Remédio Engov não tem indicação para cura da ressaca

Patrick Machado Por Patrick Machado
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Remédio que ganhou fama nos início dos anos 60 e ainda hoje é visto como uma forma de aliviar com as consequências de uma noite muito badalada, Engov não tem função comprovada no processo de alivio para ressaca. Em bula, este remédio está indicado apenas para aliviar dores de cabeça e alergias e, ao longo desta matéria, você notará que não existe nenhuma comprovação farmacológica que afirme a eficácia comprovada para os efeitos de uma intensa noite de álcool. 

O medicamento, que inclusive é tido como um dos integrantes do apelidado “kit ressaca“, disponibilizado em festinhas e baladas, auxilia apenas nas soluções contra azia ou queimação no estômago e de protetores hepáticos. E, diferente do que a grande população acredita, inserir Engov junto com o bebida alcoólica pode ser prejudicial para saúde.

 

Trabalho extra ao fígado

Raymundo Paraná, hepatologista e residente da Faculdade de Medicina da Bahia, relata que o álcool inicia seu processo de metabolismo no estômago e no intestino delgado. “No fígado, ele exerce uma segunda etapa de metabolização. Nele, inicia-se o acetaldeído, uma substância tóxica que está ligada aos sintomas da ressaca”, diz. “Esse procedimento dilata os vasos sanguíneos, o que causa vermelhidão pelo corpo, dor de cabeça e outros sintomas semelhantes”, detalhe ele.

Além das reações citados pelo doutor, algumas vítimas da “bebedeira” também podem apresentar náuseas, indisposição e sensibilidade. Para fugir de todas essas sensações desagradáveis, é que muitas pessoas recorrem às supostas preventivas e, entre elas, o Engov está entre os remédios mais populares.



Paciente fazendo uso do remédio (Foto: reprodução/TuaSaude/iStock)


Comprimido e seus efeitos

Segundo a bula do Engov, o medicamento é composto por quatro substâncias, e cada uma delas auxilia na melhora do paciente de maneira diferente. Mepiramina é um anti-histamínico que trabalha contra alergia. O hidróxido de alumínio (150 mg) reduz a acidez do estômago e alivia os sintomas da azia. O ácido acetilsalicílico atua contra as dores de cabeça, entre outras funções. Para finalizar, a cafeína (50 mg) é um estimulante que ajudar a aliviar as enxaquecas.

Em suas considerações finais, o Engov é indicado para o alívio das dores de cabeça e alergias, e não há nehuma informação na bula que mencione especificamente melhora ou prevenção da ressaca. “Falamos aqui de uma substâncias que, na percepção do público, formam um medicamento contra a ressaca. Entretanto, o máximo que esse produto consegue desenvolver, é um alívio de alguns sintomas específicos”, detalha o farmacêutico André Bacchi, professor da Universidade Federal de Mato Grosso.

Segundo Bacchi, a visão popular sobre o Engov pode até ser prejudicial á saude. “Ao vê-lo como uma solução contra a ressaca, a pessoa acaba bebendo mais por sentir que está resguardada pelo efeito do remédio”, alerta. Tomar este medicamento junto com o álcool como uma estratégia para prevenir a ressaca, aliás, é algo desencorajado na própria bula.

Este medicamento é contraindicado para pessoas com histórico de alcoolismo crônico, ou que faça uso de outro medicamento que deprime o sistema nervoso central .” Essa recomendação tem a ver com dois motivos. Primeiro, porque “alguns efeitos do ácido acetilsalicílico no trato gastrointestinal podem ser potencializados pelo álcool”, ainda segundo a bula.

E isso, por sua vez, pode ser prejudicial ao o estômago e levar a quadros de gastrite.

 

O que fazer

Segundo os especialistas, a única forma comprovada de evitar que uma pessoa fique com ressaca, é não consumir bebida alcóolico, ou ao menos inserir em uso moderado. “Não há uma fórmula mágica”, explica a psiquiatra Olivia Pozzolo, do Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (Cisa), em São Paulo.

Ele finaliza afirmando que vale tentar consumir pouco álcool, tomando água entre as doses e comer algo para não deixar o estômago vazio.

 

Foto destaque: Paciente com dor de cabeça. Reprodução/Divulgação/iStock/

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Patrick Machado é ator formado em Artes Cênicas e estudante de jornalismo na Universidade Estácio de Sá. Iniciou seu trabalho em redação jornalística no PFBR - Portal dos Famosos Brasil. Atualmente, é redator no site IN Magazine.
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