanto aos efeitos políticos e jurídicos da decisão. Especialistas avaliam que o julgamento representa um marco no enfrentamento a tentativas de ruptura institucional. Até sexta-feira, todos os olhares estarão voltados ao Supremo para acompanhar a definição do caso e suas possíveis consequências para o cenário nacional.

Julgamento de Bolsonaro avança no STF sem presença do ex-presidente

Nesta terça (9), o Supremo Tribunal Federal retoma o julgamento sobre o caso do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e de seus sete apoiadores, todos réus na ação que apura a tentativa de golpe. Bolsonaro permanecerá em casa. A expectativa é que a decisão final saia até sexta.

Os advogados do antigo presidente não solicitaram formalmente a sua presença no julgamento. Inicialmente, médicos, familiares e figuras políticas próximas sugeriram que a defesa não peça para que ele solicite permissão para ir ao Supremo. Foi requisitado que o ex-presidente realize uma consulta médica no próximo domingo, dois dias após a possível conclusão do processo judicial.

Presença no julgamento

Em abril, Bolsonaro recebeu sinal verde para dar entrada em um hospital e fazer alguns exames. Depois de tudo feito, o relatório dos médicos apontou que ele ainda apresentava esofagite e gastrite, além de resquícios de infecções que afetaram seus pulmões há pouco tempo.

A indisposição de saúde foi a razão apresentada pelos defensores do ex-presidente para justificar sua ausência no julgamento do plano golpista em questão. Sendo réu, ele teria a opção de requerer a autorização de Alexandre de Moraes para acompanhar as sessões ao vivo na Primeira Turma do STF.


Momento do ex-presidente Bolsonaro em casa (Vídeo: reprodução/Instagram/@estadao)


Quadro de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro

Nos dias que antecederam o início do julgamento, Bolsonaro experimentou uma piora em seu estado de saúde, manifestada por crises intensas de soluço, episódios de vômito e dificuldade para respirar. Essa condição é consequência de uma inflamação no esôfago, causada pelo procedimento cirúrgico realizado em seu abdômen no mês de abril. Segundo relatos de pessoas próximas a ele, Bolsonaro apresentou momentos de fragilidade emocional, chegando a chorar.

 O ex-presidente (Jair Bolsonaro) tem uma saúde extremamente fragilizada hoje. Estive com ele, ele tem crises de soluço muito fortes, é até aflitivo. A orientação médica é de que ele permaneça em casa porque aqui (no STF) é muito estressante tanto do ponto de vista físico quanto emocional. É uma situação bastante delicada, são muitas horas de julgamento”, afirmou Paulo Amador Bueno, advogado de Bolsonaro.

A equipe médica responsável pelo acompanhamento da saúde do antigo ocupante do Palácio do Planalto comunicou a necessidade de remover algumas lesões cutâneas. Segundo o médico Cláudio Birolini, integrante da equipe que monitora a saúde de Jair Bolsonaro, o material será encaminhado para análise “anátomo-patológica”.

STF amplia julgamento do ‘núcleo crucial’ da trama golpista

O relator Alexandre de Moraes solicitou nesta sexta-feira (5) ao presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, a inclusão de uma sessão extra na quinta-feira, 11 de setembro de 2025. Com isso, o julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista ganha mais tempo para ser concluído — a quarta sessão acontece além das inicialmente previstas.

O que é o “núcleo crucial” do golpe?

O termo “núcleo crucial” refere-se ao grupo central de réus na ação penal que julga a tentativa de golpe de Estado movida após as eleições de 2022. A cúpula envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados que, segundo denúncia da PGR, idealizaram o plano “Punhal Verde e Amarelo”. O objetivo seria impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, além do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes — com participação na elaboração da chamada “minuta do golpe” e nos atos de 8 de janeiro de 2023.


Ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos réus integrantes do chamado “núcleo crucial” (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)


Os acusados respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Novas datas e detalhes do julgamento

As sessões começaram nos dias 2 e 3 de setembro, com apresentação do relatório de Alexandre de Moraes, sustentação da PGR e defesas dos acusados. Inicialmente, estavam previstas sessões nos dias 9 (manhã e tarde), 10 (manhã) e 12 (manhã e tarde). Agora, com a inclusão da sessão de 11 de setembro (manhã e tarde), o julgamento passa a ter quatro dias consecutivos de votação — de 9 a 12 de setembro.

Mais tempo

Com o acréscimo da sessão extra, Alexandre de Moraes e os demais ministros ganham tempo valioso para analisar os argumentos, votar e concluir o julgamento. A medida reforça o caráter central do caso e indica um esforço para garantir que a decisão seja tomada com o devido cuidado, abrangência e segurança jurídica.

Lula teme aprovação de anistia a Bolsonaro e aliados no Congresso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, ontem (4), em uma reunião com movimentos sociais de Belo Horizonte, o “risco” de aprovação de uma anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, por parte do Parlamento brasileiro. Ele disse também que, embora o Congresso tenha aprovado quase tudo que o governo queria, ele não é eleito pela periferia e ainda tem uma forte presença da extrema-direita.

Em paralelo ao julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, iniciado em 2 de setembro, a Câmara dos Deputados iniciou um debate sobre o perdão aos crimes pelos quais o ex-presidente seja eventualmente condenado. A proposta sofre, no entanto, oposição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e do STF.

Com apoio de Tarcísio, pauta avança na Câmara

A ideia de anistia a Bolsonaro, já anteriormente levantada, ganhou força nas últimas semanas. Segundo relato do líder do Partido Liberal (PL) na Câmara, pastor Sóstenes Cavalcante, ele e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), trabalharam em conjunto desde quinta passada para negociar um projeto de anistia ampla, geral e irrestrita a Bolsonaro, aliados e demais denunciados pela trama golpista.

Tarcísio é um dos nomes cotados para canalizar os votos conservadores nas eleições presidenciais de 2026, tendo em vista que Jair Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030. O paulista, que foi ministro da Infraestrutura no governo passado, chegou a dizer que, caso eleito, seu primeiro ato seria a concessão da anistia ao aliado, mas depois desconversou.

Eu não sou candidato à Presidência, vou deixar isso bem claro. Todo governador de São Paulo é presidenciável pelo tamanho do Estado, mas na história recente só Jânio Quadros e Washington Luís chegaram à Presidência“, afirmou Tarcísio.


Jornal da Band repercute comportamento da oposição frente ao julgamento de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/Band Jornalismo)


Na tarde de terça-feira (2), dia que marcou o início do julgamento de Jair Bolsonaro, os partidos do Centrão, Progressistas e União Brasil, que formavam parte da base governista, partiram para a oposição, numa dança de cadeiras que, conforme Cavalcante indicou no dia seguinte, após um jantar com Tarcísio e o pastor Silas Malafaia, em Brasília, possibilitaria uma fácil aprovação da anistia na Câmara dos Deputados.

Ainda de acordo com falas recentes de Sóstenes Cavalcante, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), colocará o projeto em votação em breve.

Ideia enfrenta resistência

Embora encontre terreno fértil na Câmara dos Deputados, o projeto de anistia ampla, geral e irrestrita a Bolsonaro e aliados sofre a desconfiança de importantes setores políticos.

Em primeiro lugar, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, do União Brasil, defende um texto alternativo mais moderado, que diferencie o chamado núcleo central da trama golpista (formado por Bolsonaro e mais 7 membros do alto escalão do antigo governo) dos demais réus, além de diminuir, mas não extinguir, as penas em caso de condenação. 

O maior obstáculo ao perdão, no entanto, vem do STF, o guardião da Constituição que, nos últimos anos, assumiu um papel de defesa intransigente da democracia nacional. Uma vez aprovada no Congresso, a anistia pode ser decretada inconstitucional e, portanto, inválida pelos ministros da Corte. 

A História nos ensina que a impunidade, a omissão e a covardia não são opções para a pacificação. A pacificação do país depende do respeito à Constituição, da aplicação das leis e do fortalecimento das instituições”, disse Alexandre de Moraes, relator do processo, no primeiro dia de julgamento da trama golpista.

Anistia em debate abre caminho para Bolsonaro disputar eleições de 2026

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá disputar as eleições de 2026 caso a Câmara aprove o projeto de anistia. O texto revisa processos iniciados desde março de 2019, quando começou o inquérito das fake news no STF. A proposta extingue condenações, arquiva investigações em andamento e suspende inelegibilidades, fortalecendo a candidatura de Bolsonaro em 2026.

Além de Bolsonaro, a medida inclui apoiadores de mobilizações políticas nos últimos anos. A abrangência vai de manifestações públicas a postagens em redes sociais. Assim, a proposta alcança diferentes perfis de participantes.

Projeto de anistia amplia perdão a participantes de mobilizações políticas

O texto concede perdão a manifestações nas redes sociais, críticas ao sistema eleitoral, participação em acampamentos de cunho político-militar e atos de 8 de janeiro de 2023. Dessa forma, a medida atinge autores e incentivadores dessas ações, reforçando os princípios da democracia brasileira e a liberdade de expressão.

Também, a proposta inclui pessoas que prestaram suporte administrativo, logístico ou financeiro. Com isso, a rede de beneficiários se amplia, abrangendo diferentes envolvidos nos eventos recentes. Portanto, a candidatura de Bolsonaro em 2026 é diretamente impactada.


Projeto de anistia ganha força no Congresso (Vídeo: reprodução/YouTube/SBT News)

Impacto da anistia na candidatura de Bolsonaro em 2026 e direitos políticos

Se aprovada, a proposta anula condenações penais e arquiva inquéritos em andamento. Ela também reverte todas as inelegibilidades já declaradas ou que venham a ser impostas. Consequentemente, Bolsonaro e outros beneficiários recuperam integralmente seus direitos políticos.

Especialistas afirmam que o efeito sobre investigações em curso será imediato. Além disso, o projeto reduz a insegurança jurídica para políticos e cidadãos envolvidos em mobilizações recentes. Portanto, o impacto do perdão será significativo e influenciará o panorama político nos próximos anos.

Como a candidatura de Bolsonaro em 2026 influencia negociações no Congresso

Embora ainda não protocolado, o projeto já movimenta os bastidores do Congresso. Deputados bolsonaristas pressionam por uma versão ampla. Por outro lado, setores do centro estudam alternativas restritivas, que poderiam reduzir o alcance da anistia ou até excluir o ex-presidente.

As conversas ganharam força após o STF retomar julgamentos sobre grupos investigados por suposta tentativa de golpe em 2022. Portanto, aliados destacam que a inclusão de Bolsonaro na anistia é vital para assegurar sua candidatura em 2026 e moldar o cenário político e partidário no país.

Resistência da esquerda e contexto histórico da anistia

Apesar do movimento em favor da anistia, a oposição de esquerda se mantém como principal resistência. Partidos ligados ao governo Lula (PT) afirmam que a medida poderia favorecer adversários políticos, especialmente Bolsonaro, enfraquecendo suas bases no Congresso.

Historicamente, instrumentos de anistia já beneficiaram o campo progressista. A Lei da Anistia de 1979 permitiu que pessoas envolvidas na luta contra o regime militar retornassem a cargos públicos. Assim, especialistas afirmam que a resistência atual ao projeto de 2026 segue critérios de conveniência política, buscando limitar a influência de rivais e preservar o equilíbrio eleitoral.

Advogado cita verbo “demover” e coloca Bolsonaro no centro do julgamento do golpe

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou um ponto inesperado a partir de uma interpretação de um verbo. Assim, durante a sessão, o advogado Andrew Fernandes, que defende o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que seu cliente tentou “demover Bolsonaro de adotar qualquer medida de exceção”. O uso do verbo na oração criou certa confusão sobre a denotação e a conotação da palavra.

O sentido do verbo e o impacto jurídico

A princípio, o termo “demover” chamou atenção da ministra Cármen Lúcia. Ela questionou Fernandes sobre o significado usado no julgamento. O advogado explicou que o verbo foi empregado no sentido de dissuadir, de fazer mudar de ideia.

De antemão, o Novo Dicionário Aurélio confirma esse uso. Portanto, “demover” significa remover, afastar ou dissuadir alguém de um intento. O termo tem origem no latim e pode ser transitivo direto ou bitransitivo.


Ministra Cármen Lúcia questiona advogado (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

A explicação, no entanto, reforçou um ponto delicado. A defesa de Nogueira reconhece que Bolsonaro cogitou medidas de exceção, ainda que o ex-ministro tenha tentado impedi-lo.

Defesa de Bolsonaro e andamento do julgamento

Esse detalhe confronta a estratégia da defesa do ex-presidente. O advogado Celso Vilardi afirmou que “não há uma única prova” contra Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente não atentou contra a democracia e não planejou golpe de Estado.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu mais de 500 páginas para descrever a conduta dos acusados. Apenas a parte referente a Bolsonaro ocupa 137 páginas. O documento foi assinado pelo procurador-geral Paulo Gustavo Gonet Branco.

Nesta semana, a Primeira Turma do STF tornou Bolsonaro réu em cinco ações penais. Nunca antes um ex-presidente brasileiro havia enfrentado esse tipo de acusação. A denúncia também atinge outros sete integrantes do governo, todos investigados por participação na tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Jair Bolsonaro recebe filhos em sua casa no 2° dia de julgamento

O ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra em prisão domiciliar, recebeu a visita de seus filhos em sua casa em Brasília, no segundo dia de julgamento, nesta quarta-feira (03). Cercado de seguranças, os seus filhos Carlos, Renan Bolsonaro, ambos vereados pelo PL, mesmo partido de Jair, visitaram o pai em sua casa em Brasília, o momento foi registrado pela imprensa.

Visita em prisão domiciliar

Foi compartilhado um vídeo pelo jornal Metrópoles onde Bolsonaro, acompanhado de seus seguranças, está na sua casa no Jardim Botânico, em Brasília. O ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no julgamento que investiga o seu envolvimento em ações antidemocráticas, se encontra em prisão domiciliar decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, desde 04 de agosto.

O réu não pediu autorização ao ministro Alexandre para acompanhar o julgamento presencialmente em Brasília no Supremo Tribunal Federal, optando por acompanhar de casa com a família e apoiadores. Mesmo com as restrições e determinações do regime domiciliar, Bolsonaro pode receber visitas de familiares em sua casa, exceto Eduardo Bolsonaro, que está proibido de visitar o réu por estar sob investigações sobre possível coação no processo do pai.

Segundo dia de julgamento

O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, está sendo julgado por arquitetar um plano de golpe após as eleições de 2022, onde o candidato Lula, do PT, foi eleito, resultando na invasão do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2023.


Carlos e Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente, na casa da família em Brasília (Foto: reprodução/Vinicius Schmidt/Metrópoles)

O segundo dia de julgamento terminou às 12h53 nesta quarta-feira (03/09), tendo sessões somente da parte da manhã. No segundo dia do julgamento, que irá retornar somente na próxima semana, a defesa dos quatro réus realizou a sustentação oral, incluindo a defesa de Bolsonaro. Entre os réus estão Augusto Heleno, que é ex-chefe do Gabinete de Segurança Nacional, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e Walter Braga Netto, que também é ex-ministro da Defesa.

A defesa de Jair Bolsonaro, o advogado Celso Vilardi, afirmou que o ex-presidente foi “dragado” para fatos das acusações sem ter participado ativamente da invasão ao Planalto em 8 de janeiro e do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que planejava assassinar autoridades. As defesas de Walter Braga Netto e Bolsonaro acusaram o ex-ajudante de ordens presidências e tenente-coronel Cid Nogueira de mentir em depoimento, acusando os réus injustamente. 

Delação de Mauro Cid é criticada pela defesa de Bolsonaro durante julgamento

No segundo dia de julgamento, nesta quarta-feira (3), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro lançou críticas a Mauro Cid, alegando que o ex-ajudante de ordens “não é um homem confiável”. O advogado Celso Vilardi apontou que Cid foi pego na mentira diversas vezes, questionando a credibilidade dele. 

A defesa de Bolsonaro comentou supostas conversas de Mauro Cid no Instagram, afirmando que ele está “desmoralizado porque foi pego na mentira pela enésima vez”. A justificativa de Vilardi é de que, apesar da prova usada por Cid ser indiscutível, ele mentiu muitas vezes para ser considerado confiável. Ainda na sustentação oral, a defesa aproveitou para desqualificar o acordo de delação premiada de Mauro Cid feito com a Polícia Federal em 2023. O advogado de Bolsonaro afirma que Cid está “desmoralizado” após ter sido “pego na mentira” diversas vezes.

Acordo de Mauro Cid com a PF

Mauro Cid, que ocupou o cargo de ajudante de ordens de Bolsonaro, se tornou a figura centro da investigação contra o ex-presidente, após fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) em 2023. O tenente-coronel teria revelado em seus depoimentos, um suposto plano de golpe, a venda de jóias sauditas, fraudes em cartões de vacina e a existência de um gabinete de ódio. 


Ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)


A delegação foi homologada pelo Supremo e usada como base para a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) que acusa Bolsonaro e outras 33 pessoas por conspirar em um plano de golpe de Estado, com intuito de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil, após as eleições de 2022.

Em fevereiro deste ano, o sigilo da delação de Cid foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, tornando público os 14 depoimentos do ex-ajudante de ordens. 

Segundo dia de julgamento

O segundo dia de julgamento pelo STF iniciou com as defesas orais dos réus. Quem abriu as sustentações foi o advogado Matheus Milanez, que representa o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Em seguida, a defesa de Jair Bolsonaro iniciou sua argumentação aos juízes. 

Entre os réus estão: Jair Bolsonaro (ex-presidente); Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-presidente da Abin); Almir Garnier (almirante que comandava a marinha durante o governo Bolsonaro); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); Augusto Heleno (ex-ministro do GSI); Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro); Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e Walter Souza Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro, além de candidato a vice-presidente em 2022).

Todos, exceto por Ramagem – que responde a três acusações -, respondem a cinco crimes. As acusações são de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência ou ameaça grave e deterioração de patrimônio tombado.

O julgamento se iniciou nesta terça-feira (2) e continua até o dia 12 de setembro, com pausas durante os dias. A expectativa é de que a sentença dos réus deferida pelos juízes do Supremo Tribunal Federal ocorra no último dia de julgamento, seja ela de condenação ou absolvição das acusações. 

Defesa de Bolsonaro afirma em julgamento que não há provas contra ex-presidente

Durante a sustentação da defesa nesta quarta-feira (3), o advogado Celso Vilardi, responsável por representar Jair Bolsonaro no julgamento que investiga a existência de um plano de golpe de Estado, afirmou que “não há uma única prova” contra seu cliente. A defesa também criticou a proposta de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, questionando sua credibilidade.

Segundo Vilardi, Bolsonaro “não atentou contra o Estado democrático de direito” e não há provas que justifiquem sua inquirição pela existência de um plano golpista. A defesa ainda criticou a proposta feita pela Procuradoria-Geral da República a Mauro Cid, classificando tal acordo como “algo que não existe nem aqui, nem em nenhum lugar do mundo”. Ele afirma que o Ministério Público tenta reconhecer uma parcial falsidade, em seguida insinuando que ainda assim a delação é usada como uma prova.

A defesa de Bolsonaro inicia o segundo dia de julgamento da trama golpista, com os advogados dos ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto defendendo seus clientes após. Os ministros do STF devem iniciar seus votos, sejam para condenar ou absolver, depois que as defesas orais de todos os réus sejam concluídas. A expectativa é de que a sentença só seja declarada no último dia de julgamento. 

Réus do núcleo 1 e suas acusações

Além de Jair Bolsonaro, o núcleo 1 conta com mais outros sete réus:

  • Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-presidente da Abin);
  • Almir Garnier (almirante de esquadra, responsável pelo comando da Marinha durante o governo Bolsonaro);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro);
  • Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro);
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro);
  • Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro);
  • Walter Souza Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro, além de ter se candidatado como vice-presidente em 2022);

As acusações que os réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, estão enfrentando são de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e ameaça grave e deterioração de patrimônio tombado, resultando em cinco crimes ao total. 

A execução do plano golpista ficou como responsabilidade de Ramagem e no início de maio foi aprovado pela Câmara dos Deputados o pedido de suspensão da ação penal contra o deputado. Assim, Ramagem irá responder somente a três crimes, ao contrário dos outros sete réus. São os crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado.


Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@g1)


Agenda para o Julgamento

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, reservou cinco dias para o julgamento do núcleo 1 do plano de golpe de Estado:

  • 2 de setembro (terça-feira): 9h às 12h e 14h às 19h.
  • 3 de setembro (quarta-feira): 9h às 12h.
  • 9 de setembro (terça-feira): 9h às 12h e 14h às 19h.
  • 10 de setembro (quarta-feira): 9h às 12h.
  • 12 de setembro (sexta-feira): 9h às 12h e 14h às 19h.

Mesmo que ocorra a sentença de condenação, a prisão não ocorrerá de forma imediata. A pena para os crimes só passam a valer quando o processo estiver devidamente concluído e não houver mais possibilidade de recursos. O ex-presidente Jair Bolsonaro segue em prisão domiciliar, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes – que alegou risco de fuga -, e fazendo uso da tornozeleira eletrônica.

Alexandre de Moraes abre julgamento dando recados e cita Fux 

Na manhã de terça-feira (02/09), deu início ao julgamento pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-presidente Jair Bolsonaro e os demais réus. O ministro Alexandre de Moraes foi o primeiro a falar e iniciou com diversos temas.  

O ministro deixou claro que defenderia a independência do Poder Judiciário, que não aceitaria pressões tanto de parlamentares quanto de países externos ao Brasil. Ele deixou claro que busca uma pacificação entre os poderes, porém não quer que confundam com impunidade. 

“Anistia” e a pressão ao julgamento

A jornalista Luísa Martins (CNN Brasil) analisou as falas do magistrado e afirma que pessoas próximas ao ministro Alexandre de Moraes dizem que não há dúvidas de que foi uma referência à pauta da anistia. Ele deixou evidenciado que tais crimes, de tamanho importância para a democracia, devem ser julgados com o máximo de seriedade e assim se deve cumprir o veredito das penas. 


Matéria CNN Brasil (Vídeo: reprodução/X/@cnnbrasil)

Também vale dizer que, com o discurso do ministro, fica cada vez mais claro que o julgamento será levado à penalização dos réus, e que eles não pretendem dar anistia neste caso. 

Portanto, teria que ser um julgamento extremamente técnico. Assim, o Poder judiciário poderia demostrar seu poder, mas não só uma demonstração, tentar encontrar um equilíbrio entre os poderes, informando que ninguém está acima da lei e tentando ser o mais justo e técnico possível, o julgamento ainda terá mais desdobramentos, porém mostra com clareza que o caminho é de veredito não favorável ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e os outros réus. 

Citação ao Fux

O ministro aproveitou também para falar de seu companheiro de corte, o ministro Luiz Fux, um magistrado que por muitas vezes esteve Antagônico ao desenrolar das decisões dos outros ministros. Mesmo o ministro Fux por vezes divergir do ministro Moraes, ambos mantêm um discurso mais amigável. Por muitas vezes, tendem a ter o mesmo pensamento sobre algum julgamento, com uma ou outra diferença de pensamento, que seria algo totalmente normal na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).


Ministro Luiz Fux (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)


Algumas atitudes, discursos e votos recentes demonstram um pensamento diferente de seu companheiro, o ministro Alexandre de Moraes, onde Fux foi contra a determinação de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Fux não acreditava que o ex-presidente demonstrava risco de fuga, e afirmou que era desproporcional a medida. Também não concorda com a seriedade nas penas que o tribunal vai sentenciar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. o ministro Luiz Fux considera que não se deve condenar simultaneamente os atos como “abolir violentamente o Estado Democrático de Direito” e “golpe de Estado”, por configurações de novo outra vez (duplica punição por mesmo fato). Com isso, em casos futuros, ele pretende deixar claro seu novo entendimento, por meio de embargos ou revisão criminal.