Brasil defende libertação de reféns e retomada da paz no Egito

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
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Neste sábado (21), o governo brasileiro pretende encampar na cúpula emergencial do Egito três pontos sobre o conflito entre Israel e Hamas: o fim das hostilidades, a libertação dos reféns, e a retomada do processo de paz.

Segundo diplomatas brasileiros, estes são os focos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, defendesse no Cairo, uma vez que a situação na Faixa de Gaza parece estar a ponto de se agravar, com a expectativa de uma incursão terrestre planejada no território.

Mesmo com o embargo dos Estados Unidos à resolução brasileira, Bernardo Brasil, Ministro da Conselheiro da Embaixada do Brasil no Egito, afirmou que o país não vai desistir de apostar em um cessar-fogo, esperando por “um passo em direção ao diálogo” na reunião que presenciará Irã, Turquia, Espanha, e mais outros países nesse final de semana.


Durante outubro, o Brasil assume a presidência no Conselho de Segurança da ONU, mas ainda pode ser obstruído.

Durante outubro, o Brasil assume a presidência no Conselho de Segurança da ONU, mas ainda pode ser obstruído. (Foto:Reprodução/Ricardo Stuckert/PR)


Foco humanitário e local

Com a repatriação efetiva de mais de 220 brasileiros que se encontravam em Israel, e contato estabelecido com mais 30 que aguardam para ser retirados da Faixa de Gaza, a prioridade do Brasil tem sido a ajuda humanitária.

Para esse fim, Lula tem defendido o aguardo do resultado desse encontro de emergência incial, para apenas depois invocar uma nova reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que o Brasil tem presidido durante o mês de outubro.

Isso se deve à avaliação de integrantes da diplomacia brasileira que o conflito em Israel pode ser melhor amenizado com tratativas com a comunidade árabe local do que no âmbito das superpotências mundias, afastadas do conflito. 


Embora a votação tenha terminado com 12 países a favor e só 1 contra, os Estados Unidos detém poder de veto.

Embora a votação tenha terminado com 12 países a favor e só 1 contra, os Estados Unidos detém poder de veto. (Foto:Reprodução/Mike Segar/Reuters)


Resolução brasileira vs. embargo estadunidense

Essa perspectiva se deve ao fato de que a tentativa de tratar o assunto na ONU, resultou na resolução brasileira elaborada e proposta – utilizando o local temporário do país na presidência do Conselho de Segurança – que até foi aprovada por 12 países e obtendo a maioria, mas o texto foi então reprovado pelos Estados Unidos, que detém poder de veto na organização para anular tal resultado.

Nós trabalhamos intensamente para construir uma posição conjunta, fazendo esforço para acomodar posições diferentes, às vezes opostas,” disse Sérgio Danese, embaixador do Brasil na ONU que criticou tal veto. “Nossa resposta era robusta, e estamos gratos a todos os membros do Conselho que se juntaram a nós e que demonstraram um sincero desejo de multilateralismo. Mas, mais uma vez, tristemente o Conselho não conseguiu adotar uma resolução em relação à situação palestina. De novo, o silêncio prevaleceu. Nós estamos profundamente tristes e decepcionados.

Por isso, nesta reunião do sábado (21) no Egito, o Brasil pretende conseguir assinaturas dos países presentes para então apresentar um comunicado público na ONU acompanhado por nova resolução. Diplomatas americanos discursaram sobre a possibilidade de considerar a resolução brasileira em um segundo momento, mas por enquanto se posicionam firmemente contra.

Foto Destaque: Efeitos do bombardeio de Israel em Gaza. Reprodução/Saleh Salem/Reuters

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