Caça ao Tesouro: em tempos de ressaca no mar, muitos vão ao garimpo nas areias do Rio de Janeiro

Caio Sergio Angelo Por Caio Sergio Angelo
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Quem passa pelas praias do rio de janeiro hoje em dia é capaz de perceber pessoas á procura de tesouros. Essas pessoas são conhecidas como “garimpeiros do mar”, em pleno inverno carioca, eles parecem não se incomodar com a água e areia gelada e se fazem mais presentes quando as temperaturas abaixam. Em períodos de ressaca, apostam na subida da maré para levar objetos de valor para casa.

Apesar do trabalho parecido, cada um tem uma forma de trabalhar, seja para levar uma renda extra para casa, levar comida, ou por puro hobby, com o passar dos anos, o interesse pelo ramo parece ter crescido.


Garimpeiros do mar nas praias do Rio de Janeiro. (Foto: Gabriel Paiva)


Cláudio de Souza tem 57 anos e garimpa desde os 12. Segundo ele, de cinco anos para cá, o número de “garimpeiros do mar” aumentou e fez com que a as joias e preciosidades se tornassem ainda mais raras. “Depois que começaram a fazer vídeo do que acham no mar ficou mais difícil. Antes a gente quase não via garimpeiros”, explicou. Alguns desses “caçadores” gravam vídeos de rotina do trabalho. Mostrando o que acham, acabam transformando as postagens numa espécie de convite para quem ainda não conhece o garimpo do mar.

Mesmo assim, o que Cláudio encontra na praia o ajuda muito dentro de casa. Além de procurar tesouros na areia, ele também trabalha num estacionamento, mas é o garimpo que tem feito a diferença. Entre anéis de ouro, joias antigas e pedras preciosas, sua maior conquista foi conseguir pagar pelos estudos da filha que se forma em medicina no fim deste ano na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. “Eu já levei muita coisa que achei aqui na praia para ela, mas ela sempre preferia ganhar livros de presente. Por causa do garimpo eu também podia ajudar” conta o garimpeiro orgulhoso.

Enquanto Cláudio ajuda em casa e com a faculdade de sua filha, Wallace Moura, de 30 anos prefere levar o que encontra para casa. Mesmo vendendo algumas peças, ele gosta mesmo é de garimpar para presentear a mulher e o filho com os itens encontrados. Trabalhando como segurança grande parte do tempo, Wallace tem suas horas de garimpo marcadas para deixar a praia e voltar a trabalhar.

Estes garimpeiros usam diversos tipos de instrumentos de trabalho. Alguns parecem uma espécie de peneira com cabos e outros detectores mais modernos de metal que podem chegar a R$9 mil reais. O objetivo é o mesmo, no entanto, entre os principais desafios estão na dificuldade de achar peças tão valiosas como quanto achavam antigamente. “Por causa da violência, o pessoal foi parando de usar aqueles colares de muito valor, né?”, disse Wallace.

Com o vai e vem das ondas, a ocupação também pode ser traiçoeira, ainda mais para quem só tem o garimpo como fonte de renda, como é o caso de Marcílio Moura, de 46 anos. Trabalhando a 10 anos como garimpeiro, ele já encontrou uma única peça que valia o equivalente á renda média mensal, que varia de R$2 mil a R$5 mil, dependendo do mar. Em dias de ressaca, com a força do mar e a maré mais alta, os garimpeiros são beneficiados.

Apesar de não ser motivo de alegrias para os garimpeiros, encontrar pedaços de lata e objetos sem valor algum na areia é positivo para o meio ambiente porque há quem guarde tudo que encontra para descartar corretamente na saída da praia.

Foto destque: Garimpeiros do mar em praia do Rio de Janeiro. Foto: Gabriel Paiva.

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