O cantor Leonardo foi inserido na “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) após uma fiscalização em sua fazenda, localizada em Jussara, no noroeste de Goiás. O relatório detalha a operação, que resultou no resgate de seis trabalhadores em condições análogas à escravidão, incluindo um adolescente de 17 anos. As más condições dos alojamentos e o estado de abandono foram destacados pelas autoridades.
Alojamentos precários e improvisações
De acordo com o documento, os trabalhadores resgatados estavam vivendo em uma casa abandonada a cerca de 2 quilômetros da sede da Fazenda Lakanka, propriedade vinculada ao cantor. O local, construído em alvenaria, apresentava telhas quebradas e falta de manutenção, permitindo a entrada de água da chuva, o que em algumas ocasiões molhou os pertences dos empregados.
Os fiscais relataram que os trabalhadores improvisaram suas camas com materiais encontrados nos arredores, como tábuas de madeira, galões de agrotóxico e portas velhas. O dormitório estava infestado por morcegos, com fezes espalhadas por todos os cômodos, além de formigas e outros animais perigosos, como cobras e escorpiões. No momento da inspeção, uma cobra morta foi encontrada nas proximidades.
Condições de higiene e falta de água potável
O alojamento não possuía um banheiro em funcionamento. Os trabalhadores precisavam utilizar áreas externas, como árvores, para suas necessidades, deixando acúmulos de papel higiênico e fezes espalhados ao redor. Para se banharem, improvisaram uma mangueira conectada a um poço, que apresentava risco elétrico, resultando em choques ao desligar o equipamento.
Além disso, a única água disponível vinha desse poço, que não recebia manutenção adequada, estando sujeito à contaminação por animais. Para conseguirem água potável, os trabalhadores se deslocavam até a sede da fazenda, que ficava a 2 quilômetros, onde enchiam garrafas térmicas com água não tratada.
Defesa de Leonardo e consequências
A defesa do cantor argumenta que a área onde os trabalhadores estavam é arrendada para outra pessoa e que ele não tinha conhecimento das condições. Mesmo assim, o nome de Leonardo foi incluído na “lista suja”, pois, de acordo com o MTE, todos os trabalhadores prestavam serviços para ele, ainda que de forma indireta. O cantor declarou em suas redes sociais que “jamais faria isso” e que houve um “grande equívoco”. O Ministério do Trabalho explica que a “lista suja” é atualizada semestralmente e que os nomes dos empregadores incluídos permanecem por dois anos.