PGR avalia próximos passos no indiciamento de Bolsonaro e Eduardo por coação de autoridades em meio à ação penal

Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, encaminhar à Procuradoria-Geral da República (PGR) o relatório com o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), caberá ao procurador-geral Paulo Gonet e sua equipe analisar o documento da Polícia Federal (PF) e decidir os próximos desdobramentos das investigações envolvendo pai e filho.

O que diz o relatório da PF

Segundo a Rádio Agência, da Agência Brasil, a PF encaminhou ao STF, em 15 de agosto, o relatório que conclui as investigações sobre a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro no governo Trump, voltada à promoção de medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo.

O ex-presidente Bolsonaro é investigado pelo envio de valores, via Pix, para patrocinar a estadia do filho nos Estados Unidos, com o fim de estimular sanções que pressionem a justiça do Brasil. 


O ministro Alexandre de Moraes encaminhou o relatório à PGR no dia 20 de agosto (Foto: reprodução/X/@STF_Oficial)

Os investigadores concluíram que Bolsonaro e Eduardo agiram em conluio, sendo responsáveis por coagir o Poder Judiciário a fim de evitar que a ação penal na qual o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado prosseguisse. 

Segundo a PF, os dois crimes cometidos são:

  • Coação no curso do processo (Decreto-Lei nº 2.848/940, Art. 344 do Código Penal Brasileiro): uso de violência ou grave ameaça contra autoridade ou parte que atua em processo judicial, policial ou administrativo para favorecer interesse próprio ou alheio. A pena é de prisão, de um a quatro anos.
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (Lei nº 14.197/2021, Art. 359-L do Código Penal brasileiro): tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. A pena varia de 4 a 8 anos de prisão de reclusão, além da sanção pela violência empregada.

O total das penas de ambos os crimes podem chegar a 12 anos de prisão. 

Procurador-geral pode decidir pela acusação

A PGR é o órgão do Ministério Público Federal (MPF) responsável por atuar em casos criminais que tramitam no STF e propor a abertura de processo contra envolvidos em investigações. Há três caminhos possíveis nesta situação: denúncia contra o ex-presidente e o filho, pedido de mais apurações à polícia ou arquivamento do caso. 


Relatório extenso da PF será analisado pela PGR (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

A PGR pode apresentar uma acusação formal dos crimes na Justiça e, portanto, a denúncia pode se converter em ação penal. Desta forma, os investigados passam à condição de réus. Ao optar por acusar formalmente os investigados no STF, a PGR não precisa acompanhar as conclusões da PF.

Segundo a lei, o MPF terá 15 dias para se pronunciar, prazo este que pode ser flexibilizado, por exemplo, no caso do MPF pedir mais apurações. Caso isso aconteça, o prazo é interrompido.

Havendo acusação, Bolsonaro e Eduardo terão 15 dias para enviar uma resposta escrita, a partir do que o relator liberará o caso para que o colegiado julgue a denúncia, após o seu recebimento.

A partir da denúncia, o ex-presidente e o filho se tornam réus e passam a responder pelas ações penais no Supremo, cabendo recurso aos denunciados. A instrução processual seguirá, então, com a coleta dos depoimentos, dados e interrogatório dos réus. 

Ao fim desta etapa, o caso será julgado pelos ministros, quando, então, decidirão se os réus serão condenados ou absolvidos. Em caso de condenação, a pena de cada um será estabelecida. 

Possibilidades menos prováveis

Caso a PGR entenda que precisa de mais dados sobre a apuração, pode solicitar mais investigações à PF. O pedido de diligências complementares é, então, enviado para o STF e o relator decide se elas ocorrerão ou não. Havendo concordância, o prazo inicial de 15 dias da PGR é interrompido e o caso volta às mãos da PF para as providências. 

Se eventualmente a PGR concluir, após análise do relatório, que não há evidências de crime ou que os investigados sejam autores das infrações, o caso é arquivado.

Em seguida, a PGR encaminha suas conclusões à Corte para análise do relator, que decidirá se, de fato, é passível de arquivamento. O caso poderá ser reaberto a qualquer momento se surgirem novas provas. 

Bolsonaro e aliados encerram alegações finais e aguardam julgamento no STF

O processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado chegou ao fim das alegações finais. Bolsonaro teve até quarta-feira (13) para apresentar contestações ao Supremo Tribunal Federal. Imediatamente, o caso segue para os últimos trâmites antes do julgamento, que decidirá se o grupo será condenado ou absolvido.

Núcleo central da acusação

O ex-presidente Jair Bolsonaro é acusado de liderar um grupo que tentou derrubar o governo eleito e romper a ordem democrática. Segundo a denúncia, ele usou a estrutura do Estado e contou com apoio de aliados civis e militares para enfraquecer as instituições.

A Procuradoria-Geral da República afirma que o grupo faz parte do “núcleo crucial” que buscou a ruptura democrática. Para a Procuradoria Geral da República (PGR), Bolsonaro foi o “principal articulador, maior beneficiário e autor” das ações contra o Estado Democrático de Direito. O ministro Alexandre de Moraes indicou que o julgamento deve ocorrer na Primeira Turma ainda neste semestre.

Etapas antes da decisão final

Após as alegações, Moraes pode pedir novas provas consideradas imprescindíveis. Em seguida, elaborará o relatório do caso e enviará para o presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, marcar a data. O julgamento seguirá o rito: apresentação do relatório, eventuais depoimentos, sustentação de acusação e defesa e, por fim, os votos dos ministros da Suprema Corte. A decisão será por maioria simples, sendo assim: ao menos três votos no colegiado.

Tanto a condenação quanto a absolvição dos réus permitem recursos internos no Supremo. Paralelamente, Moraes já havia homologado a ida à Primeira Turma de recurso contra a prisão domiciliar de Bolsonaro, imposta por descumprir restrições judiciais. Contudo, a PGR ainda deve se manifestar sobre essas decisões.


Senado aguarda julgamento de Bolsonaro para novas pautas (Vídeo: reprodução/YouTube/Veja)

Nesse ínterim, o Ministério Público do Distrito Federal também abriu uma investigação para apurar um possível crime contra a honra do presidente Lula. A acusação envolve conteúdo em aplicativo de mensagens associando o presidente ao regime sírio de Bashar al-Assad.

Enquanto isso, a defesa de Bolsonaro já manifestou tentativas para revogar a prisão domiciliar e obteve autorização para que o ex-presidente faça exames médicos, mediante entrega de atestado em até 48 horas.

Moraes libera julgamento de denúncia contra núcleo golpista com ex-assessores de Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento a denúncia contra o “núcleo dois” da suposta trama golpista que visava manter Jair Bolsonaro no poder. Entre os seis acusados estão Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e Filipe Martins, ex-assessor da Presidência. A data do julgamento será definida pelo ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas por tentativa de golpe de Estado, dividindo-as em núcleos para otimizar a tramitação processual. O “núcleo dois” é composto por seis indivíduos ligados ao governo anterior. As acusações incluem tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada.


Tudo sobre a liberação (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNNBRASIL)

Denúncia contra o “núcleo dois” avança no STF

Na terça-feira (18/3), o ministro Alexandre de Moraes encaminhou para julgamento na Primeira Turma do STF a denúncia contra o “núcleo dois” dos envolvidos na suposta trama golpista. Este grupo é composto por seis pessoas, entre elas Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, e Filipe Martins, ex-assessor da Presidência. A decisão de Moraes representa um avanço significativo no processo que investiga a tentativa de subverter a ordem democrática no país.


Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, durante depoimento à CPMI do 8 de Janeiro (Foto: Reprodução/Oliveira/Agência Senado)

A denúncia foi estruturada pela PGR em diferentes núcleos para facilitar a análise e julgamento dos envolvidos. O “núcleo dois” é formado por indivíduos que, segundo as investigações, desempenharam papéis estratégicos na tentativa de manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas eleições de 2022. As acusações imputadas a este grupo são graves e incluem crimes como golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada.

Próximos passos no julgamento

Com a liberação da denúncia pelo ministro Alexandre de Moraes, cabe agora ao ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, agendar a data para o julgamento. A expectativa é que o colegiado analise se os denunciados se tornarão réus, passando a responder a uma ação penal na Corte. Este processo é fundamental para assegurar que as instituições democráticas sejam protegidas e que eventuais crimes contra a ordem constitucional sejam devidamente punidos.

A divisão das denúncias em núcleos pela PGR visa a uma tramitação mais eficiente dos processos. Além do “núcleo dois”, outros grupos também estão sob investigação, incluindo militares que teriam participado da trama golpista. A estratégia de segmentação permite uma análise mais detalhada das condutas individuais e facilita o andamento dos julgamentos.


A condenação de Filipe Martins (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNNBRASIL)

Contexto das investigações e desdobramentos

As investigações sobre a tentativa de golpe de Estado ganharam destaque após a descoberta de planos que visavam impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as ações planejadas pelo grupo, estavam desde a disseminação de desinformação até a elaboração de estratégias mais agressivas para subverter a ordem democrática. A atuação de figuras ligadas ao governo anterior, como ex-assessores e ex-diretores de órgãos federais, reforça a gravidade das acusações e a necessidade de uma resposta firme por parte das instituições judiciais.

A sociedade brasileira acompanha atentamente o desenrolar desses processos, que representam um marco na defesa da democracia e do Estado de Direito no país. A responsabilização dos envolvidos é essencial para coibir futuras tentativas de ruptura institucional e para reafirmar o compromisso do Brasil com os princípios democráticos.

Bolsonaro pede anistia aos presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro

Durante ato na paulista, em manifestação convocada pelo mesmo, o ex-presidente negou a tentativa de golpe e defendeu seus apoiadores que foram presos.


Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em ato na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Durante o ato, que ocupou cerca de sete quarteirões na avenida paulista neste domingo, o ex-presidente Jair Bolsonaro defendeu a anistia aos presos após atos golpistas no dia 8 de janeiro.

Pedido de anistia

“O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneira de nós vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados. É por parte do Parlamento brasileiro (…) uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil. Agora nós pedimos a todos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia para seja feita justiça em nosso Brasil”, disse o ex-presidente.

Os apoiadores do ex-presidente começaram a chegar pela manhã e os discursos tiveram início por volta das 14h30. Bolsonaro chegou por volta das 15h, acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Nesse horário, segundo um levantamento de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), reunia cerca de 185 mil pessoas – o máximo da manifestação.

Em seu discurso, Bolsonaro negou ter tentado dar um golpe de estado. O ex-presidente, ex-ministro, assessores e militares são alvos de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga essa tentativa de golpe.

Personalidades presentes

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) tomé estava presente, mas não discursou. Além de Bolsonaro, discursaram o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto; a ex-primeira-dama, Michelle; o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o pastor Silas Malafaia e parlamentares apoiadores do ex-presidente.

Os discursos em geral foram em defesa do ex-presidente e seu governo. Valdemar disse que os dois estão proibidos de se encontrar por serem ambos investigados pela tentativa de golpe. O presidente do PL falou que, graças aos eleitores de Bolsonaro, a legenda se tornou o maior partido do Brasil”.