Esquemas de fraude e desmatamento ilega praticados na Amazônia foram investigados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) juntamente à Polícia Federal, durante nove meses. As operações concentraram-se em sete terras indígenas do território da Floresta.
Durante a investigação, o caminho percorrido pelos invasores de terra e pelo material extraído foram rastreados pela tecnologia de satélite, utilizada através de GPS. Além dos sensores, câmeras que captam movimento também foram úteis para o desenvolvimento da investigação.
Para auxiliar o conhecimento sobre o paradeiro dos recursos degradados e dos delatores do crime ambiental, rastreadores foram colocados nas toras das madeiras demolidas. Os equipamentos tiveram a função de mapear a movimentação das madeiras a cada 15 minutos percorridos.
Foram rodados cerca de três mil quilômetros durante toda a reportagem, que percorreu pouco mais de 1% das terras indígena brasileiras – que são 610 em todo o território nacional – com potencial ameaçado, as chamadas TIs. De acordo com análise do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) o desmatamento nesses territórios teve aumento de 138% comparado com o último triênio.
Segundo pesquisador, a Amazônia brasileira já perdeu cerca de 20% da cobertura florestal. (Foto: Reprodução/Plataforma CIPÓ)
A situação preocupa especialistas, pois as reservas dos povos originários são resultados da maior preservação da Floresta Amazônica. “Os índices de proteção são superiores dentro das terras indígenas quando você compara fora das terras indígenas”, afirmou Antonio Oviedo, pesquisador do Instituto Socioambiental.
Ao longo da reportagem foram encontrados 24 caminhões,6 tratores, 2 pás carregadeiras, 9 motocicletas e 10 motosserras, além de tocos de árvores recentemente derrubadas. Ademais, um esquema milionário envolvendo os madeireiros e invasores das TIs foi descoberto.
Na Madeireira Vila Rica, em Rondônia, os agentes da PF e do Ibama encontraram documentos ilícitos que são utilizados para falsificar a legalização dos recursos. Os papéis adulterados apresentam dados que ilustram “origem sustentável” e “madeira legal retirada de um território autorizado”.
Outro crime organizado foi descoberto na mesma região devido à uma falha no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora). O delito envolve empresa de fachada e falsidade ideológica e segue em investigação pelo Ibama e Polícia Civil.
Foto Destaque: Câmeras escondidas revelam fraude e desmatamento ilegal na Amazônia. Reprodução/REUTERS/Amanda Perobelli