Sobre Neci Valencosta

Pós-graduada em Política e Relações Internacionais, graduada em Comunicação Institucional, e finalizando a graduação em Jornalismo pela UMESP. Assuntos relacionados à política interna e externa, relações bilaterais e multilaterais entre países, diplomacia, conflitos armados e direitos humanos despertam a minha atenção. No entanto, procuro escrever sobre assuntos diversos, por entender que vivemos em um mundo plural, onde o respeito às diferenças e o conhecimento múltiplo nos tornam mais humanos.

The Town 2025: Camila Cabello reúne hits e intimismo com show marcante em São Paulo

Camila Cabello agitou a última noite deste domingo (14), em um show vibrante e intimista no palco Skyline do festival The Town 2025, na capital paulista. Diante de uma plateia lotada e apaixonada, a cantora cubana-mexicana, com cidadania estadunidense, entregou um setlist que mesclou sucessos como “Havana” e “Señorita” e faixas do novo álbum “C, XOXO”. A performance combinou a energia do pop, presença de palco marcante e momentos de conexão com os “Camilizers”, apelido carinhoso do seu fandom. 

O palco Skyline do The Town tem recebido nomes de ícones da música, e a presença de Camila trouxe a energia jovem, emocional e, ao mesmo tempo, potente, esperada pelo público de grandes festivais. Nesta edição, a direção do evento também apostou na mistura entre veteranos e novas vozes do pop e Camila representou bem esse equilíbrio.

Noite memorável

Pontualmente, às 20h30, Camila surgiu radiante com figurino dourado em cima do palco. Com direito a efeitos pirotécnicos e uma coreografia sincronizada, de tirar o fôlego, ao som de “Shameless” incendiou o público. Arriscando entre um refrão e outro, a nossa icônica “Tesouro do Pirata”, mais conhecida como “Andou na prancha” do grupo carioca “Tchakabum”. 


Performance de “Andou na prancha” por Camila Cabello (Vídeo: reprodução/X/@multishow)

Enquanto performava ao som de “Liar”, falou frases em português, desceu do palco e interagiu com o público, que correspondeu em peso. Durante toda a apresentação, inclusive, Camila se mostrou muito à vontade em solo brasileiro. Os “Camilizers” não decepcionaram e “incendiaram” a plateia, mostrando a que vieram. 


Camila Cabello interagindo com o fandom brasileiro (Vídeo: reprodução/X/@multishow)

Com um hit após o outro, “He Knows”, “Dade County Dreaming”, “Bad Kind of Butterflies” e “Never Be The Same”, a cantora mostrou toda sua maturidade profissional. Com vocais impecáveis, performances dignas de uma estrela, Camila confirmou que não é só mais uma no cenário musical e fez jus ao título de ícone do pop.

Quando interpretou “Chanel No. 5”, single do seu mais recente álbum, “C, XOXO”, não poupou elogios às brasileiras. Arriscando vários “gostosas” em português. O que levou o público a loucura, porque antes da apresentação, o fandom gritava o adjetivo para Camila sem parar. 

 “Señorita” Camila no The Town

Outro momento alto do show foi o hit “Señorita”, seguido por “Bam Bam”. Com Camila pausando em seguida para apresentar um pouco da sua história no telão. Ao retornar ao palco, a artista surgiu ao piano e, em um momento mais intimista, encantou o público com “B.O.A.T”. 


Ao piano, Camila interpretando “B.O.A.T” (Vídeo: reproduçõa/X/@multishow)

Logo após interagir novamente com o público, ao estilo “um banquinho, um violão” e uma sanfona, para delírio da galera, foi a vez do “Ai se eu te pego”, outro hit brasileiro, interpretado por Michel Teló. Camila, ao longo da apresentação, só conseguiu reforçar a conexão que tem com o Brasil, mostrando o quanto consegue ser versátil e criativa. 


Camila Cabello interpretando a canção de Michel Teló (Vídeo: reprodução/X/@multishow)

Em suas apresentações em solo brasileiro, a artista tem se mostrado generosa com o público. Em outras passagens pelo Brasil, demonstrou carinho, arriscou frases em português e se emocionou com a entrega da plateia. Nesta apresentação, não foi diferente, com momentos de troca real, daqueles em que o artista para e se deixa levar pela energia do público. 

Entre interações com o fandom, coreografias muito bem pensadas e hits de sucesso como “Move”,“Havana” e “Don’t Go Yet”, o público dançava e cantava sem parar, interagindo o tempo todo com a artista. Finalizando o show com o single “I Luv It”, uma collab com Playboy Carti, Camila vestiu, literalmente, a camisa do Brasil e deixou um gostinho de “quero mais” nos “Camilizers” novos, antigos e os que se encantaram com a artista de sangue latino e carisma contagiante. 


Apresentação do single “I Luv It”, com Camila Cabello “vestindo” a camisa do Brasil (Vídeo: reprodução/X/@multishow)

O festival The Town 2025, com retorno já confirmado para 2027 em São Paulo, também contribui para o momento. Com uma estrutura de ponta, clima de celebração e diversidade musical, o evento já virou símbolo de encontros marcantes e Camila fez parte dessa história. Antecedendo Katy Perry e dividindo a noite com outras estrelas, teve espaço suficiente para brilhar por conta própria. Foi um cenário ideal para quem quis entregar, e entregou, uma performance memorável.

Carreira solo

O álbum “C, XOXO”, lançado em junho de 2024, é talvez o mais pessoal da cantora até o momento. Com letras confessionais e batidas menos óbvias, Camila abriu um novo capítulo em sua discografia. Os fãs mais atentos notaram a coragem em se afastar de fórmulas fáceis, apostando em um som mais autêntico. Trazer esse repertório para um palco como o do The Town foi um desafio emocionante.


Camila Cabello em apresentação no The Town 2025 esta noite (Foto: reprodução/Brazil News)

Vale ressaltar que, desde os tempos de Fifth Harmony até sua carreira solo, Camila vem se mostrando uma artista multifacetada. Sua voz, que transita entre o pop comercial e referências latinas, conquistou espaço nas playlists em nível global. A cada projeto, ela se reinventa sem perder a essência que sempre guiou sua música. Para os brasileiros, esse retorno ao palco nacional é mais que um show, é um reencontro com uma nova fase da vida da artista.

Advogados de Bolsonaro criticam decisão do STF e apontam excesso em pena de 27 anos

Após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, na data de ontem, quinta-feira (11), com punição de 27 anos e 3 meses de prisão imposta pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo da chamada Trama Golpista, a defesa declarou que recebeu com “respeito”, mas também com “profunda discordância e indignação”, a condenação imposta. 

Em nota conjunta, os advogados Celso Vilardi e Paulo Amador da Cunha Bueno afirmam que a decisão é “excessiva“, “desproporcional”, e que o ex-presidente jamais atentou contra o Estado Democrático de Direito nem participou dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Contestação da defesa

Um dos pontos centrais levantados pela defesa é o alegado cerceamento do amplo direito em se defender das acusações. Os advogados sustentam que não dispuseram de tempo hábil para examinar todas as provas, e que parte do material foi disponibilizado de forma tardia ou fracionada. O que, segundo eles, teria prejudicado a análise adequada da acusação. 

Em suas declarações, Vilardi e Bueno também criticaram que só mostraram elementos já selecionados pela acusação, sem haver um acesso amplo e sem restrições aos autos. Questionam, ainda, a competência do julgamento, alegando que o processo deveria ter sido conduzido em primeira instância ou julgado pelo plenário do STF, composto por 11 ministros. 


Publicação sobre a contestação dos advogados de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@fabiowoficial)

Para os advogados, o tamanho e a gravidade do caso demandava uma instância mais ampla, para garantir o chamado “juiz natural” e “respeito à proporcionalidade institucional”, por envolver um ex-presidente, ao invés de ser decidido pela Primeira Turma, composta por apenas cinco ministros.

Outro argumento importante refere-se à validade da delação premiada de Mauro Cid. A defesa afirma que há vícios no acordo, como contradições nos depoimentos, que enfraquecem o valor comprobatório dessa peça fundamental para a acusação.

Além disso, Vilardi e Bueno contestaram as provas apresentadas. Para a defesa, discursos, reuniões e mensagens configuram atos preparatórios, que, no entender deles, não justificariam a condenação por crimes como tentativa de golpe de Estado ou abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Desproporcionalidade penal

Em relação à pena imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de 27 anos e 3 meses, inicialmente em regime fechado, para os advogados, é um montante “absurdamente excessivo e desproporcional”. Afirmam que, após a publicação da decisão, o chamado acórdão, recorrerão da decisão em todas as instâncias possíveis, inclusive internacionalmente.


Publicação do STF sobre as penas impostas aos condenados pela chamada Trama Golpista (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

Vilardi e Bueno sustentam que não houve interrupção do exercício dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e nem restrição às liberdades democráticas no período investigado, que resultou na condenação do ex-presidente. A defesa reafirma que Bolsonaro não participou de qualquer plano de golpe, não ordenou ou incentivou os atos violentos, embora reconheçam o direito de crítica política e manifestações divergentes.

Aliados de Jair Bolsonaro veem semelhança entre voto de Fux e tese dos advogados de defesa

O voto do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, na noite de ontem, quarta-feira (10),  absolvendo Jair Bolsonaro de todos os crimes pelos quais é réu e, optando pela condenação do general Braga Netto por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, tem provocado uma reviravolta no julgamento da Ação Penal 2668, inclusive entre os apoiadores e opositores do ex-presidente. Em seu voto, Fux alegou que o “plano golpista” beneficiaria um grupo de militares.

Ao defender esta tese, Luiz Fux seguiu a mesma linha defendida pelo advogado de defesa de Jair Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, durante entrevista dada em novembro de 2024, ao “Estúdio i”, telejornal apresentado pela jornalista Andréia Sadi. Na ocasião, ele afirmou que, segundo o plano conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, Bolsonaro não faria parte da junta militar que assumiria o poder em caso de sucesso da ação golpista. “Não tem o nome dele lá“, destacou Bueno.

Semelhanças entre as teses

O fato de o ministro Fux ter seguido exatamente essa linha de separação entre Jair Bolsonaro e os militares fez com que aliados do ex-presidente comparassem os argumentos e a semelhança entre as teses. Para especialistas, Fux reforçou a leitura de que o Supremo tenta individualizar as responsabilidades no núcleo político-militar que articulou o plano golpista. Ainda que o placar atual seja de 2 a 1 pela condenação, o voto de Fux pode influenciar os próximos ministros a reverem o papel de Bolsonaro nos eventos.


Publicação do STF sobre decisão do ministro Luiz Fux, condenando Mauro Cid e Braga Netto (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

Durante a entrevista, em novembro de 2024, Paulo Cunha Bueno menciona que “o gabinete de crise seria formado por generais como Braga Netto e Augusto Heleno”. Segundo informações veiculadas na grande mídia, à época, as declarações do advogado geraram tensão interna no grupo, principalmente com Braga Netto, o qual se sentiu exposto e chegou a exigir a saída do advogado, algo que Bolsonaro não acatou.

Punhal verde e amarelo

Segundo investigações da Polícia Federal e depoimentos no STF, o plano denominado de “Punhal Verde e Amarelo” foi idealizado em 2022 por Mário Fernandes, general da reserva e ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. O plano previa, entre outras ações, o assassinato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. 

Conforme relatório da PF, o documento foi impresso no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022, contendo detalhes sobre métodos considerados violentos e letais, como por exemplo, envenenamento e uso de explosivos ou armamentos pesados, a fim de neutralizar as autoridades alvo dos planejadores.


Investigados na Ação Penal 2668, durante depoimento aos ministros do STF em junho de 2025 (Fotos: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


Durante o interrogatório conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o general Mário Fernandes admitiu ter redigido o plano, descrevendo-o como “um pensamento digitalizado”, “um compilado de análises de risco” que imprimiu apenas para leitura e depois destruiu. Ele declarou que o documento “não foi apresentado a ninguém, nem compartilhado com ninguém”. Conforme a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), também estava prevista a criação de um gabinete de crise, sob comando de militares de alta patente, para gerir a crise institucional no caso de êxito na execução do plano. 

Voto de Luiz Fux reacende debate sobre anistia no Congresso

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na data de ontem, quarta-feira (10), após quase 14h de votação, optou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro em cinco crimes pelos quais o réu é investigado. O voto de Fux, declarando “incompetência absoluta” da Corte para julgar o ex-presidente e outros sete réus no processo que apura atos antidemocráticos, abriu espaço para que a oposição use os argumentos do magistrado a favor de um projeto de anistia.

Em contrapartida, governistas se apegam ao voto do ministro Flávio Dino, o qual reafirmou a impossibilidade constitucional de anistiar crimes de golpe de Estado e contra o Estado Democrático de Direito. Dino resgatou decisões anteriores do próprio STF afirmando que tais condutas, por violarem o princípio do regime democrático, não se enquadram nas hipóteses de perdão legal, indulto ou anistia.

Argumentos da oposição

Fux, ao alegar que os investigados não possuem foro privilegiado, o que, segundo ele, deslocaria o processo em curso no STF para instâncias inferiores, proporcionou argumentos para a oposição, pleitear uma possível anistia ou, ao menos, atenuar argumentos processuais, baseando-se em supostos erros procedimentais.

Nos corredores do Congresso Nacional, em Brasília, lideranças políticas têm reagido de forma polarizada. Do lado da oposição ao governo atual, parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL), defendem que o voto de Fux representa respaldo jurídico para pressionar pela aprovação da anistia no Congresso.


Publicação do deputado federal Sóstenes Cavalcante sobre Luiz Fux (Foto: reprodução/X/@DepSostenes)

A “ala bolsonarista” entende que, juridicamente, a figura de “incompetência absoluta” do STF pode criar uma via legal em favor do perdão de condenações ou, até mesmo, reverter os efeitos das sentenças. Sóstenes defende que a proposta sobre a anistia seja pautada no Congresso já na próxima semana.

Base governista

Por outro lado, governistas, como o deputado federal Lindbergh Farias (PT), veem o voto de Dino como uma espécie de barreira constitucional ao projeto defendido por Sóstenes Cavalcante. Conforme declarou Lindbergh “o voto do Dino foi um recado claro para os que insistem nessa tese da anistia. É inconstitucional. Ele citou vários votos de ministros reafirmando esse entendimento”.


Publicação do deputado federal Lindbergh Farias sobre Luiz Fux (Vídeo: reprodução/Instagram/@lindberghfarias)


Para além da polarização política, intelectuais, juristas e especialistas apontam que o tema é complexo, não devendo resumir-se em uma simples disputa político-partidária. A existência de precedentes no próprio STF, incluindo a Lei da Anistia (1979), durante o período da ditadura militar e casos que envolvem o cerceamento de direitos humanos, demonstram que há jurisprudência contra a permissão de anistias em situações de “crimes permanentes” ou “crimes que atentam contra à democracia”.

Os opositores do projeto de anistia a investigados nos atos antidemocráticos de 08 de janeiro de 2023, baseiam-se nos princípios de “legalidade”, “separação de poderes” e “proteção ao Estado Democrático de Direito”, da Constituição Federal brasileira, como fundamentos centrais para declarar a inconstitucionalidade do projeto defendido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Cautela congressista

Mesmo diante da polarização política instaurada no país, alguns parlamentares ligados ao chamado “Centrão” do Congresso Nacional, alertam para a possibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF), considerar inconstitucional qualquer projeto de “anistia ampla, geral e irrestrita”, ainda que todos os esforços para aprovar o projeto sejam empregados pelos apoiadores do ex-presidente.


Ministros do STF ontem, quarta-feira (10), durante sessão sobre ação penal 2668 envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (Fotos: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)


A ponderação por parte de alguns parlamentares salienta que “não será uma vitória fácil”, mesmo que a oposição prossiga para que a proposta de anistia seja pautada nas próximas semanas, levando em consideração o cenário jurídico e político atual. Vale ressaltar que a opinião pública também acompanha com atenção os desdobramentos referentes ao assunto, o que pode impactar positiva ou negativamente qualquer decisão tomada pelos dois polos.

Nas últimas horas, o país tem vivido uma tensão política e jurídica intensa desde que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou seu voto, absolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro dos cinco crimes aos quais é acusado. Ao questionar se “ações tão graves” poderiam ser julgadas por uma Corte que, segundo magistrado, estaria “usurpando competência” de outra instância, para especialista, Fux lançou dúvidas sobre a lisura do processo referente à ação penal 2668 e fomentou ainda mais a polarização política no país.

Luiz Fux contesta competência do STF e vota pela nulidade da ação penal contra Bolsonaro

Na manhã desta quarta-feira (10), o ministro Luiz Fux declarou incompetência do Supremo Tribunal Federal para julgar o caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus na ação penal 2668, referente aos atos antidemocráticos. Fux sustentou que os fatos atribuídos aos acusados não configurariam, de acordo com o seu entendimento, crimes penais de competência da Suprema Corte.

O ministro frisou que a Constituição Federal de 1988 estabelece de forma clara e limitada quando e como o STF pode atuar diretamente em processos penais. Para o magistrado, “o juiz deve atuar com distanciamento e imparcialidade, já que não lhe cabe investigar ou acusar“. Segundo declarou, o juíz é “responsável por zelar pela legalidade do processo e dar a palavra final sobre a relação entre os fatos e as provas”. Ao proferir o seu voto, o ministro fixou o placar referente ao processo, em 2 a 1.

Ontem, terça-feira (9), o relator, ministro Alexandre de Moraes, votou a favor da condenação dos réus, seguido pelo ministro Flávio Dino. Faltam votar, ainda, a ministra Cármen Lúcia e o ministro Cristiano Zanin. O voto de Luiz Fux abre precedentes para novo debate jurídico e adiciona tensão à polarização política atual.

Fundamentação de Luiz Fux

O ministro Fux afirmou que, no processo em julgamento pela Primeira Turma, os réus já não ocupavam mais os cargos que lhes conferiam foro para serem julgados pela Suprema Corte. Para o magistrado, a Primeira Turma é “absolutamente incompetente para julgar a ação (penal 2668)”. Dessa forma, defendeu a nulidade de todos os atos decisórios praticados no processo até o momento e reafirmou a necessidade de respeitar os limites constitucionais da jurisdição penal do Supremo.


Abertura da sessão no STF nesta quarta-feira (10), com o voto do ministro Luiz Fux (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

Durante sua fala, Luiz Fux destacou que “a atuação do Supremo Tribunal Federal em processos penais limita-se a casos envolvendo autoridades com foro privilegiado“, como, por exemplo, o presidente da República, vice-presidente, membros do Congresso, ministros do próprio STF e o próprio procurador-geral da República.

Para o ministro, antes mesmo de analisar o mérito de uma denúncia, é dever do relator, neste caso o ministro Alexandre de Moraes, verificar se o tribunal possui competência legal para julgar o caso, conforme os critérios legais e, caso não seja, enviar o processo para ser julgado pela Instância competente.

Próximos passos

Mesmo com o voto do ministro Luiz Fux declarando incompetência do STF para julgar a ação e solicitando nulidade, o processo seguirá o seu rito técnico processual, com a ministra Cármen Lúcia e o ministro Cristiano Zanin podendo antecipar seus votos. Caso forme maioria para a nulidade do processo, com 3 votos declarando incompetência do STF para julgar a ação, o processo é anulado e será julgado em tribunais de Primeira Instância.


Publicação sobre o rito processual do julgamento da ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/Instagram/@supremotribunalfederal)


Havendo condenação em um placar de 4 a 1, os acusados ganham o direito a recurso adicional na Primeira Turma, podendo, temporariamente, evitar a execução imediata da pena. Ainda assim, o julgamento permanece sob jurisdição da Corte, sem chance automática de ir ao plenário do STF, composto por 11 ministros.

Caso o julgamento termine com um placar mais apertado, com 3 votos a 2 pela condenação, a situação muda consideravelmente. Com dois votos favoráveis à absolvição, os réus terão direito de apresentar os chamados “embargos infringentes”, um recurso que pode levar o caso ao plenário do STF, onde todos os 11 ministros participam do novo julgamento. Essa possibilidade amplia as chances de revisão da decisão, já que o caso deixaria de estar restrito à Primeira Turma, composta por cinco ministros.

A movimentação processual em torno da ação 2668 contra Jair Bolsonaro e os demais réus gera atenção pelo seu peso político, pelos caminhos jurídicos e, também, pelas possibilidades que ainda podem ser desenhadas. Dependendo do resultado e dos desdobramentos, podem ser empregados recursos com pouco impacto prático ou, a reabertura do julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal ou, atém mesmo, ser enviado para a Primeira Instância.

VMA 2025: Coldplay vence na categoria de “Melhor Rock”

O VMA (MTV Video Music Awards) chega à edição de 2025 na noite deste domingo (7), direto da UBS Arena em Elmont, em Nova York, nos Estados Unidos. A tradicional premiação prestigia os melhores videoclipes e músicas da temporada. Lady Gaga lidera as indicações com 12 categorias, seguida por Bruno Mars e Kendrick Lamar, com 11 nomeações cada um. Rosé e Sabrina Carpenter vêm em sequência, com oito cada, seguidas por Ariana Grande e The Weeknd, com 7 indicações, Billie Eilish, com 6, Charli XCX, 5, e Bad Bunny, Doechii, Ed Sheeran, Jelly Roll, Miley Cyrus e Tate McRae, com 4 nomeações.

“All My Love” consagra Chris Martin e companhia

Coldplay chegou ao VMA 2025 como um dos nomes mais fortes da categoria “Melhor Rock”, com o single All My Love. A faixa, parte do mais recente projeto da banda, marca um retorno ao som mais etéreo e emocional que consagrou o grupo no início dos anos 2000. Com letras introspectivas e produção cinematográfica, a canção conquistou não só o público fiel, mas também críticos que elogiaram a maturidade da composição. Além disso, a força do fandom global da banda, ativo e mobilizado nas redes sociais, aumentou significativamente as chances de Chris Martin e companhia levarem o prêmio para casa.


Coldplay, com All My Love, vencedor do VMA 2025 (Vídeo: reprodução/YouTube/@Coldplay)

A categoria “Melhor Rock” do MTV Video Music Awards (VMA) foi criada em 1989, destacando o melhor do rock na indústria musical e na própria programação da MTV. Inicialmente chamada de “Best Heavy Metal Video”, entre os anos de 1990 a 1995, foi reclassificada como “Best Metal/Hard Rock Video”. Em 1996, em uma nova modificação, virou “Best Hard Rock Video”.  A partir de 1997, até 2016, o nome “Best Rock Video” foi adotado. No entanto, a partir de 2017 a categoria passou por reformulação, passando a ser classificada como a conhecemos hoje: “Best Rock”, ou “Melhor Rock” em tradução livre.

Desde sua criação, o prêmio “Best of Rock” tem reconhecido uma variedade de vertentes dentro do rock que vai do rock alternativo ao hard rock, do grunge ao punk pop, premiando nomes icônicos. Entre eles, destacam-se Guns N’ Roses, Aerosmith, Metallica, Pearl Jean, Nirvana, Foo Fighters, Red Hot Chili Peppers e os concorrentes deste ano de 2025, Green Day, Coldplay, Twenty One Pilots e Linkin Park. Com o tempo, a categoria também passou a incluir artistas de sonoridades mistas, como Imagine Dragons e Machine Gun Kelly, denotando a evolução da premiação.

Concorrentes de peso

Mesmo com várias reformulações ao longo dos anos, a categoria permanece como uma das mais relevantes do Video Music Awards (VMA), servindo como termômetro da transformação do rock na cultura musical. Hoje, ela é decidida por voto popular online, o que dá grande peso à força das bases de fãs dos indicados ao prêmio.     

Concorreram na categoria nomes de peso, alguns deles vencedores de edições anteriores. A disputa ficou entre: Coldplay, com All My Love, grande vencedor da noite; Evanescence, pelo single Afterlife; Green Day, com a canção One Eyed Bastard; Lenny Kravitz, pelo hit Honey; Linkin Park e sua performance em The Emptiness Machine e, finalizando, Twenty One Pilots em The Contract.

VMA 2025: Lisa, em parceria com Doja Cat e Raye, vencem na categoria de “Melhor K-Pop”

O VMA (MTV Video Music Awards) chega à edição de 2025 na noite deste domingo (7), direto da UBS Arena em Elmont, em Nova York, nos Estados Unidos. A tradicional premiação prestigia os melhores videoclipes e músicas da temporada. Lady Gaga lidera as indicações com 12 categorias, seguida por Bruno Mars e Kendrick Lamar, com 11 nomeações cada um. Rosé e Sabrina Carpenter vêm em sequência, com oito cada, seguidas por Ariana Grande e The Weeknd, com 7 indicações, Billie Eilish, com 6, Charli XCX, 5, e Bad Bunny, Doechii, Ed Sheeran, Jelly Roll, Miley Cyrus e Tate McRae, com 4 nomeações.

Lisa, Doja e Raye: collab de sucesso

A colaboração entre Lisa, Doja Cat e Raye conquistou o prêmio de “Melhor K-Pop” deste ano, marcando um momento histórico e inovador para a premiação. A parceria, que uniu diferentes estilos musicais, misturando o pop coreano com elementos do hip hop e R&B ocidental, resultou em uma apresentação elogiada tanto pelo público quanto pela crítica. Essa vitória, demonstra a força do alcance global do K-Pop e destaca que colaborações internacionais são uma crescente mundial.


Lisa, recebendo o prêmio de “Melhor K-Pop” 2025 (Vídeo: reprodução/X/@DojaHQs)

A categoria “Melhor K‑Pop” foi inclusa no MTV Video Music Awards (VMA) em 2019, marcando um momento único de reconhecimento global do gênero. No mesmo ano, o BTS, em parceria com Halsey venceu com “Boy With Luv”. Nos anos seguintes, em 2020 e 2021, a boy band sul-coreana levou o prêmio para casa, consolidando sua liderança no cenário internacional. Desde então, a premiação virou palco de disputa entre os maiores nomes da música sul-coreana, como BLACKPINK, TXT, Stray Kids, Lisa, J-Hope, Monsta X, Red Velvet, Itzy, Seventeen, Twice, entre outros.

Disputa acirrada

A presença crescente do K‑Pop nos VMAs, com toda diversidade sonora e rítmica, reflete que o gênero deixou de ser um nicho para se tornar um fenômeno mundial. Nesta edição de 2025, a categoria viveu seu momento mais simbólico, pois, pela primeira vez, todas as integrantes do BLACKPINK foram indicadas individualmente, consolidando maturidade profissional e identidade artística. Além de confirmar que o K‑Pop segue em expansão criativa, comercial e cultural.


Lisa em parceria com Doja Cat & Raye em “Born Again”, vídeo oficial (Vídeo: reprodução/YouTube/@LLOUD Official)

Nesta edição de 2025, concorreram ao prêmio de Melhor K‑Pop artistas que representam diferentes nuances do gênero e estão em momentos únicos em suas carreiras. O Aespa trouxe o futurismo de “Whiplash”, enquanto Jennie apostou em uma narrativa cheia de atitude com “Like Jennie”. Jimin, com “Who”, ofereceu uma apresentação emocional em contraste com a força dramática de “Earthquake”, de Jisoo. Já  Lisa, em parceria com Doja Cat e Raye, apresentou “Born Again”, misturando estilos e cruzando fronteiras. O grupo Stray Kids com “Chk Chk Boom”, misturando idiomas e sonoridade, intensificou a disputa. Já Rosé, com “Toxic Till the End”, faixa sobre um relacionamento abusivo, fechou o time de indicados.

The Town 2025: Saiba horários do festival, o que levar e como chegar

A segunda edição do festival The Town 2025 está prestes a agitar São Paulo neste e no próximo final de semana. Nos dias 6, 7, 12, 13 e 14 de setembro, o Autódromo de Interlagos, na capital paulista, passa a ser conhecido como a “Cidade da Música”. As principais atrações incluem nomes de peso como Green Day, Mariah Carey, Backstreet Boys, Lionel Richie, Travis Scott e Katy Perry. Os portões do festival abrem ao meio-dia, e a última entrada permitida é à meia-noite, para garantir que todos aproveitem os shows com tranquilidade até o encerramento, previsto para ocorrer às 02h.

No site responsável pela venda dos ingressos, na manhã desta sexta-feira (5), ainda havia tickets disponíveis para todos os dias do evento. A compra oficial é feita exclusivamente pela Ticketmaster Brasil. Cada ingresso dá acesso a um único dia do evento e pode ser adquirido em versão inteira, no valor de R$ 975,00 ou meia-entrada de R$ 487,50. Por CPF, é possível comprar até quatro ingressos por dia, com no máximo uma meia-entrada. O pagamento pode ser feito no cartão de crédito, incluindo parcelamento em várias vezes sem juros conforme o cartão utilizado ou por PIX.

O que levar e o que não levar 

Com relação ao que levar, o festival permite itens como água em garrafas plásticas transparentes, de até 500 ml. Também é permitido boné, viseira e capa de chuva. Itens alimentares lacrados, como biscoitos, barras de cereal, frutas cortadas ou sanduíches em embalagens transparentes, também estão liberados, podendo ser até cinco itens por pessoa. No que diz respeito a protetor solar em creme, protetor labial e repelente na versão em creme/plástico, a organização do evento também permitirá a entrada.


Publicação sobre informações para curtir o festival The Town 2025 (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)


A organização do The Town 2025 deixa claro que itens considerados perigosos ou que podem comprometer a segurança não são permitidos no festival. Isso inclui desde garrafas de vidro ou metal, embalagens rígidas com tampa e copos térmicos, até latas, capacetes, guarda-chuvas e qualquer objeto pontiagudo, perfuro-cortante, como tesouras e estiletes. Esse cuidado visa proteger o público e garantir que a infraestrutura do evento funcione sem imprevistos.

Também são vetadas câmeras profissionais ou com lente destacável, computadores, tablets e power banks maiores do que um celular, além de bandeiras ou cartazes com conotação comercial ou ofensiva. Essas proibições são pensadas para evitar riscos, disputas por espaço e garantir o conforto de todos os participantes.

Opções de transporte e como chegar

A organização do festival, juntamente com a administração pública de São Paulo e concessionárias de mobilidade, disponibilizaram vários trajetos ao público. Importante destacar que não haverá estacionamento no Autódromo, e o acesso por carro particular, de aplicativo ou táxi será bloqueado nas imediações do festival. 


Publicação sobre as principais atrações do The Town 2025 (Vídeo: reprodução/Instagram/@thetownfestival)


Os metrôs e trens metropolitanos de São Paulo funcionarão 24 horas nos dias do evento. Até meia-noite, o embarque será possível em todas as linhas, mas após esse horário só será possível embarcar na estação Autódromo, ainda com opção de desembarque e integração em outras estações. A Linha 9‑Esmeralda, operada pela ViaMobilidade, é a rota oficial mais direta para acessar Interlagos.

Para quem busca conveniência ou quer evitar baldeações, há alternativas pagas, que podem ser adquiridas no site da ViaMobilidade. O “Trem Expresso The Town”, por R$ 35,00 ida e volta, oferece duas rotas com poucas paradas partindo da estação de trem em Barueri, região metropolitana de São Paulo, ou da estação Morumbi-Claro, zona sul da capital paulista. Em ambas as estações, os embarques estão previstos para acontecer a cada uma hora. 

Outra opção são as saídas a partir da estação Pinheiros, na zona oeste, com embarques a cada 30 minutos rumo à “Cidade da Música”. O retorno ocorrerá entre meia-noite e 2h30. O desembarque de todas as alternativas do “Trem Expresso” fica próximo ao festival, com cerca de 10 minutos de caminhada até os portões.


Publicação sobre atrações pagas para curtir dentro da Cidade da Música, durante os dias do festival The Town 2025 (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)


Outra opção, que pode ser adquirida no site da Ticketmaster Brasil, é o “Ônibus The Town Express”, R$ 40,00 ida e volta, partindo de vários pontos da capital paulista, nas estações da Barra Funda, Vila Yara, Panamby, Jardins e Penha. Os embarques, de acordo com informações da organização do festival, ocorrerão a partir das 10h, e o desembarque está previsto para ser na Avenida José Carlos Pace, bem em frente ao Portão A do Autódromo de Interlagos. 

Para quem busca mais conforto, existe ainda o serviço executivo “The Town Primeira Classe”. Um ônibus com ar-condicionado com embarque direto para a “Cidade da Música”. A aquisição pode ser feita, também, pelo site da Ticketmaster Brasil. As saídas ocorrem de locais estratégicos como Shopping Eldorado, Shopping Parque da Cidade e Aeroporto de Congonhas, todos na capital paulista. 

Além destes, há outros pontos de embarque em Campinas, Guarulhos e Tamboré, na Grande São Paulo, e nas cidades de Santos, Franca e Sorocaba, no Estado de São Paulo. Pontos de partida também estão disponíveis em Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, região sul e sudeste do país. Os preços variam de R$ 220,00 a R$ 750,00, dependendo da cidade de origem. 

Brasileiros deportados dos EUA em 2025 aumentam devido à política migratória de Trump

O Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), intensificando a política migratória de Donald Trump, tem realizado voos semanais com o intuito de deportar imigrantes brasileiros que residem de forma ilegal em solo estadunidense. Anteriormente, os voos aconteciam a cada 15 dias. Dados apontam que, entre janeiro e agosto de 2025, foram repatriadas para o Brasil 1730 pessoas. 

Conforme apuração do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania brasileiro (MDHC), de abril a julho de 2025, o país repatriou 612 brasileiros vindos do país norte-americano em operações coordenadas pelo governo federal. Levando em consideração o período de fevereiro até o final de julho, esse número totaliza 1.223 pessoas, divididos em 12 voos fretados. De acordo com levantamento realizado pelo governo federal, em 2023 o número de deportados foi de 1.240. Já em 2024 a cifra ficou em 1.648 repatriados.

Perfil dos repatriados

Segundo estudos realizados pelo MDHC, há uma diversidade nos perfis destes repatriados. Conforme apuração feita até o final de julho de 2025, 949 deportados são homens, 220 são mulheres e outros 54 não tiveram o gênero informado. A maioria tem entre 18 e 29 anos, mas há também, outras faixas etárias abrangendo pessoas de 30 a 49 anos. Além disso, a maior parte (89,13%) chegou desacompanhada e mais da metade foi acolhida por familiares após desembarcar em solo brasileiro. 


Publicação sobre o aumento no número de repatriados brasileiros (Foto: reprodução/Instagram/@itamaratygovbr)


Para a secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Élida Lauris, o processo de deportação de brasileiros pelos EUA não é novidade, entretanto destaca que houve uma intensificação nas ações e uma maior regularidade nos voos, demonstrando que a política de deportações do governo Donald Trump ganhou estrutura e ritmo mais definidos.

Primeiras deportações 

Ainda conforme apontou o  MDHC, os primeiros retornos começaram em 7 fevereiro de 2025 com um voo trazendo 111 brasileiros deportados para os aeroportos de Fortaleza, no Ceará, e de Confins, em Minas Gerais. O acolhimento contou com equipes do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, Polícia Federal, Defensoria Pública, Itamaraty e outros ministérios relacionados com o tema. Com o objetivo de reduzir o trauma da deportação e acelerar o atendimento, incluiu distribuição de kits de higiene, apoio psicológico, orientações para acesso ao SUS, além de medidas preventivas de saúde como a vacinação.

Devido a este fluxo migratório, o programa “Aqui é Brasil”, lançado em 6 de agosto deste ano, foi formalizado, oferecendo acolhimento imediato nos aeroportos, assistência psicossocial, alimentação, abrigo, regularização documental e apoio à reintegração social e econômica. A ação é fruto da articulação entre diversos órgãos federais e organismos internacionais, tendo o orçamento de R$ 15 milhões para um ciclo de 12 meses.


Programa do governo federal brasileiro “Aqui é Brasil” sobre acolhimento aos repatriados (Foto: reprodução/X/@mdhcbrasil)

Sob o slogan “Tornando a América segura novamente” e liderado pela secretária Kristi Noem, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) tem realizado ações sistemáticas contra a imigração ilegal no país, deportando cidadãos considerados criminosos e violentos. Em suas páginas oficiais há publicações sobre pessoas de diversas partes do mundo, e os possíveis crimes praticados por elas. Para especialistas, estas publicações são uma forma de ratificar a política migratória do governo Trump, questionadas por organizações multilaterais quanto a sua condução em desacordo com políticas de direitos humanos.

EUA prometem intensificar ações contra cartéis venezuelanos

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, na data de ontem, quarta-feira (3), informou que as operações contra o narcotráfico internacional não apenas continuarão, mas devem se intensificar nas próximas semanas, sob o comando de Donald Trump.  A declaração ocorreu após um ataque militar estadunidense, realizado terça-feira (2), que resultou na morte de 11 pessoas a bordo de uma embarcação suspeita de transportar drogas, identificada como sendo venezuelana. 

Apesar da repercussão internacional, pouco se sabe sobre a operação, uma vez que as autoridades dos EUA não revelaram com precisão quais substâncias ilícitas estariam no barco ou qual base legal foi utilizada para justificar o uso da força em águas internacionais. O Pentágono permanece em silêncio sobre a forma exata do ataque, e o que se sabe até o momento é que a embarcação foi completamente destruída, e nenhuma pessoa sobreviveu à ofensiva.

Declarações

A ofensiva marca a primeira ação pública desde que o governo Trump enviou navios de guerra ao sul do Caribe, em uma escalada de combate aos cartéis de drogas na região sul-americana, sobretudo contra o governo de Nicolás Maduro. 

Em entrevista à Fox News, Hegseth justificou a ação como parte de uma missão “extremamente séria” e declarou que qualquer embarcação associada a organizações narcoterroristas será tratada da mesma maneira. “Temos recursos no ar, na água e em navios. Esta missão não vai parar aqui”, afirmou. O presidente Donald Trump reforçou o discurso, afirmando que o grupo a bordo pertencia à gangue venezuelana “Tren de Aragua“, classificada como organização terrorista pelos EUA em fevereiro. Ele alegou, sem apresentar provas, que “quantidades massivas de drogas” estavam sendo transportadas.


Publicação referente a ofensiva dos EUA no mar do Caribe (Vídeo: reprodução/X/@WhiteHouse)


A narrativa de Trump foi endossada por outras figuras do alto escalão do governo estadunidense. O secretário de Estado Marco Rubio, em viagem à Cidade do México, disse que “ações similares já estão sendo preparadas” e que os EUA “não pedirão permissão para defender seu povo”. Discurso alinhado com o de Pete Hegseth, quando questionado sobre a crescente tensão com a Venezuela: “A única pessoa que deveria estar preocupada é Nicolás Maduro, chefe de um narcoestado”, declarou Hegseth. A administração Trump, inclusive, dobrou a recompensa para US$ 50 milhões, por informações que levem à prisão de Maduro.


Pete Hegseth, secretário de Defesa dos EUA em entrevista à Fox News (Vídeo: reprodução/X/@DODResponse)

No entanto, a operação gerou críticas dentro e fora dos EUA. Para especialistas, o governo estadunidense não tinha o direito de realizar a ofensiva, mesmo sob alegação de que fora praticada em alto-mar. Ainda que tenha como base a declaração de Marco Rubio de que era “um barco cheio de cocaína ou fentanil”.

Na Venezuela, tanto o governo quanto membros da oposição levantaram dúvidas sobre a veracidade do vídeo divulgado por Donald Trump, mostrando o momento exato do ataque à embarcação. Eles alegam que as imagens podem ter sido manipuladas digitalmente, algo ainda sob investigação por agências internacionais de verificação.

Controvérsias

Enquanto o governo Trump insiste que se trata de uma guerra contra o narcotráfico, críticos veem na ação uma tentativa de justificar uma possível intervenção militar na Venezuela. Contudo, a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, apoiou a ofensiva, dizendo que ela salva-vidas “em ambos os lados do continente”. No entanto, nomes da oposição, como Henrique Capriles, levantaram dúvidas sobre a ofensiva realizada pelo governo estadunidense: “Como sabiam que eram venezuelanos? Como contaram exatamente 11 mortos? Alguém recuperou documentos no mar?”, questionou o ex-candidato à presidência venezuelana.


Entrevista de María Corina Machado à Fox News sobre o governo de Nicolás Maduro (Vídeo: reprodução/Instagram/@mariacorinamachado)


O incidente é visto por parte da comunidade internacional como o início de uma nova e controversa fase da política externa de Donald Trump na América do Sul. Nos últimos dias, a chegada de militares, navios e armamentos de guerra tem se intensificado no mar do sul do Caribe. Cerca de 4.500 combatentes, entre fuzileiros navais e marinheiros, foram deslocados para a região em uma ofensiva contra o cartel “Tren de Aragua” que, segundo informações, possui ramificações em países latino americanos e, também, na Flórida, nos EUA. Para o alto escalão do governo Trump, este é apenas o início da guerra travada entre o governo estadunidense e o narcotráfico na América do Sul.