Os advogados do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, comparecerão à primeira audiência do julgamento de impeachment no Tribunal Constitucional, marcada para esta sexta-feira (27), no horário local. O processo foi iniciado pelo parlamento devido à imposição temporária de lei marcial pelo presidente no início deste mês.
Reação interna e repercussões internacionais
O presidente Yoon Suk Yeol se recusou a atender aos pedidos do Tribunal Constitucional para apresentar documentos relacionados ao caso, além de desconsiderar convites de investigadores em uma investigação criminal sobre a imposição da Lei Marcial em 3 de dezembro. Esse comportamento gerou críticas inclusive de membros de sua própria base política.
A medida repentina de decretar a Lei Marcial surpreendeu a opinião pública, abalou os mercados financeiros e prejudicou as relações com aliados estratégicos, como os Estados Unidos e países da Europa, que viam Yoon como um parceiro confiável nas questões internacionais envolvendo China, Rússia e Coreia do Norte.
A crise política se agravou nesta semana, quando o Partido Democrático da oposição anunciou a intenção de impeachment do primeiro-ministro Han Duck-soo, que exerce a função de presidente interino, após sua recusa em cumprir a convocação para nomear três juízes para o Tribunal Constitucional. O parlamento se reunirá na tarde de sexta-feira, e o Partido Democrático informou que apresentará uma moção de impeachment contra Han.
A defesa de Yoon no julgamento será conduzida por dois advogados: um ex-promotor e um ex-porta-voz do Tribunal Constitucional, conforme informou Seok Dong-hyeon, advogado do presidente. A votação sobre o impeachment do primeiro-ministro Han Duck-soo ocorrerá simultaneamente à primeira audiência do Tribunal Constitucional, que decidirá o futuro de Yoon, determinando se ele será reintegrado ao cargo ou removido definitivamente. O tribunal tem até 180 dias para tomar sua decisão. Se Yoon for removido, uma nova eleição presidencial deverá ser convocada dentro de 60 dias.
Relembre o caso
Em 3 de dezembro, o presidente da Coreia do Sul decretou a lei marcial após uma série de protestos e manifestações em grande escala que começaram a ganhar força no país. A medida foi uma resposta à crescente instabilidade política e social, gerada por questões internas, como a falta de consenso em torno de reformas e projetos de lei importantes.
Exército invade Parlamento na Coreia do Sul após presidente declarar Lei Marcial (Vídeo:Reprodução/Youtube/Folha de São Paulo)
O governo de Yoon enfrentava uma oposição acirrada, especialmente do Partido Democrático, que pressionava por investigações mais profundas sobre sua administração. A decisão de implementar a lei marcial foi vista como uma tentativa de restaurar a ordem, mas gerou uma série de críticas, tanto internas quanto externas, devido à sua natureza abrupta e ao risco de escalada de tensões no país.
A imposição da lei marcial também se deu em um contexto de crescente polarização política e uma crise de confiança nas instituições governamentais. Yoon Suk Yeol justificou a medida como uma forma de garantir a segurança pública e de prevenir o agravamento da situação, mas a ação foi amplamente interpretada como uma tentativa de consolidar poder e reduzir a pressão de seus opositores.