Quadrilha aplica golpe milionário no FGTS de ídolos estrangeiros do futebol

Fernanda Eirão Por Fernanda Eirão
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Foto destaque: vários jogadores de futebol, incluindo Paolo Guerrero, são vítimas de golpe no FGTS (Reprodução/Wagner Meier/Getty Images Embed)

A Polícia Federal investiga uma quadrilha que desviou dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Empresários, ex-atletas, bancários e jogadores de futebol foram vítimas da fraude, incluindo Ramires, Maikon Leite e Christian Cueva. O jogador peruano Paolo Guerrero, que já jogou pelos maiores clubes do país, como Flamengo e Corinthians, teve R$2,3 milhões transferidos de seu FGTS para uma conta aberta ilegalmente em seu nome em um banco privado.

O golpe aplicado em Guerrero

Segundo as investigações, a conta foi aberta em 5 de maio de 2022 em uma agência no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Neste dia, Guerrero estava tratando uma lesão em seu joelho nos Estados Unidos. O jogador havia rescindido seu contrato com o Inter há poucos meses e não havia sacado ainda o benefício por conta de compromissos profissionais, segundo o advogado de Guerrero. 

Assim que soube da fraude, o jogador escreveu uma carta ao banco dizendo não reconhecer a conta e suas transferências e pediu pelo estorno dos valores, o que aconteceu cerca de seis meses depois.


Paolo Guerrero passou dez anos jogando por clubes brasileiros, incluindo Flamengo, Avaí, Internacional e Corinthians (Foto: reprodução/Buda Mendes/Getty Images Embed)


Guerrero teve seu dinheiro transferido para cinco pessoas, incluindo Gustavo Gonçalves de Barros, sócio da empresa F.G.L Marketing & Sport. Ele recebeu mais de R$400 mil em transferências. Outro nome da mesma empresa, o empresário futebolístico Fernando Costa de Almeida, também está envolvido. Ele chegou a mandar uma procuração supostamente assinada por Guerrero por aplicativo de mensagem à F.G.L.

Parentes de sócios da empresa também estão sendo investigados por receberem valores do FGTS de Guerrero. A polícia também investiga a participação de Sérgio Rogério Melo da Costa na fraude. O rosto dele foi utilizado para o processo de reconhecimento facial para abrir as contas em nome do jogador. As fotos usadas em 2022 não foram comparadas com as da biometria oficial de Guerrero. Não é a primeira vez que Rogério se envolve com a polícia. Em 2021, ele foi preso por violentar garotas de programa e mantê-las em cárcere privado.

Como agiam os criminosos

A quadrilha tinha uma sequência de passos para aplicar os golpes. Primeiro, os alvos eram escolhidos. Os criminosos iam atrás de atletas recém desligados de seus clubes. Então, a quadrilha acessava o fundo da Caixa Econômica com assinaturas e documentos falsos e abriam contas em outros bancos privados. O último passo era movimentar o dinheiro do FGTS para contas de laranjas. 

Os agentes da polícia também investigam o envolvimento de uma funcionária do banco no esquema. Foi descoberto que a mesma quadrilha aplicava esse tipo de golpe entre 2014 e 2017, inicialmente tendo apenas jogadores brasileiros como alvo. O ex-jogador do Santos, Marcelo Silva, é suspeito de facilitar os desvios nessa primeira fase de golpes da quadrilha, já que as pessoas que transitavam nesse meio tinham acesso oportuno aos documentos das vítimas. Depois o golpe passou a ser aplicado apenas em jogadores estrangeiros. Segundo o delegado Caio Porto Ferreira, os estrangeiros provavelmente passaram a ser o alvo da operação por se mudarem para outro país e não terem conhecimento do benefício.


Dinheiro
O FGTS é um benefício garantido aos atletas profissionais que atuam no Brasil, incluindo os estrangeiros (Foto: reprodução/Daniel Dan/Unsplash)

A defesa de Gustavo Gonçalves de Barros falou com o Fantástico e afirmou que seu cliente não sabia da origem do dinheiro depositado e se dispôs a buscar as vítimas para restituição dos valores. Os advogados de Fernando de Almeida informaram que ele recebeu a notícia de seu envolvimento no esquema com surpresa e que registrou boletim de ocorrência. O ex-jogador Marcelo Silva não se pronunciou. Em nota, a Caixa afirmou estar trabalhando com a Polícia Federal numa força-tarefa para apuração dos casos, que ocorrerão em sigilo.

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