Lula afirma estar aberto a diálogo com Trump em entrevista nos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (22) que está disposto a dialogar com Donald Trump, caso o republicano manifeste interesse. A declaração foi feita em entrevista ao canal norte-americano PBS, durante sua primeira visita oficial aos Estados Unidos desde que o ex-presidente americano impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Lula ressaltou que, até o momento, nunca houve contato direto entre os dois líderes.

Crítica à aproximação com Bolsonaro

Durante a entrevista, Lula comentou que Trump teria optado por construir uma relação política com Jair Bolsonaro, decisão que considera equivocada. “Na minha opinião, isso foi um erro. Ele fez uma escolha de construir uma relação com Bolsonaro, e não uma relação com o povo brasileiro”, afirmou. O presidente brasileiro ainda destacou que está preparado para tratar de temas políticos diretamente com Trump, caso haja disposição do ex-mandatário dos EUA.

Questionado sobre as tarifas impostas ao Brasil, Lula classificou como “inacreditável” a postura de Trump diante do país. Segundo o petista, a medida não foi apenas de caráter econômico, mas principalmente política. O republicano justificou o tarifaço citando o julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, associando a decisão à tentativa de encerrar o que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente.


Lula e Trump discursam na ONU (Vídeo: reprodução/YouTube/@bbcnewsbrasil)


Relação entre Estados

Na visão de Lula, a relação entre nações deve estar acima de afinidades pessoais ou diferenças ideológicas. “Um chefe de Estado tem que ter uma relação com outro chefe de Estado, independentemente da posição política. Estes são dois Estados importantes, as maiores democracias da América, as maiores economias da América. Portanto, é muito importante que a gente tenha uma relação muito civilizada”, declarou.

Lula está em Nova York para abrir o debate de líderes da Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23). O discurso deve trazer recados indiretos a Trump, além de defender a soberania brasileira e criticar medidas unilaterais de tarifas. O presidente também deve destacar temas como democracia, multilateralismo, reforma da ONU, preservação ambiental e transição energética. Outro ponto esperado é a defesa de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, reforçando o papel do Brasil como mediador no cenário internacional.

Decisão do Copom mantém Selic a 15% e alerta para riscos de inflação

Em um cenário de incertezas globais e pressões inflacionárias persistentes, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Essa decisão, que já era amplamente esperada pelo mercado financeiro, consolida a Selic em seu patamar mais alto desde julho de 2006 e sinaliza um tom de cautela ainda mais reforçado por parte da autoridade monetária brasileira.

O comunicado emitido após a reunião destacou um ambiente internacional mais adverso, influenciado principalmente pelas políticas comercial e fiscal dos Estados Unidos, o que amplia a volatilidade nos mercados e exige vigilância.

Flexibilização na comunicação do Copom

A manutenção da Selic por um período prolongado se justifica pelo caráter contracionista da política monetária, buscando conter uma inflação que teima em se manter acima da meta. Embora o comunicado de setembro reforce a preocupação com a inflação, ele adota uma linguagem mais flexível em comparação à comunicação de julho, quando a “continuação da interrupção” do ciclo de alta foi mencionada.

A retirada dessa frase sugere que o Copom não descarta a possibilidade de novos movimentos futuros, seja de alta ou de baixa, dependendo da evolução do cenário econômico.


Mesmo com deflação de 0,11% em agosto, Copom decide manter taxa básica em 15% ao ano (Vídeo: reprodução/X/UOL)

Internamente, o Copom observa sinais de moderação na atividade econômica, mas ressalta que o mercado de trabalho continua aquecido. A inflação, por sua vez, segue resistente, com as expectativas para 2025 e 2026 ainda desancoradas.

O Comitê reconhece os riscos para a inflação em ambas as direções: para cima, com a resiliência dos preços de serviços e a possibilidade de um câmbio mais desvalorizado; e para baixo, com uma desaceleração econômica global mais acentuada e a queda dos preços das commodities.

Cenário internacional adverso reforça postura cautelosa do Copom

No âmbito externo, o comunicado enfatiza a preocupação com as tensões geopolíticas e, principalmente, com o comportamento da economia americana. A política do Federal Reserve, que horas antes havia anunciado um corte de 0,25 ponto percentual em sua taxa de juros, impacta as condições financeiras globais e requer uma atenção redobrada dos países emergentes. O comunicado ressalta que a conjuntura internacional mais adversa e as tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil contribuem para um cenário de maior incerteza.

A decisão do Copom e o teor de seu comunicado foram vistos pelo mercado como um sinal de que o Banco Central não fará concessões e que um afrouxamento monetário só deve ocorrer diante de uma melhora significativa do cenário. A avaliação de economistas é de que o balanço de riscos para a inflação segue elevado, e a cautela da autoridade monetária é a principal ferramenta para garantir a convergência da inflação à meta no médio prazo.

Tensão geoeconômica: EUA e China disputam poder das terras-raras

A disputa comercial entre Estados Unidos e China se intensificou, especialmente no que tange ao fornecimento de materiais essenciais para a alta tecnologia, como as terras-raras. Em um episódio notável dessa tensão, o então presidente americano, Donald Trump, expressou sua insatisfação com a lentidão das exportações chinesas de ímãs de terras-raras.

Em uma declaração incisiva, ele ameaçou a China com a imposição de tarifas de até 200% sobre seus produtos se o fluxo desses materiais não fosse normalizado. A China, sendo o principal produtor global desses elementos, detém uma posição de poder crucial nesse cenário.

A geopolítica das terras-raras e a retórica ambígua de Trump

Essa ameaça ressalta a importância estratégica das terras-raras, que são minerais cruciais para a fabricação de ímãs utilizados em uma vasta gama de produtos, desde carros e eletrônicos até equipamentos de defesa. A dependência global da China para a obtenção desses materiais torna qualquer interrupção em seu fornecimento um problema sério, capaz de abalar cadeias de produção inteiras.

A decisão chinesa de impor licenças de exportação no início daquele ano foi vista por muitos como uma resposta retaliatória às tarifas americanas, o que acirrou a já complicada guerra comercial.


Matéria sobre a ameaça de 200% de tarifaço caso o país não forneça ímãs aos Estados Unidos (Vídeo: reprodução/YouTube/InfoMoney)

A retórica de Trump, embora combativa, também sinalizou a complexidade da relação bilateral. Ao mesmo tempo que proferia ameaças, ele mencionava a “relação estupenda” com a China e seu desejo de visitar o país. Essa dualidade refletia a tensão entre a necessidade de negociação e a postura firme de seu governo. Ele chegou a afirmar que, se “jogasse suas cartas”, poderia “destruir a China”, uma declaração que, embora hiperbólica, demonstrava a percepção de poder dos EUA na negociação.

Caminhos para a negociação: Acordos e tensões persistentes

Apesar das tensões, representantes de ambos os países se reuniram em várias ocasiões para tentar resolver as disputas. Esses encontros resultaram em acordos temporários, como a redução recíproca de tarifas, visando aliviar a pressão econômica mútua.

No entanto, o descontentamento americano permaneceu, com acusações de que a China estaria deliberadamente atrasando o processo de concessão de licenças de exportação. Essa situação ilustra como a geopolítica e a economia estão intrinsecamente ligadas, com o controle de recursos estratégicos se tornando um ponto central nas negociações entre as maiores economias do mundo.

Lula rebate críticas de Trump e reforça defesa da soberania brasileira

O presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quinta-feira (21) que Donald Trump não deve “dar palpite” no Brasil. A declaração ocorreu durante um evento do Ministério da Saúde em Sorocaba, no interior de São Paulo.

Lula destacou que governar significa cuidar da população e rejeitou interferências externas. O Brasil tem sido alvo de Trump em diversas declarações, principalmente envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante o evento, Lula ainda disse: “aqui cuidamos nós”, ao criticar a postura do presidente norte-americano.

Tarifas e acusações comerciais

Atualmente, alguns produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos enfrentam tarifa de 50%. À primeira vista, o governo Trump justificou a medida alegando políticas “incomuns” do Brasil que afetariam empresas americanas e direitos civis.

Em contrapartida, Lula respondeu de forma enfática afirmando que o Brasil é parceiro confiável e não aceita imposições externas. “Não andaremos de joelhos para os americanos”, afirmou.


EUA aceitam dialogar com o Brasil (Vídeo: reprodução/YouTube/Uol)

Reações do governo brasileiro

Por outro lado, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou mudanças nas classificações tarifárias para produtos com aço e alumínio, tornando-os mais competitivos. Além disso, o governo enviou resposta oficial ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos, conhecido pela sigla USTR. No documento, o Brasil defendeu que não adota medidas discriminatórias e pediu diálogo aberto entre os países.

Consequentemente, as tensões aumentaram após sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. Em reação, o ministro Flávio Dino reforçou que nenhuma decisão estrangeira tem validade automática no Brasil. O Supremo Tribunal Federal também destacou que medidas internacionais só produzem efeitos quando homologadas pela Justiça brasileira.

Medidas econômicas e posição no Brics

Para compensar o impacto do tarifaço, o presidente brasileiro anunciou R$ 30 bilhões em crédito para exportadores. A medida será implementada por Medida Provisória. Além disso, também defendeu que os países do Brics ampliem negociações sem depender do dólar.


— Lula da Silva no Palácio do Planalto (Foto: reprodução/Ton Molina/NurPhoto/Getty Images Embed)


Por fim, Lula afirmou que parceiros como Brasil e China poderiam utilizar moedas próprias, reduzindo a influência da moeda americana. Contudo, ressaltou que não é contra o dólar, mas quer alternativas justas para os países em desenvolvimento.

Alckmin anuncia alívio para exportações brasileiras

No contexto das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, uma decisão recente do Departamento de Comércio norte-americano trouxe um importante alívio para as exportações brasileiras. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou que os produtos brasileiros que contêm aço e alumínio em sua composição terão uma nova classificação tarifária, saindo de uma taxação elevada para uma alíquota mais competitiva.

Essa mudança, que enquadra as exportações na Seção 232 do Ato de Expansão Comercial, nivela as condições de concorrência para o Brasil, permitindo que os produtos nacionais paguem a mesma tarifa que os de outros países.

Redução de tarifas impulsiona competitividade brasileira nos EUA

Anteriormente, produtos com esses componentes sofriam com uma sobretaxa imposta pela administração do presidente dos EUA, Donald Trump, que chegava a 50%. A medida recém-anunciada, portanto, representa um avanço significativo na competitividade da indústria brasileira no mercado estadunidense. De acordo com Alckmin, o alívio afeta aproximadamente 6,4% do total das exportações brasileiras para os EUA, o que corresponde a cerca de US$ 2,6 bilhões de um total de US$ 40 bilhões.


Matéria sobre discurso de Alckmin onde ele diz que produtos industriais terão tarifas aliviadas (Vídeo: reprodução/YouTube/Rede TVT)

Setores-chave da indústria, como máquinas, equipamentos e motocicletas, que são altamente impactados pela nova tarifação, serão os principais beneficiados. A decisão americana é vista como uma forma de corrigir uma distorção comercial que prejudicava a economia brasileira, especialmente a indústria de manufaturados. O ajuste tarifário não apenas melhora a capacidade de competição dos produtos brasileiros, mas também ajuda a fortalecer os laços comerciais entre as duas nações.

Nova postura comercial dos EUA abre caminho para negociações mais equilibradas com o Brasil

O anúncio de Alckmin, feito após um encontro na Câmara dos Deputados para discutir projetos de interesse do comércio exterior, contrasta com o cenário de tensões comerciais vivenciado anteriormente. O governo Trump, por exemplo, havia imposto uma sobretaxa generalizada que, além de produtos industriais, atingiu setores sensíveis da economia brasileira como o agronegócio, com produtos como café, carne bovina e algumas frutas sendo fortemente taxados.

Apesar de a nova medida focar em produtos com aço e alumínio, ela sinaliza uma mudança de rumo nas relações comerciais, buscando maior equilíbrio e previsibilidade. A isenção de tarifas em alguns produtos estratégicos para o Brasil, como aeronaves, petróleo e gás natural, já era uma realidade antes, e agora se soma a essa nova reclassificação, indicando um possível ambiente mais favorável para as negociações futuras. Essa melhora tarifária é um passo importante para que o Brasil mitigue os impactos econômicos de uma política comercial global cada vez mais protecionista.

Brasil responde os EUA sobre acusação de deslealdade no comércio

O governo do Brasil enviou, nesta segunda-feira (18), uma resposta oficial ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), sobre a investigação aberta, pelo órgão americano, de descumprimento de acordos comerciais entre os países. A acusação dos EUA, aberta pelo atual presidente, Donald Trump, seria de que o Brasil estaria adotando políticas econômicas discriminatórias contra os Estados Unidos. Na carta resposta, o Brasil afirma que não pratica nenhuma medida restritiva contra nenhum país e que não existe nenhuma base jurídica para a imposição das sanções econômicas, pelos EUA.

A resposta do governo brasileiro

O presidente Trump iniciou a apuração das políticas econômicas brasileiras em julho, com a ideia de que empresas norte-americanas estariam sendo prejudicadas em diversas áreas, como nos sistemas de pagamentos digitais (PIX), etanol, propriedade intelectual e medidas ambientais ligadas ao desmatamento.


Donald Trump em evento com líderes europeus na Casa Branca (Foto: reprodução/ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP/Getty Images Embed)


No documento oficial da resposta aos Estados Unidos, o governo do Brasil pediu um diálogo mais aberto e construtivo entre as duas nações e deu explicações para cada tópico abordado.

O Brasil insta o USTR a reconsiderar o início desta investigação e a iniciar um diálogo construtivo. Medidas unilaterais previstas na Seção 301 podem comprometer o sistema multilateral de comércio e ter consequências adversas para as relações bilaterais”, declarou o governo brasileiro.

Em relação ao PIX, o governo explicou que as regras de operação deste sistema buscam a segurança, estabilidade e a proteção do consumidor. Eles ainda destacaram que empresas estrangeiras não são prejudicadas nas transações.

Sobre a propriedade intelectual, o governo afirmou que segue os padrões internacionais e mantém os marcos regulatórios na mesma direção dos acordos da OMC.

Sobre o etanol, foi confirmado, pelo governo, que adota políticas que andam junto de compromissos multilaterais. No caso do desmatamento, eles deixaram claro que a política ambiental brasileira não coloca barreiras comerciais sobre empresas estrangeiras, permitindo, então, a competitividade.

O governo também informou que nenhuma medida do Supremo Tribunal Federal (STF), impacta nos negócios de empresas norte-americanas no Brasil.

O tarifaço de Trump

A ação dos Estados Unidos vem em meio à decretação de um tarifaço de 50% a diversos produtos brasileiros, pelo presidente Donald Trump. A justificativa do americano seria de que o Brasil está descumprindo as medidas relacionadas à democracia, por conta da perseguição e julgamento do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que foi acusado de tentativa de golpe de estado.

O governo do Brasil, junto com o presidente Lula, enxergaram as ações de Trump como sendo movidas por motivações ideológicas, rebatendo a legalidade da medida de taxação. Agora há uma tentativa de comunicação mais aberta e clara entre os dois países, para tentar resolver a situação.

Em meio à crise, Lula não cede a Trump e descarta telefonema: “Não vou me humilhar”

A relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos se encontra em um momento de tensão, evidenciado pelas recentes declarações do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do líder norte-americano, Donald Trump. Em uma entrevista à agência de notícias Reuters, Lula expressou sua posição firme sobre a falta de comunicação direta entre os dois chefes de Estado. Ele declarou que não vê motivos para ligar para Trump, pois, nas comunicações enviadas e nas decisões tomadas, o presidente estadunidense não demonstra interesse em negociações, mas sim em fazer “novas ameaças”. A frase “Não vou me humilhar” resume a postura de Lula, que se recusa a tomar a iniciativa de uma conversa que, segundo ele, não seria produtiva.

Tensão cresce após tarifas dos EUA e críticas de Trump ao Brasil

A situação escalou após Trump anunciar a imposição de uma tarifa de 50% sobre uma variedade de produtos brasileiros, medida que entrou em vigor recentemente. Em meio a essa tensão, Trump afirmou publicamente que Lula poderia ligar para ele “a qualquer momento” para discutir a questão. No entanto, o tom de sua declaração foi acompanhado de críticas, onde ele afirmou que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”. O governo americano justificou as tarifas como uma “emergência nacional”, citando políticas e ações brasileiras que consideram “incomuns” e “extraordinárias”.


Lula declara em coletiva que não vai entrar em contato com Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

Brasil adota cautela diante de críticas de Trump e tensões bilaterais

As críticas de Trump ao Brasil vão além das questões comerciais. Elas incluem a alegação de práticas comerciais “desleais” mencionando especificamente o sistema de pagamentos Pix, decisões do judiciário brasileiro que impactam plataformas e redes sociais americanas, e a situação jurídico-política do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Diante desse cenário de atrito, o governo brasileiro optou por uma abordagem mais cautelosa. Lula designou o vice-presidente, Geraldo Alckmin, para liderar o diálogo com os Estados Unidos. Alckmin, juntamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já estabeleceram conversas com seus homólogos norte-americanos. Essas negociações de bastidores servem como uma preparação para uma eventual comunicação direta entre Lula e Trump, demonstrando que, apesar da postura firme de Lula, o Brasil busca uma solução diplomática para a crise. A estratégia do governo brasileiro parece ser a de preparar o terreno para um futuro diálogo mais construtivo, evitando uma confrontação direta que poderia piorar a situação.

Tarifaço de Trump ao Brasil começa a valer 

Entram em vigor nesta quarta-feira (6) as tarifas de 50% impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros. O decreto assinado na quarta-feira (30), pelo presidente Donald Trump, implementa uma taxa adicional de 40% sobre o Brasil, chegando ao total de 50%. A ordem tem um grande número de exceções como aeronaves civis, fertilizantes, petróleo e suco de laranja.

Justificativas do Governo Trump  

Na quarta-feira (30), Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, assinou uma Ordem Executiva (OE), que considera o Brasil uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA. 

Em comunicado, o governo estadunidense justifica a medida como forma de defesa do presidente Trump contra a extorsão das empresas americanas e perseguição política de seus cidadãos, a favor da liberdade de expressão e pela salvação da economia dos EUA “de ficar sujeita aos decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico.


Bolsonaro e Donald Trump na Casa Branca (Foto: reprodução/Alex Wong/Getty Images Embed)


A Casa Branca reproduz a versão do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso nesta segunda-feira (04), que afirma ser perseguido no processo que o acusa de liderar uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. 

O texto que anuncia as tarifas assume que as decisões em processos que envolvam Bolsonaro e seus apoiadores são fruto de perseguição política, assédio e censura e constituem graves abusos de direitos humanos que arruinam o Estado Democrático de Direito brasileiro.

As exceções do tarifaço

Iniciada nesta quarta-feira, a alíquota de 50% impacta ⅓ dos produtos brasileiros e prevê uma lista de exceção de quase 700 produtos. Os principais itens não sobretaxados são:

  • Artigos de Aeronaves Civis 
  • Veículos e peças específicas 
  • Eletrônicos 
  • Produtos de ferro, aço, alumínio e cobre 
  • Fertilizantes 
  • Produtos agrícolas e de madeira
  • Alguns metais e minerais 
  • Produtos energéticos 

O Governo Lula prepara plano de contingência para diminuir o impacto das tarifas à economia nacional. A negociação com os EUA para diminuir ou isentar a taxa de produtos, a abertura de novos mercados que tenham interesse nos setores mais afetados, o oferecimento de crédito para exportadores mais prejudicados, além da utilização temporária de programas de renúncia fiscal são caminhos analisados pelo governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará uma reunião com secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, no dia 13 de agosto para tratar da imposição das tarifas unilaterais.

Trump aplica tarifa de 50% ao Brasil, mas poupa petróleo e aviões

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que eleva para 50% a tarifa de importação sobre produtos brasileiros. A medida, que marca um novo endurecimento nas relações comerciais entre os dois países, entrará em vigor no próximo dia 6 de agosto.

Apesar do impacto econômico, o documento oficial inclui uma extensa lista de exceções. Mais de 700 categorias permanecerão isentas da nova cobrança, entre elas itens considerados estratégicos para a economia americana, como petróleo bruto, gás natural, suco de laranja, fertilizantes, papel e aeronaves civis.

Exportações industriais escapam da taxação

O decreto detalha os segmentos preservados, incluindo mineração, energia, metalurgia, aviação, papel e produtos químicos. Essas isenções evitam impactos diretos em cadeias produtivas com forte integração entre os dois países, especialmente em áreas industriais e tecnológicas.

Ficam de fora da tarifa de 50% itens como:

  • Polpa e suco de laranja
  • Minério de ferro e de estanho
  • Carvão, turfa, coque e outros derivados minerais
  • Gases industriais como propano, butano e etileno
  • Matérias-primas de alumínio, silício, óxido de alumínio e potassa cáustica
  • Fertilizantes minerais e químicos diversos
  • Resíduos petrolíferos, cera e compostos químicos
  • Madeira, cortiça aglomerada, celulose e polpas vegetais
  • Prata e ouro em lingotes
  • Ferro-gusa, ferronióbio e outras ligas de ferro
  • Linhas, tubos e conexões industriais
  • Artigos de aviação civil: motores, pneus, turbinas e peças
  • Insumos para papel, papelão e derivados industriais
  • Pedras especiais, crocidolita, amianto e misturas industriais

A lista contempla ainda dezenas de insumos essenciais para setores estratégicos, evidenciando o cuidado dos EUA em preservar cadeias produtivas sensíveis e evitar impactos industriais bilaterais.


Vídeo explica quais produtos brasileiros ficaram de fora do tarifaço anunciado por Donald Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Setor agro é o mais atingido

Enquanto os segmentos industriais foram amplamente poupados, alimentos e commodities agrícolas não tiveram o mesmo tratamento. Produtos como carne bovina, frutas tropicais e café seguem sujeitos à alíquota máxima, o que pode afetar especialmente exportadores de pequeno e médio porte.

Na terça-feira (29), o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que o governo estuda zerar tarifas sobre alimentos que não são produzidos internamente, como café, manga, abacaxi e cacau. Ele não especificou quais países seriam beneficiados, e não há confirmação se o Brasil estaria entre eles. A proposta ainda não foi oficializada.

Tensão política reforça medida

A publicação do tarifaço ocorreu no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky, uma legislação internacionalmente aplicada para punir autoridades acusadas de graves violações de direitos humanos, corrupção e até mesmo envolvimento com grupos como a Al-Qaeda. Se confirmada, será a primeira vez que a lei atinge um ministro de uma corte suprema de um país democrático, estabelecendo um precedente inédito nas relações Brasil-EUA.

Em nota, a Casa Branca justificou a medida como resposta a “ações recentes do Governo Brasileiro que representam uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”. O texto menciona ainda a perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, relacionada às investigações em curso.