Nesta quarta-feira (24), o Brasil assumiu o comando do Conselho de Auditores da Organização Das Nações Unidas (ONU) após o fim do mandato do Chile ocorrido na terça-feira (23). O país integrará o Conselho em conjunto com a China e a França até o ano de 2030, e contou com a participação do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, na cerimônia de oficialização do mandato.
O Conselho de Auditoria é um órgão responsável pela verificação da auditoria externa de finanças da ONU contendo seus fundos financeiros, programas e missões de paz da Organização. Além disso, a Conferência também efetua ações para melhorar a gestão de recursos e governança, faz a execução de relatórios com recomendações de mudanças nos sistemas contábil e financeiro e verifica a confiabilidade desses dados.
Nomeação é inédita e histórica
A cerimônia aconteceu no segundo dia da 78ª Sessão Regular do Conselho de Auditores da ONU em Nova York. A nomeação é inédita, pois se trata da primeira vez na história que o Brasil assume um cargo de importância no Conselho, e em uma entrevista para a CNN Brasil, Bruno Dantas destacou a relevância e o significado do momento para o país.
“O Brasil é membro da ONU desde a sua fundação. Entretanto, nestes quase 80 anos, o Brasil jamais ocupou uma cadeira em um órgão que é central, no coração da ONU, como é o Conselho de Auditores”, declarou Dantas. Ele também afirmou que o TCU enxerga a nomeação como um privilégio e honra para o país, pontuando ser uma oportunidade de conhecer mais sobre as Nações Unidas.
Vídeo da sessão divulgado pelo TCU (Vídeo: reprodução/Instagram/@tcuoficial)
Na assembleia, Bruno Dantas apresentou quais seriam os planos de fiscalização propostos para os próximos seis meses, mas eles não foram divulgados publicamente, por se tratar de uma sessão fechada. O Brasil deverá assumir cerca de 10 frentes de trabalho do Conselho durante os seis meses iniciais do mandato, sendo o primeiro, uma missão de paz em Kosovo nos dias 24 de julho a sete de agosto.
Nessa missão, os representantes do TCU irão montar relatórios de acordo com dados levantados sobre as ações humanitárias no país europeu. O presidente do TCU também se encontrou com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para apresentar a plataforma brasileira Climate Scanner.
O projeto apresentado em março de 2024, permite que dados sobre como governos lidam e agem em ações relacionadas ao meio ambiente sejam publicadas e divulgadas para a população. O projeto ganhou o apoio de António Guterres e 127 países já adotaram seu sistema para manter uma comunicação mais clara com os civis e fazer com que se conscientizem mais sobre as mudanças no clima.
Sede da ONU em Nova York (Foto: reprodução/Bruce Yuanyue BI/Getty Images Embed)
Eleição aconteceu no ano passado
O Brasil foi eleito para assumir um mandato no Conselho de Auditores em novembro de 2023, mas Dantas apresentou a ideia do país se candidatar ao cargo em 2022. Desde então, o TCU se mobilizou para conseguir a eleição com participações em programas de intercâmbio e reuniões técnicas no Chile e na França.
O anúncio da candidatura ocorreu em maio de 2023, e o governo federal iniciou uma campanha para ganhar apoio dos outros países membros das Nações Unidas. Em novembro do mesmo ano, o Brasil foi eleito por aclamação numa sessão ocorrida na sede da ONU em Nova York. A conquista foi considerada na época pelo TCU uma vitória e uma representação do protagonismo internacional que o Brasil vem adquirindo ao longo dos anos.
O grupo será composto por três auditores gerais: Bruno Dantas do Brasil, o auditor-geral da República Popular da China, Hou Kai e pelo presidente da Corte de Contas da França, Pierre Moscovici. Além de Bruno, o Brasil terá outros três auditores na sede da ONU em Nova York, Ana Paula Sampaio, Maurício de Albuquerque e Thiago Alves.