Brasil leva tarifas de Trump à Organização Mundial do Comércio

Nesta quarta-feira (23), ocorreu a reunião do Conselho Geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), onde foi levado pelo Itamaraty a questão das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. A reunião aconteceu em Genebra, na Suíça, e quem discursou em nome do governo brasileiro foi o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Gough.

O encontro marcou o início do recurso oficial registrado pelo governo brasileiro na OMC,  contra o tarifaço anunciado por Trump, no dia 9 de julho, por meio de uma carta enviada ao presidente Lula e, respectivamente, ao Brasil. O governo também informou que a abertura do recurso junto ao órgão internacional foi solicitada formalmente por Lula.

Recurso à OMC e Lei da Reciprocidade

Em Genebra, o embaixador Philip Gough apresentou ao órgão internacional o protesto formal contra as tarifas anunciadas neste mês pelos Estados Unidos. Ele classificou as taxas como “arbitrárias” e “implementadas de forma caótica”, numa denúncia direta ao pacote de taxas de 50% aplicado sobre produtos brasileiros. O tarifaço está programado para entrar em vigor em 1º de agosto. 

De acordo com o discurso, as sanções unilaterais configuram uma “violação flagrante dos princípios fundamentais que sustentam a OMC”, sendo fundamentais para o bom funcionamento do mercado de comércio mundial. Não foi citado diretamente o presidente Donald Trump na manifestação, mas o governo brasileiro permanece na posição de negociações das tarifas. Entretanto, até o momento não houve resposta das autoridades norte-americanas e Cough afirmou que caso não aconteça uma negociação, o país irá recorrer a medidas legais e ao sistema de solução de controvérsias da OMC.

De forma paralela ao recurso enviado, o governo avalia a adoção da Lei da Reciprocidade. A lei foi aprovada pelo Congresso e tem como objetivo, caso implementada, retaliar os Estados Unidos com medidas igualitárias, caso as negociações não avancem, visando manter a soberania brasileira. Já foi dito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o governo não pretende utilizar a lei de forma abrasiva. 

Interferência na política interna

Na fala incisiva na reunião, Gough acusou os EUA de usarem o tarifaço como forma de “pressão política”, interferindo nos assuntos internos do país. O embaixador faz referência a carta escrita por Trump, onde o presidente norte-americano diz estar acompanhando de perto o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump ainda disse que está acontecendo uma “caça às bruxas” no Brasil, pressionando indiretamente o governo brasileiro.


Donald Trump e Jair Bolsonaro juntos em 2020 (Foto: reprodução/JIM WATSON/Getty Images Embed)


Segundo Gough, tarifas com motivação política são “atalhos perigosos” em um contexto de instabilidade e guerra, já que corroem a estabilidade do sistema multilateral e ameaçam a soberania das democracias. Outros países foram tarifados pelos Estados Unidos, incluindo Japão, Reino Unido e Filipinas, que já firmaram acordos para reduzir as tarifas. Já a União Europeia e o Canadá, além do Brasil, ameaçam retaliação das taxas. 

Governo estuda planos de ajuda a setores afetados por tarifaço

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, concedeu entrevista à CBN nesta segunda-feira (21), onde falou sobre estudos do governo para ajudar setores que forem mais afetados pelo tarifaço imposto pelos EUA, e também sobre a possibilidade da Lei da Reciprocidade ser colocada em prática.

A tarifa imposta pelos EUA é de 50% e tem previsão para entrar em prazo dia 1 de agosto. Haddad informou que o governo está disposto a negociar a tarifa, mas até o momento não há movimentações por parte do governo americano para que ocorram negociações. O ministro ainda ressaltou que pode não haver resposta até o início de agosto. Em paralelo, o governo avalia a adoção de instrumentos de apoio a setores que forem mais afetados e estuda a possibilidade de retaliação econômica, dentro da Lei da Reciprocidade, aprovada pelo presidente Congresso Nacional.

Planos de apoio e exportações

Em sua fala, Haddad declarou que o governo está trabalhando com uma série de cenários de contingência, onde não necessariamente irá acontecer um impacto fiscal caso haja a implementação das medidas. Ele confirmou que elas dependem do presidente Lula e podem incluir uma combinação de diferentes instrumentos de política econômica que impactem pouco as contas públicas. 

Além disso, neste cenário há uma preocupação com as exportações do Brasil para os EUA. Com o tarifaço, as exportações ficariam defasadas, portanto, o ministro defende que o governo vai redirecionar parte das exportações a outros mercados, embora reconheça que isso levaria tempo e que nem todas as empresas iriam conseguir realizar essa realocação. Por fim, ele informou que a equipe econômica irá apresentar ao presidente Lula os possíveis impactos do tarifaço sobre o PIB (Produto Interno Bruto) e a inflação, ainda nesta semana.


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reunião do G20 (Foto: reprodução/Wagner Meier/Getty Images Embed)


Retaliação do governo

Ao mesmo tempo, o governo brasileiro ainda procura por uma negociação com os EUA sobre a tarifa de 50% até 1º de agosto, mas Haddad ressalta que não descarta a possibilidade do prazo se esgotar sem uma resposta do governo americano. O ministro reforçou que o país não pretende retaliar com punição a empresas ou cidadãos americanos, citando que a Lei da Reciprocidade pode ser utilizada de maneira a não prejudicar a economia brasileira.

A Lei da Reciprocidade Econômica foi assinada por meio de decreto pelo presidente Lula em 14 de julho, como resposta às tarifas impostas pelo governo americano. A lei permite à imposição de retaliações econômicas – incluindo tarifas – em caso de barreiras comerciais unilaterais, financeiras e/ou de investimentos que afetem a soberania brasileira. As tarifas foram informadas por uma carta enviada por Donald Trump – presidente em ofício dos Estados Unidos – ao Brasil e ao presidente Lula.

Trump impõe tarifa de 50% e setores produtivos brasileiros alertam para risco de colapso

Líderes do setor exportador brasileiro soaram o alerta após os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, anunciarem a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Os segmentos de madeira e pescados são os mais preocupados, temendo um colapso caso a medida passe a valer em 1º de agosto. Apesar de reuniões recentes com representantes do governo brasileiro, os empresários avaliam que os avanços nas tratativas seguem lentos e insuficientes.

Desde o anúncio do tarifaço, o governo Lula intensificou o diálogo com lideranças empresariais por meio de um colegiado interministerial, sob comando do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. No entanto, representantes do setor alegam que, embora a iniciativa tenha sido positiva, a ausência de desdobramentos concretos tem gerado frustração e incerteza no mercado.

Impasse nas negociações e tensão diplomática

Paulo Roberto Pupo, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), relatou que saiu da reunião com o governo com a expectativa de que medidas urgentes seriam tomadas. No entanto, segundo ele, o cenário “piorou” nos dias seguintes, tanto pelas declarações públicas de autoridades quanto pela falta de retorno concreto.

Embora tenha elogiado a articulação do governo como bem estruturada, Paulo Roberto Pupo avalia que, desde então, pouco foi avançado nas negociações e que o prejuízo aumenta a cada dia sem uma saída concreta. Segundo ele, o risco de paralisação no setor madeireiro é real, principalmente entre empresas que destinam toda a produção ao mercado norte-americano.

O principal entrave, de acordo com representantes empresariais, está na dificuldade de estabelecer um canal de negociação com a Casa Branca, em meio à relação tensa entre Lula e Trump. A sugestão do governo brasileiro para que o setor privado pressione os importadores norte-americanos foi recebida com ceticismo, sobretudo no ramo de pescados, que vê pouca chance de essa estratégia surtir efeito.


Empresários criticam a falta de avanço nas negociações e temem prejuízos caso tarifaço entre em vigor (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Setor de pescados teme perder mercado construído em décadas

Para Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), a situação é crítica. Com 70% das exportações voltadas aos Estados Unidos, a nova tarifa pode tornar inviável a operação das empresas brasileiras. Diante disso, a entidade solicitará ao presidente Lula uma linha de crédito emergencial de R$ 900 milhões para garantir a sobrevivência do setor enquanto não se alcança uma solução diplomática.

A entrada de peixes brasileiros no mercado europeu está bloqueada desde 2017, o que torna ainda mais urgente a busca por alternativas. Embora haja expectativa em torno do acordo Mercosul-União Europeia, Lobo alerta que essa possibilidade não virá a tempo de evitar perdas imediatas com o tarifaço.

Segundo Lobo, se os produtos brasileiros saírem do mercado norte-americano, será difícil voltar a esse espaço. Ele destacou que anos de investimento foram necessários para construir uma relação de confiança baseada em qualidade e regularidade, e que perder essa posição seria um retrocesso para o setor.

A principal demanda dos setores até o momento, que é o adiamento da aplicação da tarifa, ainda não foi atendida. Empresários defendem que isso seria essencial para permitir um espaço de negociação mais técnico, além de oferecer tempo para que os exportadores se adaptem às novas exigências.

Exportação de mel orgânico do Piauí está ameaçado por tarifaço de Trump

Se a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Donald Trump entrar em vigor a a partir de 1º de agosto, as exportações de mel orgânico do Piauí para os Estados Unidos podem sofrer com a diminuição de envio do produto.

Nesta quarta-feira (16), em conversa com o g1, o professor Darcet Costa Souza, titular da Universidade Federal do Piauí (UFPI), chefe de zootecnia e responsável pelo setor de apicultura da instituição explicou que caso a tarifa anunciada por Trump seja posta em prática, os pequenos produtores serão os mais prejudicados.

De acordo com o pesquisador, a consequência instantânea vai ser a diminuição na importação, pois o mercado norte-americano vai reduzir o consumo do nosso mel, e como resultado os produtores vão receber menos, e os pequenos apicultores é que terão os maiores prejuízos. Segundo o professor, muitos serão os prejudicados, pois a apicultura é a renda básica no sertão do Piauí.

Uma vez anunciado o tarifaço de Trump na quarta-feira (9), logo ocorreram cancelamento de grandes encomendas. O professor Darcet Costa Souza comentou que o Piauí vem se destacando, pois a maior parte do mel é produzida em região de mata nativa, por pequenos produtores. Ele disse também que o mel é certificado como orgânico, o que significa ter o reconhecimento do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), além de uma certificação social, que nos favorece na comercialização. importadores norte americanos tem uma tendência a avaliar quem fez o produto que eles estão comprando.

Quais os destinos do mel orgânico e sua diferença com o tradicional

Países como Canadá, Estados Unidos, e outros países da Europa importam o mel produzido no semiárido do Piauí por saberem que existe todo um processo de práticas sustentáveis.


O professor Darcet Souza é chefe de zootecnia e responsável pelo setor de apicultura da Universidade Federal do Piauí (UFPI) – (Foto: reprodução/Instagram/@darcetsouza)


O professor Darcet Costa Souza explica que o mel orgânico é produzido dentro de um sistema de produção orgânica, o que o diferencia do mel produzido de forma tradicional. O mel tradicional faz uso de adubos, fertilizantes e inseticidas. Darcet disse que o risco á saúde é quase zero por não haver a utilização de agrotóxicos. O professor falou também que após a pandemia de Covid-19, o uso de alimentos orgânicos aumentou.

Qual a proposta dos produtores

Os produtores, junto da Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), pensam em dividir a taxa de 50% com os importadores norte americanos.

Segundo a Casa Ápis, por meio de seu presidente Sitônio Dantas, a solução é negociar e dividir, pois o preço do mel vai aumentar, em dólar, e dessa forma compensar a despesa, para assim conseguir se manter o negócio.


Os apicultores buscam junto da Casa Apis pensam em dividir a taxa de 50% com os importadores americanos (Foto: reprodução/Instagram/@casaapisoficial)


Caso haja redução nas exportações, existe o risco de aumentar os custos logísticos. Assim que Donald Trump anunciou a tarifa, duas grandes operações de exportação foram prejudicadas no Piauí: 585 toneladas de mel orgânico do Grupo Sama, um dos maiores exportadores do Brasil e 95 toneladas de mel da Casa Apis, no sul do Piauí, que conseguiu embarcar no domingo (13) após negociar com os compradores.

Lula reage ao “tarifaço” de Trump em pronunciamento e defende soberania do Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou na data de ontem, quarta-feira (16), um pronunciamento a ser veiculado em rede nacional. A filmagem ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente e será transmitida hoje à noite, quinta-feira (17), em horário nobre, à nação brasileira, reforçando a soberania do país.

Em seu pronunciamento, Lula abordará questões relacionadas às tarifas de 50% a serem aplicadas pelos EUA aos produtos importados brasileiros e reforçará que o país norte-americano, ao longo dos anos, alcançou superávit nas relações comerciais com o Brasil. 

Outra questão a ser abordada é referente ao processo judicial do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu. Lula ratificará a independência da justiça brasileira, rechaçando qualquer interferência externa aos órgãos julgadores da ação penal. 

Alinhando os discursos

O discurso do presidente brasileiro era aguardado desde que Donald Trump anunciou a sobretaxa ao Brasil na semana passada. No entanto, Lula decidiu aguardar o alinhamento dos discursos junto à sua base aliada, aos demais parlamentares e ao empresariado, para dar uma resposta concreta à população brasileira.

Importante ressaltar que, em pesquisa realizada pela Quaest, nos últimos dias, 72% dos entrevistados são contra as tarifas aplicadas pelo presidente estadunidense, enquanto 19% concordam com os atos de Trump. Os demais, 9%, não quiseram ou não souberam responder.


Pesquisa Quaest, veiculada ontem, quarta-feira (16), sobre o “tarifaço” do presidente Donald Trump contra o Brasil (Foto: reprodução/X/@profFelipeNunes) 



Além do pronunciamento do presidente Lula, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil, enviaram na data de ontem, quarta-feira (16), uma carta assinada conjuntamente ao Departamento de Comércio dos EUA, reforçando a indignação contra as políticas tarifárias aplicadas por Donald Trump.

Carta conjunta aos EUA

Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil e Ministro do Desenvolvimento, e Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores, em carta direcionada a Howard Lutnick, Secretário de Comércio dos EUA e a Jamieson Greer, Representante de Comércio estadunidense, contestam as declarações do governo Trump. No documento, reforçam que a aplicação tarifária terá impacto “muito negativo em setores importantes de ambas as economias”. 

As declarações das autoridades brasileiras seguem afirmando que a relação comercial bilateral entre as “maiores economias das Américas”, ao longo de décadas trouxe prosperidade ao Brasil e aos EUA. Ressalta, ainda, que a sobretaxa coloca “em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda” entre os países.


Carta conjunta do MRE e do MDIC do Brasil à autoridades estadunidenses (Foto: reprodução/X/@ItamaratyGovBr)

Na última terça-feira (15), o Governo Federal regulamentou o decreto de Reciprocidade Econômica, onde prevê igualdade tarifária a países que utilizam tarifas coercitivas contra a economia brasileira, a fim de proteger os interesses econômicos-comerciais da nação. O discurso do presidente Lula e a carta conjunta enviada ao governo estadunidense somam-se a estas e outras medidas tomadas por autoridades brasileiras, no intuito de coibir e encontrar uma solução referente a política tarifária dos EUA relacionadas ao Brasil.

Trump ameaça Rússia com tarifa de 100% e pressiona por acordo de paz

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feiraa (14) que dará 50 dias para a Rússia aceitar um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. Caso Moscou não aceite os termos, ele promete taxar em 100% todas as exportações russas, além de impor tarifas secundárias a países que continuarem comprando produtos russos — como China e Índia.

“Vamos adotar tarifas secundárias”, afirmou Trump. “Se não chegarmos a um acordo em 50 dias, é muito simples, elas serão de 100%.” A estratégia visa pressionar financeiramente Moscou e acelerar uma solução diplomática para o conflito. Trump também prometeu apoio militar reforçado à Ucrânia, com o envio de armamentos de alta tecnologia, caso Vladimir Putin recuse o acordo proposto.

Efeitos colaterais: Brasil e aliados também na mira

Essa postura agressiva não se limita à Rússia. O Brasil, por exemplo, foi diretamente afetado. Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com início em 1º de agosto, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado político. A medida é vista como uma retaliação simbólica ao atual governo brasileiro e considerada uma forma de apoio indireto ao julgamento de Bolsonaro por participação na tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Além disso, Trump sinalizou tarifas de 70% para produtos chineses e 60% para exportações europeias. A nova política tarifária busca reposicionar os EUA como potência dominante nas relações comerciais e diplomáticas, retomando o lema “America First” com força total.

Guerra se arrasta e Rússia intensifica ataques

A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura mais de três anos e está longe de um desfecho. Nos últimos dias, a Rússia intensificou seus ataques com drones, atingindo cidades ucranianas e mantendo o controle de aproximadamente 20% do território da Ucrânia. Apesar de discursos diplomáticos por parte de Moscou, os ataques continuam diários, e Putin ainda não respondeu positivamente ao cessar-fogo proposto por Trump, já endossado por Kiev.


Resultado de recente ataque russo em Lviv, Ucrânia (reprodução/Ukrinform/NurPhoto/Getty Images embed)


Redefinição do equilíbrio global

Com sua nova abordagem geopolítica, Trump aposta no uso da força econômica para influenciar o cenário global. O ultimato à Rússia e as tarifas impostas a países como Brasil e China indicam uma postura mais direta e conflituosa, que pode redefinir o equilíbrio diplomático nos próximos meses.

Após Trump aumentar tarifas Lula assina decreto que regulamenta “Lei de Reciprocidade”

Nesta segunda-feira(14), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o decreto que regulamenta a chamada lei de reciprocidade, a medida foi apontada como resposta ao “tarifaço”, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O que se espera é que estabeleça, os procedimentos que deverão ser adotados na criação de um comitê para discutir esses impostos que serão inseridos nas importações de produtos do Brasil pelos Estados Unidos da América. A decisão será publicada no diário oficial da união nesta terça-feira(15).

Entenda a situação

Donald Trump, recentemente, informou que a partir de agosto (2025) será inserido 50% em cima dos produtos brasileiros que serão exportados para os EUA. A decisão acabou sendo criticada pelo presidente Lula, que considera tudo isso uma retaliação política, pois para ele o governante norte-americano estaria tomando essa atitude em resposta às investigações feitas no caso da trama golpista. Trump já havia feito críticas a respeito do julgamento em questão.

O governo brasileiro anunciou, também, que haverá uma reunião em breve entre o governo federal e representantes do setor privado, para discutir como será a resposta a esse aumento das tarifas. O comitê interministerial, reunirá o ministério de desenvolvimento, indústria, comércio e serviços( MDIC), a casa civil e ainda, os ministérios da Fazenda e o das Relações Exteriores. Geraldo Alckmin organizará estas reuniões em blocos, sendo que em cada horário, trará grupos diferentes para discutir a respeito da situação.


Lula e Geraldo Alckmin no dia 14 de julho em reunião sobre a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump (Foto: reprodução/Evaristo S.A/Getty Images Embed)


Como serão as reuniões

Conforme o vice-presidente informou, as reuniões serão parte de um trabalho vindo do comitê interministerial criado pelo presidente Lula. Na reunião, que se iniciará as 10h desta terça-feira (15), os setores convidados serão:

  • Aço
  • Aviões
  • Celulose
  • Móveis
  • Autopeças
  • Alumínio
  • Máquinas
  • calçados

A tarde, por volta das 14 horas, ocorrerá outra leva de conversas com convidados de mais alguns setores, entre eles:

  • Pescado
  • Couro
  • Mel
  • Frutas
  • Carne
  • Suco de laranja

Conforme Geraldo Alckmin disse, há cerca de dois meses, o Brasil chegou a enviar uma proposta para os EUA, porém não obteve resposta. A respeito da taxa de 50% o vice-presidente disse que não houve ainda um pedido para prorrogação.

Lula critica Trump e acusa Bolsonaro de articular ingerência estrangeira

Em discurso nesta sexta-feira (11), durante um evento em Linhares–ES, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as recentes falas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou o governo brasileiro de promover uma “caça às bruxas” por meio do Judiciário. As declarações de Trump, que defendeu o aliado Jair Bolsonaro, foram recebidas com forte crítica por Lula, que classificou o episódio como uma tentativa de interferência estrangeira na soberania do país.

O evento, que reuniu ministros e apoiadores do governo federal, também teve como pauta principal a apresentação de um novo acordo de indenização para as vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, ocorrido em 2015. Ainda assim, foi o cenário político internacional que dominou o tom do discurso do presidente.

Críticas diretas a Trump e Bolsonaro

Lula afirmou que as ameaças de taxação feitas por Trump têm como objetivo pressionar o governo brasileiro a anistiar envolvidos na tentativa de golpe de Estado ocorrida em janeiro de 2022. Ele acusou Jair Bolsonaro de enviar o filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aos Estados Unidos para solicitar apoio direto a Trump em defesa do ex-presidente.

“Aquela coisa covarde, que preparou um golpe nesse país, não teve coragem de fazer, está sendo processado, vai ser julgado… E ele mandou o filho dele para os Estados Unidos pedir para o Trump fazer ameaça: ‘Ah, se não liberarem o Bolsonaro, eu vou taxar vocês’”, declarou Lula. Em tom crítico, acrescentou: “É preciso essa gente criar vergonha na cara”.

Segundo Lula, a carta enviada por Trump ao governo brasileiro contém alegações incorretas, como o suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil, contrariando dados oficiais que apontam o contrário.

Soberania e Estado de Direito

Em entrevista ao Jornal Nacional, Lula reforçou que “não pode admitir a ingerência de um país na soberania de outro”. Ele destacou ainda que a tentativa de influenciar o sistema judiciário brasileiro por meio de ameaças econômicas representa uma grave afronta ao Estado de Direito.


Presidente Lula critica Trump em entrevista (Vídeo: reprodução/X/@LulaOficial)


A crise diplomática, ainda em seus primeiros desdobramentos, reacende o debate sobre os limites da atuação internacional na política interna de outros países. Lula, ao criticar Trump e Bolsonaro, se posiciona em defesa da autonomia das instituições brasileiras e do processo legal que envolve os acusados pela tentativa de golpe.

Eduardo Bolsonaro demonstra apoio a Trump em meio à tensão comercial

Eduardo Bolsonaro utilizou suas redes sociais, na data de ontem, quarta-feira (09), para agradecer ao presidente estadunidense Donald Trump e apoiar as ações a serem tomadas pelos EUA referentes ao Brasil. O parlamentar, atualmente deputado federal licenciado, afirmou que as medidas de Trump  devem-se ao “afastamento do Brasil dos valores do mundo livre”.

Nota conjunta

Morando nos EUA, Eduardo Bolsonaro, em declaração direta ao presidente norte-americano, publicou: “obrigado, presidente Donald J. Trump. Espero que as autoridades brasileiras agora tratem esses assuntos com a seriedade que merecem.” Posteriormente, enviou à imprensa brasileira uma nota assinada conjuntamente com o jornalista Paulo Figueiredo.

No documento, os interlocutores imputaram ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e ao governo Lula o ônus tarifário de 50% a ser aplicado sobre os produtos brasileiros importados ao país norte-americano, com previsão para entrar em vigor a partir de 01 de agosto (2025).

A declaração, intitulada de “Uma hora a conta chega”, alega que o ministro Moraes não age sozinho em suas decisões; aventando que o governo brasileiro tem participação direta nos atos cometidos pelo STF. Chamando a aplicação tarifária contra o Brasil de “tarifa-Moraes”, os declarantes afirmam que as medidas são “uma forma de responsabilizar não apenas indivíduos, mas o sistema que, segundo ele, sustenta abusos de poder”


Nota conjunta publicada na íntegra pelo jornalista Paulo Figueiredo (Foto: reprodução/X/@pfigueiredo08)

Anteriormente, na última segunda-feira (07), o parlamentar publicou que medidas seriam tomadas pelos EUA em relação ao Brasil. Sem informar quais medidas estariam por vir, alertou sobre ações do governo norte-americano contra o que chamou de “perseguição no Brasil”. Um aceno de que o mandatário estadunidense realizaria sanções inerentes ao governo brasileiro e que afetariam a relação comercial entre os dois países.

Situação reage

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados Federal, Lindbergh Farias, apoiador do governo Lula, tem tecido críticas contundentes à atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro. Em várias declarações, Farias, condena os atos de Eduardo ao que ele chama de “promoção de ataques institucionais”.

Na manhã de hoje, quinta-feira (10), juntamente com outros parlamentares, Lindbergh Farias, por meio de suas redes sociais, chamou os que defendem as ações de Donald Trump contra o Brasil de “vira-latas, capacho dos EUA”. As falas do deputado referem-se à “moção de louvor e regozijo” encabeçada pelo líder do Partido Liberal (PL), Sóstenes Cavalcante, e aprovada pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, na data de ontem, quarta-feira (09), em favor das ações de Trump.


Lindbergh Farias em relação aos apoiadores das medidas adotadas por Donald Trump contra o Brasil (Vídeo: reprodução/Instagram/@lindberghfarias)]


Segundo Farias, a partir de agora o Brasil divide-se entre aqueles que defendem os interesses do Brasil e os que defendem os interesses dos EUA. Vale ressaltar que, até o final desta matéria, não houve manifestação por parte da oposição sobre as falas do parlamentar. Porém, devido à polarização deflagrada no país nos últimos anos, com vasta utilização das redes sociais, há de se esperar uma “guerra de narrativas” acirrando cada vez mais a polarização política no país.

Guerra comercial: Brasil adotará reciprocidade contra tarifas de Trump, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite de ontem, quarta-feira (09), declarou que adotará a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica como medida contra a elevação de tarifas impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump ao Brasil. A fala do presidente Lula ocorreu após o governo dos EUA informar sobre aplicação tarifária de 50% em relação aos produtos importados brasileiros, prevista para entrar em vigor em 01 de agosto (2025).

Soberania brasileira

Em declarações, o presidente Lula defendeu a soberania do Brasil, alegando que o país não será comandado por governos externos. Ratificou a competência das instituições brasileiras, assegurando que os trâmites legais pertinentes ao processo relacionado aos “atos antidemocráticos”, “não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”. 

As alegações do presidente brasileiro referem-se ao fato de que Donald Trump atrelou a elevação tarifária aplicada ao Brasil ao processo envolvendo o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, tornado réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em 26 de março de 2025. Ainda, referindo-se ao episódio de 08 de janeiro de 2023, Lula enfatizou que a “ liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas”.


Declaração do presidente Lula às falas de Donald Trump sobre aplicação tarifária (Foto: reprodução/X/@lulaoficial)

Após contestar o presidente estadunidense, Lula declarou que a relação comercial Brasil-EUA beneficiou o país norte-americano em U$ 410 bilhões de dólares, conforme dados apresentados pelo próprio país de Donald Trump. Ao final, o presidente brasileiro voltou a defender a soberania do Brasil e informou que os interesses da população são o referencial para relacionamentos bilaterais. 

Lei de Reciprocidade 

Aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula em abril de 2025, a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica ou Lei da Reciprocidade Comercial entrou em vigor no mesmo mês. Conforme a legislação, o Brasil poderá adotar contramedidas tarifárias a países que imponham barreiras comerciais de modo unilateral, prejudicando o país comercialmente. A Lei foi promulgada como resposta às tarifas impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump, também em abril de 2025, denominada como “dia da libertação dos EUA”.


Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso sobre a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica, abril/2025 (Vídeo: reprodução/Instagram/@lulaoficial)


Antes das declarações realizadas na data de ontem, quarta-feira (09), o presidente brasileiro convocou uma reunião emergencial com Fernando Haddad, ministro da Fazenda; Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e, Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores. A medida foi necessária para alinhar os discursos e decidir sobre quais ações serão tomadas frente as decisões do governo estadunidense, maior potência econômica mundial.