Nesta segunda-feira (25), uma notícia impactou a internet e o mundo dos negócios. O acordo de compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk, em uma transação que foi avaliada em US$ 44 bilhões.
A grande expectativa é de que a operação seja concluída este ano, após ser aprovada pelos órgãos reguladores e acionistas da empresa. Com a venda da empresa, o seu capital deverá ser fechado, assim deixando de ter ações negociadas em bolsa.
O excêntrico empresário pretende implantar mudanças na plataforma, o que já era sua intenção há algum tempo. Algumas mudanças serão a curto e outras a longo prazo.
Mudanças a caminho
As previsões de mudanças esperadas para o Twitter são menos moderação de conteúdo, mais monetização e uma maior transparência sobre o algoritmo. Alguns especialistas demonstram preocupações com o futuro da rede social, sobre o aspecto democrático.
“A pressão de movimentos sociais e organizações internacionais têm feito com que o Twitter e outras plataformas revejam o conceito de liberdade de expressão e o equiparem a ordenamentos legais como o brasileiro. Nós já temos problemas suficientes, sobretudo em relação a ofensas a minorias em idiomas que não são o inglês, mas pelo menos a plataforma tem como política enfrentar o discurso de ódio e a desinformação. O que ele [Musk] está falando, basicamente, é que tudo isso pode ser desmantelado. Há um risco para o debate político”, avalia Yasmin Curzi, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV.
O Brasil é um dos países que mais utiliza o Twitter no mundo e tem cerca de 17 milhões de inscritos de acordo com os números do começo de 2021. O que paira no ar são preocupações com a imprevisibilidade com a condução das campanhas eleitorais, que acontecem este ano. O Diretor do InternetLab, centro de pesquisa sobre internet e direitos humanos, o advogado Francisco Brito Cruz considera que a pluralidade de conceitos sociais de um local para outro tornam a moderação algo bem complexo.
“Cada país tem uma concepção de liberdade de expressão. O que é entendido como nudez ou ofensa no Brasil tem a mesma interpretação em um país do Oriente Médio? A ideia de liberdade de expressão como uma coisa monolítica cria mais problemas do que resolve”, afirma o especialista, que complementa.
“Não se pode desconsiderar tudo que o Twitter já fez até aqui. A moderação de conteúdo da plataforma não é perfeita, mas é preciso compreender que isso é feito em escala industrial, de forma massiva, em 400 milhões de usuários. Qualquer moderação de conteúdo malfeita aumenta a desinformação em vez de colaborar para o debate”, argumenta.
Foto destaque: reprodução/CNN.