A edição foi exibida no último domingo (25). E mostrou o trabalho realizado nos seis meses de tratamento com as duas pessoas que passaram pelo tratamento.
Ambas as pacientes, já haviam recorrido aos métodos tradicionais. Então, utilizando os estudos desse novo e promissor tratamento compartilharam suas experiências.
A aposentada Vânia Lucia Alves Teixeira enfrentava um linfoma, que mesmo após quimioterapia e radioterapia, retornou.
O médico do Centro de Referência em Neoplastias Hematológicas do A.C. Camargo, Jair Schmidt Filho afirma “A gente percebeu que ela não respondia mais aos tratamentos convencionais, principalmente à base de quimioterapia, que é o que costuma tratar a doença dela“.
Já a empresária Marico Utiyama Egashira lutava contra a leucemia desde o ano de 2020. Por isso, passou por quimioterapia e transplante de medula, mas a doença também ressurgiu. Segundo os médicos, ela continuaria fazendo tratamentos apenas para controlar a doença.
Como funciona o tratamento
Ambas as pacientes foram orientadas a tentar a terapia genética CAR-T por seus respectivos médicos. Essa terapia consiste em:
1º É feita a coleta de sangue do paciente para obter as células de defesa – os linfócitos T, ou células T;
2º O material é enviado a um laboratório e passa por uma modificação genética para se identificar as células cancerígenas;
3º Chamadas agora de células CAR-T, elas são devolvidas para o paciente por uma infusão;
4º No corpo do paciente, as novas células se multiplicam e começam a eliminar o câncer.
Essa nova tecnologia foi desenvolvida nos Estados Unidos no ano de 2017. E a terapia foi aprovada pela agência reguladora de saúde americana.
O tratamento com as células CAR-T por enquanto somente pode ser feito em pacientes com três tipos de câncer: leucemia linfóide aguda, caso da Marico, linfoma não Hodgkin, como o de Vânia e mieloma.
No Brasil, há duas maneiras de se fazer o tratamento: enviando as células para laboratórios nos Estados Unidos e na Europa, que custa, pelo menos, R$ 2 milhões ou participando dos estudos clínicos, como do Hospital Albert Einstein ou do Hemocentro de Ribeirão Preto. Marico é a 17ª paciente a receber o tratamento aqui. Porém, a expectativa é aumentar esse número.
“A gente pretende, num estudo clínico, fazer para 81 pessoas com linfoma ou leucemia. Hoje a gente tem uma unidade fabril aqui, uma fábrica desenvolvida e construída aqui no hemocentro que tem capacidade de produzir até 300 casos por ano com esse produto. Então a gente espera escalar isso aqui para muito mais pessoas. Tudo pelo SUS, sem custos“, explica Diego Villa Clé, coordenador médico do Hemocentro de Ribeirão Preto .
De acordo com o médico Jair Schmidt Filho, a primeira avaliação acontece 30 dias após o tratamento. O médico fala sobre o percentual de sucesso do procedimento: “Ela fica em torno de 40, 45%, ou seja, quase metade dos casos. Mas a gente está falando de uma expectativa de vida nesses pacientes que até então era de 6 meses ou menos“, diz.
Resultados nas pacientes
A equipe do programa encontrou com a Marico após um mês dela ter recebido o tratamento e segundo a mesma sobre sua recuperação: “Foi muito bem. Não deu reações que a gente estava esperando… Nos exames que foram feitos, está tudo com remissão e não tem leucemia“, diz Marico.
Depois da infusão, Vânia teve episódios de febre e ficou internada em São Paulo por mais tempo do que o estipulado. Só depois de 50 dias ela pode voltar para casa em João Pessoa. “A gente pode dizer que ela está em resposta completa. Claro que o termo cura, a gente vai dizer com o acompanhamento dela daqui para frente, mas em termos de expectativa de cura, com certeza esse é o melhor tratamento que a gente poderia oferecer na situação da doença dela“, diz o médico do A.C. Camargo.
Na semana passada, após Marico se sentir mal e passar por exames, foram detectadas algumas células cancerígenas, indicando que a leucemia voltou. Os médicos estão avaliando o caso dela. Vânia continua em remissão, sem a doença.
Caso Paulo Peregrino
O último caso retratado foi o de Paulo Peregrino, 62 anos, que virou notícia após ter realizado o tratamento CAR-T. No caso dele, o câncer era tratado e voltou três vezes em 13 anos. Antes de passar pelo procedimento no hospital das Clínicas de São Paulo.
Paulo recebeu as células modificadas no dia 24 de março de 2023. A infusão de Paulo durou 45 minutos. E depois do primeiro resultado excelente dos exames, ele voltou para casa e continuou fazendo os exames a cada três meses.
O Fantástico acompanhou a consulta depois dos seis meses de tratamento. O novo exame confirmou que ele continuava em remissão completa. Cerca de 50% dos pacientes permanecem sem a doença depois de cinco anos do tratamento e são considerados curados.