Um novo estudo publicado ontem (30), na revista “Environmental Health Perspectives”, utilizando dados entre 2005 e 2018 recolhidos pelo National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), feito sobre o tema, mostra que usuários de maconha apresentaram níveis mais elevados de chumbo e cádmio no sangue e na urina, elementos ligados a doenças renais e câncer, do que não usuários. A pesquisa não identificou se os pesquisados usavam de maneira recreativa ou medicinal.
Aproximadamente 7.254 exames de sangue e urina de pessoas que usaram maconha nos últimos 30 dias foram examinados quanto aos níveis de metais pesados, tornando o novo estudo “único”.
Resultados
Tiffany Sanchez, professora assistente de ciências da saúde ambiental na Escola Mailman de Saúde Pública da Universidade de Columbia, em Nova York, é a autora principal da pesquisa e afirma que, em comparação com os não usuários, os usuários de maconha tinham níveis de chumbo 27% mais altos no sangue e 21% na urina, além de 22% mais altos de cádmio no sangue e 18% na urina.
“Tanto o cádmio quanto o chumbo permanecem no corpo por muito tempo”, disse a pesquisadora. “O cádmio é absorvido no sistema renal e filtrado através dos rins. Então, quando você analisa o cádmio urinário, isso é um reflexo da carga total do corpo, da quantidade que você ingeriu durante um longo período de exposição crônica.”
Chumbo e Cádmio podem causar doenças renais e câncer no pulmão (Foto: ArtOuro&Gemas)
“Pessoas imunocomprometidas, como aquelas que passam por quimioterapia, podem correr maior risco devido à exposição a metais ou a outros contaminantes comuns da cannabis, como fungos. No entanto, esta é uma área pouco estudada”, acrescentou Sanchez.
De acordo com a EPA, Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, que estabeleceu limites para o cádmio no ar, água e em alimentos, não existe um nível seguro de chumbo no corpo. A Agência também disse que o cádmio tem sido associado a doenças renais e ao câncer no pulmão em pessoas, e a anomalias fetais em animais.
Beth Cohen, professora de medicina da Universidade de Califórnia, em São Francisco, e co-diretora do programa da UCSF em métodos de investigação de residência e epidemiologia, acha que isso destaca a necessidade de estudos mais detalhados sobre a cannabis, especialmente os produtos do mundo real que as pessoas usam. A professora não estava envolvida no estudo.
Maneiras de um usuário de maconha se proteger
A pesquisadora Sanchez diz que essa ainda é uma pergunta sem resposta clara. “Uma das maiores coisas que digo às pessoas quando falamos sobre metais pesados nos alimentos é ter uma dieta variada”, disse. “Neste caso, não tenho certeza de como você variaria sua exposição. Mas você pode pelo menos estar ciente de que existem diferentes contaminantes ambientais em coisas das quais talvez não tenhamos conhecimento, como a cannabis.”
Metais
Os metais pesados mencionados ligam-se às células do corpo, o que limita suas funções e têm sido associados ao câncer, doenças crônicas e efeitos neurotóxicos.
Eles não estão apenas na maconha, já que os usuários de tabaco se expõem a ainda mais tipos de toxinas. Outro exemplo é o cigarro eletrônico, que possui níveis altos de aerossóis de níquel, cromo, chumbo e zinco, entre outros.
Foto destaque: Usuários de maconha podem apresentar níveis mais altos de chumbo e cádmio no sangue e na urina. Guia do Estudante/Canva.