Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, deu à Polícia Federal senhas incorretas para acessar dados em nuvem do celular que alegou ter perdido nos EUA. Isso irritou os investigadores, que acreditam que Torres está prolongando sua prisão, já que seus advogados haviam dito que ele colaboraria com a investigação, inclusive fornecendo as senhas.
O antigo membro do governo Bolsonaro, Anderson Torres, foi detido após ter participado dos eventos golpistas do dia 8 de janeiro (Foto: Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Desde o dia 14 de janeiro, Anderson Torres está sob custódia por suspeita de negligência nos atos golpistas de 8 de janeiro. Agora, ele será interrogado sobre as senhas inválidas que forneceu à Polícia Federal. Os investigadores suspeitam que ele possa ter fornecido senhas falsas ou incorretas. Apesar das senhas incorretas, a PF conseguiu acessar parte do material do celular, de acordo com a colunista do G1, Andréia Sadi, mas informações importantes ainda estão bloqueadas.
A Polícia Federal está tentando acessar os dados do celular de Anderson Torres a fim de verificar as trocas de mensagens que ele teve com autoridades do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do comitê de reeleição de Bolsonaro à época.
As autoridades estão em busca de mensagens que possam estar relacionadas à investigação em andamento, como a minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro e possíveis informações sobre ações da Polícia Rodoviária Federal que teriam sido realizadas para dificultar a ida de eleitores do PT às urnas no segundo turno das eleições de 2022. O objetivo é obter provas concretas e esclarecer os fatos em questão.
Os advogados de Anderson Torres têm pedido sua libertação da prisão, alegando que sua saúde está fragilizada e que ele começou a colaborar com as investigações.
A situação das senhas, no entanto, torna essa estratégia dos advogados do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro mais complicada. O depoimento de Anderson Torres estava programado para esta semana, mas a Polícia Federal concordou em adiá-lo.
A Polícia Federal pretende interrogar novamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que seria o terceiro depoimento dele no caso. Na última vez, nesta semana, Bolsonaro cumpriu as regras e falou apenas sobre a postagem de um vídeo que questionava a eleição de Lula, feita dois dias após os ataques golpistas de 8 de janeiro. Agora, as autoridades querem aprofundar as investigações e obter mais informações do ex-presidente.
Na próxima vez que for ouvido pela PF, Bolsonaro será indagado sobre a minuta do golpe, que propunha a intervenção da Justiça Eleitoral para alterar o resultado das eleições, bem como sobre as atividades da PRF que ocorreram no Nordeste durante o segundo turno das eleições presidenciais.
Foto destaque: ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) havia informado a não entrega de telefone pessoal para investigadores por perda do mesmo. Reprodução/Valter Campanato/Agência Brasil