Imigrantes nigerianos sobrevivem a viagem de 11 dias no leme de um navio

Júlia Sales Por Júlia Sales
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Três nigerianos que se esconderam no leme de um navio petroleiro, que saia da Nigéria, e partia em direção às Ilhas Canárias, localizada na Espanha, foram encontradas na última segunda-feira (29). Os imigrantes foram regatados pela guarda costeira e amparadas pelo serviço de saúde local. Dois deles foram tratados para hipotermia e desidratação, e a terceira pessoa permanece internada.

Foi divulgada uma foto pela guarda que mostrava os imigrantes ainda na embarcação Althini II que chegou em Las Palmas, em Gran Canária, 11 dias após partir de Lagos, na Nigéria, de acordo com o Marine Traffic, um site utilizado para rastreamento de navios. Apesar de todos os esforços, segundo o porta-voz do governo local, os dois imigrantes mais saudáveis já foram devolvidos para os navios que os levarão de volta à Nigéria. O terceiro imigrante deve ser enviado ao seu país de origem após ter alta hospitalar.

A rota das Ilhas Canárias é comumente utilizada por imigrantes africanos que tem o desejo de chegar à Europa. Segundo a Cruz Vermelha, mais de 20 mil pessoas fizeram esse trajeto pela costa da África no ano passado. Nos cinco primeiros meses desse ano houve um aumento de 51% na entrada de imigrantes pelas ilhas, de acordo com dados espanhóis.


Salvamento de imigrantes Fuerteventura, Ilhas Canárias, em 2020 (Foto: Reprodução/Agencia EFE/C. de Saa)


O trajeto não é seguro, pelo contrário, é muito perigoso. No ano passado, dos 20 mil que fizeram o trajeto, 1.100 ficaram pelo mar após morrerem tentando concluir o percurso. De acordo com organizações humanitárias, uma a cada 16 pessoas que tentam fazer este caminho da África para as Ilhas Canárias, morre antes de chegar. Essa é considerada a travessia mais perigosa do mundo, principalmente pelas condições em que os imigrantes se colocam.

A instituição Cruz Vermelha diz que as principais motivações para essas práticas são pobreza, conflitos violentos e a busca por novas oportunidades de emprego.

A região da Nigéria, Chade, Camarões e Niger vivem em conflito violento com o grupo islâmico Boko Haram desde 2014. Em 2020, pelo relato da ONU, já eram contabilizados mais de 350 mil mortos por este conflito e que cerca de 90% desses óbitos, de maneira direta ou indireta, eram de crianças.

Foto Destaque: Imagem de imigrantes nigerianos chegando às Ilhas Canárias. Reprodução/G1

 

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